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ENCONTREI O AMOR

ENCONTREI O AMOR

RENATA PANTOZO

5.0
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Leituras
31
Capítulo

LIVRO 2 DE (PROCURA-SE UM AMOR) Catarina descobriu o amor no seu melhor amigo, mas o destino fez esse amigo ser também o grande amor de sua irmã Cassandra. Pela felicidade da irmã ela seria capaz de abrir mão desse grande amor, fazendo Gustavo ser apenas seu melhor amigo, mesmo que isso doa em sua alma. Isso se ainda existir uma forma de viver ao lado do homem que ama.

Capítulo 1 1

Olho em torno do bar as pessoas caminhando como se o dia fosse comum, como se nada estivesse acontecendo. Mas meu mundo parece estar desabando sobre a minha cabeça e me vejo sem ter pra onde ir. Cassandra é meu porto seguro desde sempre. Não sei pra quem correr, chorar no colo toda a minha dor e mesmo que calada, apenas ter alguém ali pra me segurar forte. Vejo um táxi parado em frente a uma loja e atravesso a rua correndo, para pegá-lo. Converso com o taxista e ele aceita a corrida, mesmo sem destino, sem rumo e apenas dirigir enquanto tento de alguma forma controlar tudo a minha volta.

Assim que coloco meu cinto ele sai com o carro e meus olhos se enchem de lágrimas, conforme o carro se afasta do bar. O que eu antes tentava controlar perde o controle e o choro explode dentro de mim, três vezes pior que a noite na praia, chorando pela minha mãe. Minha mãe! Queria tanto tê-la aqui comigo agora, seu colo acolhedor e sua mão afagando meu cabelo.

- Não posso dirigir sem rumo, precisa me dar um endereço.

O motorista diz com a voz calma e olho pra ele. Deve ter a idade do Valdir e parece preocupado comigo. Eu quero a minha mãe!

- Cemitério Municipal!

Seus olhos me analisam e depois se estreitam.

- Há essa hora ele deve estar fechado!

- Não me importa!

- Tem certeza?

Confirmo com a cabeça e ele apenas segue para o cemitério.

**************

O carro para em frente ao portão principal e pago a corrida.

- Quer que espere aqui?

Nego com a cabeça.

- Tem certeza?

- Não! Mas eu não sei quanto tempo vou demorar aqui, então pode ir.

- Vamos fazer assim!

Me olha com muito carinho.

- Vou ficar aqui até receber um chamado. Se sair e não me ver aqui, é porque tive que ir.

- Obrigada!

Solto meu cinto e saio do carro, fechando a porta. Caminho em frente ao grande portão principal e o vejo trancado. Na lateral tem um pequeno acesso aos velórios e se bem me lembro, as capelas são abertas e dão acesso aos túmulos. Se eu conseguir acesso a algum velório, terei acesso às ruas que ficam os túmulos. Vou para a lateral e vejo algumas pessoas chorando. Passo por elas de cabeça baixa e subo a pequena rampa para as capelas. As lembranças do dia do enterro da minha mãe vêm com tudo e a cada passo, parece que revivo aquele dia. Cassandra segurava minha mão com muita força e chorava intensamente. Seguíamos lado a lado rumo a capela 4, onde minha mãe estava pronta pra ser velada. O caminho todo eu parecia estar fora de mim, anestesiada, morta. Chego perto das capelas e vejo que usam duas agora à noite. Paro de andar ficando em frente à capela 4, completamente vazia.

Fecho meus olhos e o choro me consome, me inunda de dentro pra fora. Lembro da Cassandra soltar minha mão e correr pra dentro da capela, se jogando sobre o caixão. E me mantive parada pro lado de fora, sem coragem de entrar e ver que eu realmente havia perdido a minha mãe. Passei o velório todo do lado de fora, vendo as pessoas entrando e chorando sobre a minha mãe. Cassandra não se afastou nenhum minuto do caixão, se despedindo como podia. Abro meus olhos e viro em direção a rua que dá acesso ao túmulo da minha mãe. Não lembro nada sobre a numeração, sobre onde ela está enterrada, mas me lembro de contar tumulo por tumulo, até chegar ao dela. Então começo a contagem, até chegar no tumulo oitenta e três. Meu corpo todo treme e meus olhos focam na pequena placa.

