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Não te deixarei partir

Não te deixarei partir

Angela conceicao

5.0
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Capítulo

PRÓLOGO Alessandro Abri a porta da ampla e moderna sala de reunião e me deparei com o tímido sol desta manhã de Miami, atravessando a grande janela. Sobre a mesa com capacidade para vinte pessoas, os raios do sol refletiam a maquete 3D, representando o projeto revolucionário da minha construtora, a A.F Group. Sentindo o gosto da vitória, curvei os lábios num sorriso de orgulho. "Mais uma conquista!" Estar diante de um triunfo como este, após ter trabalhado duro, realmente era motivo de orgulho. Como dizia meu pai: o mundo é resultado de nossas escolhas. Ele escolheu me culpar indiretamente, já eu, escolhi superar o sentimento de culpa, mergulhando no trabalho árduo e por isso me afastei da família. A duras penas, venci todos os obstáculos, principalmente o emocional. Longe do que conhecia como lar, corri atrás de provar ao meu digníssimo genitor que eu não precisava dele para ser alguém na vida. Exercendo a força e a coragem, iniciei minha carreira, aos 18 anos, como especulador imobiliário. Com objetivos e metas bem traçadas, acreditando no meu potencial, tudo foi dando certo; e, bem-sucedido, comecei a comprar propriedades deterioradas para reformar e vender. Formado e apaixonado pela engenharia, um mercado bem lucrativo, transformei uma singela empresa de restauração na maior e mais prestigiada construtora dos Estados Unidos.

Capítulo 1 PRÓLOGO

PRÓLOGO

Alessandro

Abri a porta da ampla e moderna sala de reunião e me deparei com o

tímido sol desta manhã de Miami, atravessando a grande janela. Sobre a mesa

com capacidade para vinte pessoas, os raios do sol refletiam a maquete 3D,

representando o projeto revolucionário da minha construtora, a A.F Group.

Sentindo o gosto da vitória, curvei os lábios num sorriso de orgulho.

"Mais uma conquista!"

Estar diante de um triunfo como este, após ter trabalhado duro,

realmente era motivo de orgulho.

Como dizia meu pai: o mundo é resultado de nossas escolhas. Ele

escolheu me culpar indiretamente, já eu, escolhi superar o sentimento de

culpa, mergulhando no trabalho árduo e por isso me afastei da família. A

duras penas, venci todos os obstáculos, principalmente o emocional.

Longe do que conhecia como lar, corri atrás de provar ao meu

digníssimo genitor que eu não precisava dele para ser alguém na vida.

Exercendo a força e a coragem, iniciei minha carreira, aos 18 anos,

como especulador imobiliário. Com objetivos e metas bem traçadas,

acreditando no meu potencial, tudo foi dando certo; e, bem-sucedido,

comecei a comprar propriedades deterioradas para reformar e vender.

Formado e apaixonado pela engenharia, um mercado bem lucrativo,

transformei uma singela empresa de restauração na maior e mais prestigiada

construtora dos Estados Unidos.

Passados vinte anos, acumulei fortuna e poder, sem necessitar do

dinheiro do meu pai.

- Maquete em 3D proporciona visualizar o projeto com exatidão. -

A voz feminina e sensual interrompeu meus devaneios. Soltei da maçaneta da

porta e me virei.

Surpreendi-me ao me deparar com a executiva, morena e elegante,

Emma Jones, quase colada às minhas costas, despertando quem estava

tranquilo dentro das calças.

"Está brincando com fogo!". A curta distância proporcionava sentir o

calor da sua respiração e o perfume floral delicioso.

- O resultado é surpreendentemente realista, parabéns! - elogiei,

varrendo os olhos com total interesse pelo corpo da mulher me dando mole.

Desde nossa primeira reunião já havia notado o quanto era sensual, mas

hoje, em especial, estava gostosa pra porra, dentro do vestido preto e

estampas minúsculas, brancas.

"A mulher superou na sensualidade", pensei, devorando-a com um

olhar malicioso.

Mordendo o canto inferior do lábio, a devassa avançou mais um passo

em nítida provocação.

- Aplicamos a mais alta qualidade - expressando sensualmente, ela,

na mesma curiosidade minha, zanzava os olhos pelo meu rosto. Quando

parou em meus lábios, suspirou, evidenciando sua intenção - a fim de

chegar a este realismo - finalizou num sussurro estimulante.

"Safada!"

Os olhos castanhos, no tom dos longos cabelos, assentados sobre os

ombros, insistentes nos meus lábios, desencadeou um arrepio violento pelo

corpo. Meu pau, duro como rocha, se rebelava dentro das minhas calças.

Peguei em seu braço, trazendo-a contra meu corpo. Ela arfou ao sentir

o volume apertado em seu ventre.

- A qualidade foi o requisito principal pelo qual a sua empresa, E.J.

3D Printing, foi a selecionada para fazer a impressão 3D da maquete - eu

disse baixo ao pé de seu ouvido. Ela não disfarçou, permitiu o longo e

excitante suspiro escapulir dos seus lábios, encorajando-me. Dei uma leve

mordida no lóbulo da orelha da mulher, que estremeceu sob meus dedos. -

A minha empresa preza a competência profissional, tenha certeza de que a

nossa parceria será duradoura - falei, cheio de tesão, apertando-a em mim,

arrancando dos lábios apetitosos mais um prolongado e enlouquecedor

suspiro.

Os ruídos do elevador parando no andar nos interrompeu. Rapidamente,

ela recuou dois passos.

- Fico feliz que tenha gostado do meu trabalho - agradeceu,

mudando para um tom bastante profissional.

- Jurava que seria o primeiro a chegar para a reunião - disse

Nathaniel Rogers, saindo do elevador dentro de um terno preto e com o

tradicional sorriso amplo nos lábios.

Admirava aquele seu otimismo, e também o seu profissionalismo; por

esta razão o nomeei como responsável pelo novo projeto.

- Um empreendimento deste porte tira o sono de qualquer um -

relatei com humor, fazendo ambos rirem.

- Verdade! Grandiosíssimo - afirmou a Srta. Jones, conectada aos

meus olhos, enquanto os dela exalavam desejo. - Tanto que a notícia já

viralizou. Inclusive, tenho alguns amigos, fortes investidores, interessados em

adquirir unidades na obra. Um deles é o Liam Thomas.

