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O Professor E Eu

O Professor E Eu

Jasmim_R

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Capítulo

Vicenta William Borges é uma garota que desde a infância teve tudo que quis e seus pais, dois advogados respeitados do Brasil, não medem esforços para comprarem qualquer coisa que ela quiser. É mimada, mal educada e como se não bastasse não gosta de ser contrariada. Tem dezoito anos e está no seu último ano do ensino e talvez depois disso sua vida jamais seja a mesma. Stefan Silva Andrade tem vinte e sete anos e é Professor de história a sete anos, é grosso, rude e detesta adolescentes mal comportados. É mulherengo e pega qualquer mulher que quiser, foi machucado uma vez e prometeu a si mesmo que nunca mais entregaria seu coração a ninguém. No início eles não se darão bem, mas com o tempo irão perceber que uma paixão intensa os cerca e por mais que tentem fugir, não conseguirão. Um perigoso jogo de sedução. Um desejo avassalador e uma relação proibida. Se quiserem ficar juntos terão que suportar muita coisa e a vida não facilitará para eles. Duas pessoas diferentes, mas que buscam a mesma coisa, o amor.

Capítulo 1 (Vicenta narrando)

Sempre fui uma menina mimada, com uma infância rodeada de luxos e na adolescência não foi diferente. Meus pais, dois Advogados respeitados do País, ofereciam-me e continuam oferecendo presentes caros para ofuscar uma coisa que o dinheiro não pode comprar, amor.

Sou charmosa, fashion e minha beleza estonteante chama atenção por onde passo, não é a toa que sou considerada a garota mais linda e popular do colégio, sem contar que minha inteligência nunca passou despercebida por todos os colégio que estudei.

Muita gente diz que os meus cabelos castanhos me deixam com um ar de superioridade que apenas eu tenho e que meus olhos, verdes penetrantes, são capazes de arrepiar qualquer pessoa que me encarre por mais de dois segundos e que meus lábios, carnudos, rosados e feitos para beijar, é uma tentação até para os homens mais correctos e dignos da face da terra.

Tenho 18 anos e estou último ano do ensino médio, assim que terminar, pretendo ingressar para Havard e cursar meu sonho de menina, Medicina, o que chega a ser irônico, visto que não me importo e nem dou a mínima para as pessoas ao meu redor. Nunca fui simpática, apenas converso com quem é do mesmo nível social que o meu e segundo as minhas fontes, esse era o motivo pelo qual a maioria dos meus colegas das classes anteriores não falavam comigo, mas eu estou nem aí para eles, não pagam as minhas contas mesmo.

Minha vaidade por coisas materiais é tão grande e tão avassaladora que chega até a assustar, mas pensando bem, nem tanto assim, afinal de contas, é isso que os meus pais sempre me deram, desde criança, desde que me conheço como gente.

Esta semana iniciaram as aulas e digamos que não gostei nem um pouco disso, não que eu não goste de estudar, muito pelo contrário, mas as férias estavam tão boas, mas tão boas que meu único desejo era que elas durassem um pouco mais. Passei os últimos três meses viajando com a minha amiga, primos e meu namorado Jackson, capitão do time de basebol do mesmo colégio onde estudo, ele é lindo, charmoso, sexy e muito arrogante.

A maioria dos Professores se apresentaram nos seus respectivos dias de aula, e hoje quinta-feira, conhecerei os de matemática, geografia e história. Nenhuma delas é biologia, minha disciplina favorita, mas isso não me impede de ser genial nelas também, sempre tive na mente que deveria ser perfeita em tudo que fizesse e me esforço demais para isso, não tenho defeitos e sou a perfeição em carne e osso.

- Vicenta Borges William - minha mãe grita raivosa do andar de baixo, esquecendo-se dos bons modos que aprendeu com seus pais - quer se atrasar de novo?

Decido ignorar o ataque histérico da dona Camila e continuo me arrumando, de jeito nenhum sairei igual uma sem teto, quero estar lindíssima a qualquer custo, mesmo que tenha que chegar tarde no colégio.

- desça já daí menina!

Minha mãe está impossível nos últimos dias e descarrega tudo em mim, não sei o que deu nela e sinceramente falando isso está enchendo a minha paciência, não tenho culpa se alguém a estressou e ela deveria saber disso. Termino de fazer a maquiagem e desço sem pressa alguma as escadas.

- bom dia pra você também mãe - digo com um leve sarcasmo na voz.

- não sei o que tem de bom - suspirou - seu pai e eu iremos viajar hoje e é bem provável que não nos encontre aqui quando voltar do colégio.

