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Capítulo

Catarina é uma moça que desde os seus quinze anos vive a própria sorte depois de ter fugido com outras crianças de um orfanato. Depois de perder seu emprego de garçonete por causa de um incêndio começa a trabalhar em uma empresa de joias preciosas. Como não tem onde morar se esconde lá dentro por algum tempo até conseguir seu primeiro salário. Maurício é um homem rico dono de uma grande empresa de joias, amargurado por sempre ser usado por ter dinheiro, mas vê uma grande chance quando conhece a doce Catarina uma dr suas empregadas que por acaso do destino nunca o havia visto, com isso ele esconde quem é por muito tempo e ambos acabam se apaixonando, fazendo ele ficar com medo de contar quem é de verdade.

Capítulo 1 Cap 01

Eu olho para fora da grande porta de vidro e vejo o frio que está fazendo, as pessoas do lado de fora correm para suas casas apressadas já que logo uma chuva pode cair e encharcar a pessoa até os ossos, não consigo parar de pensar para onde eu iria se precisasse realmente sair dali, não que aquele fosse o melhor refúgio de todos mas com certeza o mais seguro contra o frio.

Faz apenas uma semana que estou trabalhando em uma grande empresa que vende joias únicas e também as clássicas, não que alguma delas seja acessível ao público de classe média para baixo, na verdade quem compra qualquer peça aqui disponível tem que ter no mínimo uma fortuna, como o emprego é novo não tinha dado tempo de receber meu primeiro salário, aqui eles pagam por mês então a tarefa de pagar os três meses de aluguel atrasado do quartinho minúsculo em que morava até hoje de manhã se tornou impossível, me deixando assim sem ter para onde ir e como eu estava devendo o dono do lugar em um ato de completa crueldade se apossou de alguns pertences, dentre eles meu único casaco quente o suficiente para amenizar o frio congelante que está fazendo no país.

Agora aqui sem um tostão no bolso, sem nada além de estar sentindo muita fome, o que me restou mesmo foi somente algumas poucas peças de roupa, um cobertor e um fino colchão que trouxe comigo hoje de manhã sem muito custo dentro de uma sacola de pano.

e havia deixado escondido debaixo da escada de emergência onde as câmeras não pegavam.

– Oi, Catarina, não é? – um homem pergunta parado atrás de mim com uma expressão simpática. Reparo ser o segurança diurno. Eu já sabia que ele viria me interceptar, mas fingi um susto sem muito drama, apenas para ele se compadecer um pouco. – Desculpe, não queria assustá-la.

– Tudo bem, não foi nada demais. Sou eu mesma, Catarina. – Falo fingindo embaraço.

– Está esperando alguém? – sua pergunta denota preocupação assim como seu cenho franzido.

Seguro um suspiro triste que quase sai sem querer abaixando o olhar por um momento para me recompor e voltando para ele logo em seguida que espera a minha resposta com paciência.

Como se eu tivesse alguém para esperar... Penso, mas não falo, dou um sorriso mínimo para o homem que me olha com atenção, atenção demais eu diria, com o saguão vazio não podia ser diferente. Sorte minha que isso irá mudar em poucos minutos.

– Não, eu vou de ônibus, mas como está muito frio lá fora vou esperar ficar mais próximo do horário. – digo a mentira que já havia pensado e repensado na minha cabeça antes quando imaginei as diversas perguntas que ele poderia me fazer. Mas como algumas pessoas são previsíveis esse foi meu primeiro palpite.

Só há duas coisas que eu precisava nesse momento e para meu total sorte elas aconteciam praticamente juntas, uma delas é que o turno dos seguranças fosse trocado e a outra era a saída dos funcionários em massa, claro que por um tempo haveria o dobro de homens cuidando de tudo, mas isso não era um problema se eu aproveitasse os primeiros minutos para correr para o esconderijo que arrumei para não ficar na rua.

– Então está bom, fique ali no canto pois o patrão pode não gostar de ver uma funcionária parada no meio da porta bem na hora da saída atrapalhando o fluxo que tem que ser rápido já que o dia está bem frio.

Assinto e lhe dou boa noite assim que começa a se afastar, vou para o canto como eu já havia planejado, ficando um pouco atrás da guarita de segurança.

