Nem todo ouro tem valor
rie
ABSOLUTA DO CO
vel e intransferível, após a maioridade de 21 (vinte e
própria faixa etária, não ultrapassando a diferença
lchão e não encontrei o que estava procurando. Antes que pudesse chamá-lo, fui invadida pelo ch
ate - que, embora eu não apreciasse o gosto exageradamente açucarado, trazia lembranças da infância que eu sequer sabia que tinha - ou v
guém no universo conseguiria resistir, e como eu não era adepta ao cristianismo, tampouco acreditava q
, que determinava até quem eu poderia ou não me relacionar. Era irônico como ele, tão difere
que não respondo por mim - disse Murilo,
ndi, caminhando até e
ma como seus braços se envolviam na minha cintura, como se nada no mundo fosse capaz de nos separar. A confiança com que ele me abraçava me dava a
lguns hotéis na cidade. Mesmo que ninguém soubesse desse fato, o cartão sem lim
ade. Eu o havia escolhido como o modelo perfeito a ser copiado, pois tudo nele me era agradável. Principalmente o fato de ele não se afastar ao perceber o tipo de pessoa que eu era, ou melhor, o tipo de pessoa que eu não era. Murilo me
o controle de um conglomerado se me via, tantas vezes, buscando apoio nos braços de alguém? Talvez seja esse o ponto em que ele queria chegar quando me puxou para dentro de seu apartamento, e di
arregava nas costas. Ou se, em algum momento, ele deixaria de me ver como uma garota tentando escapar das re
r que ele consegui transmitir toda vez que cozinhava para mim. Murilo gostava de elaborar pratos para mim, e eu adorava vê-l
o com fogo - disse ele, tirand
ler minhas expressões mais vazias era realmente louvável. E, de forma alguma, ele se importava com o que descobria ao meu respeito. Éramos com
itar as transações empresariais conosco e, consequentemente, roubar o império que meu pai tanto lutou para construir. Uma vez que conhecemos a arma de nosso inimigo, fica mais f
única lembrança de felicidade. Durante aquela semana, me peguei questionando se realmente ele não pertencia a aquela oposição. Será que, depois de tanto tempo distante, ele ainda seria aquele amigo que e
l, implantar escutas telefônicas e rastrear transações bancárias, por isso não foi difícil descobrir que, ao longo de poucos meses, Dave havia duplicado seu patrimônio. Se minha mãe estava d
negar o quanto era grata por tê-lo ao meu lado. Ele me dava o control
tiria que ele tocasse em nada. Se dependesse de mim, ele jamais entraria no conglome
issos que tivesse, ele sempre reservava esses minutos para sentar e conversar comigo. Acompanhei momentos felizes e também momentos difíceis, como quando os sócios tentaram tirar tudo dele. Sei bem do seu esforço e sacrifício. Tudo o que tínhamos foi conquistado pelo seu trabalho árduo. Essa foi a razão pela qual ele nunca mais a
fossem muito úteis, não significavam nada dentro do quadro empresarial. Talvez eu devesse deixar meu orgulho de lado e começar a pensar friamente como meu pai havia me ensinado. Eu não
seus pensamento
sta de ontem - confessei - ele d
l foi a e
í antes que ele
comentei com ele que gostava da cor preta em tecido cetim, e, como mágica, na semana seguinte, um sofá com essas características apareceu em sua
ontinuar com isso? - sondou.
