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Acima do Céu
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Capítulo

Você acredita em anjos? Não? Você pode se surpreender! Rafael e Gabriel foram enviados à Terra para se juntar ao irmão Miguel, numa importante missão. A nova vida num lugar desconhecido é de grandes descobertas para os dois arcanjos inexperientes, mas Miguel lhes ensinará os costumes da atualidade. Rafael conhece um pouco da vida humana por ter estado na Terra há milênios e abomina o pecado, assim como qualquer anjo. Ele é bondoso, amável e em seu caminho encontrará uma amiga, Raphaella, com quem criará um grande laço. Um sentimento forte, que ele ainda desconhece, nascerá pela bela garota desastrada. Raphaella é batalhadora, pés no chão, está sempre em busca de uma vida melhor, e com bom humor segue em meio aos obstáculos. O vínculo entre os dois terá total ligação com a missão, e isso mudará suas vidas para sempre. _______________ História de minha e exclusiva autoria, não permito repostagem. Plágio é crime previsto na Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Boa leitura!

Capítulo 1 Prólogo

2000 a.C

O Reino dos Céus sempre foi um lar de ensinamentos, amor ao próximo, fazer a vontade de Nosso Pai e levar sua palavra para onde quer que fôssemos. Por eras a nossa única tarefa foi essa, a felicidade plena, sem tempestades ou dias escuros.

Mas agora o que vejo é o semblante preocupado no rosto de cada um dos meus irmãos, nunca vira em toda a minha existência algo assim. A plena paz e a harmonia nunca deixaram margem para preocupações, mas agora ele nos preocupava. Algo tinha mudado, não sabemos como se manifestou esse sentimento no coração de nosso irmão, no entanto ele não é mais o mesmo e o pai sempre soube que iria acontecer.

Era tarde demais para evitar o que estava por vir e eu sabia disso, em meu coração sentia que estávamos perdendo-o para o que mais abominamos.

O pecado.

Não somente ele, mas boa parte de nossos irmãos estavam pecando da forma mais suja que vi. O modo como falava com Nosso Pai era assustador, a vaidade o tinha dominado e eu podia ver em seus olhos. Ele não era mais o mesmo.

― Por que não posso ser como você? A sua imagem e semelhança, exatamente como eles são ― bradou Lúcifer ao Nosso Pai.

Lúcifer se referia a mais perfeita criação do pai, feita a sua imagem e semelhança, pois tudo que Ele cria é perfeito, bom e livre de defeitos. O homem foi a sua mais bela criação! Nosso pai deu-lhes um jardim e tudo que possuí nele para seu usufruto. Lúcifer não se conformava em ser apenas um servo, queria ser como o pai e gozar de todo poder.

― Filho, você é perfeito, o portador da luz, é o líder assim como Messias, porém não pode ser como eu ― meu pai disse serenamente.

Eu apenas observava a cena e não conseguia entender por que Lúcifer proferia todas essas palavras tão impróprias para mim, justo ele que tanto me ensinou. Lúcifer foi o primeiro arcanjo a ser criado, o pai o confiou para ser o portador da luz e espalhar os ensinamentos de sua palavra para todos nós. Era o anjo mais belo e admirado por todos, nosso exemplo, meu espelho de ser mais perfeito e bom. Seu erro foi direcionar o amor somente para si mesmo e isso o fez cobiçar todo o poder de Nosso Pai. Tomado pelo orgulho e pela vaidade ele se rebelou contra nossa família e quase destruiu nosso reino.

Lúcifer usou de sua influência entre os demais anjos para plantar a semente da dúvida e descontentamento a respeito do modo de governar de Nosso Pai, insinuando que Ele abusava do poder e não nos dava liberdade. Sua habilidade de persuasão fez com que muitos anjos se revoltassem contra nós, uma rebelião estava formada, uma guerra como nunca havia presenciado. Eu não era um mero espectador, participei ativamente dela em defesa do pai e de toda minha família.

― És o criador de tudo, mas não permite que todos teus filhos vejam tua verdadeira face, por que Deus? ― Lúcifer perguntou com ironia.

― Meus filhos não precisam me conhecer para saberem que vos amo, o amor está no sentir com o coração! ― exclamou. ― Escolhi você, Rafael, Gabriel e Miguel para ser tudo que sou, vocês foram minhas primeiras criações, conheço cada um e suas habilidades ― aproximou-se de Lúcifer. ― Dei a cada um o livre arbítrio, todos nesse universo são livres. Todos!

― Sim, tem toda a razão, eu sou livre e farei o meu governo, o senhor não poderá me impedir ― ergueu a cabeça com imponência e se afastou, evaporando num feixe de luz.

