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Quatro clãs inimigos, WICCA, LICANTROPOS, VAMPIROS e MEIO SANGUES, assombrados por um erro do passado, colocam a vida de seu povo em risco, ao fugir de sua terra, uma rainha estéril, controlada por um fantasma, quatro jovens destinados ao perigo, gêmeos do pesadelo, uma loba transmorfa, um bêbado louco e um vampira vidente, precisam se unir para resgatar a morte cumprir uma profecia incompleta, cumprir uma profecia e encontrar a deusa desaparecida e restaurar a magia, um deles não irá retornar, mas a morte não é o fim em alyssaris.

Capítulo 1 WICCA CAPÍTULO I

Minha pele arrepiava em excitação, o dia estava quente e nos fazia quase derreter de calor, apesar da brisa oceânica. O acampamento estava à beira de um penhasco desta vez, e ouvíamos as ondas quebrarem nas rochas abaixo de nós, se ficasse bem na pontinha do penhasco conseguíamos até sentir os respingos da água salgada e gelada. As tendas coloridas se destacavam naquele gramado extenso e dançavam conforme o vento, às costas do acampamento havia uma floresta densa e meio assustadora, ela não estava ali quando chegamos, mas nada que um toque de magia não pudesse resolver.

Era essencial que nos escondêssemos atrás dela, afinal seria um tanto desconfortável se os enevoados viessem bisbilhotar e vissem o que realmente somos. Os protetores haviam feito alguns feitiços para que caso algum enevoado recebesse a sorte de nos encontrar visse apenas um grupo de ciganos comuns, em tendas comuns, e não centenas de bruxos acampados em tendas mágicas “pequenas por fora, grandes por dentro” como dizia a mamãe. Alguns de nós havia ido para cidade levando algumas distrações para os enevoados, truques e adivinhações, além de farra e confusão, só o que se espera dos ciganos. Não resisti e revirei os olhos irritada com meu próprio pensamento. Um tanto antiquada esta ideia, mas ainda muito necessária, e até o presente momento funcionava muito bem. Era feita uma avaliação diária no território, as pessoas precisavam saber que estávamos ali, aos poucos iam se acostumando e até confiando em nós. Além de ser uma das nossas formas de ganhar dinheiro, a quantidade de enevoados que pagam absurdos por premonições e poções mágicas é maior do que se pode contar, contudo nos fazer presente afastava os outros clãs. Um clã não pode viver no mesmo lugar que o outro, independente se são aliados ou não. Essa é a lei... Uma das leis na verdade. - Evolet. - Seth veio correndo ao meu encontro. Ele trajava vestes casuais e tinha estampado no rosto o sorriso presunçoso de sempre, era sua expressão de "Se prepara eu vou aprontar". - Pula! - Ele disse antes de agarrar a minha mão e me puxar penhasco abaixo. - SETH! - Gritei. Por um momento eu pareci voar e a gargalhada do meu irmão se perdeu em algum lugar, mas então o mundo foi ficando fora de foco, o tempo parecia correr ao meu redor, como se eu estivesse em um carro em alta velocidade e tudo passasse por mim com uma velocidade absurda. Aos poucos a paisagem foi mudando, o mundo foi distorcendo e ganhando foco. Ao meu lado Seth gargalhava com a mão ainda agarrada a minha, seu cabelo vermelho foi ficando mais nítido e sua pele branca ainda mais branca. - Odeio saltar. - Meu estomago se contorcia, eu me curvei para abraça-lo antes que a comida resolvesse pular para fora do estômago. - Vamos aproveitar a liberdade maninha. - Estávamos no meio do povoado, pessoas andavam apressadas, cuidando de suas próprias vidas, algumas nos encaravam descaradamente, afinal Seth e eu não éramos as pessoas mais discretas que existiam, não digo pela personalidade, era o físico mesmo. - Existem outras formas de locomoção e estas não envolvem o meu almoço quase pular para fora da minha barriga. - Seth revirou os olhos. - Você sabe que é uma bruxa né? – Fiz uma careta antipática para o meu irmão quando meu estomago finalmente decidiu não jogar tudo fora. - Vão sentir nossa falta logo... O que quer fazer? - Seth enlaçou seu braço no meu e foi me guiando por entre a multidão. - Invadir bares, pregar peças nos enevoados... O que decidir. - Esse lado do meu irmão era exclusivamente meu, era raro Seth ter essa postura descontraída no acampamento desde que assumiu o comando dos Protetores, eu sabia que ele estava sob muita pressão, ou pelo menos eu sentia que ele estava. Ser comandante da guarda era seu posto de direito, eu como rainha e Seth sempre ao meu lado, como meu protetor, mesmo assim ele lutou muito para que fosse respeitado por quem era de verdade e não apenas pelo título que lhe deram e como consequência disso o Seth descontraído foi se mostrando menos presente. - Acho que seria legal pregar algumas peças... - Encarei-o com o mesmo sorriso travesso no rosto. - Consigo até ver a manchete... Futura rainha