icon 0
icon Loja
rightIcon
icon Histórico
rightIcon
icon Sair
rightIcon
icon Baixar App
rightIcon
Ser Humano: Contos sobre o que nos faz humanos

Ser Humano: Contos sobre o que nos faz humanos

icon

Capítulo 1 Esther

Palavras: 8808    |    Lançado em: 02/06/2024

em da

es é mera coincidência. A classificação indicativa dessa obra é recomendada para maiores de 18 anos. Esper

ações que podem gerar gatilhos men

_______________________________________________

lia era muito apegada à vida eclesiástica, cumprindo todos os ritos com extrema rigidez. Toda a infância dela se resumiu aos seus pais obrigando-a ou forçando-

fingindo que estava prestando atenção no homem engravatado e bem alinhado falando sobre os próximos eventos que ocorreriam na igreja e que demandaria apoio de todos os membros para que tudo funcionasse da melhor maneira possível. Quando finalmente, a reunião chegou ao fim e todos foram dispensad

e é Daniel! Q

- ela respond

daqui? Nunca tinha

trazem… q- quer dizer,

foi no nosso grupo de e

é isso? - Esther s

gem da Bíblia. É bem legal porque a gente tira muitas co

para ela. Ela começou aos poucos a se distanciar dos jovens daquele grupo, aquilo havia se tornado algo maçante, como se ela não se encaixasse naquele local e que estava al

ar o que pensava, já que sabia que seu pai sempre falaria algo para ela em tom prepotente, como quem estivesse dando sermão sobre o “certo” e o “errado” e como ela sendo uma adolescente cristã deveria se portar. À sua mãe, cabia a tarefa de “moldá-la” conforme os padrões da igreja exigiam, saias longas ou abaixo do joelho, camisetas e/o

que, na cabeça de sua mãe, a moda era uma das artimanhas do demônio para que as mulheres seduzissem os homens. Quando Esther tentava expressar sua opinião contrária ao pensamento de sua mãe, ela era hostilizada de forma que seu pai, não raras vezes, utilizava-se do recurso “apanhar para aprender”, já que nas p

niel, o jovem que a convidou para o grupo de

ros, Esther? Estamos tendo debates m

ça em direção ao chão - Vocês me pediam pra falar e eu… não

se? A gente não ia forçar você! - Esther levanta a cabeça e olha s

u não - ele esboça um leve sorriso e olha para ela. Esther continua a olhá-lo, sem esbo

iu. Chegou ao seu quarto, tirou aquelas roupas pesadas e desconfortáveis, colocou um pijama leve e deitou-se. Fechou os olhos por alguns minutos. Se sentia estranha, não sabia como. Veio a imagem de Da

icação de mensagem do seu celular. Sua melhor amiga e confidente des

? Não manda mais mensagem pra

spondi mais cedo porque meus pais n

s insistem nisso? Eles não v

nunca vão me deixar em

udades de você, miga! Podemos pensar sobre o seu

Eu sup

aqui, miga! At

mar rapidinho e log

ojis feli

r pretos surrados. Passa pela sala onde seus pais estão e avisa que vai passar na casa da Madu. Eles permitem, ela

de! Essa amiga dela não é flor que se

, mas o que vamos fazer? Não podemos cont

ria tanto que ela fizesse amizades por lá! Não entendo essa resistên

ha! Pra que ela não se perca e não ceda às tentações desse

o líder! Vamos falar a ele toda a n

a vida secular e espiritual da família, cujo nome era Oséias. Como sabiam que ele tinha muita demanda

ajudar? Líder O

é o irmão Pedro

rmão Pedro! O que

se envolvendo com as pessoas erradas e eu temo que ela se desvie! Por fav

ação, mas eu sinto algo muito forte me dizendo que eu preciso ir até vocês! Acr

re como vamos lidar com a resistência e a indiferença da nossa fi

seu corpo e seu rosto, fazendo-a esquecer um pouco do desconforto e do sentimento de estranheza que tinha vivido naquele dia. Finalmente, ela chega ao seu

com você? A Madu disse que você viria! -

ntar e por se importar tanto assim comigo! - Esthe

lgo, estarei aqui embaixo, é só me pedir! Vou deixar vocês à vontade e com toda

m ver a melhor amiga, dá um leve gritinho e a abraça bem forte. Esther, embora gostasse dessa forma de demonstrar carinho da amiga, ficav

ia que criar a filha de maneira que ela pudesse fazer suas próprias escolhas, traçar seu próprio caminho, que ela não precisaria depender de outras pessoas para alcançar seus sonhos e sua felicidade

