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Rosa Cerise... antes da gente dar nome já era pra sempre!

Rosa Cerise... antes da gente dar nome já era pra sempre!

AutoraCristianiSSNun

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5
Capítulo

O desaparecimento de uma mulher reacende uma disputa de poder entre três máfias italianas, trazendo à tona um plano macabro envolvendo três mulheres para derrubar o poderoso mafioso Marcelo Enrico Gabelotti. Uma trama eletrizante que desnudará os assuntos mais sombrios do submundo do crime e das mazelas humanas. Entre rituais satânicos, tráfico infantil e a prática abominável da pedofilia, um segredo é mantido a sete chaves para a preservação de todos. As intrigas, desconfianças, perseguições e a busca pela verdade contribuirão para o surgimento de uma paixão ardente, inesperada e muito perigosa entre uma amazona sedutora e o temível Ricco, líder da Máfia Gabelotti, da região da Calábria, na Itália. Sedutor, ousado e repleto de reviravoltas, esse romance combina a dinâmica de um suspense com as emoções de uma história de amor excitante e explosiva. Quem está falando a verdade? Quem é o mocinho e quem é o herói? Aventure-se e descubra...

Capítulo 1 Hora Zero

Pontualmente, à meia-noite do dia quatro de fevereiro de 2015, um mês após o sumiço de sua esposa, Marcelo Enrico Gabelotti, mais conhecido como Ricco, chefe da Máfia Gabelotti na região de Calabria, desde à beira do mar Tirreno, em Olbia-Sardegna, fumava seu cigarro Insígnía, calmamente, dentro de seu luxuoso carro.

Ricco era um dos homens mais perigosos e poderosos de toda a Itália e de algumas partes da Europa. Já havia desbancado as famosas 'Ndrangheta-Máfia Calabresa e a  Máfia Bourbons, que dominaram várias regiões da Itália, por anos. O encontro do temido Ricco seria com o novo chefe da Máfia Bourbons, o jovem Ugo Bourbons, que assumiu o lugar do pai, assassinado há exatos quatros meses pelo próprio Ricco.

Ricco era um homem de trinta anos. Sua beleza era notória e motivo de alvoroço em todo e qualquer lugar que entrasse. Alto e magro, sua vaidade o fizera malhar coxas, glúteos, braços e peito, o que lhe proporcionou músculos definidos e harmônicos com o seu biotipo de um metro e oitenta e cinco centímetros. Era um homem, extraordinariamente, atraente. Dono de lindos cabelos lisos e negros, corte pompadour, com topete para o lado direito. Sua barba era estilo barba real, preta e, minuciosamente, desenhada. Lábios médios e olhos escuros. O rapaz gostava de tatuagens. Em suas costas, ostentava duas asas e na mão direita, a arte de duas letras "R", em maiúsculas, com uma coroa acima.

Aquele encontro, entre os dois chefes e rivais, seria recheado de dúvidas e temores de ambos, afinal, toda Bourbons sabia da participação de Ricco na noite do crime em que o temido Pasquale Bourbons fora brutalmente executado com sete tiros na face em seu forte particular, em Palmira, região Basilicata da Itália. E diante desse fato, Ricco foi ao encontro de Ugo preparado para matá-lo.

Descendo da luxuosa Mercedes preta, dois seguranças o acompanharam até a beira do mar, onde Ugo Bourbons o aguardava. Ugo era um jovem rapaz de vinte e cinco anos. Nunca trabalhou e sempre viveu a boa vida às custas do pai. Em momento algum, cogitou a ideia de liderar a Máfia Bourbons, todavia, a vida lhe obrigou a assumir e o moço conduzia as coisas de uma forma nada convencional.

Ugo era alto e magro, contudo malhava pesado peito e braço, que o deixava, charmosamente, bonito e sexy. Cabelos lisos, longos e loiros. Esbanjava de uma pele bronzeada por viver nas ilhas Maldivas a maior parte do ano. Dono de lindos olhos azuis e sardas na região das maçãs da face e nariz, repleto de tatuagens e brinco na orelha esquerda. Era tranquilo e até tinha um ar angelical, sobretudo, sua cara de mal era, extremamente, excitante e, isso lhe rendia muitas mulheres em sua cama.

