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Adotada por um vampiro

Adotada por um vampiro

Maria Júlia

4.9
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37
Capítulo

Elisa, é uma jovem de 17 anos, órfã. Seus pais, morreram quando ela era apenas uma criança, então foi deixada em um orfanato em Skelton, que é uma cidade dominada por vampiros da alta sociedade. Elisa quer ter uma família feliz, porém, desde que foi deixada naquele orfanato, nunca foi adotada, bem... até agora. Quando não tinha mais esperanças, Elisa, é adotada por um homem misterioso que, julga querer-la como filha, mas, na verdade, suas intenções mostram, que tem muito mais coisa em jogo.

Capítulo 2 A chegada

Bônus David:

Estava em meu escritório, revendo algumas papeladas, tudo estava uma bagunça, há dias que eu estava de cabelos em pé, tentando organizar contratos. Os acionistas não estão dando trégua e eu preciso resolver o mais rápido possível.

Ultimamente, minha vida se baseia nisso, trabalho de dia e diversão a noite. Não sou nenhum santo, essa vida foi feita para aproveitar cada pedacinho. É difícil dizer, mas mesmo sendo imortal, cada época é um estilo diferente, não é muito fácil se habituar rápido.

Sou o primogênito de uma longa linhagem da minha família. Infelizmente, isso é um fardo pelo fato de que, sou de sangue nobre, e por isso tenho que seguir uma regra chata e que não me deixa contente: Ter que me casar. Péssima regra! Eu não quero isso para minha vida, mas sou forçado porque tenho que levar o sobrenome Parker a diante.

Estava tentando achar um formulário, perdido em tantos papéis em minha mesa, quando escuto três batidas de leve na porta. Faço que pode entrar, e me deparo com meu pai. Ele não entra, fica em pé na porta. Carrega um semblante tenso, parecia preocupado.

– Olá, meu velho – Anúncio. – Entre e sente-se.

Ele absorve meu pedido e acaba cedendo, fecha a porta e se senta em uma das cadeiras em frente à mesa principal.

– Mais aconchegante que me lembro. – Abre um sorriso preguiçoso.

Meu pai tinha seus negócios próprios, eu era independente – uma garantia para maus momentos em um possível futuro –. Ele sempre foi reservado e calmo, pensava antes de agir, um pouco ao contrário de mim, acho que puxei mais a minha mãe nesse requisito.

– O que faz aqui? – Vou direto ao ponto. Pelo seu semblante preocupado, percebo que deve ser algo sério. Dificilmente meu pai viria ao meu escritório sem ser algo de interesse mútuo.

– Bom dia, para você também, meu filho.

– Desculpe-me, estou um pouco lotado de...

– Tudo bem, eu entendo. – Sou interrompido. – Meu filho, precisa arranjar uma noiva, o quanto antes.

Reviro os olhos, mais uma vez, esse assunto me perturba. Desde que cheguei a fase adulta escuto isso. Não me deixam em paz, ainda tenho muito tempo para isso.

– Meu velho, tenho muito tempo ainda para pensar sobre isso.

– Não, você não tem, David. – Fala irritado. – Você está com 999 anos! O tempo está se esgotando.

Meu pai não é de se irritar fácil, mas essa história de eu não querer achar uma pretendente o deixa maluco. Muitos devem pensar que eu sou um idiota por não ter jogado foda-se para o ar e ficar com o dinheiro que eu já tenho, e deixar minha família se virar com o próximo herdeiro. Pois é, eu tentei... Realmente tentei! Só que eles não saíram do meu pé, e agora estou na frente da pessoa que eu menos queria ver nesse momento de estresse.

– Só um minuto, pai. Eu estou com 900 anos. O senhor está...

– Não, David. Você está com 999 anos, eu e sua mãe contamos todos os seus aniversários. Isso que dá não comemorar seu nascimento, agora está aí, nem se tocou que já está um adulto completo.

Foi aí que a ficha caiu. Ele tinha razão... Eu estou com 999 anos, e ainda não tenho uma noiva.