- Liam Thomas? - perguntei, intrigado, pois a pessoa mencionada,

além de ser um multimilionário, era um cardiologista renomado e proprietário

majoritário do maior hospital de referência do coração dos Estados Unidos.

Um declarado inimigo. Um ativista ordinário, que tentou me ferrar de todas

as maneiras.

O doutor metido a celebridade organizou um grande movimento na

região, contra a construção de prédios altos à beira-mar, ou seja, seu objetivo

era interditar o meu empreendimento, e falhou.

- Sim! Ele quer muito um imóvel na região - reafirmou a minha

questão.

- E não é de hoje! - eu pontuei.

Ela acenou a cabeça, rindo, e imaginava o porquê. Aliás, seu manifesto

contra a construção chegou ao conhecimento público.

- Exatamente! - disse ela. - Ele estava negociando com dois dos

proprietários dos imóveis, quando a sua construtora entrou na parada. Bem,

este é um assunto para conversarmos mais detalhadamente após a reunião -

a sugestão veio com ela correndo a ponta da língua ao redor dos lábios,

molhando-os.

Arrepiei todo, fantasiando-os se fechando ao redor do meu pau.

- Certamente! - abonei com um aceno de cabeça.

A libertina passou por mim, roçando o ombro em meu peito,

propositalmente, e lá embaixo, discretamente, ela encheu a mão com o

volume nas minhas calças. Exerceu uma leve e incendiária pressão.

"Caralho!". Louco de tesão, respirei pesado pelo nariz. "Hoje você

não me escapa."

Entrei na sala e, enquanto me sentava na cadeira, alternava minha

atenção entre Emma em pé, organizando os documentos sobre a mesa, e os

acionistas, engenheiros e advogados contratados da empresa do meu primo

Harry, que estavam chegando.

Com todos reunidos em torno da grande mesa retangular, ela iniciou a

apresentação da maquete. Sentia um orgulho, que não cabia em meu peito, a

cada palavra sobre a imponência do projeto.

Meu coração pulsava, igualmente como meu pau, com os olhos

castanhos transbordando luxúria, escorregando algumas vezes até a parte

exposta do meu peito, com alguns botões da camisa abertos. Sua bisbilhotice

e suspiros de admiração dificultavam a minha concentração.

Mulheres executivas, experientes e inteligentes eram as que me

atraíam, requisitos que ela possuía em abundância. Observando aqueles

lábios grossos se movendo brilhantemente, eu não era capaz de conter a

excitação. E assim transcorreram os próximos vinte minutos.

- Tenho que parabenizar todos pelo trabalho. - Espalmando a mesa

ao término das suas explanações, elogiei, entusiasmado. - Realmente

estamos diante de um projeto futurista, algo inovador e extraordinário.

O mais ousado da minha carreira.

Pela localização do terreno ser à beira-mar em Hallandale Beach,

Florida, entre Fort Lauderdale e Miami, e ser uma região badalada, foi

preciso desembolsar uma fortuna.

A inspiração que motivou a escolha da área para o projeto arrojado e

moderno não fora aleatória, na verdade, existiam razões óbvias. Em

Hallandale Beach está localizada a mais famosa e importante pista de corrida

de cavalos da América do Norte, um empreendimento sofisticado, contando

até com cassino. Lugar muito visitado pelo meu pai e o Dener, o seu sócio,

por serem criadores e treinadores de cavalos de corrida.

Naquela época eu era um garoto de oito anos e os acompanhava nas

visitas. O Dener nos apresentou a praia e logo o lugar nos conquistou. Apesar

das construções antigas, a estrutura era boa, contava com restaurantes, que

serviam boa comida, tendas e espaços exclusivos reservados para o descanso.

Tudo regado a uma linda paisagem do mar.

Inclusive, quando saí de casa aos 18 anos, sozinho, era lá que passava a

maior parte do tempo, atraído pela movimentação de pessoas. Famílias

inteiras frequentavam o ambiente; era divertido observar a criançada

brincando, ouvindo suas conversas e gestos inocentes. Uma recreação

interessante delas era chamada de caça aos tesouros. Com uma caixa pequena

dourada, elas perambulavam todo o local em busca de objetos perdidos pelos

frequentadores. Eram várias brincadeiras; outra que eu me lembrava

claramente era dos cuidados com um pequeno aquário redondo, com

peixinhos coloridos.

Tudo aquilo marcou e também me inspirou. Como nasci e cresci em

meio aos cavalos, e por ser um bom conhecedor do negócio, resolvi arriscar

na construção de instalações mais modernas de altíssimo padrão, altamente

rentáveis.

Demoliria as casas e os prédios antigos, em ambos os lados da avenida,

para construir o maior empreendimento de lazer da Flórida. À esquerda

ficariam as pistas de corridas de cavalos, as instalações necessárias e o

cassino; à direita, que é o lado da praia, ergueria um hotel com duas torres de

vinte andares e design impressionante. Todos os apartamentos com a vista

deslumbrante para o oceano, e não poderiam faltar restaurantes privativos,

que ofereceriam a mais alta gastronomia. A ideia seria investir o necessário

para transformá-los nos melhores do mundo.

Lamento que o Dener não esteja mais vivo. Infelizmente, ele e o seu

advogado foram vítimas de um acidente de helicóptero há menos de um ano.

- Fez um ótimo trabalho, senhorita Emma Jones. Parabéns! -

Benjamin Green, o arquiteto que assinou o projeto, foi o primeiro a se

manifestar.

Nathaniel Rogers ergueu os olhos até onde estava a atraente

empresária.

- Gostaria de manifestar a minha admiração, senhorita! - emendou

ele.

Ela deu um leve aceno com a cabeça, o que a deixou charmosíssima

devido aos cabelos castanhos, de tão lisos, caírem sobre os ombros eretos.

- Foi um grande prazer trabalhar para a A.F. Group - logo após a

resposta no tom macio e libidinoso, seus olhos curiosos mergulharam em

meu peito novamente, com ares provocativos.

Imediatamente, atiçou minha fome sexual.

- Em que pé estão as negociações com a família Patterson? - dirigi a

pergunta ao Franklin Ward, o advogado chefe do escritório advocatício do

Harry. Por ser um dos melhores profissionais, meu primo o colocou como o

responsável pela área jurídica.

