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O Padrasto (Deane Ramos)

O Padrasto (Deane Ramos)

deaneramos

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21
Capítulo

Você sabe o poder que tem uma mentira? Ela pode mudar o curso de uma vida. Julha Thompson se apaixona perdidamente pelo homem que ela acredita ser o seu grande inimigo, o namorado da sua mãe. Por mais que tente negar, Julha já está marcada por ele, para ele, mas nada é tão simples como parece. Viver o romance proibido com o seu padrasto está fora de cogitação. Mantê-lo distante é um dos seus maiores desafios, mas a vida prega muitas peças e irá mostrar a Julha que o maior desafio ainda está por vir. Um romance regado a desejos, luxúria, mentiras e traições.

Capítulo 1 Prólogo

“Viva cada dia de sua vida como se fosse o último. Você não sabe quanto tempo lhe resta e tudo pode mudar em frações de segundos.”

- Deane Ramos.

Dezembro, 2014

Eu realmente sou uma garota abençoada por Deus. Sim, eu sou!

Não que eu seja uma garota religiosa, mas como poderia ser?

Cresci ouvindo mamãe me dizer, dia após dia, que Deus nada mais é do que uma pessoa inventada pelos homens para fazer com que as pessoas fracassadas tenham onde depositar toda a confiança de que suas frustrantes vidas irão prosperar. E enquanto isso, a vovó Iolanda sempre fora uma mulher de muita fé, e me dizia que Deus é um ser supremo e que Ele é quem sopra sobre nós o fôlego de vida todos os dias, e que nada em nossas vidas acontece se não for com a sua permissão.

É muito lindo quando ouço vovó falar emocionada sobre Deus. É como se ela o conhecesse tão bem, que quem a ouve falar se emociona. Contanto que a mamãe não descubra a minha admiração por Ele, ou eu teria que ouvi-la dizer que sou tão tola ou mais que a minha vó, prefiro mantê-la longe dos meus assuntos com a dona Iolanda, afinal, a convivência entre as duas não é das melhores. Amo tanto a mamãe quanto a vovó, e mesmo que a convivência das duas seja insuportável, ainda assim prefiro não tomar partido e fico em cima do muro como forma de protesto dessa briga declarada entre elas.

Tenho uma família normal, como qualquer outra. Meus pais são maravilhosos e tenho muito orgulho deles e os amo muito, sem me esquecer de dona Iolanda, minha avó paterna, que é a minha maior inspiração como pessoa. Mas para evitar longas horas de discussão com a mamãe, eu não a visito com a frequência que gostaria. Já o meu avô paterno, Gary Thompson, era falecido quando eu nasci, mas as coisas que vovó e papai sempre me contam sobre ele faz com que eu tenha muito orgulho dele, mesmo não o tendo conhecido. Às vezes eu me pego pensando como teria sido a minha vida ao lado dele se eu o tivesse conhecido.

Meus tios, Joseph, irmão de papai, e Margareth, não sei por qual razão, preferem manter distância da nossa família e por esse motivo, não tenho muito contato com os meus primos, Lucca e Mia.

Tenho boas lembranças de quando éramos crianças e todos nós íamos passar as férias na casa de vovó, era muito divertido. Não sei como as nossas vidas tomaram rumos tão diferentes, mas segui o conselho de papai, que me disse para não me envolver nos assuntos dos adultos.

Claro que, como uma filha obediente que sou, não houve problema algum para atender ao seu pedido.

Amo muito meus pais, daria minha vida por eles, e não tenho dúvidas de que eles me amam com a mesma intensidade.

Papai é sempre tão carinhoso e tem sido muito atencioso comigo nos últimos dias, me colocando em primeiro lugar em tudo na sua vida, e mesmo que muitas vezes eu me sinta sozinha, é como mamãe sempre diz: “Nem sempre podemos ter tudo o que queremos.”

Mesmo tendo papai sempre por perto, sinto falta da companhia de mamãe, que passa boa parte do tempo em longas viagens a trabalho e nunca está presente nos momentos em que eu mais preciso dela. Mas ainda assim, sou muito feliz. Não que eu esteja reclamando, seria injusto da minha parte se o fizesse porque eu sei o quanto ela e papai amam o trabalho e tenho consciência de que se sacrificam para dar todo o conforto do qual eu desfruto.