– Eu arranjarei alguma noiva por aí...

– Por aí, não! Você vai arranjar uma humana que preste! – Se altera, já se levantando e colocando um dedo na minha cara.

– Por quê? Eu já não suporto humanos e...

– Nada feito, David! Você precisa de uma esposa decente, e lembre-se de que você só não passa fome graças as bolsas de sangue doadas para nós.

Eu já estava perdendo a paciência.

– Será que, o senhor, pode parar de me interromper! E elas não são doadas, eles dão porque são obrigados.

Meu pai nunca vê as coisas com os olhos certos. Sempre otimista e tentando suavizar a situação.

– O que estou dizendo David é que, pela primeira vez na vida, pare de correr atrás de qualquer mulher por aí, e foque em só uma.

– Você venceu. Vou pedir para Rose, que me ajude a achar alguém.

Sua expressão se suavizou, fazendo com que se acalme e tire o dedo da minha cara.

– Ótimo, e que seja o mais rápido possível.

Ele não se senta, pelo contrário, se vira na direção oposta à minha, deixando-me com a visão de seu tronco largo. Assim que se vai, me jogo na minha cadeira confortável e começo a pensar.

A sala estava em silêncio completo, o cômodo era mesclado com as cores preto e branco. Nunca gostei de mais que isso, não gosto muito de cores chamativas. As persianas estavam fechadas, porque o Sol fazia com que meus olhos lacrimejassem. Ainda não sei, por que escolhi ter uma varanda na sala, sendo que nunca terei interesse de usá-la.

Assim que recupero meu bom senso, seguro o telefone ao meu lado esquerdo na grande mesa do escritório, e ligo para minha secretária.

– Alô, Sr. Parker. – Diz Rose, do outro lado da linha.

– Venha ao meu escritório e, de preferência, com alguns endereços de orfanatos.

Eu precisaria de uma garota quieta e que fizesse tudo que eu queria. Uma que é desinteressada e que não ligue para o que faço e não seja curiosa. Era uma ótima ideia, uma garota que não tinha família e que ninguém sentiria falta. Perfeito.

Escuto duas batidas fracas na porta, assim que Rose entra, lhe dou um leve acenar de cabeça e índico uma cadeira de frente a minha mesa.

Hora de começar a pôr a mão na massa

*******************************************************

*Elisa:

Desvio um pouco a atenção dele, e olho mais uma vez para o interior. É aconchegante. Talvez eu estivesse tentando achar uma maneira de parar de encará-lo, mas não estava dando certo, meus olhos sempre voltavam para ele. O pior é que nós continuávamos a se encarar, e ele tinha um sorriso debochado no rosto, que não estava me deixando deixar feliz.

Nem tive tempo de piscar duas vezes, e ele desapareceu rapidamente do meu campo de visão, reaparecendo atrás de mim. Eu senti suas mãos geladas tocarem minha cintura, seu rosto chegou perto do meu pescoço. Aproximou seu nariz na curvatura do meu pescoço, mas não sentia sua respiração. Por que será, Elisa?

Quando menos esperei, ele lambeu a curva do meu pescoço até chegar no começo da orelha. Ele me impedia de me mover. Aquilo era muito desconfortável, era como se eu fosse um pedaço de carne amostra em um açougue.

– Elisa. – Fala, como se sentisse necessidade de dizer meu nome. – Não precisa ser tão...formal, me chame só de David.

– T-tudo bem. – Acabou que, tive um pouco de dificuldade para responder. Isso é assédio, sabia? Sanguessuga de merda.

Então ele é o Sr. Parker. Ele é o cara que me adotou. Era para ser meu pai, mas não está agindo como tal. Eu sabia que essa história estava muito errada, mas no momento, não estava propícia a dizer qualquer coisa que fizesse sentido.

Não sei de onde eu tirei coragem, mas rapidamente consegui me virar, olhei profundamente na imensidão de azul que eram seus olhos, e não sei de onde tirei força, mas o empurrei para longe. O que não fez muito efeito, já que ele era uma muralha em relação a mim.

