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Tudo por você! Até às últimas consequências.

Tudo por você! Até às últimas consequências.

Talita Ferreira

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Capítulo

O que se pode fazer por amor? Trair? Matar ou fingir a própria morte? Fingir ser outra pessoa? Não existe limites para Pietro, tudo era por ela. Iria até às últimas consequências para ter Luci em seus braços. Ela é a sua promessa de felicidade em um mundo de violência e morte que habitava. Sua Luci foi lhe entregue como um cordeiro para o abate e o amou por quem era, sem olhar o sangue em suas mãos e seu passado de crimes. Ela o amou em sua totalidade aceitando suas luzes e sombras. Planejavam deixar a violência para trás e começar uma vida na América até que ela lhe foi tirada. Roubada no dia do casamento. Marcelo a roubou em meio a uma trama de traição. Alegou que ela lhe pertencia desde seu nascimento sendo sua prometida. Para Marcelo, Luci estava ligada a ele, já que ambos sobreviveram ao massacre de seus pais, sendo ele que a havia salvo da sanha das famílias rivais. Por isso faria tudo por ela, podendo matar e morrer Ambos iriam até às últimas consequências para ter Luci ao seu lado. Um destino e duas escolhas e um único coração.

Capítulo 1 Começo da jornada.

Luci observava com tristeza a construção ao fundo. A pequena cela na qual havia passado seus dezoito anos de vida era tudo que ela conhecia do mundo. Ela representava fome, tristeza pelo abandono. Ali sabia o que esperar da vida, manhãs de oração, trabalho pesado na manutenção da limpeza do convento e parcas refeições no dia. Mais aquilo era sua realidade e não sabia nada do mundo exterior. Somente as fábulas que lhe foi contada pelas freiras, professoras e madre superiora. Uma senhora gorda que vivia trancada em seu escritório. O dia que ela saía era para escolher uma nova ama.

Nesses dias Madre Violeta a escondia com outras jovens que tinham algum traço de beleza. As jovens que deixavam a função de ama alegavam que a mulher era uma porca gorda imunda que abusava delas alegando disciplina espiritual. Fato que escondia a alma perversa da mulher.

Apesar de toda tristeza e maus tratos tinha naquelas paredes seu único lar. E em madre Violeta o único preferencial de bondade e o mais próximo que podia chamar de mãe. Pensava Luci tocando as paredes de pedra fria. O medo apossou de seu coração ao imaginar o que aguardava além daqueles muros. Afinal não conheci outro mundo além daquelas paredes. Tinha medo do mundo exterior, pois não só conhecia as coisas que os livros falavam. Nos seus 18 anos viveu ali entre as madres e a natureza.

Não conheceu a família que pertencia, sua vida foi marcada pelo abandono e estudos. Vivia cercada pelo carinho da Madre Violeta que foi seu guia e cuidadora todos esses anos. Ela ensinou-lhe que além daquelas paredes existe um mundo de violência e morte. Que as pessoas são mal cheias de vícios e de desejos perversos, que deveria tomar cuidado com o seu coração e o seu corpo. Que muitos homens fingiriam afeto simplesmente para levava para cama a descartando em seguida e que seu corpo deveria somente ser entregue ao marido no leito conjugal abençoado pelas bênçãos da igreja.

Assim que cruzou o portão pesado de ferro encontrou a Madre Violeta que a esperava ansiosa. A idosa a fitou e seu coração se encheu de tristeza pela menina que estava preste a entregar a um dos maiores criminosos da Itália. A jovem magra e de pele clara trazia a fisionomia abatida devido ao medo que queimava seu peito.

_Não tema o futuro criança.

Disse a idosa pegando as mãos da jovem entre as suas enrugadas.

_Como não temer Madre? Não sei o que me espera.

Disse a jovem com os olhos marejados de lágrimas. Seu coração afundou contra o peito, esperava completar os seus 21 anos em poucos meses para contrair o hábito seguindo a vida religiosa. Temia o que iria encontrar fora daquelas paredes. Cresceu a ouvir sobre os perigos do mundo da luxúria e da imoralidade reinante no mundo. Como ela poderia viver num mundo guiado pelo mal? Pensava a jovem angustiada.

