Login to Lera
icon 0
icon Loja
rightIcon
icon Histórico
rightIcon
icon Sair
rightIcon
icon Baixar App
rightIcon
Minha Por Contrato
4.9
Comentário(s)
32.1K
Leituras
1
Capítulo

Não leia, está incompleto

Capítulo 1 O Herdeiro

Carlos Daniel Medeiros Alencar

Desta vez estava mesmo preocupado.

O tempo estava acabando e não encontrava outra saída cabível, se não, ceder a vontade daqueles filhos da puta...

Os acionistas pretendiam votar sobre minha permanência (ou não) na presidência dos negócios durante a próxima reunião. Segundo alguns daqueles bostas, se não parasse de causar "transtornos" como chamavam as festinhas particulares que costumava participar, tentariam foder com a minha cadeira na liderança da corporação Medeiros Alencar.

O meu lugar seria ocupado por um daqueles sacos de banha, como se algum deles fosse minimamente qualificado para gerir meu negócio com o mesmo sucesso que estava obtendo.

Não iria tolerar ver a empresa que fui criado para liderar, sendo comandada por outras mãos além das minhas:

- Você deveria ter me dado ouvidos quando alertei a respeito dessa vida de "ídolo dos negócios" que insiste em ostentar, Daniel. - Disse Emílio que é amigo da família a muitos anos. Trabalhou com meu pai desde o início e hoje atua como conselheiro e diretor executivo, logo abaixo de minha posição:

- Estava bastante óbvio que não demoraria muito para que sua noitada regada a mulheres e bebidas virassem manchete na porra dos tabloides. - vociferou.

E o coroa tinha sua parcela de razão. Sabia que minha vida de herdeiro jovem e mulherengo, incomodava boa parte os sócios mais conservadores.

Alguns desejavam que o império Medeiros Alencar fosse representado por alguém de pulso forte e moral ilibada.

Meu pulso a frente dos negócio todos conheciam bem. Era inquestionável minha capacidade de saber exatamente onde e quando investir. E o fato de em poucos anos ter triplicado o faturamento de nossos empreendimentos apenas corroborava minhas capacidades.

No entanto, para alguns daqueles merdas, eu era alguém de moral questionável. Atacavam minha capacidade de comandar dizendo que eu era imprevisível e impulsivo.

Alguém que poderia facilmente por tudo a perder em uma mão de azar, insinuando que eu lidava com meus negócios blefando como em uma partida de poker.

Diziam ainda que minha conduta pessoal promíscua e postura sensacionalista distinguia dos ideais da companhia e que minha imagem vulgar e midiática mancharia o nome da corporação.

Corporação está que foi erguida por minha família e elevada a multinacional por mim mesmo durante os últimos 8 anos. Foi graças a minha mais pura determinação e inteligência que hoje temos um nome mundialmente conhecido zelar.

Graças A MIM!

Não graças ao meu pai.

Não graças a nenhum dos acionistas.

Como eles ousam questionar minha capacidade de estar a frente de algo que faz parte de mim?

Está empresa sou eu!

- Esses merdas estão com inveja! - Afirmei friamente, sentado na poltrona de couro preto - A maioria daqueles paus nem levanta mais. Claro que o fato de ser bem sucedido nos negócios e ainda comer a porra da gostosa que eu quiser vai deixar um ou outro puto. "C'est lá vie". - finalizei dando de ombros.

Não fazia nenhuma questão de esconder o desprezo em relação a estes abutres, eram uns velhotes de merda, antigos demais pra serem arrojados. Passavam os dias com suas amantes lambendo suas bolas enquanto eu permanecia aqui, fazendo o dinheiro dos filhos da puta multiplicar todos os meses.

Emílio se aproximou e jogou um jornal sobre a mesa de mogno:

- Acontece que você está indo longe demais Daniel. - Exasperou-se enquanto apontava para o título da matéria "O playboy da avenida paulista". - Encher a porra de uma limusine com modelos peladas e sair desfilando pelo centro de São Paulo? Manter a discrição não custa absolutamente nada e evita escândalos cara! - finalizou seu esporro com a expressão de cansaço marcando as rugas finas nos cantos de seus olhos.

Minha gargalhada foi inevitável.

Emílio me conhecia desde moleque e foi o primeiro a dar apoio quando assumi a empresa aos vinte e um. O coroa virou meu parceiro e, praticamente, um segundo pai:

- Você sabe o quanto adoro essa merda Emílio. - disse amistoso - A imprensa me ama, adoram falar de cada peido que solto. Pensa comigo cara: Sou jovem, prodígio dos negócios, sarado e ainda tenho um pau enorme.

O mundo precisa saber disso! - Debochei em direção a meu amigo que não parecia muito aberto a brincadeiras no momento.

- Essa empáfia ainda vai acabar com você Daniel! - respondeu balançando a cabeça em negativa enquanto dava passos de um lado pro outro em frente da mesa. - Qual vai ser a desculpa agora? Não dá pra dizer que aquilo foi uma montagem, como fizemos da última vez.

