O caminho para seu coração
A proposta ousada do CEO
Noiva por contrato - Bella mia(série: Destinos entrelaçados)
Minha assistente, minha esposa misteriosa
Uma noite inesquecível: o dilema de Camila
Acabando com o sofrimento de amor
A ex-mulher muda do bilionário
A esposa em fuga do CEO
O retorno chocante da Madisyn
A Segunda Chance com Meu Amor Bilionário
A primeira coisa que fiz quando tive minha primeira arma em minha mão, foi procurar por Josué.
Cacei ele igual se caça agulha em palheiro. Procurei, perguntei para os poucos vizinhos que ainda moravam no mesmo lugar, da minha antiga casa. Mas nada. O cara simplesmente tinha evaporado no ar. Sumido do mapa.
Ainda no Jacarezinho, comecei de baixo, como vapor. Dava meu melhor. E mesmo nessa missão, nunca deixei de acompanhar o crescimento de Renata, mesmo de longe.
Ela crescia devagar, aos poucos, ultrapassando um obstáculo todos os dias. Gabriela continuava estudando, levava a menina consigo para as aulas, durante o dia ou trabalhava no sinal ou vendendo bolo na rua.
Ela estava sempre se virando. E isso me dava um orgulho da porra dela, mais pela mãe que ela havia se tornado.
Uma vez sem ela fazer, encomendei três bolos. Fiz com que uma conhecida comprasse no meu lugar e a surpresa de Gabriela ao ouvir a quantidade de bolos, nenhum dinheiro comprava; Sem antes mesmo de comer, já sabia que estavam ótimos, lembrava de uma certa forma, os bolos de fubá que minha mãe fazia em tempo chuvoso.
Neste período, antes dos dezoito, acabei indo parar na Fundação Casa.
No primeiro dia em que cheguei lá, novato e sem conhecer ninguém, os meninos mais velhos que já estavam ali, a mais tempo que eu, embaçaram para meu lado.
Nunca fui muito bom de briga, o que sabia era apenas o básico, mas os primeiros minutos que estavam me batendo pareceram ser os mais longos.
Não tinha como me defender, já que eram cinco contra um. E meu corpo nada atlético, não ajudava muito naquela época.
Ouvindo meus pensamentos naquele momento, Deus mandou alguém.
Essa pessoa conseguiu bater em três, antes de ser atingindo pelos outros dois e acabar nós dois apanhando.
Quando a sova acabou e todo meu corpo doía de uma forma indescritível, olhei para o menino de pele parda e cabelo cacheado do meu lado, olhando com atenção seu estado.
Estava com o nariz sangrando e um olho visivelmente roxo, além do lábio inferior inchado, lembrando uma picada de abelha.
De um instante para o outro, comecei a rir e dessa forma, ele também.
- Qual seu nome? - pergunto quando o riso começa a passar.
- Marco. E o seu?
- Gael.
Ele assenti ainda sorrindo.
Os poucos meses que passei na Fundação Casa, conseguiram ser um pouco pior do que o orfanato. Mas pelo menos, tinha Marco por perto, não apanhava sozinho e sempre compartilhávamos os mesmos sonhos contendo dinheiro.
Aquela era quarta passagem dele por ali, fora as prisões.
Acabou que sai mais cedo dali com a promessa da gente se encontrar quando ele saísse.
Voltando para o Jacarezinho, tudo parecia normal, como se tivesse apenas ficado dois dias fora.
Até que chegou o dia que nunca achei que nunca chegaria.
O dia que tive que ir embora do Jacarezinho, por decisão da minha “tutora”. Não queria ir não mas, ali, sempre por perto e ajudando Gabriela do jeito que dava, o meu segredo estava correndo risco. Renata estava correndo risco.
Acabamos nos mudando para o Complexo do Alemão, tive que pedir autorização para entrar na área, já que eu era novo no pedaço e por causa do meu trabalho, podia ocorrer algum conflito. Por sorte, éramos todos parceiros, irmãos da mesma facção.
Continuei como vapor por mais algum tempo, até que subi mais um nível. Me tornando soldado.
Até aquele momento, nunca tinha matado ninguém. Mesmo me imaginando inúmeras diversas vezes, matando Josué de todas as formas possíveis.