A idosa fitou os olhos avelãs dela e com voz carregada de emoção falou:

_Tenha fé, minha querida. Lembre do que lhe ensinei todos esses anos. O nosso Senhor sabe o que faz criança. Confie nele e siga sem medo. Lembre-se que muitas das coisas passadas nas aulas sobre o mundo exterior eram pautadas nas experiências más daquelas que ministravam. Lembre-se das nossas conversas e siga a sua intuição.

_Sim madre.

Disse a jovem abraçando a figura amada seguindo pelo grande corredor. A idosa fitou a menina que tinha como filha do seu coração com o peito apertado. Por anos lutou para combater a doutrinação do medo imposta pelas outras irmãs de hábito, as internas do colégio. Via que muitas não queriam deixar as paredes de pedra por temerem a vida. Lutou para que Luci não crescesse assim. Apesar dos seus esforços, sabia que a jovem era insegura e cordata devido a anos de massacre ideológico. Pedia aos céus que o seu botão de rosa florescesse numa mulher forte.

Andaram lado a lado por minutos pelo longo corredor de pedra, chegando até o hall da construção. A idosa abraçou a jovem com todo o amor do seu coração de modo a transmitir-lhe força para jornada que se iniciava. O coração da garota batia descontrolado ao fitar a figura que a esperava na porta do prédio.

_Venha criança!

Ordenou o velho com pressa de forma fria.

Luci fitou a figura horrenda do homem com o estômago embrulhado, ele lembrava um troll saído de um conto de bruxas. O seu coração gritou para voltar para segurança das paredes de pedra. A madre a fitou com o coração oprimido, não podia fazer nada pela garota já que pela lei ele tinha o direito da custódia da jovem por ser o último parente vivo dela. Clamava que os poucos anos que faltavam para ela completar 21 anos passassem rápido. Luci deu o último abraço na idosa seguindo o velho até o carro preto luxuoso sentindo angústia tomar o seu ser.

Ao embarcarem no veículo Miguel, seu avô ficou em um silêncio, observava a figura pálida a sua frente de maneira calculada, desagradado com a figura magra exageradamente, as roupas que trajavam eram peças surradas e o cabelo cor de trigo com nuances avermelhados estavam sem brilho ou corte. Era bonita, não podia negar mais será que Pietro Fanconi ficará satisfeito com ela?

Pensava o velho olhando pela janela do carro que seguia estrada afora em ritmo acelerado. Ele evitava olhar para jovem inocente que fitava a paisagem pela janela. Viajaram por horas até que o velho a fitou e começou a falar:

_Hoje começa sua jornada. Deves honrar o legado de seu sangue.

_Que legado?

Indagou ela fitando o avô que não passava de um estranho para si. A sua intuição dizia estar a ser levada para uma cilada. Que algo de muito errado estava por trás do interesse repentino do avô por ela. O seu instinto dizia que ele não se importava com ela. Que a sua vida era somente um meio para um fim escuso.

_Você é a última deves cumprir seu legado se casando com Pietro.

_ A indignação tomou conta da jovem ao fitar o homem a sua frente. Que loucura era aquela que ele queria impor a ela? Que direito ele tinha sobre sua vida? Pensava a jovem com o coração acelerado.

_ Sim. Deves pagar nossa dívida de sangue com seu matrimônio.

_Que dívida é essa? Como quer me sacrificar para pagar essa dívida. Está louco! Não tem o direito de decidir minha vida ou me obrigar a isso!

Exclamou ela com ódio. Não seria um cordeiro indo para o abate. Lutaria por sua liberdade mesmo que isso custasse sua vida. Pensava a jovem fechando as mãos sobre o vestido surrado que usava.

O velho a fitou com o rosto cheio de ódio. Voltando a falar para ela compreender as consequências de sua teimosia.

_Somos uma família da máfia europeia. Quando seus pais foram mortos, você foi a única sobrevivente. Tive que me aliar a família de Pietro para recuperar nosso território e poder. Para tal, você foi a moeda de troca na negociação. Casará com o herdeiro para saldar a dívida.

Agora o carro parou e a jovem, tomada por determinação brotada da indignação, fitou o avô com os olhos cheios de raiva e falou:

_ Não vou casar com Pietro ou com ninguém!

O velho cheio de ódio fitou a garota, lhe dando um tapa no rosto com força, jogando a jovem contra a porta do carro. Luci, indignada, colocou a mão no rosto que queimava.

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