Quando Ricco aproximou-se, a cerca de cem metros, levou a mão na sua Glock, a destravou e, em punho, parou diante de Ugo. Com seu nariz encostando no do rapaz indagou:

- O que você quer, moleque? Por que insistiu tanto em me ver pessoalmente? Onde está a Izabelitta?

Ugo, por sua vez, riu, balançou a cabeça, levantou as mãos e falou:

- Ricco! Guarde essa arma! Estou em paz! Vim porque precisamos conversar sobre a sua esposa!

- O que tem a minha esposa? - perguntou Ricco, colocando sua pistola na cabeça de Ugo.

- Ricco! Mano, olha! Eu não vim aqui para matar ou morrer! Muito pelo contrário, vim trocar uma ideia contigo, para que possamos evitar que um de nós morra!

- O que você quer dizer com isso? - questionou Ricco, empurrando sua arma na cabeça do menino Bourbons.

- Ricco! Estamos na minha área. Tenho um drone-bomba na nossa cabeça! Portanto, se acalme e guarde essa arma! Estou em paz! E já adianto: não estou com sua esposa! Sei o código de não tocar na mulher de nenhum líder, seja ela esposa ou filha. Então, perante isso, vamos nos acalmar e conversar!

Ricco respirou fundo, olhou em seus olhos e guardou a sua Glock. Cruzou os braços e perguntou:

- Onde está a Izabelitta?

- Mano, olha! Eu não sei onde ela está, porém eu sei quem a sequestrou!

- Quem?

- A maluca da minha irmã!

Ricco franziu a testa e indagou:

- Por que ela fez isso?

- Mano! A Chloé não é certa da cabeça. Já esteve internada várias vezes. Meu pai tentou de todas as formas tratá-la, mas aquela menina é totalmente desiquilibrada!

Ricco, desconfiado, pensou por um tempo e perguntou:

- E por que sua irmã faria uma coisa dessas?

- Mano! Eu, particularmente, não me assombro com isso. A Chloé é totalmente pirada. A menina desde de pequena inventa histórias malucas que foi sacrificada sexualmente em uma mesa de Satanismo. Depois, quando jovem, disse que conversou com um ser lagarto, e, para piorar a sua loucura, acredita em nave espacial, aliens e outras esquisitices. Enfim, a menina é 100% perturbada - explicou angustiado, suspirando. - Eu tenho pena dela, porém, agora sem meu pai, não consigo ter controle sobre ela. Não posso interná-la, pois é maior de idade e como está fora de si, fez a loucura de sequestrar sua esposa - afirmou, respirando fundo, balançando a cabeça, com olhar de impotência e incompreensão. - O pior que ela é uma amazonas, extremamente, talentosa, você já deve ter ouvido falar!

Ricco pensou por um tempo, suspirou e Ugo continuou:

- Não entendo porque ela não se concentra nesse talento e para de fazer besteira. Sério, é minha irmã caçula, mas ela é maluca! Se fossem maluquices despreocupantes, eu nem ligava, mano, porém a Chloé cismou com você! - contou angustiado, suando.

Zangado, Ricco franziu a testa e perguntou:

- Por que cismou comigo?

- Não tenho essa resposta para você! A única coisa que eu te garanto é que a Chloé vai acabar te matando ou nos matando, por causa dessa esquizofrenia desgovernada dela. - respondeu extremamente nervoso e preocupado.

- O que ela fez para te preocupar dessa forma? - questionou, desconfiado e irritado.

- Mano, são muitas coisas! Tenho até vergonha de te contar! Sério! A Chloé ultrapassa todos os limites da loucura!

- Diga-me o que ela fez? - retrucou Ricco, cruzando os braços, irado.

- Bom! Começarei do início. Segundo a amalucada da Chloé, esse ano no carnaval de Veneza vocês ficaram juntos!

- O quê? - indagou Ricco, franzindo a testa, bufando de irritação e sacando sua arma.

- Calma, mano! Me ouve! - argumento o menino Ugo, aterrorizado.

Ricco, extremamente zangado, balançou a cabeça e andou por um tempo de um lado para o outro.

- Essa doida sabe que falando isso pode desencadear uma guerra?

- Sim, Ricco! Ela sabe! É por isso que eu te garanto: ela é louca de camisa de forças. - respondeu, balançando a cabeça.

- E o que ela falou desse carnaval? - questionou Ricco, coçando a barba, nervoso com a situação embaraçosa.

