Te quero de volta

Ariel não esperava por aquilo e abriu a boca, dando a Ícaro a chance de aprofundar o beijo, mas apesar de ter correspondido inicialmente, ela não perdeu a consciência. Ariel colocou as mãos no peito dele e empurrou Ícaro com força, dando um tapa no rosto do rapaz. Os dois respiravam forte.

— Ficou louco? — Ela perguntou, sentindo o coração dela batendo com força.

Ícaro, que nem tinha movido o rosto com o tapa, sorriu de lado.

— Pelo visto, fiquei — Ele a olhou de cima a baixo – Você tem um beijo delicioso.

— Você é um idiota! — Ariel falou, sentindo os olhos enchendo de água e mordendo os lábios. Ícaro não pretendia fazê-la chorar! Ele pensou que ela gostaria.

— Calma aí… Não precisa chorar, Ariel! Eu… — Ele começou a falar, mas ele foi puxado para longe dela, pelo pescoço.

— Mas que porr@ é essa? — Cassius estava com os olhos brilhando de raiva. Ele notou que Ariel havia sumido, e ao ouvir a voz dela, ele se aproximou daquele quarto. Quando a voz de Ícaro soou e ele compreendeu o que tinha acontecido, ele não pensou duas vezes — Eu vou te matar!

Cristian estava por perto e à procura de Cassius, já que era aniversário dos dois e Vasti queria cantar os parabéns. Ele ouviu a briga e se meteu na frente de Cassius antes que este pulasse no pescoço do irmão.

— O que tá acontecendo? Cassius porque ia bater no Ícaro? — E então, ele viu Ariel, com os olhos cheios de lágrimas, a um canto — Ariel? Você tá…?

Ela não respondeu nada, apenas passou pelo irmão e saiu do quarto.

— Isso não vai ficar assim! — Cassius disse, apontando o dedo indicador para Ícaro.

— Você é um idiota que fica atrás dela igual cachorro! Não tá vendo que ela não te quer?

Cassius deu um passo na direção de Ícaro.

— Não interessa! Você não pode tocar numa mulher desse jeito! — Ele rosnou — Tenho certeza de que não foi isso o que os nossos pais te ensinaram.

— Não se atreva a abrir o bico!

— Ou o quê? — Cassius perguntou, rindo de desdém — Você é um desgraçado, sabia disso?

Cassius deu as costas e saiu dali. Ícaro respirou fundo algumas vezes. Ele estava mais sóbrio depois da gritaria e então se deu conta de que tinha arrastado Ariel para um local escuro e beijado a moça à força.

— Merd@! — Ele xingou baixinho e, ao aparecer no salão da festa, o olhar dele se cruzou com o de Adônis. Um olhar duro que dizia: vamos conversar mais tarde!

Ariel não estava em lugar algum que Ícaro pudesse ver, mas ele não foi procurar pelo salão. A situação já não estava boa para ele.

A festa estava acontecendo na casa dos Lancaster, portanto, assim que os parabéns terminaram, Adônis puxou o filho mais velho para fora dali.

— O seu irmão me falou que você aprontou — Adônis disse e cruzou os braços na frente do peito. Apesar de já contar com mais de cinquenta anos, ele aparentava ter no máximo quarenta, com um físico de dar inveja e uma aura que impunha respeito — E ele me disse que tinha algo a ver com Ariel.

Ícaro respirou fundo e olhou para o lado.

— A gente teve um pequeno desentendimento, só isso – Ícaro falou e Adônis apertou os olhos para ele.

— O seu irmão não entrou em detalhes, mas eu quero saber o que aconteceu? Eu a vi segurando o choro, Ícaro! — Adônis balançou a cabeça — Eu não consigo acreditar que mesmo depois de tantos anos, você continua de implicância com ela!

— Eu não tenho implicância com ela! — Ele falou mais alto, porém, ao ver o olhar do pai, ele engoliu em seco e olhou para baixo — Não tenho implicância com ela. Foi um desentendimento bobo, só isso. Eu vou pedir desculpas.

— Agora sim eu estou impressionado. Você, pedindo desculpas? E para a Ariel, sem eu ter que te obrigar? — Adônis soltou uma risada de deboche — Veja só como você amadureceu!

Ícaro não respondeu. Ele sabia que estava no erro e, além do mais, ele tinha um respeito muito grande pelo pai.

— Eu vou pedir desculpas a ela amanhã, tudo bem? Quando eu estiver completamente sóbrio.

Adônis se aproximou mais de Ícaro.

— Você pode ter vinte e quatro anos, Ícaro, mas se magoar a Ariel de novo, eu mesmo vou te dar uma surra e te colocar de castigo, entendeu? A sua mãe passou muito a mão na sua cabeça, dizendo que era coisa de criança. Bom, se mesmo depois de velho você quiser agir como criança, eu vou te tratar como uma — Ele falou, baixo – Só que uma num corpo adulto, que pode levar uns bons tapas!

No dia seguinte, Ícaro acordou, tomou um banho, bem como remédio para a bebedeira. Depois da festa, ele foi para o apartamento dele e bebeu quase uma garrafa inteira de uísque.

Depois de tomar café da manhã e escovar os dentes, ele pegou a chave do carro e foi até a casa dos Lancaster. Ele tinha que falar com Ariel.

Chegando lá, Heidi estava na sala e estranhou a visita do rapaz.

— Oi! Bom dia! Tá tudo bem, Ícaro? — Ela perguntou, simpática. Ícaro então sabia que Ariel não tinha contado nada.

“Claro que não contou, ou o pai dela teria me acordado aos socos e pontapés!”, ele pensou.

— Oi, tia! Eu queria falar com a Ariel!

— Ah, a Ariel não está, meu filho! Ela saiu com Cassius — Heidi disse e um sorriso largo apareceu no rosto dela. Ícaro apertou os lábios.

— Hm… Cassius caiu da cama, pelo visto!

— Ah, sim. Quase isso — Heidi brincou — Ele dormiu aqui.

Ícaro tinha ido embora sozinho, na noite passada, já que ele tinha o próprio apartamento e não ficaria na casa dos pais. Ao ouvir que o irmão tinha dormido ali, ele precisou se controlar para não fazer cara feia.

— Eu não sabia que ele tinha dormido aqui.

— Ah, claro. Você ficou tanto tempo fora, meu filho. É normal Cassius dormir aqui.

— A senhora não acha isso… errado? — Ícaro perguntou e Heidi franziu a testa.

— Errado? Por quê? — Heidi não estava entendendo Ícaro de jeito nenhum.

— Como assim, tia? Ele está dormindo com Ariel e a senhora não acha isso errado? — Ícaro estava perdendo a paciência — Ela é muito nova, não?