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Capítulo

April O'near vivia confortavelmente em Miami junto com sua família, quando de um dia para o outro sua vida virou de cabeça para baixo. Separada de seus pais e seu irmão, ela foi enfiada dentro de um carro para morar com a tia numa cidade do interior da Flórida. Motivo: crise financeira. Indo para um lugar que achava ser o fim do mundo, April pensou que seu último ano do ensino médio seria nada mais que entediante. Ela não poderia estar mais errada ao se separar com um verdadeiro filme adolescente, com direito a líderes de torcida, apostas e o galã babaca. Este que tinha nome e sobrenome: River Graham, o Quarterback do time de futebol americano. Acostumado a sempre escolher uma garota para ser seu alvo todos os anos, ele achou que seria muito fácil encantar a novata, mas a realidade se mostrou outra ao perceber que quem escolheria alguém ali, era ela.

Capítulo 1 Prólogo

Sentada em um dos degraus da enorme escada do primeiro andar, eu observava as empregadas levarem minhas bagagens para o carro. Mamãe falava ao telefone com minha tia e papai não estava à vista. Em certos momentos você se vê em uma utopia, se fechando para a realidade que está bem na sua cara mas de jeito nenhum quer se prestar a enxergar. Talvez de um modo ou de outro, mesmo abrindo os meus olhos e percebendo a situação na qual me encontrava, no fim, eu chegaria ao mesmo lugar e isso não faria tanta diferença, ou faria?

O caso, é que em um belo dia, estava em meu lindo quarto, com vista para a cidade conversando por telefone com uma amiga que morava na Suiça, enquanto apreciava da minha enorme cama de casal, e no outro, descubro que terei que ir morar com minha tia numa cidadezinha do interior da Flórida.

Por que uma mudança tão brusca? Bom, quando se é adulto, as responsabilidades vem e com elas, um grande peso na vida de uma pessoa. E certas coisas são grandes demais para serem controladas ou previstas, mas sempre é possível dar um jeito. Foi isso o que meus pais me disseram quando descobri que meu pai havia falido e perdido sua sociedade na empresa que trabalhava, trazendo desespero a minha mãe, que, sabia que as nossas economias não durariam para sempre.

Sinto um movimento ao meu lado, e olho para minha esquerda vendo Dallas, meu irmão, se sentar no degrau junto a mim.

- No que tanto pensa?

- Em como eu fui a primeira a ir pro' abate.

Ele ri baixinho.

- Não é verdade, vai passar uns tempos com a tia Ember, e você costumava adorar-lá quando criança. Pense como umas férias de Miami. Eu terei que ficar e aturar nossos pais.

- Por que não vem comigo então? - pergunto, meio que pedindo, meio que implorando.

- Porque não posso, tenho que ficar e ajudar nas despesas. Além do mais, como ficaria Miami sem mim? - ele pisca.

Reviro os olhos. Dallas O'near e seu complexo de Bad boy.

- Acho que para o papai e a mamãe vão ser mais como férias de mim - comentei por alto.

Dallas me dá um olhar severo - Não seja assim April, eles vão sentir sua falta.

- Uhum. - murmuro.

Ele planejava dizer mais, porém a voz de nossa mãe o interrompe.

- Filha, está na hora, vamos.

Levanto indo em direção a saída com Dallas em meu encalço. O motorista que iria me levar já esperava com o carro ligado, e não me demorei em abrir a porta. Ia entrando quando senti uma mão em meu ombro, olhei para trás vendo meu pai com sua típica expressão séria. Dessa vez, contudo, ela se suavizou ao me puxar para um abraço. Um pouco surpresa, o abracei de volta vendo mamãe vir se juntar a nós. Os dois me apertaram por um momento que pareceu durar uma eternidade. Senti uma mão em minha cabeça e olhei por cima do ombro para Dallas que sorriu para mim, bagunçando meus cabelos como fazia desde que eu era uma pirralha.

- Faça uma boa viagem. - desejou papai.

- E não de trabalho para sua tia - completou minha mãe ajeitando minha roupa ao me soltar.

Assenti para os dois que se afastaram me permitindo entrar no carro. Fechei o cinto e me sobressaltei ao ouvir uma batida na janela. Abaixei o vidro para ver Dallas encostado no automóvel. Ele se abaixou na altura da minha cabeça. Seus olhos azuis me observavam com carinho.

- Escute baixinha, não esqueça de quem é. Se a tratarem mal, faça-os engolir, se não gostarem de você, então não são pessoas importantes. E acima de tudo, não abaixe sua cabeça. É uma O'near, e os O'near não fogem de um bom desafio. - cada palavra era revestida de uma confiança impressionante, que me acalmou. Dallas prosseguiu com uma seriedade: - E se em algum momento precisar de ajuda, me chame. Vou até você.

Não duvidei nem por um segundo.

- Vou sentir saudades. - disse para o irmão.

- Vou sentir saudades. - ele respondeu.

No momento que o carro arrancou, meu coração se apertou dentro do meu peito. Tentei pensar que seria uma nova experiência onde conhecerei novas pessoas e quem sabe fazer novos amigos. Afinal, seria só um ano, não aconteceria nada demais, certo? Era isso que eu esperava.

