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Perigosa Atração

Perigosa Atração

Gabriela.B

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1
Capítulo

Dylan e Evelyn, duas vidas de lados opostos da cidade, são jogados juntos por um golpe caprichoso do destino. A atração é imediata, forte, densa, voraz. E enquanto os dois se envolvem em ardentes jogos sexuais, fatos intrigantes começam a acontecer ao seu redor. Em meio ao preconceito, suspense, atentados e boas doses de erotismo, pode nascer o verdadeiro amor?

Capítulo 1 Seis meses antes...

Seis meses antes...

RIO DE JANEIRO, BRASIL

DYLAN

Termino de suturar a incisão vertical no tórax do paciente, e

uma enfermeira auxiliar recolhe os instrumentos cirúrgicos com

eficiência. Olho para o jovem na mesa de cirurgia e, em seguida,

para a minha equipe: um anestesista, outro cardiologista – meu

primo e melhor amigo, Olavo –, duas enfermeiras e um estagiário,

que está a ponto de desmaiar. Quando lhe pedi o bisturi no começo

do procedimento, o infeliz desastrado quase o derrubou de tanto

que tremia. Novos médicos... Ironizo-o. O que está havendo com

essa garotada? Estou seriamente preocupado com a sua primeira

intervenção, tendo em vista a tremedeira de hoje, sendo apenas o

meu assistente. Não será comigo como mentor, disso tenho certeza.

Vou devolvê-lo ao seu programa de internato imediatamente. Não

admito barbeiragens na minha sala de cirurgia. Tenho fama de

implacável com os internos e residentes, e me orgulho disso. É com

vidas humanas que estamos lidando diariamente, não dá para

aprovar um futuro médico que treme nas bases. Se há uma coisa

que respeito é a vida. Levo muito a sério o meu trabalho e procuro

não falhar, porque uma falha minha ou de minha equipe,

dependendo da proporção, pode significar a morte de pessoas.

Encaro-os um a um. Eles abrem sorrisos para mim. Os sorrisos

orgulhosos com os quais já estou acostumado depois de um

procedimento bem sucedido. Ofereço-lhes um aceno, faço as

recomendações de praxe para o pós-operatório e olho mais uma vez

o paciente: um jovem cantor de vinte e quatro anos, que quase teve

a vida interrompida por não ter descoberto antes que fora

acometido por fibrilação atrial.

[1] O caso dele havia se agravado,

correndo risco de um acidente vascular cerebral. Ainda bem que

sua equipe o trouxe a tempo, após desmaiar no palco do Rock In

Rio, hoje à tarde. Foram três horas de cirurgia. Geralmente o

procedimento não demora tanto, mas o paciente teve uma parada

cardíaca que nos fez trabalhar dobrado. Por fim, está fora de perigo

agora.

Eu deixo o centro cirúrgico, seguido por meu primo, e nos

livramos das roupas sujas na sala adjacente. Poucos minutos

depois, estamos no espaço que atendemos a imprensa, diante de um

mar de repórteres, ansiosos por notícias do jovem astro do rock

nacional. Nós dois respondemos a uma enxurrada de perguntas. As

imprensa reflete a comoção nacional, uma vez que o rapaz

desmaiou no palco diante dos olhos do mundo.

— Doutor Thompson III, já que nos garantiu que Ringo está

fora de perigo, em quanto tempo acredita que estará de volta aos

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palcos?

Uma loira bonita chama a minha atenção, logo na primeira fila.

Eu tenho um fraco por loiras. Contudo, isso não transparece em

meu rosto quando lhe respondo com a seriedade que o momento

exige:

— A cirurgia foi um sucesso, mas não significa que o paciente

não tenha que cumprir um repouso rigoroso. Três meses é o

período em que assinarei uma liberação para os palcos. Antes

disso, é dançar uma valsa com a morte — falo olhando a todos,

descartando a repórter gostosa. Não tenho tempo para apreciar seus

atributos neste momento. Meu trabalho sempre vem em primeiro

lugar. — A entrevista está encerrada. Obrigado a todos. —

Levanto-me, e Olavo faz o mesmo.

— Eu vou dar uma passada em casa antes de irmos para o clube

— meu primo avisa, com uma piscada maliciosa, assim que saímos

para o corredor.

— Mariah resolveu estender por mais uma semana em Nova

Iorque com Ana Luíza — informo, continuando rumo à sala da

direção que estou ocupando há um ano. — Isso me deixa livre, leve

e solto — brinco, abrindo um sorriso sacana.

