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Lembranças das noites quentes de verão

Lembranças das noites quentes de verão

Roseanautora

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Capítulo

Sabrina Rockefeller é herdeira de uma das famílias mais ricas de Noriah Norte. Tem um noivo perfeito, amigas que fariam qualquer coisa por ela e uma vida invejável. Mas uma traição em dose dupla acabou com o conto de fadas que ela vivera até aquele momento. O que ninguém esperava foi a forma como ela reagiu e lidou com toda a situação. A menina mimada decidiu largar tudo e viver aquela noite de verão como se fosse a última de sua vida. Foi num bar de beira de estrada, com um cantor de rock mais velho, dono um olhar que queimava não só seu corpo, mas também sua alma, que Sabrina conheceu os prazeres da carne e se deu ao luxo de não se preocupar com o amanhã. A jovem que não conhecia o mundo real precisou amadurecer e sofrer as consequências da decisão mais importante da sua vida. E pagou um alto preço: a liberdade, a fortuna, o amor. Depois de anos, ela precisou voltar à sua casa, rever sua família e conviver com os fantasmas do passado. Foi quando decidiu assumir seu relacionamento com seu aluno imperfeito e problemático, mas que lhe dava vida: Gui Bailey. Um casamento, uma surpresa, uma mentira, uma fuga. Uma garota mimada, um cantor de rock e um aluno problema. Uma garotinha esperta e cheia de humor, capaz de derreter até o coração de J. Rockfeller. Uma família tradicional quebrada e tentando se reconstruir por uma criança. De patricinha e herdeira à assalariada e vivendo de favor. De filha que tinha tudo à seus pés à mãe sem nenhuma noção ou experiência. Venha conhecer Sabrina e entender tudo que houve naquelas noites de verão, com a brisa fresca, o céu estrelado, onde os únicos sons que poderiam ser ouvidos eram os das ondas se quebrando no mar e os gemidos de prazer incontroláveis, que serviram de inspiração para uma música de amor que deu passaporte ao sonho e à fama de Charles B. Capa: Larissa Matos.

Capítulo 1 Cálice efervescente

-

Eu preciso ir ao banheiro. – Falei imediatamente, assim que chegamos.

-

Ok, vai logo. Afinal, só viemos por conta da sua bexiga. – Tay brincou.

-

Que lugar bizarro! – Lina olhou ao redor.

-

Achei fofo... Pitoresco – Dill observou – Não se sente como se estivesse em um

mundo paralelo ao nosso?

-

Ok, enquanto vocês tiram suas conclusões, vou fazer xixi. Alguém vem comigo?

-

Eu vou. – Lina ofereceu-se.

O

bar era pequeno. Certamente não passou por revisão de Bombeiros, nem tinha

aprovação para funcionar legalmente, pois havia só uma porta. Em caso de

incêndio, todos morreriam queimados ali dentro, sem chance de saírem a tempo

pela porta minúscula. As poucas janelas envidraçadas na fachada eram de vidro e

estavam fechadas, pintadas de tinta preta por cima, para afastar qualquer tipo

de claridade.

dentro não se diferenciava muito da parte exterior. Um local com pouco espaço

para se mexer, com um bar variado e de certa forma bom para o local. À direita, umas poucas mesas altas, com

bancos de pés estranhamente nas alturas também. A iluminação era fraca e havia

fumaça de cigarros que contaminavam o ambiente.

Mas

não faltavam pessoas, de todos os tipos, de todas as idades, loucas para morrerem

queimadas em caso de incêndio.

-

Não demore. – Mariane pediu, entediada.

Eu

e Lina abrimos espaço entre as pessoas, que me olhavam curiosas portando um véu

de noiva na cabeça, destoando totalmente do meu vestido Chanel preto, comprado

especialmente para a despedida de solteiro no clube de mulheres mais famoso do

país, que havia sido fechado especialmente para mim e minhas amigas naquela

noite.

Segui

até encontrar os banheiros ao final da parte interna do prédio. À esquerda

tinha um pequeno palco, com alguns instrumentos musicais montados: bateria,

microfone com pedestal, guitarra, violão e baixo.

-

Pelo visto uma banda de rock... Ou pop rock. – Observei, enquanto entrava pela

porta do banheiro feminino.

Lina

riu:

-

Ninguém engana a filha do dono da maior gravadora do país.

