DE TODAS AS DORES, O AMOR
va uma pastinha atravessada no tronco, sobre um jaleco branco com as iniciais da escola; usava uma bermuda bege de poliéster. Sentia calafrios, e era de medo
hos e apertou a mão da irmã. Com o olhar, suplicou que não a deixasse. Clara sorriu com tristeza. A criançada fazia uma algazarra, correndo, pula
spedindo; professoras mandando fazer fila, indicando lugares
u preciso ir
uxou o braço da
la. Não fica com medo. Tá tu
Luca batia os pezinhos. Os c
Luca e sumiu rapidamente da escola, sem olhar para trá
se abaixou tentando lhe acalmar. Estava com os olhos
bem - disse a jovem professora, secando
ero ir
você, e aqui está cheio de amiguinhos novos.
alta e magra. Tinha uma boca carnuda e era um pouco dentuça. Usava um coque alt
ara a sala de aula - falou a mulher, ap
ssora pegou um lenço do bolso da saia azul e fez Luca assoar
to comia um pão com patê, tirado de um saquinho plástico escrito "cristalçúcar". A gurizada corria feito louca.
rincar de pe
a alertado: "não jogue lixo no chão! Se a mãe souber que você fez isso... já sa
s encapados com embalagem de arroz ou papel de presente, nem das cabeças enfaixadas, nem dos cabelos cortados por causa dos piolhos, nem dos chinelos de dedo. Todo mundo era pobre. Todo mundo comia pão com chimia, ou uma banana, ou bolacha maria. Eram pobres, mas ninguém passava fr
do assim desde que começou a falar, é quase inacreditável. Ora, mas por que alguém se preocuparia? A vida era tão divertida! Brincar no recreio, aprender coisas novas, festinhas de aniversário, piqueniques... Como é bom ser criança! Era o que Luca pensava:
levaram as estações. A lua dançava no céu, trocando de cara; as estrelas gi
ca abria a boca, com espanto, depois sorria. - Lá, mais no alto, tá vendo? É
... A gente
pai vai pegar uma vassoura
rande. Eu sei que o senhor não po
a vassoura - cochichou ele. - Voa
smungou dona Lola, f
Tomé caíram
á estar se aproximando dos 9 anos. Parecia que tudo era e poderia ser sempre igual: dormir, acordar
meira série. O recreio se tornara mais divertido, ainda, porque como estava maior, Luca já recebia convites para brincar com os estudantes da qu
rande e gorda, deu uns passinhos para o lado e de trás dela surgiu uma menina morena, de cabelos
a minha colega
s forte. O rosto ficou quase roxo, depois branqueou, o sangue fugiu. Já não gostava mais daquela sensação. Era horrível não conseguir
estalou os dedos. - Vam
vergonha, por não conseguir agir com naturalidade, v
ele pretendia bater nos seus amigos e, grandalhona do jeito que era, de meter medo, mesmo, pelo tamanho, puxou o garoto pelo jaleco e deu uma gravata nele, jogando-o no chão. Luca observava de longe. Só
va mais sem reação. E isso era bom, porque quando brincavam de pega-pega e era a vez de Luca correr atrás, a primeira pessoa que pegava era Cíntia. Era t
s que eram borboletas voando dentro de si. Sim, lindas e coloridas borboletas. Como não contar para alguém sobre aquele sentimento tão bom, que lhe roub
frio e as sombras do entardecer, junto com os musgos nas pedras, da
nhos miúdos, observavam Luca, com
íntia? - c
a colega - respondeu Vivi
é - enro
s é o
gosto
também go
namorar com ela - di
uns segundos. Depois, jogou a cabeça para trás e soltou uma
de - dis
or
la é menin
E
- Vivi deu uma palmada na própri
sumir do rosto, mas c
tem? - perguntou
ina não pode namorar menina - res
or
do! - gritou Vi
mesmo, que não sabia coisa alguma da vida. Olhou por quase um minuto nos olhos de Vivi, que não desviou o olhar. De repente, achando a situação completame
-se no quarto. Não podia bater a porta, pois o quarto só tinha cortina. Luca chorou. Chorou, chorou, chorou.
scola, como ir pra aula daquele jeito? Não queria mais ver a cara de palhaço de Vivi. Tinha medo de Vivi, não
arde, mas Luca e o irmão iam pela manhã. O irmão, Tota, enfiou a pasta embaixo do braço e saiu rápido. Toda vida achava que estava atrasado, sempre afoito. Não esperava Luca, que sempre precisava correr para alcançá-lo. E
o tivesse ido à escola. Luca estava a salvo e, du
a no meio do pátio, ela também estava brincando. Era muito delicada, não tinha gestos bruscos, não corria feito um moleque, o cabelo estava
ue fez, inconscientemente, foi correr para segurar Cí
gosta de
e as pernas tremeram; coração disparado. Cíntia arregalou os olhos e nã
. Fizeram uma muralha humana na volta de Luca e Cíntia
respondeu Cíntia, com u
osta de ti c
olhar para os pés encardidos no chinelo pr
am num riso frouxo
! Namoradas
o pátio, sem saber aonde ir. Queria se es
uca! - ouvir
a sua direção. Vivi fechou a cara e sumiu. Cíntia caminhou até os outros, afastou-os com as mãos, pegou no braço de Luca, que chorav
em-na
e uma professora e, naquele tempo, os professores er
da mão de Cíntia e foi para a sua classe. Não conseguia olhar para ninguém. Com
Luca perdeu a felicidade
amiga naquele di
ra educada demais para lhe ofender de algum modo, como Vivi fizera. Por isso, j
revoada de pássaros saindo de uma gaiola gigantesca, Luca agarrou firmemente sua pasta e
a casa contar tudo pra
logo em casa, porque, não, Vivi não podia fazer isso, não tinha o direito. Luca nunca falava sobre si, e
a tremer. Fechou a porta num estrondo, segurando-a contra o batente, por um instante, com todo o peso do seu corpo miúdo. O cor
u-se e parou à po
foi is
ondendo o rosto entr
Não fo
ndo se isso chegou a acontecer. Depois de muitos anos, desconfiou que a vizinha perversa pode ter feito