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Capítulo

EM FAMÍLIA A família tradicional não é mais a mesma faz um tempo. Há quem ainda milite contra seus novos formatos e nuances, mas sabemos que o curso da vida não tem retorno. Apesar de não retornar, a vida de Júlia consegue confundir bastante essa jornada. Fazendo curvas, nó e um emaranhado de amor que apenas confunde o mais santo dos homens. Os meros mortais, apenas podem tentar desvendar o enredo que ela constrói ao interessar-se pelo irmão de sua vizinha, cunhado de seu pai, o amor da vida de sua melhor amiga, justamente sua quase madrasta. Confuso? Não tem problema, pois ela nos conta direitinho como desatar este nó, sem que se desfaça o nó tão doce que o amor costuma amarrar por aí. Se bem que Renan, seu ex namorado, não viu muita doçura nesse enredo e retornou à vida de Júlia com segredos capazes de desfazer as curvas e desconstruir o clichê que ela escreveu para si mesma. Poderão os segredos desfazer os laços que Júlia, seu pai, Clara e Carlos construíram em família, tornando-os apenas mais um personagem das velhas histórias já escritas?

Capítulo 1 Namorado ou não

Sou a Julia, tenho Dezessete anos e estou terminando o ensino médio. Namoro escondido desde os 13 anos com o Renan (filho do Paulo e da Maria, amigos do meu pai de longas datas), temos a mesma idade. O tempo passou e crescemos, porém, nosso relacionamento não evoluiu em nada. Hoje tenho um corpo de mulher que atrai vários olhares, menos o do meu namorado, que por algum motivo tem evitado tocar em mim.

Saio da escola e como de costume, escuto assobios e as cantadas baratas dos meninos na porta do colégio. Ignoro os idiotas, pego meu celular e ligo para o Renan.

Ligação on:

— Oi, pode falar! — atende seco.

— Oi amor, estou com saudades, posso passar na sua casa? — Não custa nada tentar — só tive dois tempos de aula.

— Acho melhor não amor, meus pais saíram, mas estou com sono. — boceja.

— Melhor ainda! Eu te desperto. — me animo.

— Ju, você…

Ligação off.

Desligo antes do meu namorado terminar de falar, senão, seria aquela mesma ladainha de sempre, minha mãe pode chegar e nos pegar aqui sozinhos, não teremos como explicar e blá blá blá…

No início quis o namoro escondido, porque moro com o meu pai desde que minha mãe nos abandonou para ir viver em outro estado, então não sabia como falar com o meu pai sobre garotos. Na época tinha 13 anos, agora estou com 17 e penso que não teria problema algum, meu pai conhece o Renan e adora a sua família, mas o medroso insiste que não tem coragem de encará-lo.

Chego na casa do Renan, antes que fale qualquer coisa, me penduro em seu pescoço e o beijo com vontade. Meu namorado até tenta reclamar, mas logo desiste e se entrega ao momento que vai ficando mais quente. Ele pressiona nossos corpos, sinto sua ereção e um leve arrepio que faz meu pêlo se eriçar. Toco seu abdômen com as pontas dos dedos e desço até sua intimidade, mas o idiota para o beijo.

— Como foi o seu dia, amor? — vira-se de costas.

— Você só pode estar de brincadeira, Renan? É sério isso? — olho descrente.

— Vamos com calma, já te disse que nossa primeira vez não precisa ser assim de qualquer jeito, tem que ser um momento especial — beija a minha testa.

— Entretanto, esse momento especial nunca chega! — fechei o semblante.

— Vem aqui, gostosa! — me abraça rindo — Você precisa se controlar, amor! Aqui não é lugar para isso, e se alguém chegar?

— As coisas ficariam mais fáceis, se você assumisse que sou sua namorada! — bufo.

— Ah, Julia, você de novo com isso! O que importa é o que sentimos um pelo outro! Você sabe como o Tony é todo protetor, ele vai me matar.