- Então! Segundo o relato dela, depois do desfile nos canais, após descer da gôndola, você, que estava mascarado, a puxou em meio à multidão. Em um beco, a prensou e beijou a sua boca.

- Hã? - indagou Ricco, estupefato.

- Dali, você a levou até um hotel. Lá transaram por horas, porém, não tiraram as máscaras. Ela contou que você beijava o corpo dela e repetia: Te tomarei para mim, princesa Bourbons!

- Ok! - falou rindo. - E como ela sabia que era eu se o cara estava mascarado?

- De acordo com o seu relato, ela viu essa sua tatuagem na sua mão. Esses erres.

- Ah, moleque! - vociferou. - E isso lá é prova? Toda a Itália sabe dessa minha tatuagem!

- Sim! Mas ela contou que pediu uma prova de amor e no outro encontro você deu!

- AH! - gritou gargalhando. - Eu dei? O que eu fiz?

- Você tatuou em seu peito esquerdo as inicias PCB. "Principessa Chloé Borboni"

- Mas que loucura é essa, moleque? - perguntou Ricco, desatinado de furor.

- Mano! Calma! - disse Ugo, gesticulando com a mão.

- Como calma? Que loucura é essa?

- Calma! Você tem essa tatuagem?

- Tenho moleque, e não significa nada disso e sim: potente, coraggioso e bello! - explicou bravo.

- Eu sei, mano! Calma! E meu pai tinha certeza que isso era mentira! Portanto, se acalma, apenas me ouve, para que você possa entender o quão perigosa e louca é a Chloé!

- Hum! Continua, moleque! - ordenou, guardando a sua pistola.

- Então! Ela disse que acordou de bruços e nua. Na cama tinha uma rosa vermelha e um cartão que dizia: "Te amo princesa Bourbons! Vou te buscar! Me espera!"

Indignado, Ricco fechou os olhos e balançou a cabeça.

- Logo depois desse encontro, em maio, teve o campeonato em Dubai. Ela contou ao meu pai que ficou com um cara no escuro e ela jurou que era você de novo.

- Como era eu? - questionou, atribulado.

- Chloé afirmou que você mostrou essa tatuagem do peito e, depois de transarem, ainda ficaram se curtindo naquele breu. Ela te abraçou por trás, beijou suas costas e acariciou a sua tatuagem que, segundo ela, era um par de asas! Você tem isso? - perguntou atônito.

- Eu tenho, moleque! Mas não me inclua nas maluquices dessa louca da sua irmã! Nem se eu fosse o maior maluco desse mundo, transaria com uma Bourbons. Nem se ela fosse a última mulher da terra! Portanto, acorda para o mundo - advertiu Ricco, extremamente zangado, coçando a nuca. - Onde foi isso? - perguntou em tom perplexo.

-Chloé contou que foi no dia da comemoração da vitória dela, lá no Burj Khalifa. Ela relatou que se dirigiu até a sala 1100, para pegar seu celular, e assim que entrou, apagaram a luz e você a pegou, prensou na porta e a beijou. A deitou na mesa do príncipe e transou com ela ali mesmo. E pior: afirmou que você falou ao ouvido dela que a amava e que tinha deixado sua esposa. Mano, na boa, ela é maluca!

Riccco respirou fundo. Fechou os olhos e, com olhar de indignação, balançou a cabeça:

- Moleque Bourbons, não sei nem o que te falar! Só quero cortar a língua dessa maluca e dar para os meus cães comerem, assim ela para de mentir!

- Não, na boa mano! Eu tenho certeza que isso é mentira da Chloé. Na realidade, ninguém acredita em nada do que ela fala. Não podemos levar nada a sério. Por isso que o meu pobre pai quase morreu de desgosto! - contou, balançando a cabeça. - Depois desse encontro em Dubai, ela apareceu grávida!

- Ah e garanto que a doidinha disse que era meu! - retrucou Ricco, rindo enfurecido.

- Pior! Ela fugiu de casa e foi até a sua região. Lá, disse que foi sequestrada pelos seguranças do meu pai e levada para Palmira, na Torre Scola. E para ela, você invadiu o lugar, tomou a fortaleza e matou meu pai para livrá-la do cativeiro!

Ricco riu muito. Ele não se conteve.

- Moleque, de todas essas suas asneiras, essa é a mais louca! - afirmou Ricco, enlouquecido de raiva.