Será que é pedir muito que ela diminua sua carga de trabalho, como papai fizera, e assim possa passar mais tempo conosco?

Sim.

Para Katherine Thompson, a sua maior paixão é o trabalho.

Muitas vezes penso que o amor que ela sente por seu trabalho é muito maior do que ela diz sentir por nós.

Estou sendo injusta? Talvez.

Mamãe é uma mulher determinada e sempre vai em busca de seus sonhos. Segundo suas palavras, seu nome é Katherine, sobrenome, trabalho.

Reviro os olhos mentalmente e um sorriso divertido rola por sobre meus lábios, quando me vem à mente a sua resposta de todos os questionamentos por ela estar ausente na maior parte do tempo.

Em nossa última discussão na mesa do café da manhã, ela declarou o seu amor por mim e por papai, porém, eu tinha que aprender desde cedo que ninguém vive só de amor e que ela precisa trabalhar para sustentar todos os meus caprichos.

Eu entendo que ela se preocupe com o meu futuro, mas gostaria que ela também pensasse em como eu me sinto com a sua ausência. Sinto falta de uma conversa apenas de meninas, como a Sra. Jesse Clark, mãe de uma das pessoas mais importantes da minha vida, e Ane Clark, minha melhor amiga.

O carro percorre tranquilamente pela avenida, agora pouco movimentada, de Manhattan.

Estamos voltando para Manhattan Resort, onde estamos hospedados, depois de um delicioso e divertido jantar no K’Midtown, um dos mais sofisticados restaurantes de Manhattan, na adorável companhia dos meus pais.

Se eles se dessem conta de o quanto momentos como este faz toda a diferença no convívio de uma família, positivamente falando, desfrutaríamos mais da companhia do outro.

Papai e mamãe estão felizes, o escritório de advocacia Thompson, o que papai e mamãe são sócios, recentemente assinou um contrato de prestação de serviços milionário com a The New York Times, e para comemorarmos, viemos passar um fim de semana em um resort maravilhoso em Manhattan.

Em meio a dezenas de opções de lugares que papai me apresentou me dando a honra de escolher onde iríamos passar o nosso fim de semana comemorativo, escolhi Manhattan, porque além de ser o distrito mais povoado de Nova Iorque, o que nos dá a chance de conhecermos pessoas de culturas diferentes, aqui você encontra restaurantes refinados e butiques elegantes. Mamãe, claro, ficou enlouquecida com a possibilidade de adquirir mais algumas peças para a sua coleção de centenas de roupas não usadas, e foi às compras. Enquanto eu me divertia na piscina na companhia de papai, que estava tão relaxado que não brigou com a mamãe, como das outras vezes, por ela gastar dinheiro sem necessidade quando ela tem um closet repleto de lindas peças de roupas que nunca foram usadas.

Conheço Katherine Thompson e se tem algo que a deixa feliz, é sair e voltar com as mãos repletas de sacolas.

O clima em Manhattan está perfeito!

A brisa refrescante que adentra, através das janelas do carro aberta, desliza sobre o meu rosto, fazendo com que eu sinta um leve arrepio percorrer o meu corpo.

Desvio os olhos da janela, onde estive imersa por alguns minutos contemplando a imagem das belíssimas mansões que passam rapidamente acompanhando o movimento do carro, quando a ouço gargalhar, divertida.

Intencionalmente, sorrio quando volto a minha atenção para mamãe, que sorri lindamente para o papai, que desvia por alguns segundos a sua atenção da estrada e acaricia o maxilar dela suavemente com o polegar direito.

Eles formam um lindo casal.

— Tudo bem, querida? — pergunta papai, que me olha através do retrovisor da nossa Mercedes.

Papai é um grande amante de carros. Ele tem uma pequena coleção composta por uma Mercedes, BMW, SUV e entre outros que não me recordo o nome, além de ser um ótimo motorista. Não me lembro de ter ouvido papai mencionar alguma multa que tenha levado por excesso de velocidade, estacionar em local proibido ou até mesmo dirigir embriagado. Papai é realmente um homem exemplar.