Minha esposa e filha estão passando um tempo juntas. Encorajei

Mariah a ficar com nossa pequena mais um pouco. Ultimamente

tenho sentido que não está tão atenta à nossa pequena como

deveria. AnaLu é deficiente auditiva e fala com dificuldade.

Nasceu com audição aparentemente perfeita, mas foi perdendo este

sentido muito rápido, até que, no ano passado, com cinco anos,

parou completamente de ouvir. Foi um golpe duro para nós, e só

por isso estou sendo paciente com Mariah. Minha mulher ainda não

consegue aceitar e lidar com essas limitações muito bem.

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— Como se Mariah o impedisse de fazer alguma coisa. Você é

um sortudo do caralho, Dy — ele zomba, então ri. — Vou ver

Marcelo na pediatria. Até daqui a pouco, primo — completa e

segue pelo corredor.

Eu alcanço minha sala e entro, indo direto para o sistema de

som, selecionando a pasta de música clássica. A melodia me relaxa

quando saio de uma cirurgia de altas expectativas, como a de hoje.

Sempre há pressão quando você assume a responsabilidade pela

vida de um paciente, mas, nesse caso, o Brasil inteiro estava

fungando em meu maldito pescoço. Ringo é o novo queridinho no

mundo da música. Além disso, é muito jovem, e o desmaio em

pleno show preocupou a todos. Qualquer erro, e minha carreira e

bom nome iriam pelo ralo. Eu não errei. Eu nunca erro. Garantome no que faço. Pode me chamar de arrogante, não me importo.

Mencionei que sou implacável com estagiários? Sou muito mais

comigo mesmo. Quando você assume uma profissão como a

minha, precisa aceitar e estar disposto a nunca parar de estudar e

pesquisar.

Entro no banheiro no canto do amplo cômodo e me livro das

roupas. Tomo um banho rápido e mudo para um dos ternos que

mantenho aqui para melhor comodidade, visto que os horários em

minha profissão são apertados e imprevisíveis. Sirvo-me de uma

dose pequena do meu uísque preferido, dirigindo-me para a minha

mesa. Vou aproveitar a hora que tenho e assinar alguns papeis de

convênios que minha secretária me lembrou para fazê-lo ainda

hoje. Depois, encontrar com os caras para uma bebida e seguir para

o clube, onde belas garotas nos aguardam...

Embora minha família seja a dona da rede de hospitais, e eu o

diretor desta unidade, sou também um dos principais cardiologistas

do grupo, o que significa mais trabalho. Ah, deixem- que me

apresente: sou Dylan do Prado Thompson III, descendente dos

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Thompson, uma tradicional e influente família norte-americana,

radicada no Brasil no período da Guerra Civil nos Estados Unidos.

Meus ancestrais eram abastados, descendentes de nobres ingleses,

mas tiveram que fugir da sua pátria em virtude da perseguição

política naquele período. Meu tataravô, William Thompson V, era

um homem iluminado, um visionário, militar (coronel) e um

excepcional médico, já naqueles tempos remotos. Foi um

importante político no estado do Alabama, onde chegou a se tornar

senador. Todavia, isso tudo ruiu em 1861, quando os exércitos do

norte dos EUA devastaram os estados confederados do sul

latifundiário, obrigando milhares de famílias a deixarem sua pátria

e se aventurarem na desconhecida América do Sul, muitas delas

sem eira bem beira.

Graças às habilidades de articulação e boas relações que o

coronel mantinha com a maçonaria, conseguiu contato com o então

Imperador do Brasil, D. Pedro II, que também era praticante da

doutrina, e pediu abrigo político. Enquanto outros compatriotas

ofereciam técnicas agrícolas, meu ancestral ofereceu seus

conhecimentos militares e em medicina, o que deu certo, visto que

o país era carente em muitas áreas. Quando chegou ao Brasil, foi

fundando as bases para o que atualmente é uma rede consolidada

de hospitais, unidades de emergência espalhadas em várias capitais.

Também aproveitou os conhecimentos de seu irmão mais novo em

administração e criou, atrelado aos hospitais, planos de saúde, que

acabaram crescendo e tomando uma proporção gigantesca em

capital de giro líquido. Por ser uma das primeiras iniciativas nesse

ramo, isso colocou os Thompson, no final do século vinte, na seleta

categoria de bilionários do setor da saúde privada do país. Como

disse, meu tataravô era, de fato, um visionário.