— Menos, Renan! Meu pai não está me criando para si, e já temos idade o suficiente para assumir um relacionamento, um que seja de verdade! Estou cansada desse acende e assopra! Tenho meus desejos e quero você por completo! Independente de onde seja, sei que será especial porque será com você! — Aponto meu dedo indicador em seu peito.

— Julia, se você veio aqui para ficar fazendo cena, preferia que não tivesse vindo! — Renan altera a voz.

— Ok Renan, vou embora! Faça-me o favor de me esquecer! — Pego minha mochila.

— É óbvio que não irei te esquecer, você é minha namorada! — debocha.

— A partir de hoje não sou mais! — abro a porta da sala — Na verdade, nunca fui!

— Julia, por favor, sem infantilidade! Seja mais madura. — me acompanha até a saída.

— Tudo que busco é um relacionamento maduro, onde o meu namorado me assuma e não invente desculpas na melhor parte! — Saio batendo o portão.

Saio da casa do Renan me sentindo a psicopata do sexo! Não deveria estar brigando com o meu namorado por sexo.Como pode um cara de 17 anos não querer se relacionar sexualmente com a namorada? Antes eu pensava que o problema era eu, porém sei que sou bonita e muito atraente. Quando estou na rua, noto os olhares masculinos sobre mim e sinto o desejo do Renan, só não sei o porquê de sempre travar.

***********

Renan

A pergunta é, porque entrei nessa furada? Cada dia está mais difícil esconder o meu segredo da Ju, às vezes sinto vontade de contar a verdade, mas não quero magoá-la. Sei que errei em esconder isso, mas a amo e não quero perdê-la. Por esse motivo, não quero contar aos nossos pais sobre o nosso relacionamento, porque quando o meu segredo vier à tona, corro o risco dela não querer olhar mais na minha cara.

Hoje após ela ter saído brava, vi que não tenho outra alternativa, preciso contar a verdade ou perco a minha namorada de vez.

**************

Julia

Chego em casa e meu pai está na sala vendo tv.

— Paizinho! Chegou mais cedo hoje? — Me jogo ao seu lado no sofá.

— Sim, minha princesa! Vim passar a tarde com você, lembrei que você disse que sairia cedo. Amanhã viajo a trabalho e ficarei três dias fora. — franzo a testa.

— Poxa, pai! Sentirei saudades, não quero ficar sozinha aqui — elaborei uma carinha triste que sei que ele não resiste — me leva com o senhor, por favor?

— Bem que queria te levar, filha. Você sabe que odeio ficar longe de você, mas dessa vez não poderei, infelizmente. — ele me abraça.

— Pai o senhor sempre dá um jeito e me leva. — me aconchego em seu colo.

— Mas dessa vez não dá mesmo, o lugar que vou é turístico, e quando te levo seus gastos saem do meu bolso, os custos lá são bem altos e a nossa grana está curta.

— Te entendo, pai. — Fiquei realmente triste, mas sorri para o Tony não perceber, pois ele é um ótimo pai e sempre faz tudo por mim. Enquanto minha mãe nos abandonou para brincar de casinha com outro e já tem 2 filhos que nem fez questão de apresentar-me.

— Mas, já falei com a Clara e ela aceitou ficar com você esses dias, caso você se sinta sozinha — a Clara é nossa amiga, ela mora no mesmo condomínio.

— Ah Pai, que vergonha! Não sou mais um bebê, consigo me virar sozinha.

— Negativo, Você é o bebê do papai! — me faz cócegas e retribuo, entre gargalhadas. — Vem, vamos almoçar. Sei que, como de costume, a senhorita foi para a escola sem almoçar!

— Não gosto de comer sozinha, pai! — faço bico.

— Você tem é preguiça de fazer! — sorrimos.

Amo o meu pai, ele é o melhor presente que a vida me deu. Almoçamos juntos e passamos o dia vendo filmes.

Mais tarde fui até a casa da Clara, ela tem 27 anos e se separou do marido há 2 anos e mora sozinha.