Suas sobrancelhas arquearam e rugas de preocupação plantaram em sua

testa, indicando que as notícias não eram animadoras, colocando-me em

alerta.

A família, a qual me referi, eram os proprietários de três grandes

terrenos do lado da praia, que se localizavam bem na parte central. Era onde

funcionava, até então, o restaurante que mencionei bater o cartão aos 18 anos.

E foram os únicos a recusarem nossa oferta que podemos classificá-la como

surreal, ou seja, quinze vezes maior do que a avaliação dos imóveis. Após as

nossas aquisições das propriedades vizinhas, o movimento no restaurante

diminuiu muito, e mesmo assim os Pattersons continuavam inflexíveis. E isso

me pareceu preocupante.

Pois, contando com o valor astronômico ofertado, acreditávamos que

não teríamos nenhuma recusa. Resumindo, apostei todas as fichas neste

negócio! Praticamente zerou o caixa da construtora.

- O casal de velhos não abre mão do patrimônio por dinheiro algum.

Enfim, todas as tentativas convencionais foram esgotadas, agor...

- Você e toda a equipe são bem remunerados para trazer soluções e

não para expor os métodos que fracassaram sobre a mesa, PORRA! -

perante a incompetência, exasperei-me, batendo com força sobre a mesa; a

maquete e os corações sacudiram. Todos se assustaram com a minha

explosão. Estava apreensivo com toda aquela merda. Os riscos são

expressivos para marcar bobeira. - Marquei a reunião hoje, confiante que

todo o processo estaria concluído para iniciarmos a já atrasada construção.

- Estou empenhado nesta questão, Alessandro, e além do mais...

- Não é o que parece! - interrompi-o, com a mão à sua frente -

Quero que redobre os esforços até eles abrirem mão! - A exigência o corou.

- Insista, use seu poder de persuasão. Não preciso ficar ciente dos seus

métodos, nem os não convencionais, mas eu quero uma negociação destes

terrenos o mais breve possível. - Deixei bem claro. Há anos atuando neste

ramo, já estava acostumado a esbarrar em empecilhos, só que dessa vez,

investi demais e não podia vacilar. - E não se esqueça de que o meu

fracasso significa o seu também - esclareci em tom autoritário.

A contratação da empresa advocatícia do meu primo, mediante o

pagamento de comissão de cada etapa finalizada do projeto, que ia desde a

compra da área até a entrega das chaves, fora justamente porque um

empreendimento de tal porte na região costumava gerar muitos protestos

contra a obra, e até emboscadas de moradores descontentes, o que

inviabilizava muitas vezes o investimento.

Aprendi que, para o sucesso, tinha que ser implacável. Foi assim que

"É claro!". Recordei-me da ligação que recebi do meu pai alguns dias

atrás, pedindo minha ajuda para socorrer o haras. A empresa não estava

conseguindo honrar as dívidas, tanto fornecedores quanto os funcionários

estavam sem receber. Embora capengando, o haras ainda tinha prestígio,

sendo assim, iria sugerir a venda, afinal, era uma boa solução e salvaria a nós

dois.

Sua fama se dava pela reprodução de vencedores puro-sangue. No

entanto, as coisas não vinham bem desde a morte do Dener. Passados

duzentos e dez dias, a causa do acidente com o helicóptero ainda seguia em

investigação, por suspeitas de sabotagem. Mas acreditava que aquele fator

não interferiria no testamento.

Precisaria confirmar se o novo advogado do Dener já havia retornado

da Ásia. Como filho do advogado falecido, ele ficou responsável para abrir o

espólio. O Dener não se casou, não tinha família e avisou que deixaria o

haras em testamento para o meu pai.

- Acho que tenho a solução para este caso. - Voltei a encará-lo. -

Vamos de oferta irrecusável. Ofereça vinte e cinco ou trinta vezes a mais do

valor, se for o caso - autorizei, calculando mentalmente o valor aproximado

que a propriedade do meu pai poderia valer atualmente, mesmo no vermelho.

Sempre muito organizado financeiramente, ele deixou o orgulho de

lado e me ligou na semana passada, pedindo socorro com o seu

endividamento. Para ele ter chegado àquele ponto era porque realmente se

encontrava atormentado.

Raramente recebia uma ligação dele, as derradeiras foram para insistir

na história de casamento com a Ellen, considerada minha prima. Uma mulher

inteligente e o braço direito do meu pai no haras. Determinada, gostosa pra

cacete, uma boa amante, mas era parente. Como um homem que amava as

mulheres, um cafajeste assumido, nunca seria fiel.

- Hoje mesmo já tomo a liberdade de enviar a proposta, e estou

confiante - disse, animado, enquanto ajeitava a gravata vinho, destoando do

terno e camisa preta. Aliás, ele era o único ao redor da mesa usando gravata.

- Eles devem estar precisando de dinheiro. Estive lá na semana passada, o

Sr. Patterson estava levando a esposa ao hospital. Ela chorava, além de estar

muito abatida, acho que até está muito doente.

- Faça o possível e o impossível! Proponha o valor maior, aproxime-

se da família, entre no círculo de amizades até ganhar a confiança do casal.

- Espero que o dinheiro fale mais alto do que o tal valor sentimental.

São muito apegados um ao outro, e ao lugar.

Aquela sua última frase desenterrou memórias guardadas no mais

profundo do meu ser. As lembranças que eu odiava quando resolviam vir à

tona.

"Se apegar tanto as coisas e pessoas, além de ser sinônimo de

sofrimento, é perda de tempo!"

Meu mantra era não me apegar a nada, assim quando perdesse, doeria

menos. Aprendi isso da maneira mais dura.

Fui muito apegado à minha irmã, ela foi uma das minhas maiores

fontes de inspirações, e de repente o destino idiota resolveu colocar um

bêbado dirigindo na estrada. Eu, guiando o carro em que estávamos, não o

notei vindo na contramão devido ao farol estar apagado. Sequer tive tempo de

desviar; os veículos se chocaram, violentamente de frente.

