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Nem todo ouro tem valor

Capítulo 2 Reencontro

Palavras: 6016    |    Lançado em: 24/10/2024

AS

ue eu diria a ela quando nos encontrássemos. Ensaiei dezenas de vezes como deveria me apresentar, escolhi cuidadosamente a roupa que iria vestir e calculei o tom exato que deveria usar para não a assustar. E apesar de ter minh

enhuma delas me despertou interesse, pois eram tão cheias delas mesmas, tão preocupadas com seus próprios umbigos, que sequer sobrou espaço para qualquer outra pessoa. Não que eu quisesse fazer parte da vida de qualquer uma delas, mas pensei que pelo menos, poderia treinar a interação com uma garota. Me detestariam se soubesse que

estou, que naquele momento, era a pior. Levei dois intermináveis anos para me formar e estar apto a assumir meu papel ao

ela caminhava e sorria para um homem muito mais velho que ela, era o suficiente para me fazer perder a calma. Não pude adiar ainda mais meu retorno

que acordei, imploraria para ela me ajudar a preencher as lacunas que se formaram em minha memória. Ler aquele maldito diário escrito por um garoto de treze anos não tornava mais claro sua lembrança, pelo contrário, aumentava ainda mais minha ânsia por sua presença. E o que eu faria quando ela me questionasse sobr

abia quem ela havia se tornado. Minha memória não conseguia preencher aquele vazio, mas isso já não importava

zia há dez anos. Dediquei todo o meu esforço e carinho para preparar aqueles biscoitos de aveia e mel que Gabrielle tanto adorava quando criança. Estava

rença seria menos doloroso do que sua fuga. Ela não queria me ver e sua recusa me causou um certo pavor crescente, que p

do de começar. Não precisei olhar atentamente, pois com uma rápida vasculhada pela sala de entrada, pude perceber que aquele definitivamente não seria meu local favorito. Não sei dizer o que estava mais desconexo naque

turar ao restante da população. Definitivamente trabalharia arduamente para tirar Gabrielle de perto daquele tipo de gente, que por um motivo que nunca serei capaz de entender, julgam que se

ria a fazer parte. Eu precisaria me esforçar para fazer parte de algo, se quisesse retornar à vida dela. Tentei controlar a aversão daquelas pessoas, que crescia conforme eu olhava para elas. Sei que

mon Rodriguez, me puxando para um ab

odas as garotas que passavam por nós, parecia ser mais ignorante do que supus ao ver sua foto. Ramon era mais alto que eu, mais forte e muito barulhento. Vestia uma camisa de linho clara, completamente aberta, exibindo seu cor

zava nosso caminho. Todos gritavam mais alto que a música e riam, contando alguma história engraçada

- perguntou Ramon, rindo. - Vai

ra de casa - respo

utras pessoas com quem conversei. Me perguntei por que meu pai nunca mencionou nada. Se soubesse, teria contratado um especialista para me ajuda

Diferente do esperado, apenas aumentava meu desconforto, criando ainda mais aquela sensação de não pertencimento. Eu não fazia parte daquele grupo e também não estava interessado em

o de depravação e decadência intelectual. Não sei dizer o que estava visivelmente mais desconcertante, se eram as pessoas beijando umas as outras, independente do sexo, ou se era aquele barulho horrível que chamavam de música. Isso se

nor pudor ou nojo. Eu não queria estar no meio de gente assim, que não se importava com exclusividade. Mas e se Gabrielle fizesse parte disso? O que eu faria se tivesse chegado e a encontrado ali, em meio aquela cena v

passar de cinquenta. O piso amadeirado era seguro, mesmo com todos molhados e embriagados. Aquele cheiro de álcool, suor e cigarro fez me estomago revi

ncias duvidosas e um pequeno balde de vidro com dezenas de microcápsulas. Ver tudo aquilo acendeu um alerta na minha

