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Meu querido vizinho

Meu querido vizinho

Gabriela.B

5.0
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26
Capítulo

Ele é arrogante, convencido e intrometido, mas... capaz de alimentar qualquer fantasia! Por vezes, a cura para um coração partido pode estar na porta ao lado... Eu sofri uma das piores traições: o meu namorado trocou-me por outra. Foi avassalador, mas aprendi com os erros e decidi nunca mais confiar em ninguém... até o meu caminho se cruzar com o do Damien. Pouco depois de me mudar para o meu novo apartamento, conheci o meu carrancudo (e delicioso) vizinho do lado, bem como os seus companheiros de casa, dois rottweilers barulhentos. Por partilharmos uma parede, a privacidade é inexistente. Quer isto dizer que ele consegue ouvir todas as minhas conversas privadas... e ainda rir-se delas! Quando lhe bati à porta para pedir satisfações, os cães dele atacaram-me (aparentemente, o meu cheiro inebriante levou-os à loucura). Mas o Damien foi bastante carinhoso, pediu desculpa e pôs fim à nossa quezília. Depois disso, o que começou como uma briga de vizinhos transformou-se em muito mais. A química entre nós é palpável, mas, por alguma razão, o Damien é ainda mais esquivo do que eu no que toca a relações sérias. Sinto que está a esconder-me algo e que quer afastar-me com a conversa de sermos apenas «bons» amigos. Será que ele vai confiar em mim e revelar os seus medos?

Capítulo 1 PRÓLOGO

Quando seu carro parou do lado de fora do nosso apartamento, senti a tensão. Eu sabia. As últimas semanas

haviam sido como se uma tempestade estivesse se formando lentamente. Não me pergunte como, mas, por

algum motivo, meu coração sentia que esta era a noite em que ele se partiria em um milhão de pedaços.

Ele estava se partindo aos poucos, de qualquer jeito.

Elec não era o mesmo desde que voltara do funeral do pai em Boston, algumas semanas atrás. Alguma coisa

o havia modificado. Ele tinha todas as desculpas para não dormir comigo. Isso mesmo. Meu namorado – o

amor da minha vida –, com seu apetite sexual voraz, de repente deixou de me querer. Era como se um

interruptor tivesse sido acionado dentro dele. Essa foi a primeira pista, mas havia outros sinais de que o cara

que eu achava que era minha alma gêmea tinha, de alguma forma, deixado de me amar.

Desde sua volta, ele passava as noites escrevendo como um maníaco em vez de ir para a cama – qualquer

coisa para me evitar. Seus beijos, que costumavam ser cheios de paixão, agora eram só ternos, às vezes castos.

Embora eu soubesse o que estava acontecendo, não tinha ideia de como ou por que acontecia. Acreditava

que ele me amava. Tinha sentido isso por muito tempo. Era autêntico. Como as coisas podiam mudar tão

rápido?

A porta se abriu lentamente. Meu corpo enrijeceu quando me sentei na beira da cama, me preparando para o

pior.

Elec tirou os óculos, deixou-os sobre a mesa. Depois, lentamente e nervoso, enfiou as mãos nos bolsos. Eu

duvidava de que algum dia voltaria a sentir aquelas mãos acariciando meu corpo de novo. Seus olhos estavam

vermelhos. Ele estava chorando no carro? Então, vieram as palavras que começaram a esgarçar toda confiança

que eu tinha em meu julgamento.

— Chelsea, por favor, saiba que tentei de tudo para não te machucar.

O resto foi uma confusão, tudo encoberto pela enormidade da dor e da tristeza que cresciam em meu peito e

entorpeciam meu cérebro.

Eu não sabia como me recuperar dessa dor ou como voltaria a acreditar no amor. Porque eu realmente

acreditei que ele me amava. Acreditei que o amor era indestrutível.

Estava errada.

AUDIÇÃO SUPERSÔNICA

Minha irmã mais nova é a rainha do drama. Literalmente. Jade é atriz na Broadway.

Ela bateu palmas, aplaudindo os estudantes que se apresentaram corajosamente para o teste de Joseph and

the Amazing Technicolor Dreamcoat.

— Vocês todos fizeram um ótimo trabalho! Amanhã distribuiremos os papéis e faremos nosso primeiro

ensaio. Vai ser demais!