A minha maior dor foi não poder fazer nada por ela e ainda sobreviver

naquele dia. A merda era uma vaga lembrança de eu ter tentado abrir o cinto

da minha irmã, mas acho que apaguei depois. Aquele momento me afligia,

era a razão dos meus piores pesadelos. Por que somente ela? Por que

escolheram a pessoa caridosa, a melhor do mundo? A luz que me disseram

que eu encontraria no abismo não existe, meu pai nunca me acusou

diretamente, mas sentia que ele nunca me perdoou. Eu nunca me perdoei.

- Pulso firme com os Pattersons! - ordenei em tom ríspido e me

levantei, encerrando a reunião. Porém, meio para baixo por causa da caixa de

memórias aberta.

E todos me imitaram, uns já recolhendo seus pertences para deixar a

sala.

- Vai me conceder alguns minutos do seu tempo, doutor Alessandro?

- Emma Jones se pronunciou melodiosamente, enquanto, de cabeça baixa,

recolhia alguns papéis. Sentindo muita intenção na entonação de voz macia,

recobrei seu pedido.

Meu sangue ainda fervia em minhas veias quando ergui meus olhos na

direção dos dela, transbordando de um ardente desejo, despertando o meu.

"Uma boa trepada sempre ajudou a acalmar meu estado de nervos!"

- Certamente. - Voltei a me sentar, só imaginando as minhas mãos

cobiçosas tomando posse de tudo dentro do vestido. Aliás, tenho um desejo

insaciável por mulheres do tipo dela: desinibidas e experientes, que ostentam

apetite voraz na voz, uma combinação perfeita.

- Obrigada! - integrada em meus olhos, apenas murmurou de forma

sexy. Um tesão incontrolável sobrepôs a chateação.

Um minuto mais e a sala ficou vazia. Então, com apenas uma folha de

papel em sua mão, de dedos longos e unhas vermelhas, ela veio caminhando

provocantemente em seus saltos.

- Aqui está a lista dos investidores que comentei. - Parando ao lado

da minha cadeira, curvou-se sobre a mesa para colocar o papel sobre ela, e a

saia do vestido subiu. Propositalmente ela arrebitou um pouco mais,

revelando as coxas grossas e bem torneadas.

Notou meus olhos presos nas suas coxas e soltou um sorriso devasso. O

meu pau, duro como rocha, até latejou.

- Estes investidores têm potenciais para a aquisição? - perguntei,

rouco, e levei a mão no final das costas, bem na curva da bunda, para sentir

até onde ela estava disposta a ir.

Seu olhar recaiu sobre meu rosto e faiscaram, numa inflamada

ambição. Entendi de imediato o recado. Com o autêntico sangue quente

italiano correndo em minhas veias, coloquei a mão entre suas pernas. Seus

lábios se abriram num suspiro e, naquele ato, milhões de partículas sexuais

espalharam ao redor.

Não fui capaz de me segurar.

Girei a cadeira, ficando de frente para ela e olhando diretamente em

seus olhos. Enfiei minhas mãos por dentro do vestido e subi com elas.

Apalpei a vagina sobre a calcinha, sentindo um calor excitante e seu

estremecimento.

- Molhada! - inspirei, doido, recebendo sua mão sobre a minha,

apertando forte contra ela.

Peguei o telefone sobre a mesa de reunião e interfonei para a secretária.

Susie Robinson atendeu ao primeiro toque.

- Estou em uma reunião importante, ninguém sobe ao andar sem antes

eu ser informado - solicitei enquanto corria os dedos pelo elástico da

calcinha na virilha, ameaçando afastá-lo para tocar diretamente na carne

molhada, adorando ouvi-la suspirando, toda entorpecida, na minha mão. -

Gostosa! Ela deve ser saborosa! - murmurei, adentrando pelo elástico, e

toquei aquela delícia escorregadia e quente, ficando sedento demais.

- Obrigada, Sr. Ferrari! - a secretária agradeceu, toda melosa, do

outro lado da linha, acreditando que o elogio foi direcionado a ela.

Ocupado, desliguei. Tão logo coloquei o fone no gancho, curvou-se,

catando as laterais do meu rosto e me beijou, um beijo daqueles eróticos. As

sensações foram imediatas: louco, subi as duas mãos por dentro do vestido,

pelo quadril arredondado, e arranquei a calcinha num puxão.

- Nossa! - gemeu, delirante, enquanto eu subia as mãos. Agarrei sua

cintura com força.

- Vem cá! - Coloquei-a sentada na beirada da mesa. Cravei os dedos

nas coxas e as abri. Bem depilada, era possível ver sua excitação escorrendo

por entre os lábios grossos. - Linda!

Segurando firmemente em seus quadris, ergui-o contra minha boca e

passei somente a ponta da língua, torturando o suficiente para que um grito

estridente saísse por sua garganta.

- O sabor é muito bom! - rosnei, dando outra lambida vigorosa, e a

partir daí, lambia cada dobra com muito tesão. Em seguida chupava o clitóris,

deliciosamente inchado, extraindo gritos delirantes.

- Que delícia, que língua... - Abrindo mais as pernas, entregando-se

por completo, ela gemia, alucinada, sem que eu desse uma trégua.

Desfrutei daquela boceta molhada e gostosa até me fartar e levantei.

Tirei o seu vestido pela cabeça e, abrindo o sutiã, abocanhei um dos seios.

Com ela agarrada à minha cabeça, sorvia com prazer, mordia o bico rígido.

Não aguentava mais de vontade de enterrar dentro dela, meu pau estava

explodindo.

Segurando firme ao redor dos seus quadris, subi até seus lábios,

beijando-a fervorosamente.

- Desce! - pausei o beijo, tirando-a da mesa, e peguei sua mão,

colocando-a sobre minha ereção em ponto de bala.

Ela estremeceu e veio beijar o meu pescoço.

- Vou devorar ele todinho - prometeu num tom eufórico,

enlouquecida na minha pele, e o comprimindo entre os dedos, me fazendo

vibrar. Em seguida abriu os botões da minha camisa. - Você é perfeito! -

Seus dedos quentes correram por sobre a tatuagem do ombro ao peito. -

Imaginava um abdômen malhado, mas não assim. - Dedilhava cada

centímetro. - Trincado... - Pegou com pressa no cós da calça e abriu,

liberando o alucinado para provar do seu calor interno.

- Ohhhh! - rosnei, louco, com os dedos habilidosos o contornando

firmemente.