Volto a minha atenção para o papai, que continua a me fitar enquanto estamos parados no farol. Sorrio e em seguida assinto com a cabeça.

— Este vestido caiu tão bem em você. — diz mamãe, que agora se vira e me lança o seu mais lindo sorriso.

— Créditos à Sra. Thompson. — pisco e retribuo o sorriso, vendo um largo sorriso de satisfação se formar em seus lábios.

— Eu sei que tenho bom gosto, mas convenhamos, se a modelo não possuísse uma beleza estonteante, sem dúvida o vestido não faria milagres. — pisca de volta, e retorna a sua atenção para a estrada quando papai coloca o carro em movimento.

— Concordo com a sua mãe, querida. — afirma papai.

Dou de ombros. Eles podem até ter razão, mas que a mamãe tem um bom gosto, não podemos negar. Ela sempre faz questão de escolher as roupas que eu devo usar em cada evento e não me incomodo nem um pouco com isso, quando sei que ela adora me produzir e o faz com maestria.

Mamãe sabe como ninguém combinar roupas com sapatos e acessórios, não esquecendo de mencionar os penteados que ela mesma faz questão de escolher. Mesmo que ela esteja do outro lado do país, mamãe faz questão de me passar todas as coordenadas de qual roupa eu devo usar no jantar, que no caso é um vestido azul de renda tomara que caia curto e soltinho com um lindo detalhe no cinto em cetim que acentua a minha cintura, destacando as minhas curvas.

Simplesmente lindo!

Volto a fitar papai e mamãe que conversam descontraídos, e sem que eu perceba, um sorriso se forma em meus lábios.

Volto a minha atenção para a paisagem que passa diante dos meus olhos e sou surpreendida pela brisa gostosa, que entra através da janela do carro, mandando para longe todo o calor insuportável que assola a cidade.

Observo atentamente o movimento das pessoas que andam tranquilamente nas calçadas olhando as vitrines das grandes grifes, alguns casais visivelmente apaixonados saindo dos restaurantes depois de um jantar romântico.

— Queridas, chegamos! — sou desperta do meu devaneio quando ouço a voz suave de papai, que se prepara para descer do carro depois de ter estacionado em frente ao resort.

Vejo um manobrista se aproximar.

— Em que estava pensando, querida? — pergunta mamãe, envolvendo um dos seus braços na minha cintura, enquanto papai faz o mesmo do outro lado.

Sinto-me protegida.

— Nada de mais. Só que estou muito feliz por estarmos todos juntos. — eu digo, emocionada.

— Nós também estamos felizes, meu bem. — diz mamãe antes de depositar um beijo em minha cabeça. Logo, papai repete o gesto.

Caminhamos dessa maneira, abraçados e felizes, assim que papai entrega a chave para o manobrista.

Despeço-me de papai e mamãe na recepção e sigo para o meu quarto, pois estou exausta, enquanto eles vão até o bar do restaurante tomar alguns drinques para encerrar a noite. E depois, prefiro não pensar no que eles irão fazer.

Definitivamente, não quero pensar.

Uma semana depois...

— Quer me deixar dormir, por favor? — digo, irritada, imaginando ser mamãe em seu modo “carinhoso” de me acordar. Ainda com os olhos fechados, pego o travesseiro e cubro a cabeça, ignorando a sua presença.

— Bom dia! — ouço a voz meiga e animada de minha amiga, Ane, acompanhada dos seus passos, e se eu a conheço muito bem, sei que ela está indo para as grandes janelas.

Bingo!

Como eu pensara, Ane abre as cortinas do quarto.

— Ane Clark, me deixe dormir! — digo entre dentes. Sou surpreendida ao sentir o seu corpo magro, com a sua maneira delicada, saltar sobre o meu, fazendo com que eu solte um gemido alto de dor quando nossos corpos se chocam. — Está louca? — acabo soltando um gemido.

Ela gargalha, rolando para a cama e se deitando ao meu lado.