r Dave, e, para isso, el
lução mais eficaz - censurou ele. - Sabe que tem uma f
pontada de desconforto. Ele tinha sido meu único amigo verdadeiro, e agora eu o u
i nunca
Murilo o mais carinhosamente possível. - N
amais hesitaria em fazer o que fosse necessário para proteger o que era nosso. Eu sabia que a forma de agir que M
ma relação apenas para apunhalar alguém pelas costas mais tarde? Apesar de ter aprendido a nunca fazer promessas que não tinha a intenção de cumprir, ou simplesmente a nun
ocência, pois inocente nunca fui, tampouco me preocupava em parecer imaculada. O fato é que perdi a conta de qua
e que, o mundo em que vivemos agora era outro, onde a fraqueza e a ingenuidade eram condenadas. Mesmo
teresse de minha parte. O mais divertido era ver a reação deles ao descobrirem quem eu era, afinal, sempre me passei por afil
dadeiro; eu apenas me divertia, sem dar qualquer brecha para sentimentalismos. Eu era incapaz de sentir carinho ou empatia por qualquer pessoa viva. Jullian acusava meu int
emoções eram rasas como um espelho d'água, e minhas reações eram ensaiadas. Minha mãe nunca foi mais do que uma presença distante em minha vida, mais interessada em seus próprios jogos do que em mim. Quando ela finalmente começou a me chamar de 'protótipo de sociopata', percebi que hav
r. Sim, uma esposa cobrando para ter um filho com o próprio marido. Por anos, tentei entender o porquê. Talvez fosse algum mecanismo d
durante todos aqueles longos anos apenas por ser uma mulher extremamente atraente, uma dona de casa perfeita e uma di
o da construtora como a nova estagiária. Ele sempre achou que eu o respeitava demais para desobedecer suas 'sugestões', mas o que ele não sabia era que eu apenas seguia
omerado Gold. O que não seria muito difícil, uma vez que, em toda a minha vida, nunca tive uma foto publicada, nem em jornal local, nem
iver dessa forma. Às vezes, me perguntava se alguém se importaria se soubesse. Pro
ava de ser verdade. Então teria que despir de todo o meu orgulho e elegância, e me tornar apenas mais uma novata no quadro de recém-contratados da mat
aria - disse Jullian ao telefone. - V
s isso não importava, eu estava disposta a cumprir minha palavra, independentemente de tê-lo latindo em meu calcanhar. Embora pudesse facilmente
e comportar e me vestir como uma dama da mais alta classe. Usar roupas com brilho e decotes estava fora de cogitação. Tudo o que pude fazer com o closet jovial que Murilo havia
do de Jullian era a prisão à qual eu estava destinada. Era irônico como ambos
pim da noite anterior
o cansaço de ver a mesma cena repetida tantas vezes. Ele tentou disfarçar a decepção, mas eu podia ver que isso o incomodava. Sabia que,
stavam vestidos: sete garotos engravatados e duas garotas com o mesmo estilo de vestido evasê preto, o que explicava a forma como me olha
s novos estagiários da Construtora Matriz Gold - ela sorriu. - Podem se
polido, o balcão era grande o suficiente para acomodar cinco recepcionistas, e o letreiro dourado na parede, com o nome da empresa, me fez lembrar de meu pai. Ele amava aquele prédio, o primeiro que conseguiu construir.
ozinha. Não porque não poderia me misturar, mas porque eu nunca poderia ser realmente uma delas. Tudo daria certo se eu fosse capaz de esconder minha identidade pelos próximos seis meses, como combinado com Jullian. Nenhum dia
espera, estava Lucas. Ele sorria encantadoramente. Vestia um blazer azul, exatamente da mesma tonalidade do meu vestid
ando - disse Lucas
té Jullian. Eu precisava de uma explicação. Ouvi os outros me seguindo, rindo de alguma piada que o imbecil
atasse apenas de uma infeliz coincidência. Se Jullian já era um desafio, lidar com Lucas
ra Gold e se ofereceu para ser o supervisor de estágio de
xei escapar. - Só pode
a brincadeira, senhor
igo - pedi, quase em desespero. - Eu pr
ensurou com um olhar severo. - E devo lembrá-la de que sou o vice-pr
nte para saber que essa decisão tinha um propósito maior. Mas naqu
de ouvir a melhor piada da sua vida, e, para piorar, os outros estagiários logo o acompanharam, contagiados pelo seu riso. Me
engraçado? - di