Jade tinha vindo à Bay Area visitar nossa família durante a semana e se ofereceu como voluntária no Centro

da Juventude onde eu trabalhava. Como não havia tempo suficiente para produzir uma peça inteira, ela decidiu

dirigir as crianças em uma cena-chave do musical que seria apresentado no final da semana.

Eu amava meu trabalho como diretora de artes no Centro da Juventude. Era basicamente a única coisa que ia

bem na minha vida. A única desvantagem era o fato de essas paredes serem assombradas pelas lembranças do

meu ex, Elec, que foi conselheiro dos jovens aqui. Nos conhecemos assim. Ele também amava o trabalho, até

que se demitiu para poder se mudar para Nova York depois que terminamos. Elec se mudou para ficar com ela.

Balancei a cabeça para afastar os pensamentos sobre ele e Greta.

Jade pegou a bolsa.

— Preciso voltar para sua casa para usar o banheiro e comer alguma coisa.

Eu tinha acabado de me mudar para um apartamento novo que ficava a poucos quarteirões do meu trabalho.

O contrato do lugar que eu alugava com Elec do outro lado da cidade finalmente havia vencido. Mesmo que

meu ex tenha mandado metade do aluguel até o fim do contrato depois de ter se mudado, eu mal podia esperar

para sair daquele lugar; cada canto me lembrava dele e dos meses infelizes que se seguiram ao nosso

rompimento.

Meu apartamento ficava na área centro-sul do Mission District. Eu adorava a cultura do meu novo bairro.

Hortifrútis e uma variedade de bares se perfilavam nas ruas. Ali também era uma meca para a cultura latina, o

que era ótimo, exceto pelo fato de me lembrar Elec, que era meio equatoriano. Pequenas lembranças do cara

que partiu meu coração estavam em toda parte.

Jade e eu andamos pela calçada e paramos em uma barraca de frutas para ela comprar algumas papaias para

um smoothie que planejava fazer à tarde em casa. Também acabamos comprando dois cafés para viagem.

Levantei a tampa do meu café enquanto caminhávamos.

— É, maninha, nunca pensei que estaríamos na mesma situação ao mesmo tempo.

O namorado músico de Jade havia terminado com ela recentemente.

— Verdade. Mas a diferença é que sinto que tenho muito mais distrações que você. Não é que eu não pense

em Justin. Não é que eu não fique triste, mas minhas apresentações me deixam tão ocupada que é quase como

se eu não tivesse tempo de me afundar nisso, sabe?

— Eu contei que estou fazendo sessões de terapia por telefone, não contei?

Jade tomou um gole de café e balançou a cabeça.

— Não.

— Então. Encontrei uma psicóloga especializada em términos de relacionamentos, mas ela está no Canadá.

Enfim, fazemos sessões por telefone à noite, uma vez por semana.

— Está ajudando?

— Conversar sobre as coisas sempre ajuda.

— É, mas não me leve a mal, você não parece melhor por isso. De qualquer maneira, você pode conversar

com a Claire ou comigo. Não precisa pagar caro para falar com uma estranha.

— Eu só tenho tempo para falar com alguém à noite. E você está se apresentando à noite e Claire está muito

envolvida com seu momento de recém-casada feliz. Além disso, ela nunca teve uma decepção amorosa. Ela

escuta, mas não entende.

Nossa irmã mais velha, Claire, se casou com o namorado do ensino médio. Sempre fomos próximas durante

nossa vida em Sausalito, mas sempre me senti mais confortável me abrindo com a Jade.

Quando chegamos ao prédio, minha irmã parou para sentar em um dos bancos no canto do pátio limitado

por uma cerca.

— Vamos sentar um pouco, terminar o café. — Ela olhou para o vizinho sem camisa do outro lado do

gramado. — E aí... quem é o gato de touca desfigurando a propriedade?

— Qual é o seu lance com toucas?

— Justin costumava usar uma. É por isso que gosto. Não é triste?

— É triste.

— Disse a garota que ainda dorme com a camiseta do ex.

— É confortável. Não tem nada a ver com o Elec — menti. Foi a única coisa que me permiti guardar dele. A

camiseta me deixava triste, mas eu a usava mesmo assim.

— E aí... quem é o cara?