Bem, essa é a versão curta para não entediá-los.

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Tomo um gole do meu copo e pego as pastas que o Doutor

Galvão, um de meus mentores mais estimados na cardiologia

brasileira, me enviou hoje cedo. São os candidatos a uma vaga de

estágio na rede Thompson. O dia foi cheio e só agora estou me

sentando para conferir. Cinco alunos. Conhecendo meu velho

mestre, sei que esses estão no topo da sua turma ou não seriam

indicados. Doutor Inácio Galvão é tão exigente quanto eu. Aliás,

aprimorei essa arte com ele. Sou seu discípulo, com orgulho. No

próximo semestre, retomarei minhas atividades como professor

convidado no curso de medicina da UFRJ depois de dois anos

afastado. É trabalho extra, mas gratificante. Gosto de ver a

empolgação, o comprometimento dos futuros médicos e contribuir

de alguma forma para a sua formação. Você deve estar pensando:

esse cara é louco, um workalic. Eu lhe dou uma única palavra:

paixão. Tudo que envolve o campo da medicina faz brilhar o meu

olho. Mas não se enganem, pois me divirto nas horas vagas. Vocês

não fazem ideia do quanto...

Examino as duas primeiras pastas, ficando muito satisfeito com

os currículos. São bons. Tomo mais um gole e passo para o

próximo candidato. Todos homens até aqui. Meu celular toca em

cima da mesa, e meus lábios tremulam ao ver o nome na tela. Meu

velho mestre continua com um timing afiado. Atendo-o.

— Eu sabia que ia ligar a qualquer momento e fazer a famosa

defesa verbal de seus pupilos — digo, atiçando-o. — Boa noite,

mestre.

Meu antigo professor ri do outro lado. Gosto do homem. Ele

tem grande responsabilidade sobre o profissional que me tornei, e

eu nunca me esquecerei disso.

— Quantas vezes preciso pedir para parar com essa besteira de

“mestre”, Doutor Thompson? — retruca. Eu rio, porque é sempre a

mesma coisa.

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— Contra fatos não há argumentos, Doutor Galvão — rebato,

recostando-me no espaldar da cadeira giratória. Ele ri levemente.

— Não, não há, filho — seu tom suaviza um pouco, mostrandome que o carinho é recíproco. — Como tem estado, Dylan?

— Muito bem, professor, e o senhor? — pergunto, girando o

líquido âmbar no copo.

— Oh, você sabe, ainda aqui, soterrado na universidade —

reclama. Conheço-o bem e sei que já recusou aposentadoria três

vezes; seu resmungo é só fachada. Ele ama ensinar tanto quanto

ama clinicar. — Mas você me conhece bem e sabe que estou longe

de sossegar. Então, aqui vai minha defesa dos meus pupilos. Na

verdade, uma em particular.

— Uma? — Isso me surpreende. Ele nunca manda meninas para

mim por me achar muito linha dura. Volto a olhar as duas pastas

restantes e descubro que a última é de uma garota, uma tal Evelyn

de Castro Santana. Pego-a, abrindo, e sou surpreendido outra vez

quando meus olhos pousam na foto 3x4 no lado direito do

Curriculum. Duas coisas sobre a moça: a primeira é que ela parece

muito jovem para já estar apta ao internato médico. Segunda...

Caralho, ela é bonita. Olha que é apenas uma foto 3x4, e

dificilmente alguém fotografa bem nessas coisas. Eu não consigo

desviar o olhar do rosto da moça na foto. Como já mencionei,

tenho uma queda por loiras. Culpado. Passo para a página seguinte

e sou bombardeado com mais fotos dela em eventos acadêmicos,

ganhando prêmios em projetos e afins. Ela não usa maquiagem em

nenhuma delas, mas, ainda assim, sua pele parece resplandecer,

seus olhos verde-amendoados e sombreados por longos e espessos

cílios negros têm um brilho inteligente, desafiador até. Não dá para

ver o contorno do corpo sob os jalecos, mas pelo porte, deve ser

decente também.