m sorriso tranquilo, como se já tivesse vencido a batalha antes mesmo de começar. - Da
indo à minha custa. Eu poderia culpá-los, mas a verdade é que havia procurado por aquilo, uma vez que o sigilo
a identidade. Eu não desejava que me tratassem com formalidade; eu queria que me respeitassem, independentemente de minha identidade. Ao que
ções: Gabrielle: auxiliar geral. Havíamos decidido que eu seria sua secretária. Quando foi que fui rebaixada par
, no caso, seria eu. Os outros estagiários se entreolharam, segurando um riso de deboche. Cada um havia sido designado para um departamento
ar uma perna - defendeu-se ele. - Só est
uma piada
to para entender como tudo funciona - tentou se explicar. - E a única forma d
s? - perguntei, ainda tentando processar a situação. - Eu sou dona de
inha as impressões digitais de John por toda parte. Era tão a cara dele. Se
odo fácil - disse Jullian, num tom conciliador. - Eu pos
aceitariam - adm
aqui, você é apenas minha filha adotiva. Imagine o choqu
para comprometer o emprego de todos -
uarenta anos, mas não aparentava essa idade. Alto, com a pele morena e cabelos escuros, Jullian tinha uma aura de sofisticação tranquila
oi seu tradutor e guia. No final da viagem, meu pai simplesmente não conseguiu se despedir do jovem de apenas dezoito anos. "Se não fosse por ele, eu teria perdido milhões com acordos d
do da empresa? - Jullian perguntou, queb
m um suspiro resignado.- Claro, por que não? Vam
, de algum modo, essa experiência seri
sobre crianças, sendo o irmão mais velho de cinco. Assim, cresci sob os cuidados dele. Era Jullian quem me dava banho, quem me colocava para dormir. Ele ouviu minhas primeiras palavras e
entos importantes, e por isso, eu era profundamente grata. De todas as p
a voz me tirou das lembranças -
ntrou? - pergunt
avemente. - Mesmo após a morte de seu pai, continua
as, J
voz mesclada com a familiaridade de sempre. - Eu permiti qu
mais sério, q
da, ao menos conheça os es
o para todos que entravam no prédio, pisando sem o menor respeito no chão que eu havia limpado. Como era possível que existisse esse tipo de emprego? Como era possível alguém passar seis horas lustrando o chão da entrada? John deveria estar louco qu
umprimentavam Alice, a recepcionista, mas me ignoravam completamente, como se eu fosse invisível. Os responsáveis pela limpeza eram como fantasma
o a me irritar. Não importava qual fosse a circunstância ou a função, papai sempre cumprimen
eção. Isso me fez perceber o tipo de pessoa que eram. Jamais esqueceria seus olhares de superioridade enquanto passavam por mim, ignorando meus cumprimentos. Os invisíveis. Era o que éramos, não apena
esmo movimento repetitivo. Afinal, nunca havia trabalhado na vida, sequer sabia como limpar corretamente. Quando olhava para o chão, o mesmo onde p
te, recolhi-o e corri até o dono. Eu conhecia aquele senhor. Vestia um terno preto barato e uma gravata cinza sem adornos. Seu rosto a
l - disse, estendendo-lhe
ondeu ele, pegando o pape
ada célula do meu corpo gritava para que eu o desafiasse, para que eu revelasse quem realmente era e o colocasse em seu devido lugar.
gue -
e eu deveria
uando um diretor fala, os suba
i a vontade de quebrar sua mão e, mais uma vez, recolhi o papel, oferecendo-o de novo. Dess
- repeti
or. Qual seu nome e d
conhecer - ele riu - Não precisará s
vam, outros simplesmente me ignoravam, como se fosse natural que eu estivesse sendo
u hoje e não conhece as normas de et
ar em qualquer um. Seus olhos, pequenos e irritados, se estreitaram ainda mais ao me fitar c
ocê, Sra. Alice - sorriu para a recepcionis
seus olhos que me dizia para tomar cuidado, para não me deixar levar pela raiva. El
oi a primeira vez que fui humilhada em minha vida, e jamais
eles, eu não era ninguém, e poderia ser substituída a qualquer momento. Alguns murmuravam entre si, trocando olhares dissimulados, enquanto outros simplesmente seguiam adiante, fin
r o controle. Haveria um tempo para tudo, eu era paciente. Esperaria o quanto fosse necessário, mesmo que levassem anos. Mas chegaria o dia em que faria todos se ajoelharem e lustrar aquele chão com
do nos outros apenas por prazer? Mas naquele momento, o desejo