Quando me vi em meio a uma guerra por causa de território, me senti completamente um peixe fora d’água, me questionei enquanto tentava me proteger, se aquela era a vida mesmo que queria para mim.
Mas que vida além daquele tinha como opção?
Não conseguia pensar numa vida diferente. Mesmo o sonho de menino ainda estando fresco na minha cabeça. Queria ser médico, cuidar e salvar a vida das pessoas. Só que no pais que eu morava, para se formar doutor, tinha que ter uma mente pica, se matar em estudar e passar em primeiro em tudo.
Um dia voltando para casa, me surpreendi quando quase não reconheci a frente da casa.
- Que porra é aquela lá fora? - A fachada da casa havia sido pintada completamente de vermelho. Não era um vermelho opaco, mas um vermelho vivo. Quase se igualando a sangue.
Em frente da televisão, Jô lixava as unhas.
- Vou abrir um bordel.
- Por quê?
- Por quê as pessoas trabalham, Gael? - rebate ainda sem me olhar.
Só mais tarde fui descobrir, que aquele não era o primeiro bordel dela e que ela já havia sido detida por aliciamento de menor. Por não ter provas o suficientes, concretas, ela acabou sendo solta.
E é claro que essa experiência não valeu de nada.
A casa aonde até então eu dormia, começou vagarosamente a ser habitada por meninas de quase todas as idades. Começando dos 14 e indo até seus vinte e poucos anos.
Vinham de toda parte. Uma mistura de raças e características únicas, iludidas por um futuro melhor, aonde trabalhariam no emprego dos sonhos.
Muitas vezes, passei a noite em claro, ouvindo choros ou as surras que Jô dava naquelas que queriam simplesmente ir embora.
Isto começou a me incomodar e foi o principal motivo de querer ir embora.
No dia de ir embora, Jô me confrontou:
- Vai embora por quê? - Continuo arrumando as poucas roupas que tinha numa mochila - Não vai responder não, Gael?! - Ela puxa a mochila com força da minha mão.
Olho dentro dos olhos dela com o maxilar travado.
- Ser preso por droga até que vai lá. Mas por isso que você tá fazendo aqui dentro, tô fora.
- Não sou a primeira e nem a última pessoa que faz isso!
- Tô nem aí pras outras pessoas. Cada um sabe o quê faz.
Ela estreita os olhos, pressionando os lábios com força.
- Você é um hipócrita filha da puta! Um ingrato! - Ela grita - Devia ir embora daqui só com a roupa do corpo! - Ela joga a mochila em mim, espalhando algumas peças de roupas sob a cama.
- Se faz tanta questão, fica pra você - Jogo a mochila de volta nela, saindo do quarto em seguida.
Quando saí da casa de Jô, com dezoito anos, achei que nunca mais teria que dar satisfação alguma da minha vida. Já que não dependia mais dela.
Passei para responsável pelas armas mais rápido do que imaginei. Todo o armamento do morro, ficava sob minha responsabilidade.
Patamar que muitos não chegavam por falta de confiança.
De alguma forma, entrava no conhecimento todas as mina com qual tinha algum movimento e todas essas levavam uma enquadrada dela depois.
No início, fingi que nada tava acontecei. Tentei ignorar, mas a cada vez, Jô ficava mais agressiva, chegando ao ponto de agredir.
Quando fiquei sabendo que a menina que tava ficando, havia levado uma surra dela, não pensei duas vezes e fui atrás de Jô.
Algumas meninas do seu bordel, me olha confusa, quando entro de repente na casa, a procurando no andar térreo, até que a encontro na cozinha, tomando café da manhã sozinha.
Dominado pela raiva, pego a xícara da sua mão e jogo na parede, sentindo os cacos de porcela contra as minhas costas quando encaro Jô.
- É melhorar parar de fazer o quê tá fazendo. Pra na próxima vez, não ser sua cara - digo entre dentes.
- Está falando daquelas vagabundas que você trepa? - pergunta erguendo as sobrancelhas - Um homem como você, não devia se relacionar com aquele tipo de mulheres.
- Ah, não. E com que tipo de mulher tenho que me relacionar? - pergunto sarcástico.
- Mulheres como eu - Franzo o cenho - Com algumas que tem aqui no bordel.
- Nem fudendo - digo sem pensar - Não sou o Rubinho que vive te comendo não.
- Rubinho gosta daquelas que tem experiência. Que sabe o que está fazendo e sabe dar prazer.