Meus pais tem um escritório de Advocacia mundialmente conhecido, mas nem sempre eles vão para lá, muitas das vezes trabalham aqui de casa mesmo.

- boa viagem então - dou de ombros.

A ausência dos meus genitores não me importa mais, nem lembro a última vez que ouvi um " te amo" vindo deles, nem um abraço e muito menos um beijo na bochecha, apenas " olha o que a mamãe comprou pra você filha" ou um "gostou do relógio que o papai comprou? Valeram milhares de reais". O que eles fazem da vida deles não me interessa mais, não que eu seja insensível, só que aprendi a ter uma vida assim, sem amor ou afeto da parte dos responsáveis pela minha existência.

Saio de casa no meu Mercedes Benz branco que ganhei no aniversário de dezoito anos e nem me dou o trabalho de tomar o café da manhã, estou atrasada e não quero perder mais alguns minutos alimentando o meu estômago, por isso, decidi ir ao colégio desse jeito.

Assim que chego ao corredor, todos os olhares se voltam para mim, mas isso não me incomoda ou intimida, muito pelo contrário, aumenta mais a confiança e a segurança dentro de mim, gosto de chamar a atenção e faço isso sem muito esforço, uma vez que minha beleza está muito acima dos padrões da alta sociedade.

- estou te chamando a muito tempo - reclamou.

Natália é minha melhor amiga e tem dezassete anos, seus cabelos são pretos, seus olhos azuis e um corpo que arranca olhares por onde passa. Crescemos no mesmo ciclo social e seus pais assim como os meus, são dois Advogados conhecidos e respeitados no Brasil.

- conseguiu me encontrar, ou não? - fui fria e grossa.

- está tudo bem?

- sim, porquê não estaria?

- sei lá, parece que estás triste.

- parecer não é ser querida, já deverias saber disso.

- sempre com a resposta na ponta da língua - revirou os olhos.

- é pra quem pode - fiz charme.

- eu te amo - colocou a mão na minha cintura - sabe disso né?

- também te amo sua anã - soltei uma gargalhada gostosa.

- lá vem você de novo - bufou irritada.

Na verdade a Natália não é tão baixinha assim, eu é que gosto de provocá-la e de ver seus olhos azuis igual o céu em chamas. A amo muito, é a única pessoa que sempre me escutou, que esteve ao meu lado em todos os momentos da minha vida, não trocaria ela por nada, nem pelo meus próprios pais.

- desculpa - o divertimento na minha voz é nítido - depois da aula a gente passa daquela lanchonete que você tanto adora.

- que golpe baixo senhorita William - falou com um sorriso largo nos lábios.

- a vida é para os espertos - entrei na sala sorrindo.

A primeira aula foi de matemática e a senhorita Patrícia de cabelos longos até a cintura, deixou trabalho para casa logo no primeiro dia de aula, o que fez com que alguns alunos não estudiosos, a encarrasem com raiva e ódio, porém ela não se intimidou, com certeza já está acostumada a lidar com adolescentes mimados e preguiçosos. A segunda foi de geografia e o Professor de meia idade, fez questão de abordar connosco grande parte da matéria do ano anterior, o que fez me fez revirar os olhos de puro tédio, sou inteligente demais e não tenho porquê voltar a falar do mesmo assunto diversas vezes, mas pronto, eu não mando aqui, infelizmente.

O Professor que eu suponho ser de história, todo lindo, alto, charmoso, com seus cabelos pretos e olhos castanhos claros, entra na sala arrancando suspiros por parte das alunas, o que me deixa irritada digamos assim, elas nunca viram um homem bonito? Deveriam mesmo é se preocupar em estudar e não em apreciar um Professor que nem é tão um galã, tem apenas uma beleza normal, pelo menos para mim. Seu ar é de arrogância e sua cara de poucos amigos, mas ainda assim as adolescentes imaturas e cheias de si estão pulando pra cima dele, literalmente.

Abaixo a minha cabeça e começo a mexer no meu celular.

- bom dia alunos - cumprimentou depois de uns segundos - sou Stefan Silva Andrade e serei o Professor de história de vocês durante o ano inteiro.

Gritinhos atrevidos por parte das meninas tomam conta do lugar, o que me faz pegar os auriculares na pasta, depois colocar uma música calma e proteger os meus ouvidos de ouro do barulho que elas fazem. Estou escutando a maravilhosa voz do Ed Sheeran ao mesmo tempo que converso com a minha prima Bárbara que está na Inglaterra cursando Literatura Inglesa, desde criança é apaixonada por livros da época e fico muito feliz que ela esteja realizando esse sonho de infância.