do clã Wicca é detida pregando peças em enevoados juntamente com seu irmão. Ambos foram detidos enquanto criavam caos em loja de doces. - Gargalhamos juntos, Seth parou de repente e me encarou com um sorriso encantado, mas muito travesso. - Vamos fazer os doces criarem vida! - Os olhos de Seth brilharam e ele batia palminhas no ar. - Temos doze anos de novo. - Eu disse, Seth sorriu em concordância, tenho certeza que a mesma lembrança que passava pela minha cabeça passava pela dele. Nós dois fazendo os hidrantes de uma cidade explodir, todos ao mesmo tempo... Bons tempos. Havia algumas lojas, todas tinham um aspecto antigo. Seth e eu apenas caminhamos, virando aqui ou ali de hora em hora, não conseguíamos decidir o que fazer primeiro, acho que no fundo nenhum de nós queria ser capa de mais uma matéria, e pode ter certeza que havia duendes nos espionando, aquelas pestes estavam em todos os lugares. Uma coisa qual meu irmão e eu compartilhávamos e nos divertíamos horrores era observando os enevoados, apenas olhando sua rotina e sua vida tão normal e sem graça, uma forma de vida tão simples e com tão pouca visão do mundo que praticamente se atirava a sua frente. - Olhe aqueles dois. - Seth chamou minha atenção. Dois rapazes comiam um bolinho do outro lado da rua, eles estavam encostados na parede observando os carros que passavam no asfalto, uma moça então passou por eles e os dois sorriram maliciosos. Eles tão concentrados em gravar cada medida do corpo da moça que passou por eles, que não viram o exato momento que seus bolinhos explodiram bem na sua cara, sujando-os de chocolate e creme. - Ops... - Dei uma piscadela para Seth, meu irmão revirou os olhos, mas deixou uma risadinha escapar. - Tão medíocres... - Seth comentou. - Eu acho fofo... - Respondi. Algumas borboletas já me rodeavam, mas Seth insistia em tentar espanta-las. - Bruxinha, você tem uma queda pela arrogância não é? - Seth me deu um leve cutucão e eu revirei os olhos em resposta. - Os enevoados se acham o centro do universo, não colocam nada acima deles, pobres coitados... - Seth, a inocência deles é fofinha, é um povo que vive numa sociedade bem mais simples que nossa. Essa arrogância deles é também o medo e incompreensão do desconhecido. - Falei dando de ombros, enquanto as pequenas borboletas pousavam no meu ombro. - Tá aí... Gostei! Acho que se você não fosse a herdeira do trono do clã Wicca podia ser advogada e protetora dos não mágicos. - Mostrei língua pra ele, mas meu irmão não chegou a ver, estava entretido demais tentando espantar as minhas companheiras com asas. - Tirando o comportamento animalesco em relação ao sexo feminino, eles não são ruins... - Falei com um pouco de cinismo sobressaindo na minha voz, meu irmão bufou sarcasticamente revirando os olhos em seguida. - Você está sendo gentil... - Dei-lhe um sorrisinho irônico. - Seth... - Antes que eu pudesse concluir a frase meu irmão me puxou para um beco. - O que foi? - Perguntei alarmada, a minha volta o farfalhar de asas aumentou, fazendo Seth fica ainda mais tenso, ele não era muito fã das minhas companheiras. - Lobisomens... - Seth e eu espiamos do beco o outro lado da rua. Cerca de três homens de terno e uma menina de roupa de couro esperavam do lado de fora de uma lojinha. A menina parecia desconfiada, sempre olhando para os lados, analisando quem passava. - Farkas. - Seth cuspiu as palavras. A porta da loja abriu e os três homens de terno passaram primeiro, a menina então olhou diretamente para nós e os olhos dela brilharam em amarelo antes dela entrar. - Você viu? – Perguntei ao meu irmão, mas ele não estava olhando mais para a loja e sim para o telhado dos prédios. - É melhor avisar a mamãe, se eles chegaram primeiro é território deles. - Falei tomando uma postura mais séria. - Vamos segui-los... - Eles não chegaram primeiro Evolet, isso aqui não foi uma visita amistosa... É melhor voltarmos, a sua segurança é prioridade - Seth falou. Eu já ia protestar sobre essa ideia que eles tinham de me tornar um objeto de amostra e nada mais quando ele pegou minha mão e o mundo saiu de foco. - Fim do passeio... - Foi a última coisa que ouvi, em seguida estava vomitando na grama ao lado da tenda dos meus pais. - Por favor, somos bruxos tem de haver uma forma de locomoção que não me faça vomitar. - Eu estava sentada na grama com meu irmão em pé ao meu lado secando as lágrimas que caiam de seus olhos enquanto ele gargalhava às minhas custas. - É que você bruxinha... Nasceu estragada. - Balancei a mão e uma rajada de vento foi arrastando ele pelo acampamento. Seth praguejava e mesmo ao longe eu conseguia ouvi-lo falar algo sobre vingança e borboletas. Mal sabia ele que eu concordava com cada palavra... Realmente eu era estragada.

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