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Amores em Turbilhões

Amores em Turbilhões

AutoraAngelinna

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3.4K
Leituras
9
Capítulo

Era pra ser só um trabalho de meio período como babá. Mas aí veio a pandemia. Agora estou de quarentena com esses três numa casa isolada no lago. E considerando o que eles planejaram para mim? As coisas poderiam estar muito piores. Bryce, o pintor de beleza sombria cujo filho está sob meus cuidados. O artista milionário está tentando recuperar sua centelha criativa... E um pouco de diversão comigo era justamente o que ele precisava para reacender essa chama. Liam, o marchand inglês que me lembra David Beckham. Ele passa a maior parte do tempo nadando no lago e andando pela casa sem camisa. Ele pisca para mim como se soubesse que estou espiando. Pax, o contador e consultor financeiro deles. Alto e magro, ele tem um senso de humor que me deixa toda sorridente apesar desse vírus mortal. Eu passo meus dias cuidando do bebê, E minhas noites – picantes – suando e me divertindo. Sendo dividida por estes três homens incríveis pra me distrair da pandemia. Não sabemos quanto tempos ficaremos presos na casa do lago. Então só nos resta aproveitar ao máximo, certo?

Capítulo 1 1

Era pra ser só um trabalho de meio período como babá.

Mas aí veio a pandemia.

Agora estou de quarentena com esses três numa casa isolada no lago.

E considerando o que eles planejaram para mim?

As coisas poderiam estar muito piores.

Bryce, o pintor de beleza sombria cujo filho está sob meus cuidados. O artista milionário está tentando recuperar sua centelha criativa... E um pouco de diversão comigo era justamente o que ele precisava para reacender essa chama.

Liam, o marchand inglês que me lembra David Beckham. Ele passa a maior parte do tempo nadando no lago e andando pela casa sem camisa. Ele pisca para mim como se soubesse que estou espiando.

Pax, o contador e consultor financeiro deles. Alto e magro, ele tem um senso de humor que me deixa toda sorridente apesar desse vírus mortal.

Eu passo meus dias cuidando do bebê,

E minhas noites – picantes – suando e me divertindo.

Sendo dividida por estes três homens incríveis pra me distrair da pandemia.

Não sabemos quanto tempos ficaremos presos na casa do lago.

Então só nos resta aproveitar ao máximo, certo?

Veronica

"Pai, você tá exagerando.", eu disse ao telefone enquanto dirigia pela floresta. "Não é a peste negra."

"Eu não disse que é!", ele respondeu prontamente. "Mas pode ser tão ruim quanto a gripe espanhola..."

Eu não fazia a menor ideia do que era a gripe espanhola. Uma doença que avassalou o mundo um século atrás antes da medicina moderna? Eu não estava preocupada. Eu tinha muitos outros assuntos urgentes na cabeça naquele momento. Como a entrevista de emprego para a qual eu estava indo, por exemplo.

E o fato de que tudo o que eu tinha estar no porta-malas do meu carro. Se eu não conseguisse aquele emprego...

Eu deixei o assunto pra lá enquanto dirigia pela estrada sinuosa da floresta. Eu não queria ser negativa. Depois de quatro entrevistas fracassadas, essa ia ser melhor.

Tinha que ser.

Como se ele tivesse lido meus pensamentos, meu pai perguntou: "Como estão os Hendersons?"

"Bob e Emily estão ótimos", menti. "Não falo muito com eles. Você sabe como é a vida de babá. Eu passo mais tempo com o bebê do que com os pais."

"Quantos anos tem Candice agora? Três?"

"Dois e meio." As palavras me deram um nó na garganta. Eu sentia falta da garotinha de quem eu cuidava, e a ferida da demissão tão recente ainda estava aberta.

Mais adiante, as árvores foram desaparecendo enquanto eu me aproximava do meu destino. "Tenho que ir, pai. Acabamos de chegar no zoológico."

"Te amo, filhota."

Eu odiava o fato de mentir para o meu pai. Mas eu não ousava contar a ele a verdade. Não sem antes dar um jeito na vida de novo.

Todos estes pensamentos sumiram quando a cortina de árvores se abriu e o lago Summerstone surgiu no horizonte. Mais ou menos um quilômetro de colinas e florestas em todas as direções rodeavam a área, com a eventual interrupção da casa na beira do lago. E a tal casa estava bem diante de mim. Era feita de madeira de lei marrom, com o centro que lembrava um campanário, dividida em quatro alas, duas de cada lado. O terreno se inclinava sobre o lago, e parecia que a casa tinha um andar abaixo que dava direto na água. A casa parecia uma relíquia histórica, mas nova e moderna ao mesmo tempo. Uma casa dessas aqui no norte de Nova Iorque deve ter custado uma fortuna.