- perguntei a Ramon, q

só açúcar - mentiu

mas jamais imaginei que jovens da alta sociedade bebessem, transassem e se drogassem a céu aberto, como se fosse parte do cotidian

lo de perdição? Como Jullian pôde incentivar sua participação? Senti o sangue subir de raiva só de

ota muito bonita, me entregando um copo. - Ni

e tranquilo, como quem acaba de acordar. Seus lábios estavam levemente borrados por um batom quase apagado. Meus olhos se demoraram um

espera encontrar em uma capa de revista de moda, daquela que nenhum homem em completa masculinidade cogitaria recusar

pelo menos um, de meus pré-conceitos formulados daquelas pessoas. Aquele tipo de beleza, fácil e acessível, era uma das razões de ter ta

nquanto corria em direção à porta da frente. Passei desconfortavelmente pelas pessoas que, sem perceber, insistiam em bloquear meu caminho, me oferecendo seus copos e corpos. Não

de abrir a porta; não queria parecer nervoso, mas senti minhas mãos suarem e minhas pernas tremer

corpo ao vê-la parada ali, pisando em um pequeno gorro de Natal, xing

esde que cheguei. Embora tivesse a curiosidade de perguntar o que o gorro havia deito de tão grave, para merecer

, senhorita Gold

me divertia com a cena à minha frente, que

o que empenhei durante aqueles anos estivesse sendo recompensado. Em t

los seios que, tão fartos e evidentes, me obrigaram a desviar o olhar de volta para os seus olhos. Aqueles olhos grandes e express

gir de mim de novo? Somente o pensamento dela se unir a festa, participar daquelas rodadas de bebidas, me causava pânico. E se aquela imagem que eu havia criado, e se tod

la daquele lugar, levá-la para longe daquelas pessoas e daquele ambiente imundo. Eu deveria ter segurado sua mão e levado embora no instan

va tira-la dali? Poderia sentir que aquele não era

um acordo com Jullian, e que segundo ele, seria a minha melhor chance de me aproximar dela. Ela me olhava intensamente, como se b

r agora - murmurei, mais pa

ter descarrilado. Mas, por mais que Gabrielle forçasse aquele sorriso, era óbvio, em seus olhos, que ela não estava feliz em me

e ela entrasse. No instante em que pisou naquela maldita c

puxando-a para mais perto de mim. Por um momento, temi que ela protestasse, que tirasse a mão da minha e desaparecesse no m

ei para todos. - Temos uma c

mar dela. Ao mantê-la comigo, de mãos dadas, e ao anunciar sua chegada para todos, de

va o lugar mais tranquilo e menos barulhento, onde pudéssemos conversar sem interrupções. Ela me

aneira fazia com que minha mente divagasse por momentos que eu desesperadamente ansiava desde que a

quando tive certeza de que ninguém a pegaria e a levaria para longe de mim. Gabrielle estava tão calada, obse

vam longe de ser amigáveis. Ele estava me testando. Senti meu corpo enrijecer e minha respiração ficar pesada enquanto ele se colocava diante dela, sem

uidos duvidosos e drogas circulando por ali. Jamais permitiria que ela ingerisse algo nocivo. Eu nunca me perdoaria se alg

udesse levar o copo à b

fosse você - disse a ela,

ideia de quem eram essas pessoas, pelo menos era o que eu esperava. Não podia acreditar que aceitou aquele copo e iria beber sem sequer questionar o q

ante vê-la se divertindo - devol

rsão? - apontou para as pessoa

u apenas devolvi o copo para evitar uma discussão que ela claramente estava disposta a iniciar. Eu não queria

conhecer gostasse de se embriagar e dançar como todas as outras? Eu não tinha o direito de interferir, por mais

ividade, em monogamia. Jamais dividiria Gabrielle com outra pessoa, nem permitiria que essa ideia absurda sequer passasse

regou esse copo batizado de sangria - sussurrei em seu ouvido, me aproximando demais.

ndo, eu adoraria vê-la nua, desfilando pela casa, mas só se estivéssemos a sós. Ela poderia fazer o que quisesse, até se embriagar e tirar a rou

os. Ela me encarava com aquela expressão fechada, mas eu sabia que por trás da raiva, havia mais. O q

nto, eu sabia que, se deixasse Gabrielle perceber que minha proteção não era algo planejado, mas sim uma reação visceral, ela ficaria ainda mais irritada. Gabrielle sempre odiou ser protegida

