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Capítulo

Queria poder esquecer o que vi. Queria poder esquecer quem eu sou. Um crime, um erro, uma marca, o perigo, uma nova vida. Muitas coisas para uma pessoa como eu...

Capítulo 1 1

NARRAÇÃO VICTÓRIA

Passo o batom e limpo em torno da minha boca a pequena mancha vermelha que ele deixou. Espremo meus lábios espalhando o excesso e me encaro em frente ao espelho. Acho que exagerei na maquiagem escura nos olhos. Odeio quando fico realmente com cara de garota de programa, mas foi o que o cliente pediu. Meus olhos azuis nem aparecem de tão escuro que tudo fica. Verifico se meu cabelo está no lugar e olho meu vestido vermelho sangue, da mesma cor que meus lábios. Festas chatas com caras ricos e solitários é um saco. Me contratam mais como troféu da noite pra esfregar na cara de outros homens ricos e chatos do que pra sexo. Não reclamo, pois a pior parte do meu trabalho não é sorrir ao lado de homens que não conheço como se fossemos íntimos, mas sim ter que dormir com eles no fim da noite.

Meu celular desperta me avisando que preciso ir me encontrar com Jonny Silver. Guardo minha maquiagem na bolsa, as camisinhas caso o idiota venha com conversa de que esqueceu e que não precisamos usar. Sempre tem um babaca querendo me fazer de idiota. Mesmo que ele não tenha contratado o serviço principal, melhor levar. Fecho minha bolsa e dou uma ultima olhada no espelho. Victória, como você foi chegar a esse ponto? Formada em administração, tudo pra ter um futuro decente e hoje uma acompanhante de luxo. Você precisa tomar um rumo na vida.

***********

Um carro preto para a minha frente e o vidro se abaixa.

- Victória Jones?

- Jonny Silver?

O homem de meia idade sorri e destrava a porta do carro.

- Entra!

Abro a porta e entro, tomando cuidado com a barra do meu vestido longo.

- Está linda!

- Obrigada pelo vestido.

- Minha secretária escolheu.

Jonny Silver é dono de uma empresa de medicamentos, mas todos sabem que seu maior faturamento vem de lavagem de dinheiro. Há dois meses foi preso em uma operação e de sua casa retiraram computadores, celulares, tudo que podiam para a investigação da lavagem de dinheiro. Estranhamente foi colocado em liberdade dois dias depois, sem qualquer justificativa. Os jornais apostam em delação premiada, que ele entregou as pessoas pra quem lava dinheiro.

- Vamos ficar pouco tempo na festa. Quero apenas esfregar você na cara de uns merdas e depois vamos para um hotel.

- Seu pagamento não inclui ida a um hotel.

- Não sabia que era tão gostosa e ficaria um tesão nesse vestido.

Jonny não é feio, mas como todos os meus clientes, é um nojento meia boca que se sente fodedor.

- Pra ter o que quer precisa pagar o dobro. Quando vocês escolhem outro pacote de serviço no meio do serviço, o valor muda, fica dobrado.

Solto de uma vez, pois metade deles desistem de mudar o serviço quando o assunto é pagar mais.

- Querida, sou Jonny Silver!

Pisca pra mim e mesmo querendo revirar meus olhos, abro um pequeno sorriso.

************

Paramos em frente ao enorme espaço de eventos, no meio de Nova York. Um dos manobristas abre minha porta e estende a mão me ajudando a sair do carro. Assim que estou fora dele, vejo Jonny me esperando pra entrar. Caminho até ele tendo muitos olhares em nossa direção. Me mantenho desligada desses olhares e paro ao lado do meu cliente. Sua mão repousa no decote das minhas costas e vejo seu enorme sorriso.

- Vamos!

Entramos no salão e pegamos duas taças de champagne.

- Não abra a boca e apenas sorria.

- Se me perguntarem alguma coisa?

- Apenas sorria e eu respondo.

Nos aproximamos de um grupo onde homens conversam e mulheres sorriem. Vai ser uma noite longa.

- Jonny!

- Louis, Pen, George!

Sorrindo olho para os homens.

- Essa é Victória!

Apenas sorrio e mantenho cara de feliz.

- Essa é sua nova namorada? Caralho, se deu bem!

Um deles diz e agora entendi o porque de ficar calada. O infeliz está pagando bem demais pra desmentir essa merda.

- Sofia, vem aqui!

Um deles chama uma mulher, que se aproxima.

- Essa é minha namorada.

Quero rir alto, pois Sofia é acompanhante como eu, nos encontramos sempre em eventos assim.

- Sofia, muito prazer!

Digo me divertindo e ela sorri.

- Você seria?

Pergunta entrando na brincadeira.

- Victória!

- Muito prazer!

- Que tal ficarem ali bebendo, enquanto os homens conversam sobre negócios?