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Paro na última foto, onde meu velho professor está sorridente,

entregando o que parece ser uma medalha à sua pupila. Ela está

sorrindo de volta, pura adoração nos olhos verdes, os longos

cabelos loiros presos num rabo de cavalo no alto da cabeça. Essa

imagem, mais do que as outras, mexe comigo de alguma forma. É

mais próxima, mostrando o seu rosto completamente para a

câmera, vejo inclusive algumas sardas salpicadas pelo nariz

pequeno. Meu Deus, eu disse que ela era bonita? Permita-me

corrigir, a garota é um nocaute. Devoro cada detalhe do rosto

jovem de traços suaves. A boca rosada, com lábios grossos e bem

desenhados, faz o meu pau se contrair com as imagens evocadas

pela minha mente pervertida. Sou tomado de assalto pela fantasia

desses olhos amendoados me encarando enquanto essa boquinha

mama gostoso no meu pau. Um sorriso cínico e predador levanta

meus lábios. Meu corpo fica aceso rapidamente, mas limpo a

garganta, expulsando os pensamentos pecaminosos sobre a menina.

— Então, o que há sobre essa Evelyn? — minha voz sai um

pouco brusca. Não gosto de misturar trabalho com prazer, e

fantasiar sobre essa garota não me agrada nem um pouco.

Doutor Galvão ri, e por um momento penso que percebeu minha

reação ridícula à foto da sua pupila.

— Ela é a minha menina de ouro, Dylan — sua voz está cheia

de orgulho. — Como você foi o meu garoto, há quase quinze anos.

— Bem, minha atenção é toda sua agora. Não me lembro de

tanta empolgação da sua parte com os residentes nos últimos anos

— digo, voltando a olhar a tal Evelyn. Há mais uma foto, dessa vez

cercada de crianças, no que parece ser um orfanato ou algo do tipo.

Sorridente, linda e mais uma vez o jaleco me impedindo de ver seu

corpo. Involuntariamente deslizo o indicador sobre o rosto

angelical. O loiro dos cabelos é uma mistura de mel com mechas

mais claras. Eu perco a cabeça por uma loira. Elas me deixam

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louco de tesão. Adoro o contraste da pele clara com a minha,

morena, quando as fodo. Mas se essa é a menina dos olhos do meu

professor, preciso controlar meu pau. Além disso, é muito jovem.

Prefiro as mais experientes.

— Isso é porque os estudantes de medicina estão cada vez mais

medíocres, filho — resmunga. — Podemos contar nos dedos

aqueles dos quais não teremos vergonha em dizer que fomos seus

professores. Eve, no entanto... — Ele pausa, e tenho a impressão de

que suspirou. Eve? Se não o conhecesse bem, diria que a beleza da

ninfeta o tocou também. Mas, não, Doutor Galvão é um

profissional e homem de moral irretocável. É casado há quase

quarenta anos com a mesma mulher, que também é médica, por

sinal. Uma união sólida e tradicional. Desde que o conheci nunca o

vi olhando diferente para uma aluna, por mais bonita que fosse. —

Eve é você de saias, Dylan. — Ri um pouco. — Extremamente

inteligente, audaz, curiosa, disposta, impetuosa.

— Ela tem algum defeito? — interrompo, com um tom irônico.

Ele gargalha dessa vez. Acho que percebeu meu ciúme.

Realmente nunca o vi tão empolgado com um aluno, além de mim,

claro. Talvez o meu ego esteja um pouco abalado.

— Você vai amá-la — diz com uma certeza que me faz franzir

as sobrancelhas. — Ela é uma menina de origem humilde. Porém,

isso não a impediu de galgar cada degrau em direção ao seu sonho.

Eve é especial, por isso a recomendei a você. A medicina irá

ganhar uma grande profissional. Estou lhe pedindo que seja o seu

preceptor. Ela quer fazer residência em cardiologia e não confio em

mais ninguém para completar a sua formação.

Remexo-me na cadeira. Ele sabe que nunca lhe negaria um

pedido, sobretudo, porque confio no seu julgamento. Se atesta que

a tal garota é especial, eu acredito.

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— E quanto aos outros quatro candidatos? Por que enviou? —

inquiro.

— São ótimos alunos também. Enviei-os para o caso de haver

vagas excedentes. — Ele ri como a raposa velha que é.

Eu resmungo, mas acabo cedendo:

— Tudo bem, vou ver o que faço com esses que estão apenas na

média, uma vez que a maravilhosa Evelyn acaba de ficar com a

vaga principal — digo com sarcasmo.

— Ela merece, vai constatar por si mesmo — torna a defender a

garota. — Você vai se encantar também quando a vir

pessoalmente.