– Nunca mais, tente tocar em mim. – Falo. Acho que dessa vez minha voz saiu firme.

Ele começou a dar risada. Eu parecia uma palhaça por um acaso? Parecia estar se divertindo com a situação, rindo da minha cara. O encaro confusa, tentando decifrar o que se passa na cabeça daquele homem. Rapidamente aquela expressão de divertimento e deboche saiu de sua cara, dando espaço a uma expressão séria. Ele pegou o meu queixo e segurou o meu rosto, aproximando nossas faces até que meu nariz, quase tocasse o dele. E mais uma vez, tive que encarar a imensidão azul.

– Não é você que dá as ordens aqui. – Fala. – Daqui a pouco, vão servir o almoço, vá para o seu quarto e se arrume, pedirei para uma empregada acompanhar você.

Esse homem era bipolar, não era possível! Uma hora, estava tirando onda com a minha cara e, em outra, estava me dando um sermão junto com ordens.

– Perdão? – Tento permanecer calma. – O que o faz mudar de humor tão rápido? – Era uma pergunta meio besta, mas era a única que consegui pensar no momento.

Simplesmente soltou meu queixo, – que eu nem percebi que ainda estava segurando. – E se afastou um pouco recuperando a compostura.

– A menos que, queira que eu a use como alimento, não faça perguntas. –– Ele queria me controlar. Controlar a situação. David, pega em meu braço e puxa meu corpo para perto do seu. Me encarou por um instante, e depois seu semblante se suavizou.– Ilya! – Chama, me soltando de seu quase abraço.

Rapidamente, uma mulher pequena com roupas de serviçal adentra a sala. Ela parecia ter uns 40 anos, seus cabelos negros estavam presos em um coque bem-feito e sua roupa bem arrumada.

Ele estava parecendo se controlar, eu podia jurar que a 2:00 minutos atrás, o próprio queria me matar. Acho que ele sabe disfarçar bem na frente das pessoas.

– Estou aqui, senhor. – Responde, a mulher se aproximando cautelosamente.

– Por favor, leve Elisa até seus aposentos, e faça com que tomo um banho, para tirar todo esse ar de orfanato, impregnado em suas roupas. – A mulher fez uma breve reverência e, fez um sinal para que eu a seguisse.

Antes de subirmos a grande escada, Sr. Parker, advertiu:

– Escolha uma das roupas do armário, não quero peças de nível inferior aqui.

Vai se ferrar. Deu uma certa vontade de falar, mas me segurei. Não seria nada legal se ele realmente cumprisse a ameaça de sugar meu sangue. Espero que esse dia chegue nunca.

Eu a segui em silêncio pela grande escada. Viramos o corredor e logo me deparei com uma porta de Eucalipto esculpida com delicados detalhes há minha frente. A mulher abriu a porta, me dando uma ampla visão do quarto.

Ele era grande, em comparação ao meu antigo quarto, que eu dividia com outras dez meninas. Tinha uma cama espaçosa no centro e tinha uma linda e delicada penteadeira no canto. Também do outro lado do quarto havia um sofá grande e que parecia ser confortável, juntamente com uma prateleira com alguns livros. Tinha duas portas no quarto, imaginei que, uma levaria ao Closet e outra ao banheiro.

Estava realmente impressionada com o quarto. Ele era lindo.

A mulher entrou no aposento, e eu a segui. Ela se virou para mim e mostrou um sorriso gentil. Eu retribuo. Antes mesmo de falar algo, a mulher rapidamente virou e foi até uma das portas do quarto. Ela abriu e me deu passagem para entrar, era o banheiro.

O banheiro era enorme, suas paredes tinha um tom bege. Bem no centro tinha uma grande banheira (eu não vou ficar falando muitos detalhes, porque não é isso que importa).

Me virei para a mulher que já estava quase saindo pela porta do banheiro e tive coragem de falar:

– Como você consegue? – Ilya, a serviçal, deu um leve sorriso.

– Ele não é esse idiota que você deve estar imaginando. É que hoje não é um dos seus melhores dias.

