Eternamente sua.

×Sara Tavares×

- Parabéns pra você, nessa data querida. Muitas felicidades,muitos anos de vida. Seguro o meu pequeno Kael que esta em cima de uma cadeira.

Hoje o meu bebê esta completando seus quatro aninhos. Ele esta soprando as velas enquanto meu noivo,Lucas,se aproxima da gente e beija a bochecha de Kael.

Lucas nunca me perguntou sobre o meu passado e parece nunca ter se interessado em saber quem é o pai do meu filho. Mas também, eu mesma não poderia responder. Já que ele usou um nome falso comigo o tempo todo.

E não posso julgar,já que também fiz o mesmo. A aquela viagem. Por mais louca que tenha sido,não me arrependo de absolutamente nada.

Ela me deu um amor para toda a vida,e o meu presentinho,meu bebê Kael.

- O que esta passando por essa cabecinha linda?. Lucas pergunta enquanto beija minha testa e me tira dos meus pensamentos.

- Só pensando no quanto minha vida é perfeita. Falo com um sorriso e dou um beijo rápido em seus lábios. - Quem quer bolo?. Pergunto e as crianças gritam.

[...]

- A festa estava maravilhosa. Uma das mães das crianças fala.

- Obrigada. Boa viagem. Me despeço dos últimos convidados e me jogo no enorme sofá cinza. E Lucas logo faz o mesmo ao meu lado.

- Eu estou morta. Falo enquanto apoio a cabeça em seu ombro.

- Eu também. E não precisa arrumar,deixa que a Maisa arruma.

Lucas é de família rica e ele também é muito rico. Ele não me deixa fazer nada que não seja estudar e cuidar do meu filho. Ele não me deixa lavar nem meu próprio copo.

Nos conhecemos a três anos. Eu estava voltando de uma consulta ,com pediatra, de Kael, quando entrei no carro dele achando que era no uber.

Nos dois rimos muito ao nos lembrarmos disso. Ele pediu o meu número e depois de muito tempo insistindo,eu aceitei seu pedido de namoro.

Estamos noivos a dois anos. Ele quer dar o próximo passo e me fazer sua esposa,mas existe algo que me impede. Tenho vontade de marcar a data do nosso casamento e conseguir me entregar pra ele.

Mas sempre que tento,aquele homem vem a minha mente. Nesses anos que se passaram depois da viagem,eu nunca mais fui de ninguém. Nem Lucas nunca me tocou.

As vezes ele fica chateado,mas nunca me forçou a nada. Lucas me deixa confortável, ele me da uma boa vida. Me ajuda a cuidar de Kael e o trata como se fosse filho dele. Paga metade da minha faculdade de engenharia.

Ele me trata tão bem,ate melhor que a minha família. A família dele me adora,sua mãe me trata super bem assim como seu pai e seus irmãos.

Subo para o quarto que divido com Lucas,entro no banheiro e tomo um banho frio. Quando termino visto um pijama preto de cetim de alça e short.

Me deito na cama com um livro na mão e Lucas entra no quarto.

- Kael acabou de dormir. Ele fala enquanto entra no banheiro.

- Teve muito trabalho?. Pergunto.

- Como sempre, não. Você sabe que nosso filho me ama.

As vezes essas palavras vindo dele me incomoda. Eu sei que Lucas vê Kael como um filho,e que o menino o vê como um pai. Mas ainda me incomoda. Kael é meu filho,meu e daquele homem.

Depois de tomar banho,Lucas se deita ao meu lado. Eu guardo o livro e desligo o abajur. Derrepente,sinto beijos molhados no meu pescoço e uma mão subindo minha blusa.

- Você estava tão linda hoje. Ele sussurra no meu ouvido. Quando sua mão esta chegando no meu peito,eu o paro.

- Estou cansada. Amanhã vai ser um dia longo,eu tenho a entrevista de emprego e...

Lucas se afasta e solta um suspiro frustrado.

- Não precisa procurar desculpas,Sara,é só dizer que não quer. Ele apaga o abajur dele e se aconchega na cama.

Eu viro pra ele e o abraço por trás. - Sinto muito. Prometo que em breve eu vou tentar. Falo e beijo a bochecha dele.

- Não precisa, Sara. Agora vamos dormir. Ele se vira pra mim e me da um beijo na testa. Depois me abraça e assim adormecemos.

[...]

Estou na entrada da empresa e atrasada. Meu filho acordou com um pesadelo,e ele estava quente.

Eu estava preocupada e não queria vir para a entrevista,mas Lucas insistiu e disse que poderia faltar no trabalho hoje e cuidar de Kael pra mim.

Entro no elevador concertando minha saia azul que insiste em subir!. Concerto minha camisa social branca e retiro meu blazer. Acho que fico melhor sem ele.

Solto meu cabelo e o deixo solto sobre meu ombro. Tiro da minha bolsa um batom vinho e enquanto estou passando,o elevador para em um andar.

Um homem alto e forte entra no elevador. Eu continuei passando o batom,mas parei ao ouvir sua voz falando ao telefone.

É ele,é o pai do meu filho. O homem da viagem de verão. O sangue foge do meu rosto. Minhas mãos soam e o ar parece sumir dos meus pulmões.

Sinto minhas pernas amolecerem e tento me manter em pé. Céus,é ele.

O observo enquanto escondo meu rosto com o cabelo. Seu cabelo que era castanho claro,agora esta mais escuro. Ele esta mais alto e mais forte.

Agora ,ao invés de jaqueta de couro preta,ele usa um terno azul escuro que o deixa ainda mais bonito.

Não consigo ver muito do seu rosto,mas pelo pouco que vejo,percebo que seus olhos azuis estão mais profundos. E aquele lindo sorriso que ele sempre tinha no rosto,agora foi substituído por uma expressão séria. Mas seu cheiro ainda é o mesmo,continua bom e viciante.

- Quem é a srt?. Ele pergunta sem me olhar.

- V-vim para a entrevista de emprego. Falo nervosa e com a voz falha.

- A de engenheira ?.

- S-sim.

- Esta dispensada. Não quero ninguém que fique me observando a todo tempo. Não quero funcionários que se distraiam com minha presença.

- M-mas eu não me distrair.

- Estamos três andares acima do seu. Ele fala e eu olho para o numero do elevador.

- Perdão. Começo a apertar o botão para que a porta do elevador se abra. E depois que o faço,sinto uma mão forte apertar meu braço.

- Ei. Ele tenta me virar mas eu me mantenho de costas. - É você, não?,a menina da viagem?. Ele segura meu outro braço e eu continuo tentando esconder meu rosto.

- Me solte sr. A porta do elevador se abre e eu saio correndo.

[...]

- Mentira que você reencontrou ele. Minha amiga,Laura,fala surpresa.

- Sim,depois de tanto tempo. Tomo um gole do meu chocolate quente, enquanto ainda tento me acalmar.

- Mas me diz,você nunca me contou a história completa. Só me disse que encontrou um homem que te engravidou e sumiu.

- Não foi bem assim,Laura. Falo rolando os olhos.

- Então me conta tudo que eu paro de imaginar.

- Tudo bem. Coloco o copo na mesa e solto um longo suspiro. - Você vai ser a primeira pessoa pra quem vou contar isso,e espero que seja a última. Tudo começou em Vancouver,Canadá, a cinco anos atrás...