- Bom pra ele - digo andando para a porta.
- Vou fazer coisa pior, se continuar a sair com aquelas mulheres - diz num tom ameaçador, que me faz parar de andar de imediato.
- Tá comprando briga com a pessoa errada.
- Sei o que estou fazendo.
- Não! Você não sabe e para de tentar ser minha mãe! - Elevo a voz, me virando para ela. Notando que a mesma já estava de pé.
- Não quero ser sua mãe. Quero ser mais do que isto, quero ser sua mulher.
- Vai meter o louco no inferno.
- Gael...
- Para, porra!! - grito empurrando ela com força para longe. A mesma quase perde o equilíbrio e se espatifa no chão.
Não tinha noção de onde ela tinha tirado aquelas ideias. Mas era bom ela começar a esquecer.
Sou empurrado de repente para o lado, com força, o que me faz quase perder o equilíbrio, batendo o lado do corpo no armário. Quando me viro naquela direção, me dou de cara com Rubinho.
- Empurra ela de novo pra tu vê - diz ele com o dedo indicador apontado para mim.
- Fica na sua que não é com você.
- Se quer dar de homem, por que não dá pra cima de mim?! - Rubinho rebate, se colocando na frente dela.
Forço uma risada incrédulo com o que estava vendo.
Não era para estar me sentindo daquele jeito, não depois de tudo que havia presenciado na companhia daqueles dois. Das noites longas de sexo e o fato de me fazerem participar mesmo quando não queria, colocando drogas em bebidas.
Os dois juntos, eram mais do que tóxicos.
- É tão ruim assim ela querer que nós três fiquemos juntos? - Ele questiona.
- Vão pro inferno - digo sério, olhando cada um separadamente - Vocês dois.
Esperava que depois daquela conversa, de ter deixado claro tudo que sentia a respeito daquela situação, fossem me deixar em paz, principalmente Jô, com toda aquela vigilância gratuita sobre mim.
E por um tempo, parou. Mantinha uma distância saudável, mesmo com Rubinho começando a trabalhar no morro. Fazia minha parte e para mim, era só isso que importava.
De responsável pelas armas, passei rapidamente para gerente do preto, onde ficava responsável por toda maconha do morro, depois disso fui para gerente do branco, onde toda a cocaína ficava sob minha responsabilidade.
Fui conquistando meu lugar no morro, com amizades, favores. Subindo um degrau de cada vez, sem pisar ninguém, ajudando principalmente moradores como a minha família, que não tinha ninguém por eles.
Dessa forma, enquanto alguns me odiavam, pelo fato de colocar ordem em tudo e querer X9 bem longe dali, outro já cultivavam algum tipo de afeição por mim.
Quando cheguei no posto de gerente geral, não foi muita surpresa para mim, mas para Rubinho, que continuava como vapor. Eu administrava todas as bocas, todos os faturamentos tinham que passar pela minha mão antes de chegar no sistema.
E quando o Maikão foi morto pela polícia, no próprio morro, acabou que sendo o próximo na linha de sucessão do morro, me tornei o dono do morro. Da boca, para ser específico.
Acima de mim, só tinha Deus. E dali em diante, era minhas regras que tinham que seguir.
A promessa que fiz a mim mesmo, de ser temido por todos, se realizava aos poucos diante dos meus olhos.
As pessoas quando falavam comigo, não me olhavam nos olhos. Mantinham o olhar sempre baixo, em sinal de respeito ou por medo mesmo.
- Tu chegou onde quis, não é mermo? - Rubinho pergunta um dia, ao me encontrar no alto do morro.
Continuo olhando todas as favelas de cima, ignorando praticamente sua presença.
- Graças a mim mesmo.
- Esqueceu que se não fosse eu, não estaria nessa vida? - diz cheio de marra.
Olho para ele por cima do ombro, estreitando os olhos.
- O quê é que você quer?
- Um posto na altura. Não nasci pra ser vapor não, ficar trabalhando nesse sol quente - Me viro para ele, me encostando no muro baixo, cruzando os braços sob o peito.
Assinto devagar, fingindo estar concordando com o quê dizia, quando realmente acreditava que se uma pessoa quisesse algo, que precisava correr atrás, realmente merecer.
E este nunca foi o propósito de Rubinho.