Eu não sabia o nome do vizinho, mas o via de vez em quando desenhando com tinta spray na parede de

concreto que cercava a propriedade. Era uma tela imensa. Sua pintura em spray era arte de verdade, não o que

se poderia chamar de grafite comum. Era uma mistura elaborada de imagens celestes e geográficas. Esse cara

continuava gradualmente adicionando diferentes obras de arte à parede. Era um trabalho em andamento. Eu só

podia presumir que ele planejava pintar toda a circunferência da propriedade, tanto quanto o espaço da parede

permitisse.

— Ele mora no prédio ao lado do meu, na verdade.

— O que ele está fazendo? Isso é permitido?

— Não sei. A primeira vez que o vi por aqui, achei que estava vandalizando a propriedade. Mas ninguém

parece se importar ou impedir. Todos os dias ele adiciona alguma coisa ao mural. É realmente muito bonito,

mas isso não combina com a personalidade dele.

Jade soprou o café.

— Como assim?

— Ele não é muito legal.

— Você já falou com ele?

— Não. Ele não é simpático. Tentei fazer contato visual, mas ele passou direto. Ele sai para passear todas as

manhãs com dois cachorros bem bravos que latem o tempo todo.

— Talvez ele seja tipo um savant. Sabe, alguém muito bom com arte. Ou um gênio, mas com habilidades

sociais limitadas. Como é o nome disso... síndrome de Asperger?

— Não, ele se comunica muito bem. Eu o vi gritando com algumas pessoas. Tenho certeza de que ele não

tem isso. O cara só não é simpático. Ele não tem Asperger. É só um idiota.

Jade riu.

— Acho que você devia aparecer na casa dele com uma cesta de muffins quentinhos. É uma coisa que

vizinhos fazem. Talvez ele relaxe... ou te faça relaxar.

— Muffins, é? Isso é um código para quê?

— Uns amassos... uns muffins. Tanto faz. Se eu morasse aqui, já teria me jogado nessa. Mas não moro aqui.

Você mora. E precisa de uma distração. E acho... que ele é a distração.

Eu admirei os ombros largos do cara e suas costas musculosas e bronzeadas enquanto seu braço movia a lata

de spray para cima e para baixo.

— Mas ele não parece o Elec? Tatuagem no braço… cabelo escuro. Artista. Basicamente, o último tipo de

cara que me interessa neste momento.

— Então, se alguém parece o Elec, é automaticamente desclassificado? Está destinado a fazer a mesma coisa

que Elec fez? É isso que você pensa? Que lógica mais estúpida.

— Talvez seja maluco, mas a última coisa que quero é estar com alguém que me lembre dele.

— Bom, que pena, porque o Elec era uma delícia, e esse cara... é ainda mais gostoso.

— Por que estamos falando disso mesmo? O cara nem me dá oi e não vai se inscrever para essa versão

delirante de The Bachelorette. Ele não está interessado.

O querido vizinho enxugou o suor da testa, tirou a máscara com que cobria o nariz e a boca e jogou as latas

de spray em um saco preto com uma corda. Pendurou o saco no ombro e, quando eu pensei que ele ia se afastar

e sair do pátio, começou a andar em nossa direção. Jade se endireitou no banco, e eu odiei sentir minha

pulsação acelerando um pouco.

Os olhos dele estavam cravados em mim. Eu não diria que era um olhar irritado, mas ele não estava

sorrindo. A luz do sol iluminava diretamente seus olhos azuis, que brilhavam e realmente se destacavam contra

a pele bronzeada. Jade estava certa: o cara era lindo.

— Blueberry é o meu favorito.

— O quê?

— Muffins.

— Ah.

Jade sufocou o riso, mas ficou em silêncio, me deixando carregar sozinha o peso dessa humilhação.

— E eu não sou antissocial nem savant. Sou só um idiota à moda antiga... com audição supersônica.

Ele sorriu e se afastou antes que eu pudesse dizer qualquer coisa.

Quando teve certeza de que não poderia nos ouvir – dessa vez de verdade –, Jade suspirou.

— Os nervosinhos são os melhores na cama.

— Você não se controla, não é? Já não causou um estrago suficiente? Eu sempre disse que você acha que

está sussurrando, mas está falando alto. Está aí a prova... às minhas custas.

— Vai me agradecer mais tarde, quando estiver gritando e tendo um orgasmo enquanto o artista nervosinho

estiver Van Gozando em cima de você.

— Você é maluca.

— E é por isso que você me ama.

— É.

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