— Não, mas ficarei se você não levantar. — pegando-me de surpresa, ela tira o travesseiro da minha cabeça.

— Já te disseram que você é muito chata? — viro de barriga para cima.

— Você acabou de dizer. — ela sorri, divertida, me fazendo revirar os olhos.

— Vamos, Julha, ou iremos nos atrasar para a aula. Você sabe que o Sr. Johnson não tolera atrasos. — diz, autoritária, tirando o meu cobertor.

Se fosse alguns dias atrás, eu já estaria de pé e me vestiria em tempo recorde. O Sr. Johnson, meu professor de Educação Física, um homem de meia-idade, corpo malhado e cabelo grisalho, pega no meu pé em relação aos atrasos. Consigo ouvi-lo dizer: “Srta. Thompson, você seria o exemplo de aluna na minha matéria se não fosse os seus constantes atrasos.” O que ele não entende é que eu não gosto da matéria dele e não faço questão de estar em primeiro lugar na sua lista de alunas exemplares. — Julha Thompson, vamos logo. Levante dessa cama agora mesmo. — diz, autoritária.

— Você pode ir. Eu não vou à aula hoje.

— Como é? Você quer ser reprovada esse ano?

— Não me importo. — dou de ombros.

— Claro, você quer entrar atrasada para a faculdade. — sorri, irônica.

— Pouco me importa. Nada mais faz sentido na minha vida.

— Ju, não fale assim. — ela me repreende.

— Ane, você não entende. — um nó se forma em minha garganta e eu engulo em seco, tentando impedir que as lágrimas que se formam em meus olhos caiam.

Ela respira profundamente demonstrando cansaço e se deita novamente ao meu lado.

— São seus pais novamente? — Ane vira o corpo de lado e descansa a cabeça em sua mão esquerda, enquanto me fita.

Viro lentamente minha cabeça para o lado e volto a atenção para Ane, que me encara, esperando uma resposta.

Não quero tocar no assunto que muito me tem machucado esses dias, mas eu nunca escondi nada da minha amiga e não será agora que irei fazer isso. Assinto com a cabeça e volto a minha atenção para o porta-retratos que está sobre o criado-mudo com uma das minhas fotos preferidas da nossa última viagem para o resort. Não consigo controlar as lágrimas que começam a escorrer em meu rosto. Sinto saudade da paz que tínhamos em nossa casa, de todos os momentos felizes em que vivemos.

— Nos últimos dias, eles vêm brigando muito. — digo com a voz embargada.

— Amiga, não fique assim. — Ane me toma em seus braços e acaricia o meu cabelo. — É apenas uma fase. Meus pais também são assim, alguns dias eles estão se matando e no outro se amando feitos dois adolescentes, chega a dar nojo. — bufa e mesmo que eu não a esteja vendo, imagino que faz uma careta divertida.

— Mas mamãe e papai não são assim, eles sempre se deram bem. — eu fito Ane. — Quero a minha vida normal de volta. — ela me abraça.

— Você terá, minha amiga.

— Eu não sei, amiga, há uma semana que voltamos de viagem e tudo tem se tornado um inferno. É como se uma bruxa de conto de fadas jogasse um feitiço sobre a minha família, que há uma semana vivia um sonho lindo, e tudo acabou em um curto espaço de tempo. — suspiro.

— Desde quando você acredita em contos de fadas? — ela me fita, confusa.

— Não é que eu acredite, mas foi a única maneira que encontrei de dar um exemplo.

— Tudo bem. — ri, divertida. — Eu vou dispensar meu motorista e vou te fazer companhia. — diz, se colocando de pé.

— Não precisa, amiga. Não quero te arrumar problemas.

— Não se preocupe. Tome um banho, vista um biquíni e vamos tomar café. Passaremos o dia na piscina, você precisa se distrair. Eu já volto. Ah, e escolha um biquíni para que eu possa vestir. — sorrio, assinto com a cabeça, e então Ane sai.

Ane e eu passamos um dia tranquilo. Por algumas horas, eu consigo esquecer os meus problemas. Mamãe e papai ainda não haviam chegado. Depois de Ane ter ido embora, subo para o meu quarto, tomo um banho rápido, visto o meu roupão e deito em minha cama, onde adormeço.

