Noiva por contrato - Bella mia(série: Destinos entrelaçados)
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Lágrimas da Luna: Dançando com os príncipes licantropos
Quando se é criada em uma gaiola de ouro, como eu fui, as coisas fora da gaiola tornam-se mais interessantes. Você se pergunta o que há lá fora, e quer viver tudo que puder viver. Mas existe um limite bem demarcado, e você jamais poderia ultrapassá-lo. Este limite, para mim, é a posição social do meu pai.
O presidente do país, e um dos homens mais ricos da cidade, se não o mais rico. O tipo de cara que ama apenas seu dinheiro, e, eventualmente, sua única filha. Há quem diga que ele preferiria ter um filho, mas se contentou em ter uma garota e poder moldá-la de acordo com sua vontade.
Eu não o culpo. Sei que as regras são mais rígidas para pessoas como nós. Mas, as vezes, eu gostaria de não ter nascido como uma Donneli. Mesmo depois da maioridade, as regras não mudam.
- Srta. Campbell – Peter chama.
Ele é meu motorista desde que eu me entendo por gente. Com seus cabelos grisalhos, bigode bem-feito e pele levemente enrugada, ele deve estar trabalhando para minha família desde que era um garoto. Mas, claro, eu nunca perguntei. Que Deus livre meu pai de ter sua filha conversando amenidades com o motorista.
- Sim – respondo.
- Chegamos – ele diz, e algo em seu tom me faz perceber que ele já disse isso outras vezes, e eu apenas não ouvi.
Eu olho para fora da janela fechada. Estamos no Bronx, um dos bairros mais pobres de Nova Iorque, diante de um dos inúmeros prédios abandonados. Os tijolos são visíveis, e algumas plantas crescem ao redor da construção sem vida.
Minha mãe era responsável por uma organização que reconstruía construções abandonadas e destinava aos moradores de rua. Quando ela faleceu, seus projetos foram deixados de lado. Meu pai era ocupado demais para cuidar disso, então, no ano passado, eu decidi dar continuidade. Este é o primeiro prédio no qual quero trabalhar.
Marcos é meu segurança pessoal, e está ao lado de Peter no banco passageiro. Ele desce do carro e abre a porta para mim, mas não antes de verificar ao redor do perímetro.
Não surpreendentemente, há um carro atrás e afrente do nosso, com quatro seguranças em cada. Todos descem e montam guarda ao redor do prédio.
- O prédio foi revistado nesta manhã, senhorita – Marcos informa.
Eu sei que, para Marcos, o melhor seria que eu nunca colocasse os pés no Bronx. No entanto, apesar de aceitar todas as ordens que diariamente ele repete para minha segurança, gosto de ser uma adulta com vontade própria.
Marcos lidera o caminho para dentro da construção de vinte andares. Estou certa de que ele conhece tudo como a palma de sua mão. Eu o sigo.
Subimos os poucos degraus até a porta de madeira da entrada, que está apodrecendo. Marcos abre e segura a porta para mim. O lado de dentro é ainda mais miserável do que o externo. Há um corredor extenso, com uma escada no final e quatro portas nas laterais.
Sem esperar por Marcos, caminho até a escada e começo a subir. A escada não tem iluminação, e rapidamente sinto falta do dia ensolarado lá fora. Os degraus estão sujos, mas graças a Deus eu optei por tênis e calça jeans, assim não preciso me preocupar com minha roupa.
- Srta. Donneli – Marcos chama minha atenção para que eu o espere, no entanto, ignoro. Ele pode me alcançar se correr um pouquinho.
Chego ao segundo andar e tenho a opção de explorá-lo ou continuar subindo. Escolho a segunda, afinal, são vinte andares, e estou curiosa para ver o terraço. Dizem que este prédio tem uma visão privilegiada, por ser um dos mais antigos no gueto.
- Srta. Donneli – Marcos grita, e percebo que sua voz está ficando distante – Os últimos andares não são seguros!