- Mano! Sinceramente, eu sei! Não consigo imaginar um cara como você com a maluquinha da minha irmã! Mesmo ela sendo extremante linda e sexy, não tem como! Ela te enlouqueceria! A Chloé precisa ser enjaulada num manicômio, urgentemente! - afirmou aflito. - Mano, na boa, se meu pai acreditasse nisso, poderia ter desencadeado uma guerra com você! Pensa?

Ricco pensou por um tempo e questionou:

- E qual o motivo de ela sequestrar a minha esposa?

- Mano, tenho duas hipóteses!

- Quais?

- Chloé inventou essa história de vocês dois em Veneza e Dubai. Deve ter algum amor platônico ou fetiche por você!

- Mas de onde ela me conheceria? - indagou angustiado.

- Não sei! Ela é uma amazonas premiada, você gosta de equitação?

- Um pouco! - respondeu, cruzando os braços.

- Então ela deve ter te visto algum dia, não sei. Sinceramente, a Chloé é pirada!

- E qual a outra hipótese?

- A outra seria que a maluca viu toda a filmagem do dia da tomada da Torre Scola, então ela quer te atingir! Chloé não conseguiu lidar com a morte do pai. Eles eram muito unidos. Viviam juntos e ela surtou de vez. Ela sabe quem você é e, se sequestrou a sua mulher, deve estar disposta a ir até as últimas consequências para te atingir!

- Que idade ela tem?

- Vinte anos!

- Tem foto dela?

- Tenho, mas você nunca a viu?

- Se vi, não lembro! - respondeu, zangado com aquela situação.

- Essa! - disse Ugo, mostrando uma foto de seu celular.

- Ok! Me manda essa foto para eu enviar os meus homens atrás dela! - pediu, pegando seu celular em mãos. - Ela quer me atrair para me matar?

- Não sei ao certo, porém, pelo o que conheço daquela maluca, ela deve querer te ferir machucando sua esposa ou até matando-a. Creio que a Chloé não queira te matar, ela quer te fazer sofrer, tanto quanto ela está sofrendo! -explicou, balançando a cabeça, olhando para o mar que quebrava perto deles. - Sério mano, a menina só pensa em suicídio, não suporta viver sem o pai. Por isso, creio que ela quer vingança.

- E como você descobriu que foi a sua irmã que pegou a Izabelitta? - questionou, em tom de desconfiança, afinal, Ricco era uma máquina humana da verdade e ele não estava crendo no relato do menino Ugo.

- Mano, eu estive no apartamento dela faz uns três dias, naquele dia brigamos e ela me ameaçou com uma faca. Eu dei um passo para trás e derrubei uma mesinha de canto do abajur e, próximo desta, vi uma bolsa aberta no chão com vários documentos espalhados, dentre eles, um passaporte da República Theca, com o nome de Izabelitta De Lucca Gabelotti.

- Como você viu que era da Izabelitta?

- Assim que vi o passaporte no chão, chutei antes que a Chloé percebesse. Enquanto ela juntava tudo, eu fiz a volta no sofá, o juntei do chão, coloquei no bolso e agi naturalmente. Assim que saí de lá, vi de quem se tratava, avisei os sub-líderes da Bourbons e eles me orientaram a te procurar e falar cara a cara, para que você compreenda que não temos nada a ver com isso - afirmou, entregando o passaporte nas mãos de Ricco.

Naquele minuto, o coração de Ricco parou. Era inacreditável tudo aquilo, verdadeiramente, um grande pesadelo. Com o passaporte em mãos, ele se afastou e deixou algumas lágrimas silenciosas escorrerem em seu rosto, enquanto olhava a foto de sua linda esposa. Respirou fundo, guardou o documento e voltou até Ugo, que só tinha olhar de indignação.

- Onde está essa Chloé?

- Ela mora em Roma.

- Ela não fugiu?

- Aquela maluca nunca fugiria!

- Por que não?

- Mano! A Chloé é a mulher mais louca e perigosa que você conhecerá em toda a sua vida! - respondeu Ugo, com os olhos de pavor.

- Por quê?

- Ela não tem noção do perigo. Ela mente e chora olhando nos seus olhos. Se ela te falar que foi a Izabelitta que a sequestrou, você acredita. Sério, a Chloé deveria trabalhar como atriz, aposto que ganharia um Oscar por ano como melhor atriz - afirmou, em tom de deboche.