No tráfico, ele conseguiu mais inimigos do que aliados por causa da sua ganância desenfreada que, uma hora ou outra faria com que a conta chegasse para ele.
- Vou te deixar como gerente das armas - murmuro.
- Não - diz sem hesitar, fazendo com que franzisse o cenho - Quero ser gerente geral.
Quero ser, repito em minha mente, erguendo uma sobrancelha.
- Não posso colocar qualquer um como gerente geral.
- Não sou qualquer um - diz com o maxilar travado, se aproximando, colocando uma mão em meu ombro - Sou teu irmão - Olho para a mão dele no meu ombro, voltando a olhar para ele - E aí? Vai deixar ou não?
A probabilidade de Rubinho querer fuder meu comando, era grande. Devido a uma lista de motivos.
Mas havia um ditado que sempre me fez sentido: “Mantenha seus amigos por perto e seus inimigos mais perto ainda”.
Bastava descobrir que Rubinho era meu amigo ou meu inimigo.
Sorrio de repente.
- Claro que vou - Estendo minha mão para ele, que não hesita em apertar - É meu irmão - As palavras soaram vazias em minha boca, mesmo causando um sorriso de orelha a orelha em Rubinho, que aperta minha mão com vontade.
Nos dias que se seguiram, Rubinho começou a mostrar eficiência. Trabalhava duro e mantinha tudo em ordem, inclusive aqueles que saiam da linha.
Um dia, fui comunicado que o Nem da Rocinha estava no Complexo do Alemão. Até então, só havia ouvido falar daquele cara pelas bocas dos outros e nunca tinha visto ele pessoalmente, entretanto, minha surpresa foi maior, quando fui ao encontro dele e vi que se tratava de Marco.
Sem dizer uma palavra fui até ele e o abracei. Era como se estivesse vendo um parente meu ou algo do tipo, já que tinha ele nessa conta.
- Nem da Rocinha? - pergunto com as duas mãos nos ombros dele.
- Sabe como é. Tem que fazer por onde - Ele olha ao redor, principalmente para os soldados em minhas costas, a poucos metros de onde estávamos - Dono do Morro?
Sorrio.
Quatro anos haviam se passado, desde a última vez que nos vimos mas, não havia mudado muita coisa.
- Tem que fazer por onde.
Ele sorri, me abraçando.
Assim como eu, começando de baixo, sendo preso e indo parar na Fundação Casa, Marco começou por baixo, conquistou tudo o que tinha.
Tínhamos algumas coisas em comum, como por exemplo, a família que foi destruída por alguém.
Apesar de ter tudo que um dia quis quando era criança, ainda me faltava alguma coisa, havia um vazio crescente dentro de mim. E esse vazio, tinha dois nomes: Renata e Carlos.
Renata por não poder sempre estar por perto, acompanhar seu crescimento e Carlos, por não ter conseguido ainda fazer vingança por ele. E acreditava que nunca poderia, já que com todo o dinheiro que tinha, não conseguia encontrar o maldito que havia matado ele.
Por causa disso, me tornei cada dia mais ranzinza, mau humorado. A raiva por não conseguir o que mais queria naquele momento, me consumia.
Sabia que estava completamente fora de cogitação me aproximar de Gabriela. Não depois do que fiz do jeito que fiz, completamente diferente do que ela esperava.
Até aquele momento, achava que nunca mais me apaixonaria.
Até que a vi um dia num dos baile funk que teve no morro.
Estava na cara que ela não era dali.
O jeito com que se destacava e olhava tudo e todos, como se fosse algo exótico. E pelas roupas, podia se dizer que aquele lugar que eu estava habituado, era algo completamente diferente do que ela estava acostumada.
Foi então que sem pensar duas vezes, me aproximei.
Sem dizer nada, a seguro pela nuca e a beijo.
Com poucos segundos nos beijando, ela começa a segurar meu braço com força, mostrando o quanto estava gostando.
Ela pressiona o corpo contra o meu, para ser mais exato da minha ereção que estava gritando dentro da minha cueca.
Estava começando a cogitar a ideia de levá-la para casa, quando gritos faz ela se afastar de mim e ir até a amiga que estava brigando com outra menina.
No meio de toda aquela confusão, acabei tendo que resolver outro problema no morro e a perdi completamente de vista. Já que quando voltei para o baile, não a encontrei.