e colocar em cárcere privado dentro da igreja c

que se disponibilizava e se interessava em ouví-la. Nos momentos mais difíceis e caóticos de Esther, ela tornou-se seu porto seguro. Podia contar a ela sobre os mais diversos temas, que eram “assuntos proibidos” e/ou tabus para os seus pais, pertinentes à realidade que ambas vivenciavam naquele momento da vi

ias, novas oportunidades! - Madu diz de forma enfática e empolgada - Até

de forma apática - Você não os conhece e nã

Eu só ia mandá-los para aquele lugar e ainda ia esfregar umas verdades na cara

sas? - Esther pergunta dando uma l

seu marido não tá dando conta! Fala pra ele se ocupar menos na igreja e dar mais atenção pra vo

? - pergunta Esther com um semblante surpr

ro, trate de fazer com uma certa frequência pra ela parar de falar merda!” - Madu começa a rir alto, e

você falaria assim? - Esth

m! - Ela se senta de forma displicente na cama - Afinal, você não quer s

ao seu rosto com os seus narizes quase se encostando. Ela passa a mão direita pelos cabelos de Esther de cima a baixo, percorrendo depois o seu rosto delicad

o para Esther como se estivesse tentando alguma investida, mas que não havia sido percebida e nem entendida por ela. Esther permanece com um semblante d

cabado de acontecer ali. Iria levar um tempo até ela digerir tudo aquilo. Madu está olhando para o chão, com as pernas arreganhadas como se estivesse tentando dar um tempo para E

e o quanto eu me preocupo com você! - Esther finalment

ther volta ao seu semblante apático e distante, proferindo

ro que você seja feliz nessa vida! - Mad

se despedir. Esther desacorrenta a bicicleta, sobe sobre ela, dá um leve aceno de longe e parte. Após retribuir o gesto, Madu e sua mãe entram novamente, Dona Fátima percebe o semblante entristecido da

ocê vai entender? Tudo por causa daqueles seus pais retrógrados e “quadradões”! -

os sentimentos… confusos… estranhos… novos… muitos ela ainda não sabia descrever e nem se lembrar se havia sentido algum deles antes. Talvez tivesse sentido, mas não com aquela intensidade… como uma torneira que estava

uito agradável. Se depara com o líder Oséias saindo pela porta pri

ha de cima a baixo como se a estivesse j

- Esther se espanta com o

na igreja… - Ele responde enquanto Esther fica sem reação, não sabia como responder - Mas, não se preocupe

a antes que fique tarde! - E

Já estou de partida também!

ncontra os seus pais sentados diante dela na sala de

! - Seu pai inicia a conversa - Pre

mãe pergunta em tom de reprovação - Você sab

evê-la… estava com saudades! - d

entenda… a Madu não compartilha dos mesmos princípios que nós! - O pai dela fala em to

erfeitamente que essa menina não presta, e que deve se afastar dela se quiser se tornar uma mulher d

baixar o tom de voz… - ele tenta apazig

izade com essa menina! - ela vira o rosto em direção a Esther - Filha, queremos que romp

controlar até minhas amizades? Não veem que eu vivo um infer

inhos do Senhor e se rende às tentações deste mundo e à uma vida pecaminosa! E essa sua amiga vai

a mais comigo do que vocês dois que só querem me trancar em casa e me impedir de viver

TE BATER! EU SOU SUA MÃE, ESTHER! E EU MEREÇO RESP

TO DE ESCOLHA! AFINAL, VOCÊS NÃO ME RESPEITAM EM NADA DO QUE EU FAÇ

RMINAMOS! - A mãe dela grita com

azendo um barulho estridente. A mãe dela continua a gritar na sala pelo nome de sua filha em vão. A raiva a consome quase que totalmente

- Ele ainda não digeriu

raivoso e preocupado ao mesmo tempo. Ela conduz as duas mãos ao rosto e deixa a sala chorando enquanto balbucia: “nossa filha s

da vida eclesiástica e por eles assumirem cargos de destaque na igreja em que congregavam. Afinal, assumir os problemas que existem na vida é deixar claro o pecado que existe no seio familiar, conforme o que era pregado

18 anos, já que seu aniversário estava perto. E ela estava planejando uma saída com seus amigos de escola, principalmente Madu, que caminhava com ela

decidiram tomar uma atitude contra tudo o que ela havia planejado. Esther aparece diante deles com o vestido que havia comprado para sair e aproveitar o seu dia especial. Ela espera ansi

gir naquele momento. Está estática diante daquele jovem que ela não tinha nem um pouco de

ante do outro. Esther continua confusa olhando para o rosto dele sem proferir nenhuma palavra por um longo período de tempo.