- E qual o perigo que ela pode oferecer?

- Mano! A Chloé é extremamente linda. Tenho certeza que será a mulher mais linda e envolvente que cruzará a sua vida. - afirmou, arregalando os olhos. - Se prepare, sua beleza é chocante. Se não fosse minha irmã, juro, aquela menina seria minha, só minha! - disse Ugo rindo.

Ricco observou o menino Ugo e não gostou do comentário. Sua cabeça fervia. Olhando nos olhos do rapaz, Ricco questionou:

- E onde você acha que a sua irmã pegou a Izabelitta?

- Não sei te dizer! Somente aquela maluca para contar. Se ela contar... porque... pirada do jeito que é, ela morre rindo na sua cara, negando. Chloé não tem medo de apanhar ou morrer, e isso é muito perigoso, pois ela não irá ceder. Você terá apenas duas opções!

- Quais opções?

- Mate-a ou descubra seu ponto fraco!

- Você não sabe o ponto fraco de sua irmã? - zombou.

- Não! Não nos criamos juntos. E nosso relacionamento afetivo era mínimo, pois ela sempre foi meio maluca e eu me afastei - explicou com tristeza. - Na realidade, só meu pai aguentou aquela louca, por isso eram tão ligados. Mas eu entendo, o pai tinha esse lance de protetor e tal, não poderia largar de mão a pobre menina.

- Ela estuda ou trabalha?

- Chloé? Nem sonhando! Aquela menina é louca para umas coisas, já para outras, ela é bem lucida. Vive em Roma, no luxo!

- Você a sustenta?

- Eu? Não! Ela tem dinheiro! Meu pai deixou coisas para ela.

Ricco respirou fundo e, desconfiado, indagou:

- Agora me responde, moleque: por que você me contou isso tudo? Por que entregou a sua irmã?

- Mano! Na boa! Eu não travarei uma guerra com a Gabelotti por causa daquela desiquilibrada da Chloé! - explicou, zangado. - Somos inimigos, porém, não assumirei culpa por outra pessoa. Essa loucura de sequestro não está na nossa lista. Portanto, sem chances de eu apoiar a maluca da Chloé. E pior: o pessoal da Bourbons, jamais, em hipótese alguma aceitaria uma patifaria dessas, então, aqui, agora, sou Pôncio Pilatos!

- Onde encontro sua irmã?

- Via Bentivoglio. Número 15W, apartamento 301.

Ricco respirou fundo, passou a mão em sua barba e pensou por um tempo. Ugo arregalou os olhos e falou:

- Mano! Na boa, cuidado com a Chloé! Ela é manipuladora, se ela te envolver, já era!

Com ar sarcástico, Ricco riu e afirmou:

- Moleque, serei sincero! Não creio em nada que você falou. Para mim, você está mentido! Não sei ao certo se vocês dois estão envolvidos, ou se você está por trás disso tudo e está culpando a irmã, contudo, irei atrás dessa tal de Chloé e uma coisa eu te garanto: ela não sobreviverá! Mesmo que ela não seja culpada, eu a matarei e depois eu vou atrás de você! Tomarei a Bourbons! Então, já arruma suas coisas pessoais, você pegará o próximo ônibus para o inferno, pois assim que eu matar essa psicopata mirim, eu volto para acabar com você!

Ugo apertou os lábios e, com cara de zombaria, riu na cara de Ricco. O rapaz não tinha limites, seu deboche estava no sangue, bem como seu pai Pasquale Bourbons. Apressadamente, sem envolver-se naquele gesto debochado, Ricco andou com seus seguranças até seu carro de luxo. De dentro do veículo, avisou o piloto do seu helicóptero que em minutos eles voariam para Roma.

Enquanto o carro andava, o sangue do mafioso fervia. Era uma mistura de raiva, angústia e indignação. Chegando no heliponto, Ricco e seus quatro seguranças embarcaram rumo a Roma. O rapaz estava cego de ódio e pavor. Não suportaria a morte de sua esposa e, diante disso, ele arrebentaria o planeta se fosse necessário, no entanto, ele acharia o culpado e o mataria com requintes de crueldade.

A viagem seria rápida, mas para Ricco parecia eterna. Com todo o plano em mente, em pleno voo, ligou para seu chefe de segurança, chamou uma vez e Fontana atendeu.

- Sim, meu Rei!