— Oi, Clara! Vim ver como você está. — percebo que ela está de saída — Está bonita, sairá com algum boyzinho?

— Quem me dera! Sairei com o chato do meu irmão para comprar algumas coisas. Ele retornou a pouco tempo e ainda não se situou por aqui — o irmão dela está morando aqui recentemente, não o conheço ainda — amanhã te quero aqui comigo, nada de ficar sozinha em casa!

— Você e meu pai, são dois chatos! Fico em casa mesmo, talvez venha para dormir. Estou indo, não quero atrapalhar sua saída.

— Te acompanho, já estou de saída, o Carlos está lá fora me aguardando. — ela pega as chaves sob a mesa

Descemos falando coisas aleatórias, ao abrir o portão, um homem de estatura alta estava encostado e quase cai, me deixando sem reação.

— Caralho, Clara! Assim que você me recebe? — seus olhos verdes e penetrantes caem sobre mim.

— O portão foi feito para ser encosto por acaso? — a Clara responde rindo — Quem abriu foi a Julia, minha amiga, Ju esse é o chato do meu irmão mais velho.

— Oi! — ele toca minha cintura de leve e beija meu rosto me fazendo arrepiar.

— Oi! — mantenho a calma — Desculpa pelo portão.

— Desculpa pelo palavrão! — ele sorri sem jeito.

*************

Clara

Vi que meu irmão comeu a Ju com os olhos então tratei de arrastá-lo, já basta a minha queda pelo Tony, o pai dela.

— Tira o olho, seu safado, ela não é para o seu bico! — falo ao entrar no carro.

— Ah para Clara, você nunca teve problema em me deixar pegar suas coleguinhas! — ele liga o carro.

— Seu pervertido, ela tem 17 anos! — coloco o cinto.

— Hum, que delícia! Julgo que vale a pena ir preso. — Dou um tapa em sua nuca.

O Carlos é um galinha que adora se gabar de seus casos, modéstia à parte meu irmão é um gato!

Estamos na loja comprando algumas coisas, vou para a fila do caixa enquanto meu irmão pega outras coisas. Impaciente com a demora vou atrás dele. Sai da fila e o avistei de longe. O canalha está conversando com a Beatriz, minha vizinha insuportável que vivia dando em cima do meu ex marido. Agora fica arrastando asas para o Tony, concluindo, uma quenga! Como meu irmão conhece a Bia? Só pode ser azar.

— Ei, Carlos, eu te esperando na fila e você aí! — falo demonstrando todo meu mau-humor.

— Mana, é que encontrei uma amiga da faculdade, essa aqui é a Beatriz.

— Oi, Clara! — ela me disse com cara de nojo — já nos conhecemos Carlos, sua irmã é minha vizinha.

— Sim, já tive o desprazer de conhecer a Bia, agora vamos que a nossa vez já está chegando! — Carlos me olha incrédulo por conta da minha falta de gentileza.

— Já vou indo Bia, nos vemos por aí! — se despede com um beijo no rosto dela.

— Quando for visitar sua irmãzinha, passa na minha casa para matarmos a saudade.

A vaca sai desfilando como uma gazela, rebolando sua enorme bunda.

— Porra, mana que falta de educação é essa com a garota? Já sei, rincha de vizinha.

— Bem mais que isso, mas não vem ao caso, esquece essa quenga e fique bem longe dela!

— Aí será difícil, viu como ela estava me dando mole? — Os olhos do safado brilham.

— Tu não presta, pode arrumar outro rabo de saia! — falei apontando meu dedo indicador para ele.

— Pode ser a Julia então? — Carlos sorri.

— Vou te bater! — Belisco meu irmão.

Passeamos pelo bairro para relembrar a nossa infância, depois de muita nostalgia e conversas, ele me deixa em casa e adivinha quem está no portão o esperando? Sim, a quenga! O Carlos se despediu de mim com um sorriso safado no rosto. Essa noite ele jantou um peixe carnívoro com certeza!

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