- Gosto duro assim - segredou, mordendo o lábio inferior, e já caiu

de joelhos na frente dele. Cravou os dedos sobre minhas coxas e, na maior

ousadia, envolveu-o entre os lábios o engolindo com tamanho atrevimento,

que perdi o fôlego.

- PORRA! - suspirei profundamente, enchendo meu peito de ar com

o seu jeito impetuoso de chupar meu pau. Enrolei a cascata castanha em meu

pulso, impulsionando-o mais fundo na boca quente. Ela o sugava com ânimo,

desesperada, faminta e soltando grunhidos de satisfação, competindo com os

trovões e raios lá de fora. - Que boquete divino, mulher!

Com a boca cheia, ela não podia responder. É lógico que não!

Tarimbada, ergueu os olhos, deixando moldar um sorriso safado no rosto

perfeito, e o engoliu até o limite da sua garganta. Retornou devagar com a

língua quente, prendendo minha carne, dura e latejante, entre os dentes,

deixando-me alucinado.

Tão excitado e rígido, puxei-a para cima e a beijei, sôfrego, com uma

das mãos peregrinando sua boceta apetitosa, que estava louco para invadir.

- Preparada para ser fodida de verdade? - suspirei em seu pescoço.

Ela assentiu, arfando. - Seios lindos - elogiei, moldando as bases com as

mãos, e caí de boca. Degustei de um, depois do outro, curtindo seus gemidos

de prazer.

- Sonhei muito com este momento, Dr. Alessandro Ferrari -

confessou, embrenhando os dedos delicados em meus cabelos na lateral da

cabeça. À medida que eu mamava, deliciosamente, comprimia o bico

intumescido entre meus dentes. "Maravilhoso!"

- Então hoje é o dia da sua realização, linda. - Levei a mão ao ombro

ereto e a virei de costas para mim.

Durante o tempo que eu retirava a carteira do bolso do paletó e pegava

o preservativo, ela já se debruçou à mesa, empinando bem aquela bunda

gostosa na minha cara.

Peguei-o pela base e encaixei a glande, robusta e inchada, na entrada,

forçando.

- Oh, meu Deus! Oh, meu Deus! Oh, meu Deus! - Sendo preenchida

com meu afortunado, a mulher rogou, gemendo, pelo socorro do Pai Divino.

- Ele não pode te ajudar agora, gostosa... - Prendendo firme seus

quadris, eu metia afoito, com força. - Caralho! - rosnei, sendo abraçado

por aquele espaço quente e bom. Segurando-a pelos cabelos, eu comecei a

estocar fundo e potente, sem misericórdia, cada vez mais profundo.

- Eu já tenho a ajuda que necessito, um macho me invadindo toda.

- Gosta assim, princesa? - Penetrei o máximo, sentindo-a sacudir.

Ela apenas assentiu, se deliciando delirante no meu pau. Eu judiava do

jeito que elas curtiam.

Entre as bombadas, gemidos e palavras pervertidas, sentia as

contrações da sua vagina enlouquecendo-me, até que me lançou ao limite.

- Eu vou gozar, doutor! - reclamou, chorosa.

- Isso, goza gostoso comigo, linda. - Alternando o movimento de

lento ao rápido, retirava devagar e voltava a arremeter com vontade. Seu grito

estridente saía da garganta. - Você é gostosa pra caramba, Emma! - urrei,

louco.

Ambos suados e trêmulos, logo os jatos encheram o preservativo e, no

mesmo instante, ela se contorcia, gozando gostoso.

Ofegando, deitei meu corpo em suas costas trêmulas e suadas e fiquei

lá por um minuto, tempo suficiente para acalmar minha respiração. Então,

endireitei o corpo e me afastei para me vestir.

Puxei minhas calças quando ela, ofegante, se endireitou. "Doutor!" ela

exclamou, em plena realização, e levantou a mão direita até que as pontas dos

dedos tocaram meu peito, tateando a região com os olhos focados nos meus.

- Tudo o que ouvi ao seu respeito se confirmou. - Ergui as sobrancelhas,

especulativo. Curioso. - Digno de elogio, garante orgasmos longos e

inesquecíveis, a sensação foi incrível! Esta foda foi a melhor, tipo aquela bem

dada, que nunca se esquece.

- Gostei muito também. - Moldei seu queixo entre meus dedos e

puxei, selando seus lábios.

- Nem acredito que conquistei o homem mais cobiçado de toda

Flórida - sussurrou.

Apartei, abrindo um sorriso ressabiado com sua conversa

desproporcional.

- Sexo casual sem compromisso é tudo de bom! Não tem coisa

melhor do que desfrutar da intimidade um do outro sem aquela cobrança de

posse. - Joguei logo a real, antes de ela criar expectativas.

- Eu quero desfrutar muito mais. O que acha de sairmos hoje para

jantar?

Contraí meu rosto, descreditado.

"Será que ela está falando sério?"

- Hoje eu tenho um compromisso - menti. - Mas qualquer dia

desses te ligo pra gente marcar um motel.

Os olhos castanhos subiram ao teto com ela grunhindo, eu acho que

nervosa. E estava certo.

- Um relacionamento não pode se resumir apenas em sexo. - A frase

passou longe do cunho humorado.

"Ah, fala sério! A empresária está mesmo pensando em passar o Natal

e Ano Novo comigo?"

Não tinha uma alternativa melhor do que a sinceridade.

- Eu sou apenas um turista nas camas das mulheres, portanto não

espere nada de mim além de sexo duro e intenso.

- Mas... - começou, se posicionando firme, porém a interrompi,

pegando seu pescoço e trazendo seu rosto para mais perto do meu.

- Se está à procura de um relacionamento amoroso, eu garanto que

está investindo no cara errado. Eu só procuro sexo casual para satisfazer o

desejo da carne e a diversão.

Ela abriu a boca para rebater, quando meu celular tocou no bolso do

paletó cinza escuro. O toque especial, eu sabia se tratar da minha mãe.

Atendi rapidamente.

- Ligou em excelente hora! - E não estava mentindo. Fui salvo!

Emma permaneceu ali, nua, me observando na conversa.

"Onde eu fui me meter, céus! Esta é aquele tipo de mulher que fode

qualquer camarada."

- Meu filho! Você precisa vir o mais breve possível ao haras. -

Sorri, hesitante, pois a sua questão saiu com tamanha apreensão.