- Fontana, descobri um possível suspeito! Estou indo até Roma para buscá-lo, prepare tudo. Vamos navegar até a Torre Scola.

- Sim, senhor!

Ricco encerrou a ligação, suspirou e olhou pela janela. Seu desespero era tanto que o amedrontou. Mesmo sendo um homem forte, ele estava devastado com aquele sumiço.

Chegando na capital italiana, um carro de luxo já o aguardava. Embarcaram e seguiram até o apartamento de Chloé. Chegando ao local, abriram a porta da recepção com um kit de chaves e subiram o elevador até o terceiro andar. Na porta do apartamento 301, mais uma vez, seus seguranças abriram a porta com um kit de arrombamento.

Entraram e, logo atrás, Ricco sacou sua pistola, destravou e andou pela sala, procurou a tal mesa do abajur e a encontrou. Realmente, o abajur estava sobre ela espatifado. Se abaixou e, embaixo do luxuoso sofá Chesterfield, encontrou um batom. Pegou e ao verificar, viu que era da sua amada Izabelitta. Em todos os seus batons, a mulher riscava as inicias IR de Izabelitta e Ricco. O pobre homem suspirou e guardou o batom no bolso da calça.

- CHEFE? - gritou um dos capangas.

O mafioso caminhou até onde a voz o chamava. Na área de serviço havia uma porta, que fora arrombada por seus seguranças. Dentro do cômodo, foi brindado por coisas perturbadoras como: correntes presas na parede, um casaco pink, sujo de sangue, e um brinco no chão. Assim que se abaixou, ao pegar o brinco, certificou-se que era de sua amada. Era uma borboleta cravejada de brilhantes e zafiras. Havia presenteado a sua Izabelitta quando ainda eram namorados e ela amava aquela joia.

Um dos capangas, com cara de tristeza, entregou o casaco em suas mãos e ao cheirar, sentiu que era o perfume de sua esposa. Observou que nele havia alguns cabelos e isso seria essencial junto ao sangue para certificar-se de que se tratava de sua amada. Olharam por tudo e o que mais atribulou o homem foi o sangue inundando aquele piso. Aquele indício o atemorizou e logo creu que Chloé tivesse matado sua amada. Respirou fundo e saiu do lugar, chegando na sala:

- Chefe! - falou um dos segurança.

- Sim, Bianchi!?

- Vasculhamos por tudo e a única coisa que encontramos foi essa caixa, com esse notebook, exames e fotos do senhor.

- Estava onde? - frisou o cenho, tomando-a em suas mãos.

- Dentro do cofre, abri a tiros.

Ansioso, olhou dentro e observou que havia muitas fotos sua. Deduziu que fora algum detetive particular que as tirou. Notando que algumas estavam cortadas ao meio, acreditou que eram as que Izabelitta estava junto. Pensativo, andou em direção ao elevador. Junto com seus seguranças, foi para seu carro. Entrou, sentou e ligou para Ugo, que atendeu na terceira chamada.

- Alô?

- É o Ricco! - irritado. - Estou saindo do apartamento de sua irmã. Encontrei provas suficientes para esquartejá-la até o dia clarear. Diante disso, me diga: onde essa maldita pode estar?

Antes de responder, Ugo respirou fundo:

- Mano! Na boa, não faço a menor ideia - explicou, em tom angustiado. - Aquela maluca pode estar em qualquer lugar. Mas... espera, vou ligar para um carinha que gosta dela, talvez ele saiba.

- Assim que souber, me avise!

- Pode deixar! Já retorno.

Ricco encerrou a chamada e ligou para seu amigo Riccardo Bellini, seu amigo de infância, que era doutor psiquiatra. Após sete chamadas, ele atendeu com voz de sono:

- Oi, Marcelo!

- Riccardo! Te acordei?

- Sim! - respondeu rindo. - Mas me fala, o que houve?

- Riccardo, encontrei uma suposta sequestradora da Iza, preciso de ajuda!

- Como?

- Ela tem histórico de psicopatia infantil e ainda apresenta comportamentos doentios. Até pensei em arrebentar com ela que, por ser mulher, falaria logo, contudo, fiquei confuso.

- Por quê?

- Falei com o irmão dela e ela disse que transou comigo em Veneza e Dubai!

- E você transou com ela? - riu.

- Claro que não, Riccardo! - esbravejou, zangado. - Eu lá sou maluco de pegar uma garota proibida?