Eu já precisava desesperadamente do trabalho, mas agora eu também o queria desesperadamente.

Estacionei perto do único carro que lá estava: uma picape velha que tinha mais ferrugem do que cor. Talvez pertencesse a algum funcionário? Me olhei no espelho para ter certeza de que estava apresentável e então caminhei pela varanda em direção à porta da frente. O cascalho do estacionamento grudou na sola do meu sapato enquanto eu me preparava mentalmente para a entrevista. Tinha que dar certo. Eu não podia perder este trabalho, principalmente depois de ter gasto um tanque de combustível para vir até aqui.

Antes mesmo que eu pudesse bater, a porta da frente se abriu. "Você deve ser a Veronica. Sou o Bryce."

Eu não sabia o que esperava do homem que tinha postado o anúncio da vaga, mas Bryce não era absolutamente nada do que eu imaginava. Ele usava um par de botas Timberland marrom, jeans azuis e uma camiseta branca toda coberta com manchas de tinta. Ele era bronzeado, tinha um nariz grande e cabelos pretos que combinavam com a barba por fazer. Seus olhos castanhos eram intensos, mas amorosos. Comparado com meu último chefe, Bryce era um deleite para os olhos.

"Muito prazer."

Ele me conduziu para dentro da casa e eu fiquei de boca aberta com o espaço. A cozinha e a sala de estar compartilhavam um mesmo ambiente enorme, e o teto pontiagudo arejava a área. As janelas que iam do chão até o teto mostravam amplamente o lago, que refletia o sol da tarde na sua superfície cristalina naquele momento. Uma varanda com cadeiras ligava a área externa ao lago por uma escada de madeira. Um pequeno portão rosa bloqueava a escada.

Meu deus, pensei. Esse lugar é incrível.

O balbuciar de ruídos de bebê flutuou pelo ar. Bryce tirou uma babá eletrônica de seu bolso traseiro. "Eu estava ouvindo o Ollie enquanto trabalhava lá embaixo. Ele deveria estar dormindo."

Sorri. "Eles demoram algum tempo até se acostumarem com a rotina. O anúncio dizia que Oliver tem mais ou menos um ano, certo?"

"Faz um ano no mês que vem." A voz de Bryce ficou profunda e estrondosa, como pedras rolando em um riacho nas montanhas. "Passou rápido."

"É o que todos dizem. O que você faz?"

"Sou artista."

Ah. Isso explicava as manchas de tinta em suas roupas. Mas ele não era como o estereótipo de artista que eu imaginava. Ele era musculoso e andava com os passos confiantes de um atleta. Ou pelo menos de alguém que se exercitava rotineiramente. Quando eu imaginava um artista, pensava em um magricela de boina. Não alguém que parecia um modelo de revista.

"O que você pinta?", perguntei enquanto nos assentávamos na mesa de jantar de carvalho, que ficava no meio do caminho entre a cozinha e a sala de estar.

Bryce inclinou a cabeça. "Eu quem deveria fazer perguntas, não acha?"

"Desculpe, eu só queria puxar assunto..."

Ele deu um sorriso largo e esticou seu braço sobre a mesa para alcançar o meu. "É brincadeira."

Sua mão era calejada e quente. Também havia uma aliança de ouro branco no seu dedo. É claro que ele era comprometido. Homens como ele sempre são. Sua esposa é uma mulher de sorte, pensei.

"Vou ser honesto com você. Eu tenho outras três babás pra entrevistar esta tarde", Bryce disse. "Então vamos começar. Como eu disse no anúncio, preciso de alguém que cuide do meu filho nos próximos cinco meses. Três dias na semana, de março até setembro."

"É compatível com meus horários."

Ele acenou. "Me conta sobre sua experiência."

Passei os cinco minutos seguintes descrevendo minha história. Seis anos como babá para quatro famílias diferentes. Meus muitos certificados – não só o certificado profissional de babá, mas também o de segurança na água, o de cuidados infantis e o de primeiros socorros. Mostrei a ele minhas cartas de recomendação escritas por três dos meus chefes anteriores.

"Quando escolheu essa profissão?", ele perguntou enquanto lia as cartas.

"Quando era criança. Eu sou a filha mais velha, então cresci ajudando a cuidar dos meus irmãos e irmãs mais novos. Como muitas meninas, trabalhei como babá quando era adolescente. Eu meio que tenho uma vocação pra isso, sabe?"

Bryce franziu a testa para as cartas que segurava. "Pelas datas, estas são as três primeiras famílias para as quais você trabalhou. Você não tem uma carta escrita pela última família?"