- Vou falar que foi um tipo de "despedida de solteiro" e acabei passando dos limites comemorando o noivado. Mas, afinal vou me casar, precisava celebrar em grande estilo. Depois que os jornalistas ouvirem a palavra "casamento" não vai mais se falar em outra coisa. - respondi sarcástico.

- Vai voltar com essa ideia ridícula de contratar uma noiva? Por favor cara, começa a levar tua vida a sério, tá na hora de parar com a vadiagem porra! - Emílio esbravejou irritado.

Encarei meu conselheiro com uma expressão divertida:

- Você fica engraçado quando banca o meu pai Emílio, mas deixa que eu cuido das minhas merdas do meu jeito. - Falei em tom de brincadeira, mas o conselheiro sabia que falava sério. - Essa e a forma mais eficaz para acalmar os ânimos de todos! Assim dou uma resposta rápida para os acionistas, mostrando que "quero tomar um rumo na vida" e vou manter a liberdade necessária pra continuar trepando com a gostosa que eu quiser.

Será o melhor dos dois mundos.

E como bônus, vamos conseguir muita atenção da mídia em cima da corporação, esse povo adora essas palhaçadas, casamentos dão uma puta audiência . - Finalizei com a confiança de quem sabia que tinha um plano brilhante.

A ideia de um noivado nunca passaria pela minha cabeça, pelo menos não agora.

Com 29 anos tudo que queria era me tornar o cara mais poderoso desse país e um dos mais ricos do mundo. Lógico que adorava as bocetas que caiam no meu colo pelo caminho mas, com toda certeza, não pretendia me prender a nenhuma!

Muito menos garantir exclusividade:

- Acho isso uma grande loucura mas pedi a laura que me envisse a lista de canditas, realmente espero que essa merda agrade à todos, incluindo seu pai. - Emílio usou o tom sombrio que costumava surgir quando o assunto era o Barão...

Ouvi a notificação enquanto o conselheiro anunciava:

- Enviei a lista no email, presta atenção na merda que você vai fazer porque, se isso der errado, teu pai te deserda de verdade dessa vez. - Encerrou ainda meio puto e logo depois saiu do escritório.

Se deu certo pro frouxo do Christian Gray que fez a garota assinar um contrato pra comer um cu, imagina pra mim que só quero uma "esposa enfeite" pra levar uns chifres enquanto faz compras e finge que é feliz.

Essa é a coisa mais corriqueira na alta sociedade: casamentos por aparência.

Abri o notebook disposto a encontrar a sortuda que iria resolver meus problemas com os associados e com o meu próprio pai. Mesmo que o tivesse me passado o comando dos negócios para engajar em sua carreira política, ameaçava voltar a presidência caso minhas "farras" comessem a foder com o grupo.

Cliquei no email que continha os arquivos com informações sobre umas trinta garotas. Todas eram bonitas, algumas de famílias emergentes, outras eram totais desconhecidas, a maioria se titulava modelo ou digital influencer, algumas atrizes em começo de carreira e tambem haviam advogadas, médicas, estilistas...

Todas pareciam do tipo que levaria pra cama em uma terça feira qualquer, e esse era o problema.

O lugar ao lado de Carlos Daniel De Medeiros Alencar não poderia ser ocupado por qualquer uma.

Ela deveria ser extraordinária.

A aparência seria fundamental, mas teria que ser uma dessas "certinhas", do tipo que a sociedade vende como sendo "pra casar".

Alguém muito rica, bem educada, elegante e jovem.

Sabia que nenhuma das garotas da lista atenderia as minhas expectativas, precisava de mais opções, então eu mesmo comecei a procurar.

..................

Passou uma semana desde que comunicamos o noivado a imprensa e, como esperado, jornais e revistas não falavam sobre outra coisa: O Herdeiro da paulista iria se casar! As colunas de fofoca estavam em polvorosa e disparavam a notícia em massa nas mídias sociais.

Os sócios receberam a novidade com surpresa, é claro. Mas os vermes pareciam animados com as mudanças que o título de "homem casado" poderia trazer como bônus para o presidente da corporação .

As atenções estavam se voltando pra nós de forma positiva e aqueles putos já começavam a sentir o cheiro de novos investimentos arrombando a porta quando aquilo desse certo.

Meu pai me encheu de indagações em uma conversa desagradável sobre eu estar me precipitando ao assumir uma qualquer como esposa. Ele sabia que havia algo estranho nesse noivado repentino e, PORRA, ele estava certo!

O velho conhecia bem a máquina de fazer dinheiro e sexo que ele mesmo havia criado.

No final, comunicou que quando viesse a São Paulo queria ter uma conversinha com a futura nora pra entender toda essa história direto.

Meu pai nunca foi um homem paciente ou atencioso, mas insistiu em preparar o filho para ser o melhor no que quer que fosse. Mesmo que pra isso eu tivesse que sofrer como um cão no processo...

Nossos antepassados começaram o seu legado ainda nos tempos da monarquia.