- Tudo bem por aí, mãe?

- Quando chegar aqui, vai melhorar. Eu preciso te ver, te abraçar -

suspirou tão emocionada, deixando-me também. - Eu e o seu pai

precisamos de você - murmurou com a voz embargada e pausou, respirando

profundamente.

Às vezes eu me sentia um egoísta da pior espécie. E tudo por causa das

marcas fúnebres do passado. O acidente ocorreu em Ocala, conhecida como a

capital mundial dos cavalos. Local onde se situava o Haras Fazenda da minha

família.

Chovia forte naquela noite, na verdade, caía um dilúvio, a violenta

tempestade alagou fazendas e estradas, deixando-as escorregadias. O

sentimento de culpa ainda me acovardava, somente uma vez por ano aparecia

em Ocala, e mesmo assim a visita era rápida. Isso não significava que me

afastei dos meus pais, já que eu recebia a visita da minha mãe com frequência

em Miami Beach.

- Irei com certeza, amanhã! Além de que começam as temporadas dos

leilões de cavalos. Também andei analisando a solicitação do papai sobre o

ajudar com os problemas financeiros do haras e cheguei a uma conclusão boa

para todos.

Era tradição meu pai promover leilão da raça puro-sangue inglês.

- A gente fala disso quando chegar aqui, por favor, não demore, meu

filho! Não demore! - repetia, muito aflita. Uma atitude atípica, considerando

que ela era a pessoa mais calma do mundo. Ergui as sobrancelhas, propenso a

especular, porém ela deu sequência muito rapidamente: - Sua presença aqui

é crucial.

- Fica tranquila, irei o mais rápido possível.

- Obrigada pela compreensão, meu querido! Sei bem o quanto é difícil para você se afastar da sua empresa, ainda mais em época de um

empreendimento tão importante em andamento, que, aliás, está de parabéns.

Eu me orgulho imensamente de você.

- Não precisa agradecer, mãe! Se tiver um voo logo cedo amanhã,

consigo chegar bem antes do almoço no haras, a tempo do leilão.

- Ah! Deus é Pai...

Sua comemoração soou empolgante até para mim. Aliás, se tinha uma

coisa que sempre amei desde minha infância, e minha irmã também amava,

eram os eventos anuais, aliás, ele era o motivo pelas minhas visitas uma vez

ao ano. A estrutura magnífica e a qualidade dos animais, ou seja, o parque de

exposição por completo, atraía interessados do mundo todo.

- Então larga tudo, meu filho, e corre pra cá. Estamos te esperando

com os braços abertos para aquele abraço gostoso. - Muito fofa, ela

desligou de imediato.

Desliguei o celular, rindo, com aquela sensação boa no coração.

- É muita coincidência! - exclamou Emma, atraindo meu olhar. -

Meu sonho é conhecer a capital mundial dos cavalos. Um convite simples já

é o suficiente para acompanhá-lo. - Elevei as sobrancelhas no mesmo

instante e os meus lábios se abriram, incrédulo.

"A minha suspeita foi confirmada. Ela pretende mesmo passar o Natal

e o Ano novo comigo! Que merda!"

- Talvez numa próxima vez! - Toquei em seu braço. - Há dois

banheiros no corredor. - Apontei. - Fique à vontade! - Poderia lhe dar

um beijo na face, mas não fiz, evitando confundir a cabeça dela.

Apressadamente me dirigi ao corredor e entrei no banheiro, fechando à

chave. Após toda a higiene, segui diretamente à minha ampla sala, com a

fabulosa vista para a Baía de Biscayne, proporcionada pela janela do chão ao

teto.

A urgência de analisar a grande pilha de relatórios sobre a minha mesa,

foi por terra quando bati os olhos no grande aquário repleto de peixes

coloridos, na parede à frente, ao lado da janela. O que não soava nada

inusitado, afinal, assistir a vida marinha, além de reduzir a tensão, contribuía

a desenroscar os pensamentos, quando se embananavam.

Mas reprimi a vontade de ir até o pequeno mundo aquático e caminhei

em direção à minha cadeira executiva.

Já havia escurecido quando finalizei o meu trabalho. Disquei para

passar as coordenadas à minha secretária.

- Senhora Robinson! - eu disse logo que ela atendeu. - Amanhã

vou viajar para Ocala e precisamos cancelar todos os compromissos da

semana.

- Eu cuido desta parte, senhor!

- Obrigado. - Quando ia desligar, ela chamou:

- Senhor Ferrari?

- Sim!

- Já que o senhor abriu espaço, vou aproveitar a oportunidade e

confessar que eu também acho o senhor muito GOS-TO-SO - ressaltou

pausadamente.

Grunhi rindo, pasmo, pensando que ali estava mais uma para a minha

coleção! Honestamente, esperava a cantada de qualquer mulher, mas nunca

da minha secretária, a pessoa mais retraída, discreta e séria que já conheci.

"Experiências novas, não deixam de ser interessantes!"

- Estou com pressa! - Desliguei e parti rumo a minha cobertura.

Logo após o jantar, tomei um banho restaurador e cai na cama. Ansioso

com a viagem, e com o som estrondoso dos trovões eu demorei a pegar no

sono. Olhei o relógio sobre o móvel de apoio ao lado da minha cama, os

ponteiros indicavam onze horas da noite. Tentei relaxar e logo adormeci.

***

O avião pousou no aeroporto de Gainesville, na Flórida às 10h30 da

manhã e aluguei um veículo sedan de luxo preto.

Suspirava, contemplando a bela paisagem em torno, nem o céu

acinzentado ofuscava a beleza da região.

"Sinto saudades daqui!". Como curtia bastante snorkel e mergulho, o

lugar era meu favorito por possuir belas fontes de água doce.

Percorrido cinquenta minutos, o céu já carregado começou a ficar negro

rápido. O vento forte e uivante até balançava o carro que, de repente, morreu.

- Caramba! - praguejei, seguindo para o acostamento. Peguei meu

celular no banco ao lado. - Sem bateria! - rosnei, raivoso.

A sorte era que estava próximo a um posto, onde havia uma oficina

mecânica, cujo proprietário era um amigo meu. Desci do carro, sendo

agraciado pelo vento frio da porra!

- CARALHO! - reclamei, encolhendo meu corpo, e saí a passos

largos e apressados, na tentativa de me aquecer pelo menos um pouco.