Tentei manter meu rosto calmo quando respondi, "Não, eu parei de trabalhar pra eles recentemente. Não tive a chance de pedir uma carta de recomendação."

"Seu currículo diz que você estava trabalhando pra eles até este mês. Por que você pediu demissão?", ele perguntou curiosamente.

Eu podia ter mentido para ele e dito que os Hendersons não precisavam mais dos meus serviços já que Candice estava mais velha. Mas ele poderia facilmente descobrir a verdade se perguntasse por aí. Melhor contar a verdade de uma vez.

"Na verdade, eu não pedi demissão", eu disse com um sorriso autodepreciativo. "Fui demitida."

Bryce levantou uma das sobrancelhas escuras. "Demitida?"

"Não teve nada a ver com o trabalho", eu disse. "Eu tive uma desavença pessoal com a mãe, Emily Henderson."

"Uma desavença pessoal", ele repetiu. "Ela torcia para um time e você para outro?"

Eu ri e disse, "Nada tão emocionante assim. Os Hendersons são ótimos patrões, na verdade. A filha deles tinha a idade de Oliver quando comecei, então vai ser uma transição fácil para mim..."

Mas Bryce continuava com a testa franzida. "Você não respondeu. Que tipo de desavença pessoal faz com que alguém demita uma babá depois de um ano?"

Eu sabia que ele não iria desistir. Ele estava muito curioso. E minha resposta era embaraçosa...

De repente, ouvi ruídos de passos na varanda e um homem subiu os degraus vindo do lago. Era alto e magro, tinha os cabelos loiro escuros que estavam molhados porque ele estava nadando. Filetes de água escorriam pela saliência dos músculos de seu peito nu e pingavam de seu calção de banho de lycra. Ele abriu a porta e entrou, pegando uma toalha do sofá para secar seus cabelos usando uma das mãos.

Ele me olhou e me deu um meio sorriso. Ele me lembrava David Beckham, e a semelhança ficou mais evidente quando ele falou com um sotaque britânico: "Quem é essa?"

Eu tentei responder, mas minha língua deu um nó.

"Essa é Veronica, uma das candidatas ao cargo de babá", disse Bryce. Ele olhou de volta para mim. "Esse é Liam, meu parceiro."

Um raio de sol refletiu na aliança de Liam, que era idêntica à de Bryce. "Somos companheiros de longa data", Liam disse, dando um tapa no traseiro de Bryce a caminho da cozinha.

Uau! Pensei. Eles são um casal!

"Que maravilhoso!", eu disse, empolgada. "A primeira família para a qual eu trabalhei era um casal gay. Eles eram uma linda família e adoravam o menininho que adotaram. Eles eram mais atenciosos e envolvidos do que qualquer outra família hétero para a qual já trabalhei. O Oliver foi concebido por barriga de aluguel ou vocês o adotaram?"

Os dois olharam para mim como se eu estivesse falando russo. Depois olharam um para o outro e finalmente Liam explodiu numa risada.

"Ela acha que...", ele disse, entre gargalhadas. "Você e eu... hahaha!"

Bryce ficou vermelho. "Nós não somos... parceiros. Não dessa forma. Liam é meu parceiro de negócios. Ele vende minha arte na Europa."

"Eu entendo sua confusão!", Liam disse, ainda gargalhando. "Quando eu disse que somos companheiros, eu quis dizer amigos."

Eu estava morta de vergonha. "Sinto muito! Eu fui tão estúpida pensando que... não há desculpas. Espero não ter ofendido vocês."

"Sem ofensas, querida", Liam disse, pegando uma garrafa de leite com chocolate da geladeira. "Não tem problema nenhum em ser gay, é claro, mas não é nosso caso."

Mas o rosto de Bryce ainda estava vermelho e ele estava ainda mais tenso do que antes. "Vamos voltar para a entrevista. Você estava me explicando o porquê de ter sido demitida do seu último trabalho, certo?"

"Motivos pessoais", eu repeti secamente, "constrangedores."

Bryce me perfurou com seus olhos castanhos. "Ser demitida da posição de babá é uma grande questão. Por que você não quer me explicar?"

Isso não estava indo bem. Entre as questões com meu último trabalho e pensar que eles eram um casal gay, eu podia sentir a esperança se esvaindo. E eu não podia aguentar outra entrevista decepcionante.

"Me desculpe", eu disse, me levantando. "Eu não queria desperdiçar seu tempo." Espero que você encontre uma babá adequada para Oliver."

Fugi da casa antes que minhas lágrimas começassem a cair. 

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