Realmente eu achava que ele era um idiota completo. Qual é o problema em usar roupas que não são de marca? Otário.

– Bom, não creio muito nisso. – Digo, e a mulher revira os olhos.

– Daqui a pouco, você vai entender o que eu estou falando. – Ela se vira e sai do banheiro.

Agora me resta ir tomar banho. Liguei as torneiras, rapidamente a água começou a percorrer todo seu meio. Achei onde ficava o sabonete e os produtos para o cabelo, também peguei uns sais de banho e despejei na banheira. Esperei um pouco e então entrei. Até que, não é tão ruim assim. A água estava morna e trazia um ótimo bem-estar a minha pele. Eu já tinha tomado um banho hoje, mas nem se comparou com esse.

Fiquei um tempo descansando, lavei meu corpo e meus cabelos.

Ao chegar no quarto, me deparei com um delicado vestido de seda azul, posto em cima da cama. Ele se ajustou perfeitamente em meu corpo. A empregada escolheu a cor certa, adorava azul. Junto com o vestido, ela me deixou uma sapatilha bege nos pés da cama. Impressionantemente elas serviram perfeitamente.

Depois de me vestir, fui até a penteadeira e de lá peguei uma escova de cabelo. Prendi meu cabelo em um rabo de cavalo e dei uma pequena ajeitada no vestido.

Está na hora de descer. Pego e saio do quarto, indo em direção as escadas.

*David:

Chego em meu escritório um tanto quanto transtornado. Quando vi Elisa na fila de garotas, ela me parecia uma marionete, uma menina sem curiosidade e interesses, que faria o que eu dissesse sem pestanejar. Bom, parece que me enganei.

A garota tem um jeito teimoso e petulante em seu olhar. Mas o que eu pensava que iria acontecer? Que ela seria uma menina tímida e educada? É claro que não, ainda mais vindo de um orfanato.

Vou até minha mesa e pegou o telefone discando o número de Clark, era meu melhor amigo desde a infância – Sim, somos amigos há bastante tempo. – Toda vez que eu tenho problemas, recorro a ele. É um ótimo conselheiro.

– Alô. – Fala, a voz de Clark atrás da linha.

– Sou eu, David.

Escuto um bocejando atrás da linha.

– Nem precisava dizer seu nome. Conheço de longe essa voz enjoativa que as mulheres adoram. Dou risada. Ele adora tirar onda com a minha pessoa.

– O que você quer? Nem venha me dizer que é dinheiro, porque se for, vou te dar um pé na bunda.

– Claro que não. Eu preciso de ajuda com uma garota... – Me interrompe, não me deixando terminar de falar.

– Espera um pouco, eu ouvi bem? David Parker II, pedindo ajuda com garotas? O apocalipse chegou! – Fala Clark, em tom de deboche.

– Você é um pé no saco sabia? – Ele ri. – Eu preciso que você me ajude, a meio que, domar uma garota.

– Domar? Você está ficando Louco, David? A velhice finalmente te alcançou.

– Claro que não, seu idiota – Falo, perdendo a paciência. – Lembra que eu comentei com você sobre a minha noiva, e que estava planejando achá-la em um orfanato?

– Deixa eu adivinhar, a garota que você está querendo domar é a que você adotou?

– Sim, mas ela não é nada que eu achava que era. Achava que era uma garota quieta e facilmente manipulável.

– Ela não é nada disso, não é mesmo?

– Exato. E agora eu não sei o que eu faço. Preciso que ela seja a minha noiva, mas não sei como contar sem que ela saía de casa correndo e vá direto divulgando pelos quatro cantos. – Digo, frustrado.

A linha fica um tempo em silêncio, de repente voltando com um Clark perigosamente animado.

– Já sei! Você deve ir com calma, ela precisa confiar em você e ter afinidade. – Diz, explicando.

– O que eu faço, exatamente? – Pergunto um pouco confuso. Escuto um suspiro atrás da linha.

– Faça com que ela ache que você não tem segundas intenções, haja no começo como um pai, tenha afinidade com ela e...

