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Através das dimensões

Através das dimensões

Mellinda

5.0
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3
Capítulo

Romance interdimensional entre Fido, um ser multidimensional, e Liana, uma garota que, já foi um ser multidimensional e, atualmente vive aprisionada em uma "casca humana" e, a única lembrança que tem é do sentimento que Fido nutre por ela.

Capítulo 1 Caleidoscopio

Ao acordar, Liana olha o horário na tela do celular: 5:30. Sim, apesar de absolutamente ridículo, nesse ponto, Liana era como uma criança que acorda ao primeiro indício dos raios de sol. Era sempre assim, e apesar de detestar isso, ela não tinha como realmente fazer algo para mudar isso.

Tomou coragem, após remexer violentamente pelo colchão da cama barulhenta e se levantou já sentindo a bexiga quase estourando de vontade para fazer pipi. Já no banheiro, escovou os dentes, lavou o rosto e, como estava muito frio, tentou organizar a bagunça, que ela julgava, estar o seu cabelo.

Liana se recuperava de um período exaustivamente depressivo, tinha dificuldade de lembrar de tomar o remédio, mesmo com alarme, problemas de que tem TDAH, como sua mãe dizia:

-"c'est la vie!"

em francês significava: "é a vida!". Ela sempre lembrava com carinho das palavras proferidas sabiamente pela sua mãe, apesar de esta não a ter criado de forma nada amável, essa sempre fora a natureza de Liana: fazer o bem sem olhar a quem. Inúmeras vezes isso a irritava porém, diversas vezes ela havia tentado mudar tal característica irritante mas, sem sucesso! Sempre acabava se machucando nesse processo logo, com tempo (e muita terapia) parou de lutar contra a essência de quem realmente era.

Após terminar de usar o banheiro da melhor forma que podia, foi sentar-se na varanda de sua casa para olhar a paisagem e tentar estudar um pouco pois, queria tentar prestar vestibular ainda aquele ano. Foi nesse momento que ela sentiu. Aquela mesma sensação, o mesmo sentimento, o mesmo calafrio que, apesar do frio na espinha que lhe causava, deixava suas entranhas quentinhas de uma forma familiarmente deliciosa. Imediatamente fechou os olhos com intensidade, profundidade e força, fazendo nascer um suspiro tão fundo de dentro de si, que acabou quase gemendo! Ficou algumas incontáveis horas, ou minutos, ela sempre se perdia contando, imóvel, somente sentindo aquilo que ela ainda não sabia dar nome, mas aquele que causava aquilo tinha sim um nome.

Fido: da outra dimensão se retorcia de vontade de realmente tocá-la porém, ele sabia que a maldição que havia sido posta sobre ela não poderia ser quebrada, interrompida ou anulada. Por saber disso, sempre que via, ainda que minimamente, uma das energias emitidas pelo corpo de Liana pairando no ar, se conectava automáticamente, ainda que por um breve momento, para que ela se sentisse amada, para fazê-la saber, ainda que no fundo do seu ser, que não estava só, nunca!

Agora, caro leitor posso te contar, ainda que brevemente, a história desses dois. Há aproximadamente 7.500 anos atrás, a mitologia bíblica diz:

-‭"Ora, naquele tempo havia gigantes na terra; e também depois, quando os filhos de Deus possuíram as filhas dos homens, as quais lhes deram filhos; estes foram valentes, varões de renome, na antiguidade."

‭‭Gênesis‬ ‭6:4‬

Liana e Fido eram dois nephilins (termo mencionado em hebraico, nos escritos originais de genesis) e, apesar de todo o caos que os seus iguais faziam sobre e sob a terra, ambos não concordavam com aquele proceder porém, Fido e Liana eram os únicos da sua espécie que se sentiam um pouco "humanos demais" pois, eram absolutamente fascinados pela capacidade que os humanos tinham de se apaixonar e, fora esse o ponto de partida. Com capacidades cerebrais superiores a eles, ambos estudavam com afinco, e faziam anotações sobre a fauna e flora terrestre, e igualmente sobre o comportamento dos humanos.

Em algum momento desses, entre livros e anotações, nasceu vagarosamente um amor, uma conexão diferente do que eles costumavam partilhar e, durante algum tempo, cada um dos dois guardou e rechaçou tal sentimento como algo abominável pois, pensavam ser alguma anomalia que surgira somente neles, já que todos os outros da sua espécie não sentiam nunca nada próximo disso. Entretanto, em um dia de observação da fauna marinha, Fido se perdeu admirando o arco-íris que o sol refletido na água projetava no rosto de Liana e, sem pensar o suficiente para se conter, a beijou. Profundamente colérica, ela o segurou e o afastou porém, ao olhar enfurecidamente no rosto dele, encontrou seus olhos e, brevemente recordou do momento em que seus lábios se tocaram. Não conseguindo sustentar tal fúria, simplesmente se aproximou, de forma sutil e gentil, o beijando de volta.

A partir daquele dia eles sempre fugiam dos olhos injetados de seus "irmãos" para poder namorar. Sim, parece algo simples e ridículo que dois seres multidimensionais e extremamente inteligentes não conseguissem se conter porém, era uma ligação que ardia, formigava e esquentava, a cada toque, a cada olhar, cada risada e abraço.