" Deise Carvalho Dias

*Nascida em 22 de abril de 1965

✝Falecida em 28 de maio de 2002"

Olho a foto na lápide e vejo o quanto ela era jovem e parecida comigo. Me sento na beirada da calçada, em frente ao túmulo. Fico em silêncio sem saber o que dizer ou fazer. Fazem vinte anos que não volto aqui. Desde o dia que ela se foi para sempre. Ergo meus olhos e encaro as estrelas sobre mim.

- Não sei se pode me ouvir...

Um nó se forma em minha garganta.

- Mas eu queria começar pedindo perdão por tentar esquecer a sua morte, a sua partida desse mundo.

Abaixo minha cabeça e encaro meus dedos trêmulos.

- Nunca quis aceitar o fato de não tê-la mais como nossa referência, nosso mundo. Não teria mais seu colo quando o medo me consumia. Não teria seus beijos curando minhas feridas.

Um soluço alto escapa da minha boca.

- Está doendo tanto e você não está aqui para me abraçar e dizer que a dor vai passar.

Limpo meu rosto e olho mais uma vez a foto da minha mãe, vendo o quanto somos tão parecidas.

- Tenho que aprender a me ver linda, como eu te vejo. Aprender a me olhar no espelho e não sentir culpa por sermos tão parecidas. Somos idênticas por fora, mas a que possui o seu coração e sua essência é a Cassandra.

Abro um pequeno sorriso.

- Ficaria orgulhosa de como ela assumiu o papel super protetor comigo, como se fosse uma mãe.

As lágrimas voltam a inundar meu rosto.

- Deixou de viver a vida dela, seu grande amor, sua adolescência, sua vida adulta pra cuidar de mim.

Respiro fundo pra me acalmar.

- Acho que deve saber que nos apaixonamos pelo mesmo homem. Como não se apaixonar pelo Gustavo?

Ele me vem à mente e junto com ele um sorriso idiota.

- Mas chegou a hora da Cassandra ser feliz e eu cuidar dela. Que ela viva esse grande amor e que Deus tenha piedade de mim e arranque o Gustavo de dentro do meu peito.

Mordo meus lábios pra abafar o som do choro e fecho meus olhos.

- Se você puder de alguma forma intervir ou me ajudar, faça com que eu deixe de ama-lo. Por favor!

- Senhorita!

Me viro e vejo um homem, que segura uma lanterna.

- As visitas aos túmulos encerraram faz tempo. Apenas o acesso às capelas estão liberado.

- Desculpe, só precisava de ar.

Me levanto e limpo minha calça.

- Vou acompanha-la a sua capela.

- Obrigada!

Antes de ir embora, olho mais uma vez a lápide da minha mãe.

**************

Saio do cemitério e o taxista continua me esperando. Entro em seu carro e puxo o cinto, percebendo que me olha.

- Temos um destino?

Pergunta e confirmo com a minha cabeça.

- Quero a minha casa.

Passo o endereço e encosto minha testa no vidro frio da janela, vendo as pessoas passando enquanto o carro se move.

**************

Pago a corrida e agradeço ao homem gentil por ter me esperado. Saio do carro e procuro minhas chaves na bolsa. Assim que as encontro, pego a da porta e a abro. Giro a maçaneta e levo um susto ao ver o Gustavo sentado no sofá, encarando suas mãos. Sua cabeça se ergue e ele me olha. Deus, me dê forças para suportar vê-lo ao lado da Cassandra como meu cunhado. Fecho a porta e sem saber o que fazer decido ignora-lo e ir para o meu quarto.

- Catarina!

Me chama e paro de andar, mas não me viro.

- Acho que precisamos ter aquela conversa agora.

Meu coração bate tão rápido que parece querer sair do peito.

- Onde está a Cassandra?

- No quarto se trocando.

Respiro fundo umas seis vezes pra tentar ter coragem de olha-lo, mas não consigo.

- Conversamos outro dia, quero um banho e a minha cama.

Quando vou andar, Gustavo pergunta baixinho pra mim.

- É verdade que você se apaixonou por mim?

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