- Não vai rolar, digamos que, eu já dei o primeiro passo e é provável que se ela não sacou que quero algo dela, provavelmente suspeita. –Interrompo.

– Você é um idiota mesmo. Precisa calcular as consequências de seus atos!

Clark sempre foi mais calculista e cauteloso, e eu sempre fui pelo impulso.

– Então, o que você indica?

– Você precisa fazer com que ela perca as suspeitas sobre você.

– Como? – Pergunto, meio perdido. Acho que isso não vai rolar.

– Leve alguma mulher para sua casa e, apresente ela como sua "namorada".

– Até pode funcionar, mas... - sou interrompido.

– Mas nada, David! Você tem um monte de mulheres na sua agenda, dá para escolher a dedo.

– Qual a mania de todo mundo me interromper? – Suspiro. – Tudo bem. – Digo, por vencido e desligo na cara dele. Provavelmente irá me matar depois, mas todo tempo é precioso.

Seguro o telefone e disco outro número. Já tinha a pessoa perfeita para isso.

– Alô – Diz, uma voz feminina do outro lado da linha.

– Aly? Podemos conversar?

*************

*Elisa:

Lá vamos nós. Eu só preciso descer as escadas e pedir para que alguma empregada me leve até a sala do almoço. Aquilo era horrível, odiava ter que pedir informação, mas se for por conta própria vou acabar me perdendo e não achar o caminho de volta.

Parece improvável que nunca mais encontre o caminho de volta, mas isso aqui é imenso. Mas se eu for pensar bem, até preferiria me perder e nunca mas ser achada. Não quero ficar aqui, não tenho vontade de andar por aqui e muito menos olhar todo dia para ele.

Ok, chega de enrolar. Começo a descer as escadas devagar, na espera de que, algo venha e me derrube. Tudo bem, estava exagerando, mas sinto que aqui todo cuidado é pouco. Assim que cheguei no andar de baixo, comecei procurar um serviçal ou chofer, até preferiria se fosse Ilya. Continuei procurando, mas não achei ninguém. Talvez fosse a hora de tentar a própria sorte e seja o que Deus quiser.

Entrei e saí por várias portas tentando achar o lugar certo. Era impossível! eram tantos cômodos, que fiquei a ponto de me trancar em um e ficar lá até apodrecer.

Estava passando por um corredor estreito quando de repente... Pow! Eu esbarrei com alguém. Nós caímos e senti a pressão da caída vir até minhas entranhas e voltar.

É muito azar para uma pessoa só.

Olhei para cima, era uma moça. Ela era pálida, seus cabelos ruivos e seus olhos puxados para um azul esverdeado. Ela estava meio perdida e esfregando a mão na cabeça, onde eu imagino ter levado a pancada na queda.

Tentei começar um possível pedido de desculpas. Mas o problema é que, eu não sabia quem era a causadora do tombo, mesmo assim, era melhor me desculpar.

– Oi, desculpa por ter esbarrado em você. – Digo, ela se virou parecendo finalmente ter se tocado que eu estava ali, parecia estar em outro mundo. Abriu um sorriso e deixou escapar um riso.

– Não tem o que se preocupar. Fui eu que me esbarrei em você. – Ela se levanta e, dá a mão, me ajudando a levantar. – Me desculpe. Ah propósito, sou Katherine.

Ela parecia ser gentil, mas também poderia estar lidando com uma pessoa ligada nos 320.

– Eu sou, Elisa. – Assim que falo, ela arregala os olhos.

– Meu deus! Problemão! Só me segue. – Diz isso, e vira as costas, saindo andando rapidamente, eu a acompanho.

Estava confusa, o que ela queria dizer com "problemão"? Será que, era algo está relacionado a mim?

Nós viramos à direita e depois a esquerda, passando por corredores escuros graças as cortinas. Então, paramos em frente a uma porta branca e larga. Ela me olhou e eu a olhei de volta.

– Ele odeia atrasos. – Diz, tomando a iniciativa.

Ele...David?! Que legal. Penso. "Ele odeia atrasos". Vai ser muito divertido o meu almoço.