Fechei os olhos tentando falar com Lúcifer, sempre tivemos uma forte ligação, mas não consegui, ele já não me dava mais acesso ao seu interior. Por que meu irmão estava fazendo isso?

― Pai, o que está por vir? ― indaguei.

― Uma guerra, Rafael. Uma grande guerra! ― respondeu calmamente.

― Você pode impedir ― afirmei.

― Posso, mas não o farei, a melhor forma de enfrentar uma crise é deixar que tudo siga seu curso ― tocou minha face. ― É a única forma de assegurar que o mal não se erguerá outra vez!

― Não compreendo ― falei num murmúrio.

― Se eu impedir agora, seus irmãos tomarão como verdade tudo que Lúcifer disse contra mim e novamente teremos uma guerra.

Ele estava certo.

Passamos a não ter mais paz e isso era assustador, vivíamos em conflitos, Lúcifer conquistava cada vez mais anjos e doía pensar, porque ele precisava sair do nosso reino.

― Ele não irá sair, precisamos lutar ― Gabriel disse seriamente.

― Não posso lutar contra um irmão ― neguei rapidamente.

― Não é mais nosso irmão, o pecado está com ele ― Miguel intercedeu.

Recusava-me a ver isso, aprendi tanto com ele, os ensinamentos que sempre irei carregar, o amor pelo Nosso Pai e a como devemos sempre fazer sua vontade.

Nosso reino ficou escuro, nuvens acinzentadas denotando o quanto estávamos nos afastando do que nos foi ensinado, era estranho e isso me deixava apreensivo. Miguel tinha razão, não tínhamos mais irmão.

A guerra se formou tão rapidamente de uma maneira catastrófica me deixando profundamente triste com o rumo que tudo iria tomar. As espadas místicas que nunca havíamos usado, exceto em treinamento, foram nossas armas para o combate contra nossa própria família. Muitos anjos, querubins e serafins foram aniquilados.

― Fique do meu lado, Rafael, formaremos um novo universo, uma nova criação, Ele não pode nos impedir ― Lúcifer levantou a espada formando uma grande luz amarela envolta de seu corpo.

― Jamais, nunca me rebelarei contra meu povo e contra meu pai ― abri minhas asas liberando a luz, a grande luminosidade impedia qualquer ser de se aproximar.

Nunca havia usado de poderes a não ser nos treinamentos, Nosso Pai sabia que um dia precisaríamos usá-los, mas eu não contava que seria da pior maneira possível.

― Se não ficar do meu lado será aniquilado, sabe que posso acabar com você ― proferiu em tom de raiva e seus olhos se tornaram amarelos. ― Te ensinei tanto, deves servir a mim ― ergueu sua mão e aquele pequeno gesto empurrou-me para longe.

― Você exterminou muitos de nossos irmãos, nunca servirei a ti, te admirei, mas hoje nada mais resta a não ser pena ― proferi com mágoa. ― Saia do Reino dos Céus! ― ordenei com raiva.

Tais sentimentos nunca se apossaram de mim e agora os sentia de um modo estranho, Lúcifer despertou a fúria em todos nós e era ruim.

Meus irmãos se puseram ao meu lado e juntos formamos uma grande esfera de luz.

― Não preciso da sua pena e nem de vocês ― cuspiu. ― Você escolheu um lado, aguente as consequências, pois não iremos sair ― bradou erguendo os braços juntamente de seus aliados.

A esplêndida luz que provinha de Lúcifer era de um intenso poder e eu sabia que quando ela nos atingisse os mais fracos morreriam. Não foi o que aconteceu. Um grande estampido ensurdecedor, seguido de trovoadas e um raio gigantesco foi lançado contra eles. Um buraco negro foi aberto e uma grande força produziu o vento que como pó os varreu para o abismo. Foi surreal a dimensão de todo aquele poder e eu sabia de quem era essa força.

― Todos irão pagar, principalmente você que me negou, Rafael ― sua voz se transformou num eco que se afastava cada vez mais pelo espaço. ― Eu juro!

E nada mais se ouviu.

Nosso pai não impediu Lúcifer e os outros anjos, explicou-nos que jamais mataria seus filhos e apenas expulsou-os de nosso reino jogando-os no vazio. Não contestamos.

― A guerra está só começando ― Nosso Pai disse para mim, Gabriel e Miguel. Não compreendi o que o que significava, contudo Ele foi sábio com suas palavras.

Voltamos aos tempos de paz e a ser o que éramos, gozávamos de felicidade, nossa família estava protegida, porém o Pai triste. Algo o incomodava profundamente, Ele tentava não transparecer, mas eu e meus irmãos percebíamos. Fui entender que a guerra só estava começando quando Adão e Eva sucumbiram ao pecado. Lúcifer corrompeu a mais perfeita criação.