no sofá ao lado de Esther e a cutuca. Ela se assusta e olha para a mãe com um semblante as

smo o líder do grupo de es

sem com a nossa realidade. Afinal, sabemos que não tem sido fácil ser

ens precisam se fortalecer mutuamente na fé para não cederem às tentações desse mundo perver

o dia em que fazia 18 anos! Uma raiva misturada a frustração e tristeza invadem seu interior. Ela sabia que seus pai

om relação às suas funções na igreja, seus estudos, suas ambições para o futuro e outros

rão um casal abençoado e veremos os frutos em breve! E saibam: é da vontade de Deus que vocês fiquem juntos! - Nesse momento,

edro de contatar os pais para avisar que sua filha não iria mais sair com eles, para dar lugar aos jovens da igreja que eram pessoas completamente estranhas e

iniciaram um relacionamento. Ambas as famílias insistiram e moveram céus e terra para que esse namoro acontecesse entre os dois. Assim como Esther, Daniel também ti

matérias que ele dominava e entendia bem. Depois de alguns encontros que tiveram nas vésperas de provas do ensino médio, Milena e Daniel trocaram alguns olhares e um interesse romântico começou a brota

, como uma tentativa de tirar Milena de sua mente. Mas tudo ia por água abaixo quando ele ia à escola e precisava se confrontar com a

ainda tentava uma aproximação com ela, sem sucesso na maior parte das vezes. O máximo que ele conseguia extrair de Esther era uma risada levem

so de inglês, Esther pega o celula

do seu "namoro". Ainda não acredito que os se

m choque, miga! Me aj

plano! Em breve você sairá daí! E ainda ter

miga! Sempre posso

alo do plano por aqui! Fique

Pode d

seus pais vão provar do próprio ven

tou ansiosa p

ver só! Esther finalmente vai

amento de Esther, Pedro tomou a iniciativa de colocar seus nomes nesse retiro, já que não aguentava mais o distanciamento emocional e físico de sua esposa, despertando nele inúmeros pensamentos e desejos sexuais reprimidos e intensos com uma certa frequência, que se intensificaram por conta dessa separação proposta por Rute. E aquilo começava a incomodá-lo e o obrigava a recitar orações no interior de sua mente com o intuito de afastar aqueles “pensamentos repugnantes e extremamente pecaminosos”. Rute continuava na sua “regra” d

is de pessoas que professam uma fé pautada nas aparências e na imagem fictícia qu

Pedro afirma munido de sua

grita do andar de cima, de dentro de seu qua

e em um tom enérgico - Venha aqui se despedir de seus pais! - Esther bufa de

! Espero que o retiro s

te! - Diz Rute não muito convencida daquela despe

ovamente com nossa filha? - Pedro pergunta tentando mediar a

ingo e nem que não iremos ligar para o Conselheiro Espiritual dos Jovens para perguntar se você está f

r me impedindo de viver como sempre fazem! - Esther d

à Rute já impaciente com aquela conversa -

pega as malas e anda em direção à porta. Pedro se

ontinua a olhá-lo com o mesmo semblante indiferente e apático. Por de

carregam o porta-malas, entram no carro e finalmente partem. Esther faz um gesto de

ram? - Madu responde de

zinha aqui! - Esther res

festa! - Madu fala animadamente - P

miga! Vou cha

quem realmente queria. Ela troca de roupa e coloca um outro vestido que havia comprado há certo tempo sem os seus pais saberem, pois tinha certeza de que sua mãe reclamaria pelo vestido ser justo, curto na altura das coxas e levemente decotado, algo que uma mu

casa que seus pais usavam para ouvir músicas gospel bem altas com o intuito de que toda a vizinhança também escutasse. Ela coloca em uma de suas playlists e aumenta o

meninas que são apresentadas como Beatriz e Nina. Elas conversam animadamente enquanto esperam os outros convidados que vão chegando aos poucos.