Notei agora que as roupas de Katherine não eram de uma serviçal, as suas roupas eram normais do cotidiano. Talvez ela seja alguma amiga ou parente.

– Muito ruim? – Pergunto, um pouco apreensiva.

Ela me olha com uma expressão séria.

– Se fosse em um dia normal, não, mas hoje não é um de seus melhores dias. – Ela sussurra em meu ouvido, para que ninguém escute.

Ainda paradas em frente a porta:

– Alguma probabilidade de homicídio?

Ela se assusta e volta ao normal.

– Nem brinque com isso.

Essa garota estava realmente me assustando. Eu não tinha mais nem coragem de abrir uma porta, achava que algo sairia de trás dela e me agarraria. Ela começou a rir. Eu fiquei um tempo raciocinando o que estava acontecendo.

– Sua cara foi a melhor. – Diz, rindo.

Eu estava chocada, ela me deixou apreensiva e com medo, para depois rir da minha cara.

– Não teve graça. – Fico com uma cara emburrada

– Calma, eu só estava brincando. Mas sério, eu estava te procurando, deveria te levar para almoçar.

Eu ainda olhava para sua cara um pouco abismada. Eu estava com vontade de sair dali, pisando duro e não comer mais nada. Ela deve ter notado a carranca que se formou em meu rosto e, logo endireitou sua postura.

– É nessa porta. Fica tranquila, ele não vai almoçar conosco.

O nome dele não foi citado por ela. Tá com medo de invocar o diabo?

– Não? – Pergunto. Pensei que, no primeiro dia, ele ficaria para dar as boas-vindas, mas uma parte de mim ficou mais tranquila, apesar de que agora ficaria com essa garota que me assusta um pouco.

– Não. Ele foi almoçar com alguém. Me disse que só voltaria a noite.

– Hm. – Melhor para mim.

Ela olhou para porta e para mim novamente.

– O que estamos fazendo do lado de fora? Eu quero comer! – Diz, dando batidas de leve na barriga.

Eu dei uma risada de leve. Até que não seria tão ruim almoçar com ela.

– Então vamos. – Digo, pegando no trinco da porta.

Assim que abre, me deparei com um lugar amplo e aconchegante. Havia uma grande mesa redonda no centro e grandes janelas (dessa vez, abertas) iluminadas pelos raios solares do meio-dia.

– Sente-se. – Katherine, se vira para mim, já se sentando e mostrando um lugar à sua frente.

Vou e me sento. Era um pouco esquisito, nem conhecia ela direito e já almoçando juntas. Mas, pelo menos, eu teria uma companhia.

Os pratos já estavam a mesa, juntamente com a comida. Era estranha, tinha uma pequena porção que continha algo verde, um pedaço de carne meio cru e uma pequena quantia de salada.

Isso é para uma criança desnutrida? Nunca tinha visto tão pouca comida em um prato antes. Observei o prato de Katherine, e o dela estava cheio de comida, chegava a me dar água na boca. Por que eu não posso ter isso? Injustiça!

Com um pouquinho de indignação – muita – e querendo achar que aquilo era brincadeira falei:

– Isso é só uma entrada, não é mesmo? – Falo, apontando para o prato.

Ela dá uma risada.

– Não. David não quer que engorde.

– Ele quer me ver magra ou anoréxica?

Idiota! Idiota! Idiota! Eu quero minha comida e não migalhas dela.

Ela cai na gargalhada.

– Pera. – Diz, enxugando uma lágrima do olho. – Adorei essa!

Não estou vendo nada de muito engraçado, na verdade, nada disso é engraçado. EU QUERO MINHA COMIDA!

– O que eu faço com essa coisa verde? – Aponto para a borda do prato.

– Vai por mim, deixa ela aí. Não experimenta.

– Ok...

...

Terminamos de comer. Conversamos bastante, sobre vários assuntos aleatórios e, ela disse que, no armário da cozinha, tem uma bolacha recheada, que eu poderia comer se ficasse com fome.