- Huuuuuum, vejo que ela é afilhada de alguma máfia...- riu por um tempo. - Ah, Marcelo, você é o cara mais louco que eu conheço e, te conhecendo como eu te conheço, não duvido, nem um pouco, que você tenha ficado com essa mulher!

- Riccardo, para com seus desvaneios e me ajuda! - irritou-se.

- Ok! - riu e balançou a cabeça. - O que você quer?

- Então...- respondeu, olhando as fotos dentro da caixa. - Além de inventar que transamos e que engravidou, eu acabei de sair da casa dela. Lá, encontrei um brinco, o batom e um casaco da Iza, sujo de sangue. Até então, pelas informações recebidas, era um crime por vingança, só que encontramos, dentro de um cofre, uma caixa e nela tem umas fotos minha, sendo que algumas estão cortadas. Acredito que foi para tirar a Iza do meu lado. As outras têm corações no meu rosto e uma, em especial, ela está comigo! - finalizou angustiado, suando.

- E você tirou essa foto? - arregalou os olhos.

- CLARO QUE NÃO! PORRA! EU NUNCA VI ESSA MALUCA!

- Então, o que significa isso, Marcelo? - indagou o médico, confuso.

- Sei lá, Riccardo! Essa psicopata deve ter feito uma montagem...não é possível! - balançou a cabeça, irado.

- Ok! - suspirou preocupado. - Como é a foto?

Ricco silenciou e nada falou.

- Hein, Marcelo?

O mafioso respirou fundo:

- É nossa! É um selfie. Pelo jeito, ela está nua nos meus braços. Está deitada em meu peito e nós dois sorrimos, olhando para a câmera! - relatou em tom inconformado.

- Marcelo! - limpou a garganta. - Tem certeza que você nunca viu essa mulher?

- Francamente, Riccardo! Era só o que me faltava, meu melhor amigo não acredita em mim! Estou bem arranjado mesmo!

- Não...não...- retrucou, aflito. - Não é que eu não confie, mas veja bem...como ela teria uma foto dessas?

- Não sei...- atribulado. - Ela mandou fazer ou fez isso daqui...não tenho como te explicar! Sei apenas que depois de todas essas provas, ela é a suspeita número um do sumiço da Iza!

- Hum! Então...diante disso, creio que seja crime passional, meu amigo!

- Você acha? - franziu a testa, angustiado.

- Bom! Veja bem, não a avaliei pessoalmente, no entanto, essa história que vocês transaram, pode ser que faça parte do imaginário dela. E essas fotos me fazem acreditar que ela é apaixonada por você. Sendo assim, em princípio, deduzo que ela fez isso com a Iza para ficar com você!

- O que devo fazer para arrancar a verdade dela? - jogou as fotos na caixa.

- Marcelo, se machucar a mulher, ela não vai contar! Irá se enfurecer e acabará matando a Iza! - explicou preocupado.

- O que farei? - indagou, extremamente apreensivo.

- Não use a violência! A seduza!

- Como vou transar com uma psicopata dessas? - zangou-se.

- Marcelo, não mandei você transar! No entanto, faça que ela acredite que você a ama e quer ficar com ela.

- Riccardo, como farei isso? - perguntou, irritado. - Se a minha vontade é estrangular essa desgraçada!? Não sei como fazer! - confessou.

- Marcelo, você é o mestre da sedução, se vira! - respondeu, em tom de deboche.

Ricco pensou por alguns segundos:

- Dessa forma, você acredita que ela me conta?

- Creio que sim! Deduzo que se ela acreditar na sua paixão, te leva pessoalmente até a Iza! Não custa nada tentar.

- Tudo bem! - suspirou. - Farei isso!

- Ok! Boa sorte, meu amigo! Me manda notícia, por favor! - implorou, em tom agoniado.

- Pode deixar! - respondeu Ricco, desligando.

A cabeça do mafioso parecia que ia explodir. Ele não sabia o que fazer e como fazer. Em minutos, seu celular chamou e era o menino Ugo.

- Fala! - atendeu, em tom irado.

- Mano, ela está na casa de festa Coliseu! Sabe onde é?

- Sim! Moleque, ela ainda está grávida?

- Não! Ela disse que meu pai lhe medicou na Torre Scola e ela abortou.

- Ok! - respondeu, desligando na cara do menino Bourbons.

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