[...]

Depois de muitas horas dentro do carro com a cabeça encostada na janela ouvindo música no fone de ouvido, uma coisa me chamou a atenção. Uma placa no meio da estrada dizia: Bem vindo a Porto Canaveral! Me endireitei no banco ao perceber que tínhamos chegado a cidade onde minha tia morava. Curiosa, observei enquanto passávamos por casas medianas e lojas abertas. Era tudo muito mimoso e colorido, as construções pareciam conservadas e ao contrário do que eu esperava de uma cidade do interior, muitas pessoas caminhavam na rua, de todas as idades e estilos. Não carregava a extravagância de Miami, mas parecia um lugar muito interessante de se viver. Passamos em frente de uma loja cheia de babados e mesinhas distribuídas na fachada. Era honestamente a coisa mais linda que eu já tinha visto. Vi um rapaz sair de lá de dentro, era alto e de porte atlético, mas antes que eu pudesse ver seu rosto, o carro seguiu em frente.

Ele virou a esquina numa rua cheia de árvores altas e estacionou em frente a uma bela casa de dois andares. Saí, subindo na calçada enquanto o motorista retirava as malas do carro. Me aproximei da porta de madeira e toquei a campainha ao lado.

Depois de alguns minutos esperando, a porta se abriu revelando uma mulher de longos cabelos negros e olhos azuis com um enorme sorriso em seus lábios.

- Bem vinda querida.

Ember Evans era uma mulher acima dos padrões. Eu sabia que ela deveria ter pelo menos uns cinquenta anos, mas seu rosto livre de rugas ou marcas de expressão a fazia parecer vinte anos mais jovem. Além de sua animação juvenil só reforçar essa ideia. Era irmã do meu pai, e segunda ela, muito mais divertida que ele.

Eu concordava.

- Oi, tia - cumprimento alegre.

Ela me puxa para um abraço apertado, e me lembro do quão forte seus braços podem ser. Tenho a sensação de que meus ossos vão se partir, mas em nenhum momento faço menção de afastá-la. Senti sua falta.

Quando me solta, respiro livremente.

Ember abre espaço para o motorista que deixa a bagagem e logo se vai depois de se despedir.

- Vamos - chama, me guiando para dentro.

Assim que piso na sala, dou de cara com um enorme sofá, que era muito familiar, já que recordo de ter pulado em cima muitas vezes quando era pirralha. E numa dessas, sem querer ter empurrado Dallas. Ficou de castigo por duas semanas depois do seu irmão acabar com um galo na cabeça. Reprimo a risada subindo as escadas junto com minha tia. O segundo andar era um corredor extenso com várias portas, porém, não precisei de guia quando ultrapassei Ember e fui em direcso para a quinta porta a esquerda cheia de colagens e uma plaquinha escrita: Território proibido. Sorri ao adentrar o local que passei os melhores momentos da minha infância.

Minha emoção foi tangível ao dar conta que absolutamente tudo continuava igual. Exceto a cama que foi substituída por uma de casal, já que eu cresci. A estante em cima da cama estava cheia de livros de romance, uma mesinha de centro tinha bonecas e uma casinha posicionadas, como se estivessem esperando que alguém brincasse com eles. Nas paredes brancas, milhares de posters de cantores, bandas e filmes.

- Não acredito! - grito ao me aproximar da réplica em papelão de tamanho real do Sasuke, um personagem de anime que eu amava muito. Do lado dele inclusive, havia bonequinhos da Sakura e do Naruto.

Parecia uma visita ao passado ao olhar os CDs de filmes da Disney no hack, desenhos de flores nas paredes, e várias caixas organizadoras com uma porção de porcarias acumuladoras. Me agachei no chão para olhar debaixo da cama e como pensava havia uma caixa de sapato lá. Consegui alcança-la e quando abri, meus olhos se encheram de água. Fotos em Polaroid enchiam a caixa. Fotos de Porto Canaveral, fotos da Tia, fotos de meus pais, fotos até dos gatos passando na rua. Todas feitas por Dallas, ele tirava foto de tudo. Uma em questão era minha e da família. Lembro desse dia, eu fazia 9 anos. Estava usando um vestido roxo de princesa com uma coroa. Dallas estava em pé na frente da mesa com o bolo de aniversário na mão, eu tive que subir na cadeira para ficar em destaque porque mesmo ele tendo 10 anos, já era bem mais alto, Meus pais e minha tia apareciam sentados, todos unidos. E eu sorria, sorria largo com um dos dentes faltando, uma varinha de fada na mão, os cabelos pretos curtos todos bagunçados e uma felicidade explícita. Virei a foto vendo que atrás tinha escrito numa letra desengonçada de criança: Aniversário de 9 anos da pirralha. Parabéns irmã, um ano mais velha e 2 centímetros mais alta.

Revirei os olhos rindo.

- Não mexi em nada, continua exatamente do jeito que você deixou. - comentou Ember, de onde estava encostada contra a quina da porta.

- Obrigada. - sussurrei para ela. Minha tia piscou pra mim, e se foi, me deixando sozinha com as lembranças.

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