Meu pau estremece outra vez. Não tenho dúvidas de que ficarei

malditamente encantado quando vir a ninfeta loira cara a cara.

Porém, não vou começar a quebrar minhas regras no meu local de

trabalho. Só espero que essa moça seja realmente tudo isso que

meu professor está atestando, do contrário, irá penar na minha mão.

Duas horas depois...

Eu resmungo, alcançando minha liberação e saio das

profundezas da mulher, empurrando-a sobre o sofá. Dirijo-me para

o banheiro, ouvindo os palavrões e rosnados de Olavo e Marcelo,

nosso amigo em comum desde pequenos. Os dois estão espancando

e fodendo suas garotas de quatro na beira da cama. Trocam de

lugar e se olham, sorrindo. Eles são tão cretinos... Assim como eu.

Rio, entrando no banheiro. Livro-me do preservativo e ando direto

para o box. Ligo o chuveiro, o jato potente caindo sobre a minha

cabeça. Ensaboo meu corpo com o sabonete líquido, sentindo-me

inquieto, insatisfeito ainda, mesmo depois de ter arrancado o meu

prazer no corpo gostoso de Lídia. Ela é o meu brinquedo da

semana. Bem, chegou o momento de revelar algo mais sobre mim...

Gosto das coisas depravadas, pecaminosas no sexo. Sou casado,

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muito bem casado, no entanto, não abro mão de variedade. Minha

esposa, Mariah, é linda, liberal como eu, mesmo depois de oito

anos casados ainda sentimos tesão um no outro.

Tenho trinta e cinco, e ela, trinta e três. Sua família é

tradicional, como a minha. Nunca entenderiam o nosso

casamento... Por isso, levamos uma vida dupla. Um casal

respeitável para a sociedade e dois depravados em nossa

intimidade. Namoramos no Ensino Médio, demos uma pausa de

alguns anos e nos reencontramos na faculdade, onde descobrimos

algumas festas bem particulares e nos encantamos pela forma

liberal e desinibida com que o sexo era tratado. Não havia censura,

tudo era permitido. Era gostoso, excitante demais poder foder com

outras pessoas e, no final da noite, voltarmos para casa, juntos,

nosso relacionamento intacto. Eu estava no quarto ano de

Medicina, e ela, no segundo de Designer Gráfico. Temos vivido

assim desde então, mantendo nossas loucuras sexuais bem

separadas do nosso matrimônio. Somos dois aventureiros e

exatamente por isso nos damos tão bem. Somos sócios de vários

clubes de swing aqui no Brasil e no exterior. Mas também uso o

serviço de acompanhantes de luxo com bastante frequência. Tudo

começou quando, em um congresso em Porto Alegre, há alguns

anos, Mariah enviou uma garota de programa para o meu hotel,

para aliviar o meu estresse. Percebem? Minha mulher é perfeita

para mim. A garota era uma loira deliciosa, e a fodi pela semana

inteira. Sim, fiquei bem relaxado. Minha esposa sabe das coisas...

Um sorriso malicioso curva meus lábios.

Desde então, sempre peço que minha compreensiva mulher

escolha a próxima quando estou querendo algo diferente do swing.

Não fico muito tempo com essas. Geralmente uma semana, no

máximo duas, se a garota souber foder bem. Adoro compartilhá-las

em algum clube ou nas festas privadas que participo, pelo menos

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uma vez por mês. Mariah também tem carta branca para estar com

quem lhe interessar, desde que não se estenda. Esse é o nosso trato.

Ela adora escolher minhas bonecas Barbie, como as chama

ironicamente, porque todas possuem o mesmo biotipo: loiras, entre

os vinte e oito e os trinta. Detesto novatas. Gosto de tirar o máximo

de prazer do sexo, e isso não é possível com as ninfetas. Não tenho

a menor paciência para as principiantes.

Novamente o rosto da pequena prodígio do Doutor Galvão

invade meus sentidos. Quando cheguei aqui na suíte do hotel, fui

mais duro do que o habitual com Lídia, forçando-a a chupar meu

pau por longos minutos, e gozei em sua cara. Só que não eram seus

olhos castanhos que estava vendo, eram olhos verde-amendoados.

Minha mente traiçoeira vagou para a maldita garota das fotos. Não

consigo entender por que minha reação foi tão forte vendo simples

imagens. Minhas mulheres são todas muito sofisticadas. A menina

nem mesmo usava maquiagem. Simplória demais. Então, o que vi

de tão fascinante para fazer sua imagem insistir em permanecer na

minha mente?

