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A viajante do tempo - Diana Gabaldon

Capítulo 3 Monumento de pedras 3

Palavras: 4466    |    Lançado em: 29/05/2023

do braço, e voltamo-nos na direção de nossa hospedaria. - Pronta para uma nova tentativa? - Sim. Por que não? - Caminhamos a passos largos, de mãos dadas, em direção à Gereside Road. Foi a

tava cando com torcicolo e meus pés doíam, mas não deveria demorar muito mais; o o de luz a leste tornara-se rosa- claro e calculei que deveria faltar menos de meia hora para o raiar do dia. A primeira locomovia-se quase tão silenciosamente quanto Frank. Ouviu- se apenas um leve farfalhar quando seus pés deslocaram um cascalho perto do topo da colina e, em seguida, a cabeça grisalha bem penteada surgiu silenciosamente no campo de visão. A sra. Graham. Então, era verdade. A governanta do vigário estava adequadamente vestida com uma saia de tweed e um casaco de lã, carregando uma trouxa branca embaixo do braço. Desapareceu atrás de uma das pedras verticais, silenciosa como um fantasma. Elas chegaram bem rapidamente depois disso, sozinhas, em duas ou em três, com risinhos e sussurros contidos ao longo da trilha, mas que eram rapidamente silenciados quando avistavam o círculo. Reconheci algumas delas. Lá vinha a sra. Buchanan, a agente dos correios da vila, cabelos louros recentemente ondulados com permanente e o aroma de Evening in Paris desprendendo-se fortemente de seus cachos. Reprimi o riso. Então era assim uma druidisa moderna! Eram quinze ao todo, todas mulheres, variando em idade dos sessenta anos da sra. Graham a uma jovem de vinte e poucos anos, que eu vira empurrando um carrinho de bebê pelas lojas havia dois dias. Todas estavam vestidas para uma caminhada difícil, com trouxas embaixo do braço. Com um mínimo de conversa, desapareceram atrás das pedras ou de arbustos, emergindo de mãos vazias e braços nus, completamente vestidas de branco. Senti o aroma de sabão em pó quando uma delas roçou nosso aglomerado de arbustos e reconheci os trajes como lençóis, enrolados em torno do corpo e amarrados em um dos ombros. Reuniram-se fora do círculo de pedras, em uma la da mais velha para a mais nova, e caram paradas em silêncio, à espera. A luz no leste tornou-se mais forte. Quando o sol começou a subir lentamente no horizonte, a la de mulheres moveu-se, caminhando devagar entre duas das pedras. A líder levou-as diretamente para o centro do círculo e começaram a dar voltas, ainda movendo-se lentamente, majestosas como cisnes em uma procissão circular. De repente, a líder parou, ergueu os braços e deu um passo para o centro do círculo. Erguendo o rosto para o par de pedras mais a leste, deu um brado forte. Não foi um grito, mas sucientemente claro para ser ouvido em todo o círculo. A névoa imóvel captou as palavras e as fez ecoar, com se viessem de toda parte, das próprias pedras. Qualquer que tenha sido o brado, foi repetido pelas dançarinas. Porque agora eram dançarinas. Sem se tocar, mas mantendo os braços estendidos em direção umas das outras, elas balançavam-se e ziguezagueavam, ainda movendo-se em círculos. De repente, o círculo se dividiu ao meio. Sete das dançarinas passaram a se mover no sentido horário, ainda num movimento circular. As outras se moviam na direção oposta. Os dois semicírculos passavam um pelo outro a uma velocidade cada vez maior, às vezes formando um círculo completo, às vezes uma linha dupla. E, no centro, a líder mantinha-se imóvel, repetindo de vez em quando aquele brado triste e agudo, em uma língua há muito esquecida. Deveriam parecer ridículas e talvez fossem. Um bando de mulheres enroladas em lençóis, muitas delas corpulentas e desajeitadas, deslando em círculos no alto de uma colina. Mas os cabelos de minha nuca caram em pé ao som daquele grito. Pararam todas ao mesmo tempo e voltaram-se de frente para o sol, formando dois semicírculos, com um caminho perfeitamente denido entre as duas metades do círculo assim formado. Conforme o sol subia no horizonte, sua luz uía entre as pedras do leste, estendia-se entre as metades do círculo e atingia a majestosa pedra dividida ao meio do outro lado do monumento. As dançarinas caram paradas por alguns instantes, paralisadas nas sombras de cada lado do raio de luz. Então a sra. Graham disse alguma coisa na mesma língua estranha, mas desta vez num tom de voz normal. Girou nos calcanhares e caminhou, empertigada, as