Lúcifer tornou-se um anjo caído, carregado de ódio pela espécie humana.

Eras depois, Messias foi enviado para ser Jesus Cristo o mensageiro da palavra de Deus, Nosso Pai, e admirei-o ainda mais por se sacrificar por toda humanidade. Foi me confiada uma grande missão, para curar os humanos de doenças, e pela primeira vez desceria à terra.

― Rafael significa “o que brilha e cura”, você será o Guardião da Saúde, irá curar pessoas de enfermidades em meu nome ― disse tocando meu rosto com um beijo.

Andei com minhas sandálias por terras vermelhas, o calor era desconfortável e meus pés queimavam a cada passo que dado. Meu pai ensinou-me o caminho, mas não disse que eu teria que andar tanto pelo deserto até meus pés sangrarem, e também que a poeira me impediria de ver, pois o vento era muito forte.

É ruim sentir dor, sede, fome e não encontrar alguém para lhe ajudar, senti na pele o que é passar fome sem nunca ter comido nada, senti sede sem nunca ter bebido água e senti dor física sem entender por que precisava senti-la.

Nunca tive contato com humanos e por longos meses fui um deles vivendo ao seu modo e cultura, eles praticam o mal constantemente e isso me deixou desolado. Vi famílias serem dizimadas por causa da peste, quem tinha mais poder monetário ordenava matar os contaminados, para não espalhar ainda mais a doença. Ser de carne e osso foi uma provação que precisei enfrentar.

Vi de perto a dor, a tristeza, a miséria e tudo de ruim que essa espécie causa. A terra é dominada por pecado, Lúcifer cumpriu com tudo o que disse, estragando a criação que era para ser perfeita e boa. E mesmo achando que eles não tinham mais salvação levei a palavra de Deus, curei pessoas e vi muitas outras morrerem. Abençoei as crianças, pois elas são especiais, e disse-lhes que Deus lhes daria o Reino dos Céus, se assim o servissem.

Com minha missão cumprida regressei ao meu lar, e com a certeza de nunca mais ter contato com eles.

Dias atuais

Após tantos milênios muita coisa mudou para se adequar ao universo, eu e Gabriel éramos os únicos arcanjos ainda vivendo no céu. Miguel fora designado para viver na terra e proteger a humanidade, tinha mais de um século que não o víamos. Os humanos seguiam errando, mas tentávamos de todo modo ajudá-los. Plantamos bons pensamentos em suas mentes, anjos protetores para os guiarem pelo rumo certo, porém muitos parecem não querer seguir o caminho do bem.

***

Admirei o incrível monte a minha frente e olhei para Gabriel com um sorriso presunçoso. Estávamos em nosso dia de folga e iríamos nos divertir com nosso passatempo preferido. Voar.

― Quem chegar primeiro, ganha ― ele sorriu de lado.

― Não me diga, pensei que era por último ― ironizei, esticando meus braços num alongamento.

Mexi levemente meus ombros liberando minhas asas, inclinei-me sentindo o vento bater em minhas penas, Gabriel fez o mesmo movimento e alçamos voo. Deixei que ele chegasse primeiro e quando preparei-me para pousar, ouvi a voz do Pai nos chamando.

― Ele está bravo, vamos logo e vê se troque essas penas para ver se ganha da próxima ― Gabriel zombou.

― Vim ao encontro de vocês ― Nosso Pai apareceu ao nosso lado.

― Aconteceu algo? ― indaguei-o.

― Sim, tenho uma missão para os dois ― disse seriamente. ― Lúcifer procriou na terra com uma humana e como castigo aprisionei-o ao inferno, mas em breve ele será liberto e seu rebento terá um imenso poder. Precisam combater esse mal e evitar o apocalipse.

― Está dizendo que ele teve um filho? ― Gabriel murmurou desacreditado. Ele apenas assentiu.

Ele nunca havia nos contado esse fato, isso era completamente novo.

Um filho.

Um pecado.

Uma aberração.

― Precisam descer à terra! ― sua voz soou firme.

Eu não queria ir, minha primeira experiência bastou para eu querer me manter longe deles.

― Posso escolher ficar?

Era uma pergunta cheia de dúvidas.

― Sabe que é livre, filho, mas sem você não será possível vencê-lo, é necessário os três juntos ― afagou a mão em meu rosto.

― Ele vai, Pai ― Gabriel olhou-me com uma carranca.

― Somente Rafael pode escolher, o destino já está traçado, não há como impedir ― olhou fundo em meus olhos e eu sabia que via muito além.

― Quem é esse filho? ― eu quis saber.

― Você saberá quando encontrar! ― respondeu e sumiu com o vento.

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