Alguns metros de caminhada pesada e cheguei ao estabelecimento.

Jonas, vestido em seu macacão, que um dia foi azul, naquele momento

todo manchado de graxa, estava deitado no chão, com a cabeça debaixo de

um veículo, fazendo manutenção.

- Será possível encontrar algum mecânico que preste nesta espelunca?

- indaguei, rindo.

Ouvi sua risada, é claro que reconheceu a minha voz.

- Eu já o esperava por aqui - respondeu, conforme se levantava.

Havia graxa em todo o rosto e nos cabelos loiros.

- Por acaso eu já faltei em algum leilão promovido pelo haras da

minha família?

Concordou num leve movimento de cabeça.

- Seria muito injusto de sua parte ficar de fora de um momento

importante para o seu pai.

- Verdade! E estou superatrasado. O carro da locadora quebrou a

alguns metros daqui, nem vou ligar para o seguro. Não teria um possante para

me emprestar... - Um trovão ensurdecedor rompeu minha explicação e um

raio cortou o céu escuro, descendo ao solo em seguida.

Jonas ergueu os olhos azuis ao céu e montou uma careta daquelas.

- Talvez seja mais apropriado aguardar um pouco, parece que a

tempestade não será brincadeira, não.

- Qual é, cara! - Bati levemente em seu ombro. - Esqueceu-se de

que nasci aqui? Conheço tudo de tempestade.

Ele deu de ombros, nitidamente discordando.

- Bem, o possante que você gostaria não tenho, mas sim, o meu

velhinho que pode usar. O motor anda gritando por socorro, mas acredito que

possa te ajudar a chegar antes da tempestade. - Pausou, erguendo os olhos, e

grunhiu em dúvida. - Eu acho! E quanto ao carro alugado, darei um jeito de

rebocar.

- Valeu, cara!

Ele me levou até a garagem atrás do posto e entregou a chave de um

sedan meio capenga. No entanto, serviria para chegar ao meu destino.

***Percorrido metade do trajeto, o vento resolveu pregar o terror.

- Eita, porra! - praguejei, ressabiado. Sem nenhuma estabilidade, o

carro chacoalhava tanto que assustava.

Instintivamente, em medida de proteção, apertei meus dedos ao redor

do volante e pisei fundo no acelerador. Torcia para a iminente tempestade

segurar sua onda, afinal, em menos de dez minutos estaria no haras.

Tão logo finalizei meus pensamentos, a chuva veio forte e carregada de

raios brilhando no céu.

- Me ferrei! - admiti, curvando-me sobre o volante. As camadas de

nuvens negras e tenebrosas encobriam o céu quando, de repente, o tufão

atravessou a nuvem e veio descendo em direção ao solo. Arregalei os olhos.

- FO-DEU!

Pisei até o limite no acelerador, com a cortina densa de água caindo,

prejudicando a visibilidade. As árvores, perigosamente, curvavam-se para a

estrada. Com o estresse tomando conta, eu desviava de uma e de outra.

Por sorte, finalmente venci, deixando-as para trás, mas não muito.

Ainda existia o risco.

Como no dia do acidente com a minha irmã, as águas inundavam a

estrada, e também minha cabeça com pensamentos sombrios.

"Terei muita sorte se sobreviver sob a tempestade com esta velharia."

- Vai, carro, vai... - insisti, notando pelo retrovisor aquele funil de

nuvem preta aterrissando no solo e arrastando tudo que encontrava pela

frente, até carros eram prejudicados.

Congelei, presenciando as enormes árvores pajeando a pista, sendo

arrancadas, desenraizaram mesmo com o tornado abrindo caminho. Elas

bloquearam as estradas. O fenômeno meteorológico causava uma destruição

de proporções avassaladoras.

Chegando em frente ao portão de ferro, encontrei-o entreaberto. O

porteiro não estava em sua cabine. Os trovões retumbavam e o perigo

rondava quando adentrei pela estrada de terra, margeada pelas árvores

agitadas; altas, elas se curvavam como as da pista.

Alguns metros adiante, iniciaram as cercas de madeiras pintadas de

branco. Nas laterais, onde se via um vasto pasto verde, agora estava tomado

pelas águas, que subiam, assustadoramente. A estrada à frente não estava

diferente.

Sem alternativa e hesitante, virei à direita, pegando uma estradinha de

pedregulho. Além de servir como atalho, um percurso mais longo, que daria

em frente à casa sede, era o caminho onde ficava a cabana de madeira rústica,

que minha irmã e eu passávamos muitas horas por dia em nossos projetos de

engenharia. O local fora conservado em memória dela, mas confesso que

evitava o lugar, pois as lembranças acabavam comigo.

Aquela área era a única que a água ainda não havia invadido, e seria

por um curto período, com o volume despencando do céu, sem tempo para

escoamento.

Afundei o pé no acelerador, exigindo o máximo do capenga do Jonas.

Naquele instante uma rajada de vento balançou o carro, ao mesmo tempo em

que algo atingiu o vidro lateral. Pisquei para proteger meus olhos e, ao olhar

o local atingido, eis que ao longe avistei aquela mulher.

Não tinha certeza, mas ela parecia embriagada, pois cambaleava de um

lado ao outro e levava uma garrafa na mão. Logo, ela ergueu os braços acima

da cabeça, parecendo querer se equilibrar, mas não deu certo. Caiu junto com

a garrafa. O preocupante foi que o rosto afundou numa poça, ainda rasa, de

água, e ali, sob a chuva torrencial, ela ficou imóvel.

"Merda!". Girei todo o volante, mudando meu percurso.

O agravante que, por ser uma parte baixa, a água subia rapidamente,

atingindo o motor do carro, que começou a falhar e, de repente, apagou tudo.

- Meu Deus! - Desesperado, abri a porta e as águas da enchente

adentraram no interior do veículo.

Descendo ligeiro, enfrentei o alagamento, chegando na altura dos

joelhos. Mas estava aliviado por ela estar num lugar mais alto, onde ainda

estava raso. Corri o máximo que pude e caí de joelhos ao seu lado,

desesperado para liberar seu rosto das águas e assim ela poder respirar...

