DE TODAS AS DORES, O AMOR
Luca não parecia mais a mesma criança. Havia uma seriedade no olhar, um controle nos gestos e uma ti
melancia? - pergu
- respon
enfiou o meu gibi?
ão
ar um soco! -
o se
dentes? - quis saber a
spondeu, agora
osse cedo da manhã, Dona Lola deixaria os filhos correrem na chuva e
o os dentes? Pois se não lembra, vai e escova de novo! Já! - ordenou a
do a testa e, batendo os pés, saiu a
da de
televisão, gargalharam da
er de lavar com pime
deu Luca, com mais determi
s olhos e riram aos sal
ou-se, tirou o chinelo hav
ara o quarto e escondeu
é pra dizer palavrão? - gri
. sei... - respondeu
o. Não poderia ir para a rua até que a chuva parasse. Não po
fazia sumir o som da chuva. Era a voz dela que deixava Luca sem saber como se mexer. Eram o
porque Luca nem sabia mais fazer bolinhos de barro direito, e não aceitava mais os chocolates com gosto de sabão que tentava lhe emp
irela. Mirela e Vivi eram mais velhas, mas Luca pensava: "Bobo, tudo isso é bobo." En
hamar a atenção da bocuda. Nem olhou para os lados. Com alguns brinquedos nas mãos, atravessou o portão da casa de Mirela e subiu as e
um rosto que pegava fogo
emoção? Nã
eio. Era um anjo. Luca sorriu, timi
da garota contrastava co
r bri
ro. D
ão
ncar com as m
- Luca de
udo ficou escuro. O mundo não existia mais. O únic
taram-se e ficaram criando diálogos entre as bonecas. Luca tentava prestar atenção nas brincadeiras, mas não
bonecas podem ser nossas filhin
a, soltando os braços e fazendo um bi
e Luca se
te en
os, imitando o seu pai. Orientou Mirela; explicou que era só imitar a mãe de
á é noite. É
ue a ge
ta e
u imitando minha mãe, quer dizer que teu pai
ira - Luca já tinha se esparr
e um atrevimento que não entendia de onde vinha, virou-se de lado e pôs o braço por cima da barriga dela. Não se ouvia um som. Parecia que o mundo tinha acabado. Luc
is brincar dis
evantou-se, juntou seus brinquedos, enquanto Mirela
esponder nada. Olhou para Mirel
ou pra
rela, secamente, s
tos, que se soltou e caiu em algum lugar que não dava para alcançar, lá dentro do peito, contraído e dolorido. Luca descobriu que o coração era um quebra-cabeça, de
egado. Ele trabalhava na capital e só conseguia vir nos fins de semana. A criança deitou-se e cobriu o corpo todo, deixando apenas o topete de fora.
do pai? - pergunt
- resmungou,
ueria mesmo dormir ou estava triste com alguma coisa? Estranho... Ele não lembrava se alguma
for, é coisa d
tou se eu tr
igual um furacão e sai por aquela porta a
é sempre tã
De certo se desentenderam p
briga? - qui
nhece Luca? - q
qui o tempo todo
upada o tempo todo
o, esqueceu? - o ma
tam
disse que n
ritou ela, ma
que nem diziam respeito. Tua família, minha família. T
e Jerry na tevê, muito encolhidos.
vai sobrar pra nós -
ussão que se importava. Era com aquela dor, aquela dor nova e diferente. Com
vez em quando, ia até a janela da sala e espiava a rua. Com surpresa, enxergou as irmãs conversando com Mirela. Elas riam. Luca emburrou-se. Enx
costumava acordar Luca com um beijo de despedida, mas como não recebeu nenhuma atenção durant
os filmes de faroeste que a família assistia reunida. Imaginou os tiroteios, os due
disse para uma d
em entender, com um pirulito
u a mãe. - O que querem dentr
be por acaso, porque as irmãs conversavam igual duas caturritas: "Mirela tem isso, Mirela tem aquilo; Mirela isso, Mirela aquilo
do minha mamadeira
ais um bebê. Por que
eira - cruzou os braços,
omeçou a preparar a mam
ha nova, Mirela. Entraram na cozinha. Luca estava à mesa e, quando viu a meni
a mamadei
e, para a irmã e para Mirela, morrendo d
o é q
pois tinha que se explicar para ela. Mirela franziu a testa.
o tem can
iço, quase chorando. Os l
ra lamber essa sua bunda! -
do mundo, sofrendo tamanha humilhaçã
o mais! Não s
lhe protegia. Agora, Luca tinha duas certezas: nunca mais, nunca mais queria ver aquele rosto l
dade. Um dia, aquela coisa que faz a gente