ondas grisalhas dos cabelos brilhando ao sol, ao longo da faixa de luz. Sem uma palavra, as dançarinas seguiram-na. Passaram uma a uma pela fenda na pedra principal e desapareceram em silêncio. Ficamos agachados nos amieiros até as mulheres, agora rindo e conversando normalmente, recuperarem suas roupas e partirem em grupo colina abaixo, para tomar café na casa do vigário. - Meu Deus! - Estiquei-me, tentando desfazer a rigidez das minhas pernas e costas. - Que cena, hein? - Maravilhosa! - exclamou Frank, entusiasmado. - Eu não teria perdido isso por nada no mundo. - Deslizou como uma cobra para fora dos arbustos, deixando-me sozinha para me desvencilhar do mato, enquanto ele andava de um lado para outro no interior do círculo, o nariz voltado para o solo como um cão de caça. - O que está procurando? - perguntei. Entrei no círculo com alguma hesitação, mas o dia já nascera completamente e as pedras, embora ainda impressionantes, haviam perdido muito do ar ameaçador da penumbra do alvorecer. - Marcas - respondeu, arrastando-se de quatro, os olhos atentos à relva curta. - Como sabiam onde começar e onde parar? - Boa pergunta. Eu não estou vendo nada. - Lançando um olhar ao solo, entretanto, o que realmente vi foi uma planta interessante que crescia na base de uma das pedras verticais. Miosótis? Não, provavelmente não. Eram ores de um azul-escuro com centros cor de laranja. Intrigada, comecei a caminhar em direção a ela. Frank, com a audição mais aguçada do que a minha, cou de pé num salto e agarrou meu braço, tirando-me apressadamente do círculo um segundo antes de uma das dançarinas da manhã surgir do outro lado. Era a srta. Grant, a mulher gorducha que, tendo em vista sua gura, administrava a confeitaria da High Street na cidade. Olhou à sua volta apertando os olhos, depois remexeu no bolso à procura dos óculos. Pendurando-os no nariz, deu uma volta pelo círculo, nalmente lançando-se sobre a presilha de cabelo que havia perdido e pela qual voltara. Tendo recolocado-a no lugar em suas mechas grossas e brilhantes, não parecia com nenhuma pressa de retornar ao trabalho. Em vez disso, sentou-se em uma rocha, recostou-se em uma das pedras gigantes em clima de camaradagem e acendeu um cigarro. Frank deu um suspiro abafado de exasperação a meu lado. - Bem - disse, resignado -, é melhor irmos. Ela pode car lá sentada pelo resto da manhã, ao que parece. E não vi nenhuma marca óbvia, de qualquer modo. - Talvez possamos voltar mais tarde - sugeri, ainda curiosa com a trepadeira de ores azuis. - Sim, está bem. - Mas ele obviamente havia perdido o interesse no círculo em si, estando agora absorto nos detalhes da cerimônia. Interrogou- me implacavelmente no caminho de volta, incitando-me a lembrar o mais detalhadamente possível as palavras exatas dos brados e o compasso da dança. - Escandinavo - disse nalmente, com satisfação. - As raízes das palavras são do escandinavo antigo, tenho quase certeza. Mas a dança - balançou a cabeça, ponderando. Não, a dança é muito mais antiga. Não que não existam danças vikings em círculo - disse, erguendo as sobrancelhas com ar de censura, como se eu tivesse sugerido isso. - Mas aquela mudança de lugar com a leira dupla, isso é... hummm, é como... bem, alguns dos desenhos nas cerâmicas dos Beakers, mostram um padrão parecido, mas por outro lado... hummm. Entrou em um de seus transes eruditos, murmurando para si mesmo de vez em quando. O transe foi quebrado somente quando tropeçou inesperadamente em um obstáculo perto da base do monte. Lançou os braços no ar com um grito de surpresa quando tropeçou e rolou desajeitadamente pelos últimos metros da trilha, indo parar numa moita de erva-cicutária. Disparei ladeira abaixo atrás dele, mas encontrei-o já sentado entre os ramos trêmulos da planta quando consegui chegar ao sopé da colina. - Você está bem? - perguntei, embora pudesse ver que estava. - Acho que sim. - Passou a mão, aturdido, pela testa, alisando os cabelos escuros para trás. - Em que foi que eu tropecei? - Nisto. - Ergui uma lata de sardinha, descartada por algum visitante anterior. - Uma das ameaças da civilização. - Ah. - Pegou-a da minha mão, olhou seu interior, depois a atirou por cima do ombro. - Pena que está vazia. Estou com fome depois desta excursão. Vamos ver o que a sra. Baird pode arranjar para um café da manhã tardio? - Vamos - concordei, arrumando a

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