- Moça? Moça! - Quando passei meus braços ao redor do seu

tronco, paralisei por um segundo. Foi como ter levado um choque tão forte, a

ponto do meu coração disparar. A garota mais parecia um fio elétrico

desencapado, em contato com a água fria. "O que foi isso?". Balancei a

cabeça, a fim de dissipar aquele estado, e me curvando sobre ela como um

escudo, protegendo-a da chuva, ergui-a. - Você está bem? - perguntei,

ainda aflito.

- Me diz você - murmurou, elevando seu braço até as pontas dos

dedos delicados afagarem minha barba.

Hipnotizado por aquele ser meigo e belo entre meus braços, arrepiei-me

da cabeça aos pés com a carícia.

Com um olhar, castanho e brilhante, cravado no meu rosto, abriu um

sorriso preguiçoso nos lábios grossos. Em seguida se aninhou em meu peito,

sem que seus olhos me abandonassem. O rosto de traços graciosos, quase

angelicais, estava encoberto por alguns fios de cabelos castanho-escuros

molhados. Afastei-os da face, notando alguns vestígios, acho que de vinho,

em sua pele.

"Linda", pensei, tendo uma total dimensão do quanto sua expressão era

suave, serena, incrível!

- Por acaso eu morri?

- Não. Você não morreu, está bem viva! - Ao ouvir minha voz, as

pálpebras fecharam por um instante e voltaram a subir lentamente. - Mas é

uma garota de sorte por eu estar passando por aqui.

A chuva torrencial intensificou. As águas ascendiam e a correnteza,

mais um pouco, nos carregaria.

- Precisamos de um abrigo!

Olhei ao redor em busca de uma cobertura, qualquer coisa que pudesse

servir para nos proteger da inundação, pois a coisa pioraria com certeza.

Pensei na cabana do outro lado, mas o momento não estava propício. A única

opção, embora arriscada, era uma grande e frondosa árvore, no máximo a

duzentos metros.

- Vem comigo!

Levantei-a, colocando de pé.

- Consegue andar?

Totalmente alheia ao perigo, ela plantou um sorriso singelo enquanto

negava com a cabeça.

- É claro que sim, não sou uma inútil! - por mais que tentasse ser

durona, apenas balbuciou, e ainda com as pernas ameaçando se dobrarem.

O cheiro de vinho exalava dela.

- Exagerou na bebida, garota!

- Não é da sua conta! - A malcriada dava indícios de estar

recuperando o equilíbrio.

- Então me acompanha, rápido. - Ignorei a estupidez e saí correndo.

Senti sua falta ao meu lado. Virei-me e lá estava a bela garota caminhando a

passos de tartaruga, e a água não parava de subir. - CARALHO!

Sem muito tempo para aguardar, analisar ou repreender, eu retornei e,

sem pedir permissão para nada, segurei em sua bunda e suspirei, nutrido por

uma sensação prazerosa ao sentir o vestido de malha grudado na pele.

Recuperei-me rápido da sensação e impulsionei seu corpo, jogando-a em meu

ombro.

- O que está fazendo, seu maluco? - Batendo em minha bunda,

protestava, esperneando.

- Salvando a gente! - respondi, abraçando forte suas pernas,

precavendo dos seus pés acertarem as minhas bolas.

E caminhei com ela na maior tribulação, vencendo a corrente

abundante em direção à árvore.

Não havia outro jeito, senão agarrar o tronco para não sermos

arrastados pelas forças das águas. Coloquei-a de frente para a árvore.

Entendendo finalmente a gravidade, ela abraçou o tronco, mas a forte

correnteza superava as de suas pernas.

- Merda! - resmungou num tom apavorado, quase se soltando.

Posicionei-me atrás dela, nos prendendo à árvore, no intuito de evitar

que ela fosse arrastada.

- O-o que está fazendo, cara? - advertiu-me, empinando a bunda

dura contra meu corpo, interpretando erroneamente o meu ato.

A atitude provocativa acordou quem estava sossegado.

- Se pretende sobreviver e não morrer afogada, aconselho a ficar bem

quieta! - falei, apoiando o queixo sobre seu ombro, e fechei meus olhos,

todo arrepiado, sentindo suas costas inflarem com a respiração profunda.

Também respirei fortemente, buscando equilíbrio com ela colada a

mim. Era como senti-la na pele, devido à roupa fina grudada no corpo

escultural. O frio deu lugar a um calor abrasador. Engoli duro, sobrepondo o

momento excitante, e abracei o tronco com mais força. E, claro, esmagando-a

contra ele, o meu tarado eufórico dentro das calças me constrangia, porém

não tinha controle sobre ele.

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Romance

5.0

"O amor esbarra em você nos lugares mais estranhos." O casamento não estava na agenda de Marcus, que aproveitou a vida como o solteiro mais cobiçado até que sua família começou a pressioná-lo. Depois de um tempo, ele não teve escolha a não ser se casar com uma mulher que nem conhecia. Seu amigo brincou: "Que sorte! Sua esposa deve ser muito linda." Quando Marcus pensou na mulher que dormia usando máscara, seu sangue ferveu. Será que sua esposa era linda? "Cale sua boca! Ou darei ela para você!", ele gritou. Marcus pensou que teria uma vida miserável, no entanto, sua vida de casado acabou sendo exatamente o oposto. Todos estavam curiosos, inclusive seu melhor amigo, que perguntou novamente: "Sei que você não gosta de falar sobre sua esposa. Mas você pode me descrever exatamente como ela é? Por que ela sempre usa máscara?" Dessa vez, os lábios de Marcus se curvaram em um sorriso. "Ela é linda e adorável. Olhe para baixo toda vez que ela aparecer. Se eu descobrir você olhando para ela, vou fazer você perder a visão." Ouvindo isso, todos engasgaram e olharam para Marcus como se ele fosse um louco. Um dia, sua esposa de repente fez as malas e declarou: "Não posso mais fazer isso. Já estou farta da sua humilhação. Por favor, vamos nos divorciar!" Essas palavras atingiram Marcus como um raio. Ao ver o olhar sério dela, ele a abraçou e implorou: "Querida, por favor, não me deixe. Prometo cuidar de você melhor. E se você quiser, posso até dar o mundo inteiro para você. Fique comigo!" E assim, o casal entrou em uma nova etapa.

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Não te deixarei partir
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Capítulo 1 PRÓLOGO

12/08/2023