Bom, depois de almoçar, voltei para o quarto, não antes de me perder novamente. Estava me sentindo vazia, sem nenhuma comida quase para digerir.

Comecei a pensar. Com quem David foi almoçar? Será que voltaria tarde? Eram pensamentos bestas, mas queria saber para que quando chegasse, me explicasse de o porquê do racionamento de comida.

Já que estava de tarde, resolvi pegar um de meus livros para ler e passar o tempo. Foi quase impossível de ler, ficava pensando o tempo todo na minha vida no orfanato, nas pessoas. Tudo aquilo perdido.

Quando me dei por mim, o sono já tinha levado ...

*David:

Tédioooooooo. Não aguentava mais, ouvir Aly falando em meus ouvidos. Como aquela mulher falava tanto em pouco tempo?! E o pior era que ria de si própria.

Dá para ficar pior? Acho que sinceramente dá!

Estava tentando seguir o conselho que Clarck me deu. Fui atrás de uma mulher, só para ficar por um tempo e fazer teatro para Elisa.

Isso foi uma péssima ideia. Fazia tempo que não nos falávamos, acabei esquecendo que para fazer calar a boca, era preciso sentar-se em cima dela.

Eu deveria ter imaginado quando liguei para ela. Mal tinha feito o convite, e já estava dizendo onde iríamos comer.

Não me leve a mal. Eu e ela já nos divertimos muito nessa vida, mas tudo que é demais enjoa, e a cota dela já acabou. Ela sempre foi muito manipulável, então imaginei que seria fácil tê-la como namorada. Pelo menos, por um tempo, até eu poder dar um pé na bunda dela.

– Então, David? O que queria me dizer quando entramos? – Finalmente, chegamos no ponto da conversa. Eu tentei até agora, falar com ela sobre isso, mas sempre que tinha uma brecha, me cortava.

– Bom, já que estamos aqui. Aly, esqueci seu sobrenome, desculpe-me...

– É Singer.

– Ok. Aly Singer, por todas as circunstâncias, você é uma mulher incrível. Gostaria de saber, quer namorar comigo? – Faço a pergunta. Seus olhos se arregalaram em surpresa, logo abre um sorriso em sua face.

– Sim! Sim! Sim! – Diz, dando pulinhos na cadeira.

Era o cúmulo. Todos ao redor de nossa mesa, estavam olhando o escândalo que Aly estava fazendo.

Aly era uma vampira jovem. Foi transformada há um tempo. Faz talvez 50 anos que nos conhecemos, não sei ao certo.Estava começando a querer sair pela porta e nunca mais voltar. Mas já que estava aqui, não podia mais voltar atrás.

Não estava em um restaurante de vampiros, era um restaurante normal, precisava que ninguém soubesse o que eu estava fazendo. Não tinha sangue aqui, e isso estava começando a me apavorar. Não me alimentava já fazia dois dias, pelo fato da correria.

Estava começando a considerar que surtaria de fome.

Enquanto meu estômago roncava, Aly enchia minha cabeça com sua voz irritante.

Que arrependimento.

***********

*Elisa:

Acordei e olhei ao meu redor. Não era meu quarto, estava tentando identificar, mas não estava dando certo. Finalmente entendi que não estava mais no orfanato, não estava, mas em casa.

Fui surpreendida com meu estômago roncando, juntamente com uma fome enorme.

Lembrei que tinha um pacote de bolacha na cozinha.

Levantei-me da cama e fui até a janela, olhei ao redor e estava tudo escuro. Devia ter ficado noite enquanto eu dormia.

Talvez ninguém esteja na cozinha. Eu poderia muito bem ir até lá sem ser vista. Foi com esse pensamento que resolvi sair do quarto em busca das bolachas.

Era provável que tinha muito mais coisas para comer do que um pacote de bolacha, mas por enquanto é melhor deixar minha ambição de lado.

Desci como escadas com cuidado, tentando não fazer barulho. Era estranho como estava tudo quieto.

Olhei ao redor e não avistei ninguém. Por sorte, antes de ir para o meu quarto, Katherine me mostrou onde ficava a cozinha.