da vida. Todos ali com idades entre 16 e 20 anos, ainda planejando, sonhando e começando a traçar a su

z enquanto gesticula com uma das mãos. Nina se aproxima de E

ther de forma maldosa - Tenha certeza de que você estará n

Nina? Dê um tempo para a menina! Ela não es

ir mais! E você, Nina, tenta ir com calma! - Aponta para Nina em tom d

sa… não garanto que vou me “comportar” muito, se é que me entende! - Dá uma pisc

- Olha para Nina como se est

tindo tão sozinha! - Nina responde com uma voz levemente embargada. M

o, mas emotivo e ao mesmo tempo esboçando toda a conexão que ambas tinham uma com a

gunta com as mãos no rosto de Nina

ncontra a mão esquerda de Madu em seu rosto - Mas só esse beijo não

para conhecer pessoas nov

pega uma garrafa de cerveja que está sobre a

reção aos outros adolescentes que estavam do outr

Esther está com o olhar arregalado e pede que ela se aproxime. A amiga se aproxima e ambas dividem

lgo a mais? - Ela des

sso de vez em quando, trocamos alguns selinhos e carícias uma com a outra, mas não temos nada estabelecido ou oficializado… - Madu coloca uma de suas mãos sobre a mão esquerda de Esther e complementa - …afi

sse fantasiado nada com sua melhor amiga antes, após ser assediada na

roximar ou tocar em você, vai se arrepende

pai que provocou nela um silenciamento desde a sua infância. Essa atitude de Madu era tudo o que ela precisava para ter certeza de que ela não era a única que sentia isso, já que ambas se aproximaram muito mais após esse trauma terrível sofrido por Esther, o que causou em Madu uma identificação por ela também ter sido abusada na infância pelo seu padrasto, logo depoi

e “se permitir” como sua amiga tanto falava. Ela contorna o seu braço ao r

abia se você sentia o mesmo por mim! - Madu no exato momento em que

a estalar no momento em que é interrompido por uma música que parecia descrever perfeitamente o que a

ndicador em direção à caixa

ha toca. Todos se entreolham com um semblante de estranhamento, afinal não estavam esperando por mais ningu

er companhia! - Esther não consegue disfarçar a frustração que sente. Nina

vê que estamos em

fazer! - Ele diz aumentando um pouco o tom de voz. Nina faz uma expressão de e

Madu - …ou vocês forem um trisal! - Ela dá um sorriso maldoso após essa fala. N

sa? Você não passa de um puritano vendido!

a Rute me pediu pra ficar de olho nela, porque ela estava se envolvend

aparência de “certinho”! Esse namoro de vocês não passa de uma men

m! - Daniel se vê sem argumentos. Afinal, tudo o que ela falava era a mais

xa a cabeça em tom de vergonha - Só aceitei esse namoro com Esther

o, você vai atender as expectativas de todo mundo e nunca será feliz! - Aquelas palavras vieram como um raio pra cima de

u muito e o bolo chegou logo depois, Madu e Beatriz o carregaram e o colocaram sobre a mesa de centro. Todos cantaram os

aliza o desejo e logo depois sopra as velas. T

! - O coro continua a entoar

assou a tratá-lo com desdém, repugnância e exigiu que ele saísse de casa. E como consequência disso, veio o divórcio, obrigando Rute a mudar de igreja, já que sua reputação passou a ser a pior de todas e ela deixou de exercer os cargos de influência e precisou procura

estava na espiritualidade e na fé e profissionais especializados e terapeutas eram uma artimanha do inimigo para confundir ou enfraquecer os filhos do Altíssimo. No início, ele até conseguiu controlar o comportamento compulsivo, mas as recaídas se tornaram constantes e ainda deram

o divórcio, alegando que assim não iria se contaminar com “as impurezas deste mundo perverso”. Então, não bastou outra alternativa para Esther a não ser morar temporariamente na casa de Dona Fátima

eira vez, vivendo da forma como ela sempre quis, construindo seu caminho e tomando as suas próprias decisõe

embra de mim? - Esther sente um l

Ela tenta não esboçar o d

as a ela, estou vivendo um sonho! - Ele olha para a frente e se depara com seu grande amor e sua namorada, Milena. A

ar que eu falo sim! - Esth

atenção à minha gata aqui!

oncluiu seus estudos e foi viver com Milena em um pequeno apartamento que conseguiu alugar graças a alguns trabalhos que fez com colegas de esco

Lorenzo e Miranda iniciaram um relacionamento após aquela festa. Carlos continuou com sua amizade com Viviane e algo começou a crescer entre os dois, mas ainda não tinha nada oficializado. Nina e Beatriz até começaram a ter algo, mas tiveram q

e só depende de nós e é incrível como a gente se força a acreditar que outra pessoa, as circunstâncias da vida, o poder que certas coisas têm sobre nós é que pautam a nossa percepção do que

Reclame seu bônus no App

Abrir