-

Entendo um pouco... – Falei, escolhendo uma das cabines aleatoriamente.

Olhei

para o vaso sanitário que não estava limpo, mas me impressionou no sentido que

eu esperava pior. Peguei um pedaço de papel higiênico de má qualidade exposto

no local e abri a bolsa, borrifando álcool gel e em seguida uns jatos do meu

perfume importado sob o assento.

-

Que cheiro... Do seu perfume! – Lina observou, do lado de fora.

Levantei

cuidadosamente meu vestido e sentei um pouco amedrontada, ouvindo minha bexiga

esvaziar, sentindo um alívio imediato.

-

Você tem lenço umedecido? – Perguntei para Lina.

-

Claro que não... Não caberia na minha clutch.

-

Eu trouxe perfume, que é algo essencial... Álcool em gel... Mas não imaginei

precisar de lenços umedecidos.

-

Não tem papel aí, amiga?

-

Tem... Mas isso vai ferir linda vagina.

-

Vagina? – Lina começou a rir – Aposto que este banheiro nunca viu uma “vagina”...

Você é engraçada.

-

Minha linda “boceta”, devo dizer?

-

Soa melhor por aqui.

Peguei

o papel e toquei a aspereza. Deveria ser proibida a comercialização daquele

tipo de produto, de quinta categoria. Mas eu não tinha outra opção, então

sequei-me com ele.

Em

seguida borrifei mais umas gotas de perfume na cabine e girei, para o aroma

penetrar na minha roupa e cabelos.

Assim

que saí, Lina olhou-me, confusa:

-

Você... Trouxe perfume mesmo?

-

Sim. Para mim é item de primeira necessidade, acredite.

-

Eu sempre soube que você era viciada em perfumes, mas nunca imaginei que

trazê-lo na clutch era tão necessário. São só algumas horas... Num clube de

mulheres. A não ser que...

Encarei

os olhos dela pelo espelho, enquanto apertava o sabonete líquido nas mãos.

Cheirei:

-

Erva doce... Poderia ser pior.

-

Qual seu problema com cheiros? – Ela riu, cruzando os braços.

-

O que você ia dizer?

-

Se você teria intenção de “pegar” um dos strippers?

-

Claro que não. Eu vou casar amanhã, sua louca. Só gosto de ficar cheirosa

mesmo.

Sequei

as mãos e disse:

-

Vamos embora.

Assim

que saímos, vi um homem no palco, afinando a guitarra, compenetrado. Os cabelos

escuros caíam sobre parte do seu rosto, que estava voltado para baixo. Vestia

jaqueta de couro preta, com botões prata e calça escura.

Eu

estava distraída e não vi o fio que vinha de uma tomada próxima e acabei quase

caindo. Lina me pegou numa mão e ele na outra. Nossos olhos se encontraram e

senti um frio na barriga de imediato.

Ele

era dono de um par de olhos verdes escuros e fascinantes. O nariz era fino, a sobrancelha

farta. Magro, de bigode e cavanhaque, que contrastavam com a pele clara do

rosto.

-

Está tudo bem? – Ele perguntou.

-

S-sim... – consegui gaguejar na primeira palavra – Eu... Sou desastrada, não vi

o fio.

-

Ele não costuma ficar no caminho. Mas a porra da tomada daqui do palco estragou,

então tive que improvisar.

-

Porra de tomada... – Repeti, refleti, nem sei como aquele palavrão saiu da

minha boca.

-

Ok, está tudo bem – Lina garantiu – Agora precisamos ir.

Percebi

que eu ainda segurava a mão dele. Soltei, imediatamente, balançando a cabeça,

confusa:

-

Obrigada, senhor.

Ele

deu uma gargalhada:

-

Por nada, garotinha.

Os

dentes eram alinhados, brancos e perfeitos. A boca fina era perfeita para

aquele sorriso enigmático.

Lina

me puxou. Seguimos entre as pessoas, algumas dançando a música eletrônica,

outras simplesmente bebendo de pé.

-

O que houve com você? Pareceu ficar interessada no homem da guitarra. – Lina

gritou no meu ouvido para ser escutada.

-

Eu? Claro que não! Imagina. – Falei, imediatamente.

Minha

irmã e nossas amigas estavam próximas da porta. Incrivelmente Dill e Tefy

dançavam ao som da música do lugar.

-

Que demora para voltar do banheiro! – Tay reclamou.

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