Eu a agradeço imensamente em pensamento. Por mais que já tinha visto onde era a cozinha, não era a coisa mais difícil do mundo se perder por aqui.

Virei um corredor e me deparei com um beco sem saída. Mas algo era estranho, ali o papel de parede cinza claro era úmido e com algumas ondulações. Poderia ser infiltração, mas era estranhamente excitante, tinha algo atrás daquilo. Por mais que aos olhos de outras pessoas aquilo fosse uma mera infiltração, eu tinha certeza de que era algo a mais. Eu senti isso.

Acreditava que aquilo não passou despercebido aos olhos do Senhor Kilson. Ele parecia um homem muito certinho e arrumadinho para deixar isso como está.

Se não fosse por meu estômago, talvez tenha arrancado o papel de parede. Estava com muita fome, não tinha almoçado direito.

- Ele não quer que engorde - digo imitando a voz de Katherine, que por um acaso, era muito dócil para sua personalidade explosiva.

...

Refiz o caminho umas quatro vezes, até finalmente achar uma cozinha. Parei um pouco antes de entrar. A porta estava fechada, porém ouvia-se barulhos vindos de trás dela.

Talvez estivessem cozinhando o jantar, mas não era um barulho normal, eram barulhos de coisas caindo ou sendo arrastadas.

Fantasmas são mera conversa que as crianças mais velhas inventam para assustar as mais novas. Repetia esse mantra, toda vez que ficava com medo. No caso, era meio patético já que eu morava em uma cidade sobrenatural, mesmo assim, fantasmas são diferentes.

Agora estava dividida entre entrar e não entrar. Uma parte queria sair correndo e, a outra, queria entrar e socar a merda que está fazendo isso.

Tá... as duas opções não me agradam muito.

De uma vez só, resolvi mandar um foda-se para o ar e entrar.

Foi a pior escolha da minha vida, assim que entrei, a porta acabou fechando e eu não conseguia achar o trinco.

Tudo bem, se eu estou aqui, é por um motivo ... COMER!

A cozinha, estava escura e eu não sabia onde ficava o interruptor.

Os barulhos ainda continuavam, mas agora não eram de coisas caindo, mas sim, de algo engolindo.

Tentei chegar mais perto e escutei alguma coisa murmurando:

– Não... é... o... suficiente. – A Coisa disse, em intervalos de tempo.

Merda. Tinha alguém naquela cozinha, e não era humano. A coisa ainda não devia ter reparado que eu estava ali, então tentei recuar. Estava em um breu total e o barulho da coisa engolindo atrás de mim não estava ajudando.

Estava quase chegando à porta, quando o barulho da coisa engolindo cessou.

Meu coração gelou. Ela reparou que estou aqui.

Em um mal súbito, fui para cima da Coisa. Tentando me defender. Por sorte, acertei algo. Era algo grande e musculoso. Estava com medo e nem sabia o que ainda estava fazendo ali. Aquilo nem teve vontade de se defender, só ficou parado, como se fosse uma estátua.

Foi quando eu ouvi um crack, e tudo foi iluminado.

Eu fechei meus olhos, não queria olhar. Foi quando senti dedos gélidos acariciarem minha pele.

Abri meus olhos devagar e me deparei com... David? Levei um susto, sua boca estava ensanguentada e o sangue escorria de seu maxilar até a blusa que estava semiaberta.

Eu quis gritar, chutar, me livrar, mas não consegui, estava paralisada.

– Desobedecendo ordens... Bem, já é um bom começo. – Diz, sínico.

Nem tive tempo de responder. Quando vi, seus lábios estavam se esfregando em meu pescoço. Ele acariciou minha bochecha com seus dedos. Quando dei por mim, senti algo perfurando meu pescoço. Aquilo doía e ardia. Eu chutei e o soquei, mas ele não me largava.

Comecei a ver tudo embaçado, tentava me forçar a ficar acordada, mas a única palavra que consegui dizer antes de adormecer foi:

– Idiota...

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