Aos poucos o movimento começou ficando intenso em segundos, em poucos minutos seria a troca então aproveitei uma brecha da distração e fui caminhando de forma rápida, mas não anormal para não levantar nenhuma suspeita e como sempre como se eu fosse uma gatuna, as pessoas não me viam de verdade estavam em busca do seus destinos finais com rapidez, ou seja, suas respectivas casas. Mas antes passo na ala das faxineiras e pego minha sacola, eu também tenho meu próprio destino.

Abri a porta pesada com cuidado para não fazer barulho e ao mesmo tempo conseguir olhar pela pequena fresta para onde a câmera estava se movendo. Hoje mais cedo durante o intervalo de almoço onde a grande maioria saia para comer fora passeia alguns minutos vendo como ela funcionava. Virada para o lado oposto ao meu tenho quatro segundos para que ela comece a voltar e consiga me captar em mais dois segundos, então o certo é eu estar no cantinho em três segundos para não haver surpresas.

A vantagem de ser magrinha, magra até demais posso assim dizer é que entro em pequenos lugares com facilidade, com os olhos vidrados na câmera jogo minha bolsa no momento certo, aguardo mais um pouco e entro pelo pequeno vão e ela vira por cima de mim e vai ao lado oposto, quando atinge seu máximo eu corro para dentro me jogando por cima das minhas coisas sem ser notada. Uffa, consegui.

Arrumo tudo do jeito que posso para conseguir me deitar parcialmente sem ficar no chão frio já que o colchão além de fino não está completo, obra do bastardo do meu antigo inquilino que o queria também, mas se deu por vencido assim que viu que havia conseguido pelo menos rasgá-lo. Me enrolo na coberta e tiro dos bolsos alguns pequenos sanduíches que pediram para uma reunião que aconteceu no primeiro andar, mas não comeram tudo. Foi orientado para que eu jogasse fora e o fora para mim era para dentro do meu estômago.

Observo meu pequeno lar dessa noite, é incrível como projetaram mal a localização da câmera mesmo que de lateralidade e ela não consiga captar esse grande ponto abaixo da escada. Podia ser um criminoso aqui.

Como descobri esse lugar? Simples, já sabendo que meu trágico fim seria o despejo e que ele não demoraria para chegar observei bem todos os lugares onde tive acesso esses dias, em especial os dois primeiros andares que me foram confiados para a limpeza, além de olhar bem atentamente pelas câmeras quando limpava a sala de monitoramento que fica no térreo, claro que jogando conversa fora com os guardas para ficar mais tempo por lá, homens pensando com a cabeça de baixo enquanto uma mulher os ludibria fingindo interesse é algo até que bem fácil. Reparei nesse furo nas imagens quando recebi uma cantada brega de um dos caras que se sentava próximo a parede e limpando sua mesa com os seios voltados para seu rosto pude gravar na minha memória cada ângulo que a câmera captava, sai de lá pronta para minha exploração no andar do estacionamento, depois de verificar quase pulei de felicidade, consegui um lugar temporário, seguro e um pouco quentinho para mim.

Só fico pensando em como homem é tudo igual, enquanto eu olhava tudo eles disputavam a atenção da carne nova do pedaço, claro que para facilitar meu trabalho deixei os primeiros botões da blusa abertas, não dava para ver quase nada, mas deixava eles imaginando que sim.

Não fiz isso me achando bonita, me acho bem longe disso. Sou bem normal olhos castanhos assim como o cabelo que infelizmente pela falta de cuidados e um corte não estão nada bonitos, mas batem na cintura em belas ondas quando estão lavados devidamente, pele parda e pouco mais de um e sessenta de altura, não sei ao certo foi o que me disseram uma vez na escola. Meu corpo é mais magro do que o normal, foi o que me disseram quando peguei os uniformes, falando bem a real nunca o vi por completo em um espelho, sabe, daqueles grandes que você vê o corpo todo, apenas partes e as roupas que uso não ajudam muito, uso mais largas pois são todas doações e bazares. Mas isso de ser magra não é por opção, ela se deve a má alimentação que tenho tido nos últimos meses.

Eis o quê da questão: Como fui parar nessa situação de merda? Simples, tenho até um passo a passo, seja deixada na porta de um orfanato quando pequena a ponto de não se lembrar quem foi a pessoa que te deixou lá. Depois seja negligenciada junto a outras crianças por toda a infância e quando chegar na adolescência trabalhe fazendo tudo o que te pedem até mesmo se quiserem te apalpar, ou se esfregar em você, não pode reclamar para assim conseguir ter o que comer e vestir lá dentro e por último e não menos importante faça dezoito anos, na contagem deles, e seja expulsa com duas peças de roupa numa sacola de plástico, vi isso acontecer várias vezes até decidir fugir e viver por minha conta.

