Eu começaria tudo outra vez

Germano entrou correndo pelo corredor do hospital após uma ligação inesperada da enfermeira com quem ele mantinha contato. Ela lhe contou desesperada que Amália havia tido alta na noite anterior enquanto ela não estava de plantão, deixando somente um bilhete endereçado a ele na recepção.

- Onde ela está? - indagou Germano furioso à enfermeira.

- Senhor Ferrer, infelizmente não pude fazer nada. Não estava na noite anterior e a equipe não era próxima de mim. - Respondeu a enfermeira amedrontada com a postura do homem que anteriormente sempre se mostrava calmo.

- Onde está o bilhete que minha esposa deixou? - a enfermeira prontamente entregou o envelope endereçado a Germano.

"Meu bem, não consigo seguir em frente com a dor que estou sentindo, é uma mistura de desespero e raiva... Mas não consigo e não quero descontar em você, preciso correr, sumir e tentar me reencontrar, por favor, não tente me buscar ou colocar alguém para investigar meu paradeiro, você sabe que não conseguiria me convencer a ficar. Eu preciso desse tempo e preciso me reestabelecer após perder nosso filho da forma que perdi."

Aquelas últimas palavras foram como um nockout em Germano, como ele lidaria com a culpa que estava sentindo. Amália tinha partido sem falar nada, sem pedir e sem cobrar nada. E isso só mostrava como ele havia magoado sua doce Amália.