àquele lugar. Estava óbvio que nenhum de nós queria estar ali. Eu estava tentando nos poupar. Decidi que seria

primeiro dia e só retornou seis dias depois, apenas para me ignorar. Eu sabia que havia uma enorme

oar casual, embora soubesse que a resposta seria tudo, m

, como se controlasse uma raiva crescente que eu sabia estar presente. Embora não me lembrasse de todos os deta

ela calmamente, quase fria. - Sinto muito

quanto se distanciavam do que ela realmente sentia. Eu sabia que ela era tudo, menos indiferente. Gabrielle era a pessoa mais nos

Sabia que, debaixo daquela resposta polida, havia anos de mágoa. Gabrielle era orgulhosa, e isso a impedia de

oca, entendi, de imediato, onde estava e o que precisava fazer. No instante em que compreendi a profundidade do que sentíamos um pelo outro, soube que

de uma vida normal, tudo para estar apto a me colocar novamente diante dela. Em nenhum

is baixa do que pretendia. Era a conversa que eu vinha ensaiando há tanto t

sorriso que não

da - respondeu, seca. - Já

do de formas que nem conseguia medir. E agora, ver o peso que aquilo tudo ainda carregava para ela era como

de longe a verdade. Eu não a deixaria saber de minha luta e miséria para poder retornar ao seu lado. E clara

tindo minha voz falhar - Ou será que minha pronuncia não

rnou rispidamente - Assim como é difíci

dicção, e nem mesmo pensei que causaria tanto desconforto nela. Até onde pude perceber, todas as garotas com quem troquei algumas palavras naquela maldita festa, haviam achado muito encantador

er que, enquanto ela lidava com suas próprias dores, de ter sido deixada para trás sem nem mesmo uma explicação, eu estava preso em uma c

mais. Sentia que cada segundo longe dela havia sido uma escolha, uma falha, a completa falta de capacidade necessár

casa? - Disse ela, inter

-la a você e a sua família. ― respondi, buscando em

isei de você - disse sombria - Explic

que a pouco havia cravado ali. E embora doesse, embora desejasse dizer a ela como senti sua falta e que jamais a deixaria passar pela perda novame

, quando ela se levantou, e sem nem mesmo me dizer a razão ou para onde iria, se pôs a caminhar pelo gramado, saindo do perímetro daquela casa. Ela não pode

, pronto para segui-la, se

n, posicionando-se ao meu lado. -

-la para aquele tipo de festa com frequência, e, graças a Deus, ela não permanecia por muito tempo. Então, ele estava nos observando?

na palma das minhas mãos. Definitivamente, não havia me preparado o suficiente para aquele encontro, e ter alguém que passou todos aqueles anos próximo a ela, me di

perar qualquer coisa dela

ou tentando ajudar - disse

do fora do meu caminh

a frustração que estava guardada. Em geral, nunca fui uma pessoa violenta, nem mesmo era adepto a grandes discussões

alguém como ela - tornou Ramon, contendo um sorriso. - Não vai

baixo. Ele sabia sobre ela. Desde quando alguém de fora da família sabia sobre ela? Eram tão próximos assim, a ponto de ela revelar a ele sua verdadeira identidade

obre a garota dourada - continuou.

uma

em sua mão. - Fique aqui e beba alguma coisa, ou amanhã todos estarão

smo que eu discorde. Gabrielle havia ingressado na universidade sem mim; não nos víamos há dez anos, e ninguém sabia de nossa proximidade. Uma

balou mais do que saber que havia perdido não uma, mas duas batalhas naquela noite. Enquanto o líquido queimava minha garganta, uma onda de frustração e impotência tomou conta de mim. Eu deveria estar ao lado de Gabrielle, protegendo-a, mas, em vez disso, me via preso naquela

esconhecido, mas não havia como ignorar. A voz do outro

ação disparou, e eu senti uma onda de

, a raiva e a ansiedade s

e esperando ― me interrom

a que eu precisava para me livrar de Ramon e toda a sua laia. Embora soubesse que Jullian era a pessoa que mais protegeu Gabrielle durante sua vida, pude sentir o tom de am

nto em que pisei naquela cidade, já estava decidido que eu seria a pessoa q

i, provavelmente já estaria as portas. Sem nem mesmo pensar em quantas leis de transito eu estava infringindo, abriguei m

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