Meus pensamentos são cortados quando um corpo macio se cola

em minhas costas, os seios esfregando em minha pele. Lídia. Eu rio

e a giro rapidamente, empurrando-a de frente para a parede. Ela

ofega, empinando a bunda. Enfio a mão entre suas coxas, por trás,

e esfrego sua boceta quente. A mulher geme, escandalosa, quando

enfio dois dedos até o fundo. Passo a surrar a bunda firme com

tapas fortes, chamando-a de puta, vadia, vagabunda, safada.

Ofendo-a com palavras chulas que a fazem molhar ainda mais

minha mão, mostrando que ama uma putaria, e eu rosno, surrandoa pra valer, deixando a pele branca tornar-se lindamente vermelha.

Pego uma camisinha no bolso da minha calça e a rasgo,

embainhando meu pau. Sem muita delicadeza, pego-a pelos

ombros e meto tudo nela, de uma só vez, profundamente. Lídia

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grita, arranha os azulejos, enquanto fodo sua boceta com força.

Depois de um tempo, retiro-me e a penetro no ânus. Ela aguenta

tudo, levando-me todo, sussurrando para que continue a vê-la. A

mulher foi avisada das regras. Eu decido quanto tempo. Fico em

silêncio, estocando com força no rabo gostoso da loira.

— Fica comigo, por favor — implora enquanto goza,

estremecendo. Eu não respondo nada. Apenas continuo comendo-a

até passarem seus tremores. Saio de dentro dela e arranco o

preservativo, empurrando-a grosseiramente de joelhos. Está meio

grogue pelo gozo, mas é obediente. Quando sua boca quente engole

meu pau de novo, eu rosno alto, voltando a fantasiar com os lábios

carnudos da Lolita da foto. Puxo com força os cabelos platinados

de Lídia e dou tapas firmes em sua cara, enquanto me enfio até sua

garganta. Ela engasga, mas leva cada centímetro, estoicamente.

Acelero os golpes até que fecho os olhos, uivando e gozando

abundantemente, pensando em outra loira. — Dylan... — geme

baixinho, engolindo tudo.

Saio de dentro dela e esfrego meu pau em seus lábios inchados,

pelo rosto todo, lambuzando-a. Ela ri, geme, choraminga, gostando

da sacanagem tanto quanto eu. Afasto-me, finalmente. Hora de

conversar a sério.

— Você foi avisada, Lídia — digo-lhe, olhando-a de frente. Seu

corpo nu é tentador, todo firme, a pele branca está marcada por

minhas chupadas e mordidas. Essa é a razão de eu apreciar garotas

de programa. Elas me deixam extravasar minhas taras. No swing

não posso pegar pesado com as esposas e namoradas dos outros.

Certa vez comi uma com tanto vigor que, na outra visita ao clube, o

marido não quis nem saber de me deixar foder a mulher dele de

novo. Mariah adorou o episódio. Ela ainda se diverte relembrando

esse casal, principalmente da mulher, que sempre me comia com os

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olhos, mostrando que, ao contrário do marido, queria uma

repetição.

Minha esposa, embora goste do swing, não aprecia a foda dura

que tanto me excita. Uma ou outra vez me deixa judiar dela, no

entanto, é raro. Acho que as garotas de programa são uma fuga

para ela também. Todo mundo fica feliz com esse arranjo. Penso

cinicamente.

— Eu decido quanto tempo — completo, lacônico. — Uma

semana foi o suficiente para nós.

Ela me olha com mágoa. É uma mulher bonita, na casa dos

trinta. Deliciosa na cama, me deixou fazer tudo o que quis. Só que

a novidade passou, como sempre passa.

— Você nunca quis permanecer com uma? — sussurra,

referindo-se à lista extensa das que vieram antes dela.

— Não. Nunca — respondo sem pestanejar. — Sou casado,

muito bem casado. Todas sabem desse detalhe e aceitam meus

termos antes de começar — meu tom é acusador agora. Talvez seja

bom dar um tempo das putas. Não tenho a menor paciência quando

elas acham que podem me seduzir para continuar vendo-as. E

muitas tentaram, acreditem.