Claro que não são todos os orfanatos que são assim, mas onde eu fiquei era. Um verdadeiro pesadelo.

Éramos obrigados a ir para a escola, para muitos de nós era o nosso ponto de alívio, onde podíamos ser crianças. Eu queria mesmo era aprender o máximo possível pois uma professora muito querida me disse que a educação nunca seria tirada de mim. Então ela me ajudava nas minhas dificuldades e me emprestava livros para eu ler escondida pelos cantos do orfanato. Com o passar do tempo adquiri a habilidade de me tornar invisível e com isso consegui me livrar dos abusos sexuais que hora ou outra aconteciam por lá, nem os rapazes eram poupados vi muitas vezes mulheres mais velhas e homens pagando para os cuidadores para serem satisfeitos.

Uma senhora espanhola era quem comandava lá, ela era uma verdadeira carrasca, era ela que vendia os adolescentes para quem quisesse, e não para levar para casa e sim para a prostituição. Como eu estava lá mais tempo do que muitos ali aprendi aos poucos o espanhol que a mulher falava, muitos palavrões por sinal o resto eu pesquisava na escola. Minha cabeça sempre pareceu uma máquina de aprender, tudo se fixa muito rápido. Uma habilidade excepcional para alguém como eu. Foi assim que consegui escapar de ser abusada quando minha virgindade foi vendida a um velho asqueroso e eu ouvi toda a conversa por detrás da porta onde eu estava escondida lendo.

Fugi de lá aos quatorze anos no mesmo dia em que foi marcado para o homem me ter, junto a mim havia alguns outros que estavam cansados assim como eu de viver aquela vida medíocre que foram junto, vivi na rua pedindo esmola por muito tempo, um ano ou dois, não sei bem na verdade, comia quando dava mas guardava a maior parte do dinheiro que conseguia para conseguir um lugar para ficar nem que apenas para tomar um banho. Foi assim que consegui meu primeiro emprego, depois de um banho numa pensão. A dona era boa de coração e me deu de comer e roupas limpas, mas seu marido era um crápula, na primeira chance que teve tentou me agarrar e eu sumi de lá num piscar de olhos.

Consegui uma entrevista de emprego num restaurante num bairro vizinho e fui contratada. Trabalhei lá durante cinco anos depois de mentir dizendo que era maior de idade, na verdade eu não fazia ideia da minha idade real, mas ainda era menor, eles não acreditaram em mim, mas me deixaram trabalhar, a dona me adiantou o primeiro salário e assim consegui o quartinho onde morava até hoje de manhã, foi então que a cozinha pegou fogo e tudo foi destruído.

O seguro pagou nossa indenização, mas perdi meu ganha pão ficando meses sem trabalho até conseguir esse por intermédio de uma das meninas que trabalhou comigo que estava saindo da cidade e ia deixar o lugar vago, fiz a entrevista e no dia seguinte já estava começando.

Lá no restaurante eu aprendi muito, aprimorei minha leitura e escrita com a ajuda da filha da dona que tinha a minha idade e me ensinava tudo que aprendia na escola nas minhas horas de folga, descobri assim que consigo fazer contas difíceis de cabeça num piscar de olhos.

Como era um restaurante bem no centro da cidade ele era bem frequentado e eu me arriscava de vez em quando a conversar com os estrangeiros, principalmente os que falavam espanhol já que alguma coisa eu já entendia. Alguns ficavam impacientes, mas outros me ensinavam e sempre que podiam voltavam, eu sou insistente quando quero. Então por isso hoje arranho no espanhol e no italiano que aprendi lá também com uma família que havia se mudado para perto e almoçava ou jantava lá direto, eles eram simpáticos e eu ávida por aprendizado, qualquer um que pudesse me tirar dessa vida de cão, os idiomas eu entendo muito mais do que falo, mas escrever nesses idiomas é zero.

Me remexo um pouco e anseio por um banho para tirar toda a canseira do dia, mas isso só ao amanhecer quando estiver menos frio e nenhum movimento nos corredores. Ainda tenho que lavar o uniforme do trabalho, sorte que me deram dois. Termino de comer satisfeita, bendito seja os sanduíches minúsculos de gente rica. Sinto meus olhos pesarem e logo estou envolvida num sono sem sonhos apenas alerta a qualquer movimento.

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