Minha prima está me contando que a neve que não para de cair por lá, estragou os seus planos com um jovem chamado Augustus, que por sinal é muito lindo, pelo menos na foto ele é e do jeito que a Bárbara fala dele não duvido que seja mesmo. Sorrio ao ler as conversas dela e do tal moço, mas rapidamente sou interrompida por alguém que belisca o meu braço.

- o Professor está te chamando sua idiota - Naty diz baixinho.

Levanto o meu rosto e encaro o mesmo.

- falou comigo senhor?

Parece que seu corpo ficou imóvel, não se mexe e nem tira os olhos de mim, confesso que seu olhar me queima, mas ao mesmo tempo intimida, como pode isso?

- perguntei o seu nome - disse em um tom rude que até me arrepiou.

- Vicenta William Borges.

- perfeito - diz sem desviar o olhar do meu - uma vez que todos nós já nos conhecemos, podemos começar a trabalhar.

A aula decorreu normalmente para mim, mas não sei se posso dizer o mesmo do senhor Stefan, muitas vezes peguei ele olhando para a minha pessoa e confesso que aquilo estava me incomodando um pouco, sei que sou linda e que as pessoas querem sempre olhar pra mim, mas sei lá, de um jeito ou outro aquilo estava me deixando tímida e eu não sou assim, o pior de tudo é que amanhã terei aulas com ele novamente e se continuar me olhando como fez hoje, irei perguntar directamente o porquê de me olhar assim, ninguém me intimida e se ele pensa que irá fazer isso só porque eu estava no celular enquanto se apresentava, está muito enganado.

- o Professor Stefan é tão lindo e tão gostoso - Naty não faz questão de esconder a safadeza na voz - não acha?

- não, acho ele um homem com uma beleza comum - dou de ombros.

- COMUM? - gritou - viu aqueles olhos sedutores? Aquele cabelo e aqueles lábios vermelhos pedindo por um beijo?

- não exagera sua tonta - reviro os olhos.

- viu como ele não parava de olhar pra você? Estava te comendo com os olhos amiga.

- nada a ver Naty.

- é sério, o senhor Andrade te encarou a aula inteira.

- e você ao invés de prestar atenção na aula, ficava de olho nos movimentos dele.

- ele está doidinho por ti Vicenta, acredite em mim.

- cala boca e vamos logo! - falei entrando no carro.

Natália às vezes é muito sem noção, tudo bem que ele ficou me encarando a aula inteira, mas isso não quer dizer absolutamente nada, na verdade acho que ficou me fitando daquela maneira porque eu estava de olho no celular na minha mão. Além disso, o que um homem feito como aquele iria se interessar por mim? É muito mais velho que eu, não duvido que tenha passado da casa dos vinte e sete e eu nem louca ficaria com alguém dessa idade. Mas espera aí? Porquê estou pensando nessas coisas mesmo?

Entramos na lanchonete que a Naty adora e fizemos os nossos pedidos que foram hambúrgueres e refrigerantes.

- o que a gente fará neste final de semana? - pergunta depois de morder o seu lanche.

- não fale de boca cheia - a repreendo - esqueceu dos bons modos?

- claro que não! - se apressou a dizer - só estava ansiosa pra saber o nosso destino no sábado.

- meus pais viajarão hoje.

- sério? Os meus também.

- acho que irão juntos.

- não duvido - sorriu largamente - o final de semana é nosso.

- iremos curtir demais, vai ser bem legal.

- vamos chamar os meninos?

- não sei, estou em dúvida sabe.

- acho que devemos ir sozinhas, aproveitar a companhia uma da outra e quem sabe pegar um gatinhos - piscou pra mim.

- não se esqueça que tenho namorado baixinha.

- e tu sabes perfeitamente que o detesto, é um babaca.

- não fale assim dele!

- é a verdade - deu de ombros - Jackson é um bad boy.

- deixa o meu namorado em paz.

- farei isso no dia que terminares com ele.

- então deves esperar sentada querida amiga.

- obrigada pelo conselho - fez cara de desgosto.

- vamos as compras amanhã? - decidi mudar de assunto antes que a gente discutisse novamente por causa do Jackson.

- depois da aula? - assenti - perfeito.

- o que aconteceu com o seu carro?

- está na oficina.

- ah tá.

Chego a casa e como já era de se esperar meus pais não estão cá, não sei em qual País foram e eles nem se deram o trabalho de me dizer, mas enfim, essa a vida que levo fora das redes sociais e de todo mundo, uma vida praticamente vazia.

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