— É que você é muito gostoso, garanhão. — Tenta se

aproximar, a voz ficando intencionalmente sedutora. Quero revirar

os olhos para sua tentativa ridícula. — Sei que é casado, não quero

me casar com você, apenas continuar te dando prazer quando

estiver estressado... — Eu tenho que rir. Sou um homem vivido,

carimbado em fodas casuais. Ela está perdendo seu tempo e vai

descobrir agora.

— Você gostou do meu pau, tenho certeza disso — digo, com

calma fria —, mas, meu bem, seja sincera, gostou também do

dinheiro caindo em sua conta enquanto eu te comia essa semana.

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— Ela estaca, a boca abrindo em surpresa com minhas palavras. —

Também apreciei nosso tempo, mas, como todas as outras, seu

prazo de validade venceu. Apenas uma mulher é permanente na

minha vida: minha esposa.

Seu rosto se fecha; a sedução indo embora.

— Você é um cretino de marca maior, Doutor Thompson III —

zomba do meu nome. — Um mauricinho preconceituoso que pensa

que pode usar as mulheres como bem qui...

— Eu não penso — corto-a. — Eu posso fazer o que diabos

quiser com putas como você — digo friamente. — Paguei para te

comer. Muito bem, por sinal. O que mais esperava? É muita

ousadia sua achar que pode interromper o fluxo... Reconheça seu

lugar, Lídia. Paguei, comi. Fim.

Ela se encaminha para a porta. Graças a Deus! Mas para outra

vez, olhando-me por cima do ombro.

— Sabe o que seria o castigo perfeito para um filho da puta rico

e esnobe como você, Dylan? — Levanto uma sobrancelha irônica,

e ela ri como uma bruxa antes de sussurrar como se me rogasse

praga: — Você se apaixonar por uma de nós.

A mulher enlouqueceu de vez! Eu bufo e rio da cara dela. Eu,

Dylan Thompson III, me apaixonar por uma prostituta? Era só o

que me faltava. Não sou um tolo, sei exatamente qual a utilidade

delas, bem como seu prazo de validade. Que vadia louca! Zombo,

indo para debaixo do chuveiro, dispensando-a.

Quando saio do banheiro, já vestido e pronto para encerrar a

noite, os gemidos e rosnados masculinos me mostram outro cenário

agora, Olavo e Marcelo deixaram as garotas de lado e estão se

pegando. Meu primo está fodendo nosso amigo Marcelo,

furiosamente, por trás, espremendo-o contra a parede. Eles têm

essa vibe desde adolescentes. Olavo é casado com uma mulher

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linda e tem um menino de cinco anos. Marcelo nunca se casou.

Desconfio de que a razão seja a paixão incubada que nutre pelo

meu primo. Quanto a Olavo, não sei bem o que pensar. Ele parece

feliz no casamento, porém, nunca abriu mão de estar sexualmente

com Marcelo. Os dois urram, sussurram palavras incompreensíveis

e se beijam intensamente, o som alto de foda dura reverberando no

quarto.

Eu viro as costas e saio da suíte para lhes dar privacidade, vou

esperá-los no bar do hotel. Não é algo que goste de ver, meus dois

melhores amigos fodendo como se não houvesse amanhã. Sou

liberal, mas essa cena é demais para mim. Sou hétero até debaixo

d’água, respeito quem gosta de outras opções, só que não me excita

ver dois marmanjos trepando.

Lídia e as outras não estão mais à vista. Ótimo. Detesto dramas,

ainda mais vindos de uma prostituta que foi muito bem paga pelos

serviços. Entro no elevador, bufando ao lembrar do disparate que

foi sua última frase. Eu me apaixonar por uma puta. Quem aquela

escrota pensa que é para me rogar uma praga dessas? As putas são

ótimas, não me levem a mal, mas elas têm apenas uma serventia

para um cara como eu. Já encontrei a mulher da minha vida. Isso

me faz olhar meu reflexo no espelho enquanto a caixa inicia a

descida.

Por que tenho andado inquieto, insatisfeito ultimamente? Possuo

tudo o que um homem pode querer: dinheiro, respeito na minha

profissão, uma esposa parceira, uma filha linda. O que ainda está

me faltando? Continuo encarando como se o homem do espelho

pudesse me responder. Ele não responde. Não o faz por uma única

razão: não me falta nada. Deve ser o estresse de tantas

responsabilidades acumuladas. É claro que é isso. Lanço um olhar

arrogante para o reflexo.

Não. Não me falta nada. Eu tenho tudo.

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