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Capítulo

Amber, uma jovem mimada e de família rica, enfrenta uma reviravolta devastadora quando seu pai perde tudo em golpes financeiros, obrigando-as a se mudarem para a periferia de Nova York em busca de abrigo. Despreparada para lidar com a dura realidade da vida na periferia, Amber se vê lutando para sobreviver em um ambiente hostil onde oportunidades são escassas. Por um golpe do destino, ela consegue um emprego em uma empresa inesperada, sob a liderança de um chefe do seu passado. Embora inicialmente relutante em aceitar o trabalho de faxineira, Amber percebe que essa humilde ocupação pode ser sua única chance de reconstruir sua vida. À medida que mergulha nas tarefas diárias, ela se depara com lembranças há muito esquecidas, desencadeando uma jornada de autodescoberta e redenção.

Capítulo 1 Mudanças

Amber Brown

O dia amanhecera cinzento, combinava em muito com o meu estado de espírito, mas isso já não era importante, o que eu sentia, ou o que eu deixava de sentir não mudava em nada a minha realidade, e ela era muito pior do que eu gostaria de viver, ou do que eu acreditava que merecia viver, minha vida era completamente perfeita, eu não tinha o que reclamar, porém de uma hora para a outra tudo mudou da água para o vinho em questão do quê? Dias? Horas?

Levantei da cama com muito custo, pois sabia que seria a última vez que me deitaria nela, caminhei lentamente, desfrutando da visão do meu quarto, enquanto ele ainda era meu, até que cheguei a janela para observar o jardim, pensava que talvez eu pudesse vê-lo novamente no futuro, mas muito provavelmente, eu jamais o veria de novo. Desci as escadas e vi mamãe sentada no sofá com os olhos perdidos, olhando para um ponto fixo, ela com certeza deve estar muito mais desorientada do que eu com tudo que nos aconteceu.

— Bom dia! Mamãe! — Chamei a sua atenção, tentando parecer animada — Já arrumou as suas coisas?

Ela nem se dignou a responder-me, apenas apontou para as inúmeras malas da Balenciaga organizadas ao lado do chapeleiro bem próximo à porta, mamãe nunca precisou economizar, comprava absolutamente tudo que desejasse, e eu por inferência, tinha o mesmo direito e hábitos que ela, pelo menos os nossos pertences pessoais o banco não confiscou, minha mente trabalhava em busca de soluções, e eu só pensava que poderia vender essas malas no e-bay por um valor suficiente para nos manter por alguns meses, ainda mais os itens de grife dentro delas.

Não tínhamos mais funcionários que pudessem nos ajudar a carregar tudo para o taxi, todos eles, sem exceção, debandaram assim que recebemos as notificações da justiça confiscando a nossa mansão localizada em Ridgewood, Nova Jersey, olhei ao redor admirando a propriedade incrível que possuíamos até semana passada, suspirei resignada, eu cresci nessa mansão, todas as minhas lembranças são oriundas daqui, dava-me um aperto imenso no peito ao saber que papai fez dívidas o suficiente para perdermos o nosso lar para quitá-las.

— Vamos ficar bem! — Afirmei nada convencida do que eu mesma falava naquele momento, mamãe apenas assentiu.

Sem demoras peguei o meu celular, que graças aos céus não fora confiscado quando o oficial de justiça veio tomar os carros de papai e abri o aplicativo do Uber para solicitar um transporte, visto que agora não tínhamos mais nenhum carro disponível, e assim seguir para o que seria agora a nossa residência temporária.

Como não poderíamos ser simplesmente jogadas na rua, o advogado da família, amigo de anos de papai nos ofereceu sua casa no Bronx, que segundo ele havia passado recentemente por uma reforma, e era usada por ele como renda extra, pois ele alugava para trabalhadores e afins, o mesmo disse que o último locatário tinha saído da casa e ela estava vazia, com isso poderíamos ficar lá sem nenhum custo por cerca de seis meses.

Depois disso ele passaria a nos cobrar um valor de aluguel, mas esse tempo nos daria um respiro até que nós achássemos um trabalho, ou vendêssemos as coisas de valor que possuíamos, eu já planejava mentalmente os bazares para os quais venderia cada coisa e assim poderíamos sem dificuldades custear o valor do aluguel, ou então encontrarmos um lugar melhor para viver, porém, como no momento estávamos sem dinheiro e se tivéssemos movimentações altas em conta o banco retiraria o dinheiro para quitação de dívidas de meu pai, apenas poderíamos0 ter valores baixos em conta e o restante precisaria ser dinheiro vivo.