Afasto-me com ela e vamos para uma pequena mesa de apoio redonda.

- Cretino!

Sofia resmunga e dou um gole em minha bebida.

- O que o seu babaca está fazendo de errado?

- Barganhando o valor do sexo.

- O meu aceitou pagar em dobro.

- Sortuda!

Brindamos e conversamos sobre tudo, menos nossa vida de acompanhante. Paramos de falar quando os ânimos dos nossos clientes aumentam. Parece uma discussão.

- Vamos separar nossas crianças.

Nos aproximamos deles com calma.

- Tem noção da merda que fez entregando o Zach?

- Que se foda esse merda, fui preso por causa de uma burrice dele.

Os dois percebem nossa aproximação e finjo não ter ouvido nada.

- Vamos dar uma volta.

Jonny fala alterado e me pega pela mão com força.

- Vamos embora daqui.

Respiro fundo, deixo minha taça com um garçom e um cliente irritado nunca é bom. Meu sensor de agressividade apita e fico em alerta. Saímos da festa, entramos no carro e de forma acelerada seguimos pra longe.

************

Depois de dirigir feito um louco, Jonny para o carro em frente ao hotel mais luxuoso de Nova York. Sai do carro ainda muito irritado e sem me esperar vai entrando no hotel. Minha porta abre e vejo o manobrista.

- Senhorita!

Saio do carro e pego meu celular no bolso.

- Poderia me dizer o telefone direto da recepção, caso eu precise.

Sem entender nada, mas atendendo meu pedido me fornece o número.

- Obrigada! Sabe me dizer se a equipe de segurança costuma atender solicitações de intervenções?

- Não sei dizer.

- Obrigada!

Ando pra dentro do hotel e Jonny já me espera com o cartão do quarto em mãos.

- Anda logo!

Segue para o elevador e pelo caminho vejo três seguranças. Dois deles estão atentos a mim e sabem pelo meu olhar que talvez eu precise de ajuda. Entramos no elevador e assim que as portas se fecham, Jonny me ataca. Suas mãos tocam meu corpo com desespero e sua boca já tenta encontrar meus seios.

- No quarto!

Peço o empurrando, mas ele é forte.

- Você deve ser uma delícia na cama.

- Vai saber no quarto.

O empurro pra longe, agora com mais facilidade e quando chegamos ao nosso andar, as portas se abrem e sou puxada pra fora dele. Jonny me arrasta pelo corredor, para em frente a uma porta e abre com o cartão. Me indica pra entrar e quando vou para o quarto a porta se fecha e ele me agarra por trás. Segura meus seios, esfrega sua ereção na minha bunda e percorre com a boca minhas costas. Estou tentando não ter nojo, mas está impossível.

- Deixa eu me preparar pra você.

- Não precisa, já está perfeita assim.

- Vai por mim, posso ficar ainda melhor. Me espera na cama.

Seus braços me soltam e meu corpo alivia. Ando em direção ao banheiro, segurando firme minha bolsa. Entro, tranco a porta e respiro aliviada. Vou até a pia e ligo a torneira, molhando minhas mãos e passando em meu pescoço. Fecho meus olhos e tento me desligar pra fazer isso logo e ir embora.

- Que merda é essa?

Escuto o grito do Jonny e me assusto.

- Cala a boca seu filho da puta!

Tem outra pessoa no quarto.

- Quem mandou falar o que não deve?

Meu coração está acelerado e abro minha bolsa com as mãos tremulas. Pego meu celular e procuro número que salvei da recepção. Acho que vamos precisar de seguranças aqui. Enquanto disco, vou pra porta e escuto coisas caindo, gemidos de dor e me abaixo pra olhar no buraco da fechadura.

- Hotel The Lux!

- Precisamos de ajuda no quarto 1016.

Falo baixo e vejo pela fechadura Jonny semi nu, de joelhos e olhando pra alguém.

- O que está acontecendo senhora?

- Alguém invadiu o quarto.

Vejo um braço esticar e uma arma ser apontada pra cabeça do Jonny.

- Por favor, sejam rápidos! Vão matar o Jonny.

Peço desesperada e então o corpo do Jonny cai no chão, mas não escutei nenhum tiro. Ele deve estar usando silenciador.

- Senhora!

- Mataram ele... mataram ele...

Sussurro em choque e o braço some da minha visão. Minhas mãos frias tremem segurando o celular e me assusto quando o braço surge perto da porta do banheiro. Tem uma tatuagem nele, tento ver o que está escrito, mas só vejo três letras, PGJ.

- Sei que esta aí dentro, gatinha.

A voz masculina diz e me afasto da porta.

- Posso ouvir seu miado.

Me encolho toda no canto do banheiro e tento chorar baixo, sem confirmar que estou aqui. Os seguranças precisam aparecer logo.

- Abre a porta, vadia!

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