Algumas horas depois...

— Eu odeio você! — mamãe?

— Suma da minha casa, da minha vida e da vida da minha filha, sua vadia. — papai?

— Nossa filha! E quer saber? Ela vai ficar comigo!

— Ela não é...

— Não se atreva, Gary Thompson Junior.

Sou desperta com o quarto escuro. A noite havia caído e vozes alteradas vêm do quarto ao lado. Ouço o barulho de algo se estilhaçando e minha pulsação bate acelerada.

Todos os dias têm sido assim. Mamãe e papai discutem, arremessam objetos contra a parede depois de muito se ofenderem com palavras grosseiras e vem o estrondo da porta se fechando. Não tenho forças para levantar, as lágrimas não cessam, meu coração bate descompassado e tudo o que se ouve são os meus soluços. Com as costas de minhas mãos, seco as lágrimas do meu rosto, olho o relógio sobre o criado-mudo e noto que já passa das 21horas. Tudo está em um grande silêncio, não sei por quanto tempo fico deitada em minha cama, imersa em minha dor, e acabo adormecendo novamente.

[...]

— Julha, Julha, levante. — sou desperta por Ada, que chora descontrolada.

Meu pai.

Sinto uma forte dor em meu peito e naquele exato momento eu sei que o pior aconteceu.

Eu perdi o meu pai brutalmente em um acidente de carro. Não tenho tempo de me despedir, não tenho tempo de dizer que eu o amo e que ele é o melhor pai do mundo. Dizer adeus dói.

[...]

A despedida me fez sofrer, e hoje, um ano depois, estou aqui, diante do seu túmulo e como um filme, relembro tudo o que vivemos naqueles dias.

Um ano se passou e muitas coisas em minha vida mudaram, não tenho mais um diálogo saudável com a mamãe. Um ano que você partiu, pai. Por que você se foi tão cedo? Tudo por causa de uma maldita briga de casal. Você bebeu e foi imprudente, saiu de carro e eu te perdi. Estou sofrendo, papai. Ontem, a mamãe trouxe o namorado para dentro da nossa casa. Ela está seguindo em frente, é como se tudo o que vivemos em tantos anos não fizesse sentido. Eu sei que, mesmo ela estando o tempo todo distante, nossa família era perfeita, da nossa maneira, mas ainda assim éramos felizes. Minha vida não tem sido fácil, sinto sua falta, saudade dos seus carinhos, de jogarmos videogame. Sinto saudade dos nossos momentos. Ela não se importa mais comigo, apenas com esse cara que ela colocou dentro da nossa casa. Eu não ficarei muito tempo morando com eles, irei para a casa da vovó assim que me formar. Quero viver longe desse circo que ela transformou a nossa casa.

— Podemos ir? — fito Ane, que aparece com um sorvete nas mãos. Assinto com a cabeça.

Preciso ir, pai, prometo não demorar a voltar. Ah, não esquece, eu te amo.

Levanto-me e caminho até Ane.

— Onde você comprou esse sorvete? — pergunto enquanto caminhamos para fora do cemitério.

— Na sorveteria que fica ali na frente. Você quer? — nego com a cabeça, enquanto caminhamos para o estacionamento onde João, o motorista, nos aguarda.

— Amiga, tente não brigar tanto com a sua mãe e com o seu pãodrasto, quero dizer, padrasto. — reviro os olhos pela maneira que Ane utiliza para se referir a Christopher.

— Desde que ele não se meta em minha vida... — dou de ombros. — A existência dele pouco me importa.

— Julha, é que...

— Não quero brigar com você por causa daquele idiota, então, por favor, vamos mudar de assunto. — ela assente com a cabeça em concordância.

Assim que entramos no carro, o motorista fecha a porta, toma o seu lugar na direção e dá partida no carro. Seguimos todo o trajeto até a minha casa em silêncio. Não vou discutir com Ane por causa desse relacionamento ridículo da minha mãe.

Se eles pensam que irei facilitar a vida deles, estão completamente enganados. Farei de suas vidas um inferno.

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