Eu tinha recém completado vinte e quatro anos, eu era bonita, então para mim, não seria difícil arrumar um emprego além do que, eu sabia que com tudo que tínhamos, talvez, isso nem se fizesse necessário, obviamente não teríamos mais tantos luxos, teríamos que economizar, mas ainda assim daria para vivermos bem por um longo tempo.

Se considerasse o tanto de dinheiro que Bob, o advogado de papai ganhou nesse período trabalhando para nós, ele deveria era nos dar a casa e não alugar, mas isso também não seria viável, a mansão foi vendida por dezesseis milhões de dólares, e nem todo esse valor foi capaz de quitar as dívidas que papai tinha, ainda perdemos os carros e nossa ações, ainda restavam algumas, mas eram poucas, se tivéssemos qualquer imóvel, seria vendido para quitá-las.

Após cerca de oito viagens para trazer todas as malas, e notas que elas quase não couberam nele me senti melhor, realmente tivemos sorte de não terem confiscado os nossos bens pessoais.

Como eu disse, nós duas juntas tínhamos muitas roupas de marca, malas, joias, a verdade é que dentro daquelas malas havia uma pequena fortuna, que tão logo estivéssemos acomodadas na casa emprestada eu faria questão de organizar para vendê-las para saber exatamente o quanto teríamos e como viveríamos com isso.

Eu não fiz faculdade quando terminei o High School, pois eu e papai tivemos uma discursão muito séria sobre a profissão que eu queria seguir na época, ele exigia que eu me formasse em administração para assumir as empresas, mas eu sempre sonhei em trabalhar com maquiagens, eu disse a ele que me inscreveria no curso de química, tive um grande incentivador na época...

Bem, eu falei a ele que trabalharia com cosméticos, mesmo que o meu maior prazer fosse criar maquiagens, de todos os tipos, inclusive aquelas escabrosas usadas em filmes, mas sabia que papai nunca aceitaria, então a química era um meio para um fim, mas ele era esperto, percebeu o meu intento e logo tirou de mim essa possibilidade.

Ele não permitiu que eu me matriculasse na faculdade, me deixou presa em casa e com isso perdi os prazos na época, eu me senti tão atordoada que não dei a ele o que ele queria, e me recusei a ir trabalhar com ele, acabou que fiquei em casa durante os anos seguintes apenas gastando o dinheiro que ganhávamos, porém, eu era boa com contas, e entendia sobre investimentos, pois eu sempre lia sobre o assunto e acompanhava a bolsa de valores.

A viagem até o Bronx foi longa, mamãe dormia aperta ao meu lado, eu estava me sentindo temerosa do que iriamos encontrar, mas estava tentando ser otimista, esperava de todo meu coração que a casa fosse minimamente confortável, tínhamos tanto em nossa mansão, e agora eu sabia que teríamos pouco, muito pouco nessa nova casa, ao menos teríamos um teto, pensei, tentando me consolar, mas isso só me trouxe mais raiva ao saber que a culpa por isso havia sido dos erros cometidos por papai.

Tão logo o carro chegou ao destino eu saio do carro para avaliar com calma a nossa nova moradia, a casa era geminada e de dois andares, havia uma escada a frente que dava acesso à porta principal, olhei a largura dela, e era ridiculamente pequena, senti vontade de chorar ao notar o cubículo que teríamos que morar, meu quarto na mansão era maior que essa casa inteirinha, fechei meus olhos me contendo para não cair no choro, até que escuto a voz do motorista, deixando tudo ainda pior.

— Deu oitenta dólares a corrida!

Me senti miserável ao lembrar que eu tinha apenas duzentos dólares na carteira, e isso por pura sorte, pois eu iria sair e tinha sacado o dinheiro na semana anterior, porém minha amiga Lyn não pode ir por algum problema em casa, então desmarcou comigo em cima da hora, e com isso o dinheiro acabou ficando guardado, dei a ele a nota de cem com muito pesar e peguei os vinte dólares de troco, pensando em quanto tempo aquele valor ali duraria até eu precisar arrumar mais.

Eu abracei mamãe que olhava desolada para nossa nova casa, estávamos tão perdidas com aquela situação que não notamos quando o motorista se foi, ficamos nós duas chorando silenciosamente enquanto olhávamos nossa nova casa com tristeza e algo muito parecido com ódio, papai havia feito besteiras e nós estávamos pagando o preço por isso, não era justo, nem um pouco, não sei quanto tempo se passou durante nossos delírios de sofrimento, apenas me dei conta da estupidez que estávamos fazendo quando mamãe começou a gritar.

— SOLTA ISSO! ! ! ! NÃO É SEU! ! ! — Seu grito era estridente e apavorado, girei o corpo imediatamente para conseguir ver o que acontecia, e a cena era completamente assustadora.

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