Como nunca a vida é fácil, logo sua raça fora condenada pelos atos que faziam contra os humanos, fauna e flora sobre e sob a terra e, apesar de nenhum dos dois terem nada haver com aquilo, iriam pagar somente por serem nephilins. No dia da execução porém, Liana se revoltara e, jurando estar com o seu amado eternamente, fez um ritual que, como nephilim ela podia criar de acordo com suas necessidades. Ao terminá-lo, recebeu um castigo particular e direcionado ao tamanho da desobediência que havia cometido. Foi automaticamente transladada e, diante dos seres celestiais encarregados pela vida de sua raça, foi julgada e condenada a renascer como humana até que aprendesse a "ser boa", como aqueles seres julgavam que, por ser desobediente ela não o era.

Enquanto isso, Fido sem saber de nada, era condenado junto aos seus a vagar sem um corpo físico pela terra. Por achar que Liana estava em meio a eles, não estava exatamente preocupado, pensou consigo mesmo:

-"Assim que acabarem com isso, irei manifestá-la para que possamos estar sempre juntos, ainda que sem matéria física."

mas, como sabemos, sua amada não estava entre eles e, ao perceber isso, começou a lamentar em melodia:

-"Como podem de justiça isso chamar

Se condenado fui sem meu par.

O amor que com dificuldade descobri

Sem nenhuma cerimônia vi partir.

Ainda que saiba que ela nunca iria

De mim a arrancaram com maestria.

Sem os olhos pregar

Procurar te ei

Ainda que me faça sempre,

Um fora da lei."

De volta ao momento de Liana na varanda, ao se permitir abrir novamente os olhos, percebeu que estes estavam úmidos. Por que raios ela poderia ter chorado? Liana detestava que seu corpo e mente agissem de forma "sem sentido" previamente definido por ela e, se sentindo o ser mais sem noção da face da terra, foi lavar seu rosto no banheiro. Enquanto enxaguava seus olhos, ouviu alguém chamar seu nome pela primeira vez. Parando pensou:

-"Estou louca, com certeza!"

porém, ela sabia que aquilo era forte e profundo demais para ser só insanidade. Como já haviam lhe dito antes que a meditação poderia ajudar, e ela se sentia bem o suficiente para isso, foi tentar meditar um pouco.

Ali, sentada em silêncio no chão de sua sala, com a janela aberta, se lembrou de quando meditava em sua adolescência e, o como o vento começava a nascer diante de cada "camada" que sua mente parecia atravessar através da meditação e, se sentiu profundamente triste pois, após a depressão não conseguia mais sentir nada com profundidade. Entre pensamentos nostálgicos e embaralhados, sentiu seu corpo enrijecer e o fluxo de sangue entre as pernas aumentar mas, achando aquilo ridículo, tentou com todas as forças desviar o pensamento. Como podia sentir tesão sem nem ao menos estar gostando de alguém? Ela sabia que sua libido era alta mas, como sempre fazia, já havia se aliviado naquele dia (mais de uma vez, inclusive!).

O que Liana não sabia, era que seu eterno amado manifestando-a, transmitia com toda força e empenho possíveis, seu amor a ela e, por isso a reação brusca de seu corpo não a deixou em paz e, como ela já estara prevendo, teve que se deitar pois, sei corpo inteiro começou a contorcer em busca de Fido, sem ela ao menos saber. Porém, nesse dia fora muito diferente e, ela decidiu pesquisar mais sobre isso após o "incômodo incidente".

Mais tarde naquele mesmo dia, após se alimentar com uma vitamina rápida de maçã e banana, Liana lera diversos contos de mitologias, e pesquisara palavras as quais não lembrava ou sabia o significado para compreender melhor o que lia. Online, achou alguns médiuns que explicavam coisas desconexas para aquela situação, então cansada como estava, encerrou a pesquisa e foi tomar um banho. Ela nem vira o dia passar, apesar de ter feito toda uma rotina normal, aqueles pensamentos haviam roubado toda a sua atenção.

No banho, sentira os calafrios novamente. Será que estava ficando doente? Ela geralmente tinha essas sensações de forma mais espaçada, não era recorrente como naquele momento, e isso a preocupou. Naquele dia passou a noite em claro e, só conseguiu dormir na noite do dia seguinte. Nessa noite de sono, sonhou com uma praia onde ela fazia anotações da vida marinha, enquanto um caleidoscopio de cores pairava sobre sua pele, havia alguém com ela e, sentia a eletricidade fluir entre ele e ela de forma ininterrupta. Sem esperar, ele a beijou. Sentindo a fúria correr por suas veias, ela o afastou e, ao pousar seus olhos sobre os dele, inebriada se aproximou retribuindo o beijo. Ao acordar Liana tinha um nome ecoando em sua mente mas, não conseguia se lembrar com clareza. Cumprindo seu ritual matinal no banheiro, resolvera que estava quente o suficiente para um banho e, ao enxaguar seus cabelos ouviu sua própria voz chamar mentalmente:

-"Fido!"

imediatamente congelou e, arregalando os olhos, teve a certeza que mesmo criativa, não havia criado aquilo. Nem o nome, nem a pessoa, muito menos a sensação!

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