No início do século XIX eram donos de grandes lavouras de café e outros cultivos que exportavam para a Europa. Fizeram fortuna as custas das oportunidades fáceis e mão de obra escrava daquela época. Então compraram mais terras, mais imóveis, títulos e dessa forma compraram respeito para o sobrenome Medeiros Alencar.

Minha família foi uma das primeiras a lançar seus escravos a própria sorte, sem ter para onde ir nem como se manter, e trazer italianos que chegavam ao Brasil presos à uma dívida enorme por sua viagem e transporte até as fazendas do "novo mundo", como os imigrantes chamavam. E meu pai fazia questão de manter o nome e toda a tradição da família intactos e para isso precisava de herdeiros...

Então já nasci com a obrigação de ser o mesmo tipo de negociante oportunista como foram os meus antepassados.

Por mais que tenha demonstrado aversão a tudo o que me foi imposto, não pude negar o dever de comandar o império da família e, com o passar dos anos, acabei pegando gosto pelo mundo corporativo.

Mesmo que meus maiores sonhos passassem longe de cenários cheios de homens vestidos de terno, gráficos da bolsa de valores e reuniões intermináveis com os demonstrativos financeiros.

Era meu DEVER INATO ser bem sucedido no círculo corporativo.

E eu fui!

Mas quando se é obrigado a sustentar uma vida de mentiras, você precisa extravasar os desejos reprimidos em algum lugar, e minha válvula de escape sempre foram festas e mulheres.

Foi inevitável me tornar muito bom em fazer farras e, geralmente, ficava tudo no sigilo. Mas, algumas vezes, as coisas saíam do controle e vasava pra imprensa. Nessas ocasiões arranjavamos qualquer desculpa plausível e disparavamos alguma nota de esclarecimento forjada.

Porém minhas escapadas se tornaram tão frequente no último ano, que ficava cada vez mais difícil inventar novas justificativas para os excessos que eu, invariavelmente, cometia.

Aquela altura já tinha analisado mais de cem perfis diferentes e estava perdendo completamente a paciência com toda aquela merda.

O problema é que todas elas pareciam inadequadas para ocupar o cargo como minha esposa.

Cheguei a fazer entrevistas com algumas candidatas, mas tudo que me chamava atenção eram as coisas irritantes em seus modos de agir ou em suas personalidades.

- E se nós contratassemos uma atriz? - sugeriu Laura, minha assiste e parceira de trapaças desde os tempos de faculdade. - Seria muito mais fácil fazer parecer que estão apaixonados.

Levantei da mesa e caminhei pela sala ponderando a sugestão.

Sim, era um boa ideia, mas se já estava difícil encontrar uma garota que atendesse aos meus critérios físicos e comportamentais, imagina achar uma que se encaixasse em meus ideais e que ainda fosse atriz...

- Paixão é o menor dos problemas Laura! Até porque não quero que a garota vire uma grudenta correndo atrás de mim com crises de ciúmes. - corrigi minha colega e debochei a seguir. - Limite-se a procurar garotas gostosas, bem educadas e, se possível, que sejam menos rodadas que os pneus do meu carro.

Um dos maiores "problemas" que estava encontrado na lista de canditas era exatamente este: As mais interessantes pareciam ter ido pra cama com a metade do estado de São Paulo ou tiveram algum tipo de comportamento moral questionável. Esse tipo de conduta poderia ferir a imagem da família ou da empresa. Eu não poderia escolher uma qualquer, tinha que ser alguém que não tivesse nenhum podre pra ser jogado na minha cara no futuro.

Lógico que elas tentavam mascarar a verdade, mas bastava uma pequena investigação e as safadezas começavam a aparecer por de baixo dos panos.

Sei que pode parecer extremamente machista julgar estas garotas com base em seu comportamento sexual, já que eu mesmo não era nenhum exemplo de retidão nesse sentido. Mas estamos falando da futura esposa do herdeiro de uma das famílias mais tradicionais e ricas do país.

Por mais que minhas putarias não fossem nenhum segredo, minha noiva teria que ter a conduta inquestionável perante a sociedade.

E isso não era negociável!

Depois de minha resposta atravessada sobre contratar uma atriz Laura respondeu colerica:

- Vá se foder Daniel! Limite-se você a escolher logo uma dessas putas e vamos seguir com o expediente. - Finalizou irônica.

- Só não te demito porque sabe como gosto que esfreguem minhas bolas Laurinha. - Rebati carregado de sarcasmo mas aceitei a sugestão enquanto Laura me mandava tomar no cu com o dedo:

- E quanto aos dados de faturamento do último trimestre? - perguntei mudando o sentido da conversa.

Já havia gasto demais do meu precioso tempo com algo que deveria ter sido resolvido a semanas. Fui até a parede de vidro e observei o movimento dos funcionários lá embaixo enquanto Laura discorria sobre o ganhos dos últimos 3 meses.

Aqueles eram os números que deveriam importar para os babacas da diretoria, e não a quantidade de garotas que eu transo ou deixo de transar.

Diante da placa de vidro que simulava um espelho na parte externa, me sentia como uma águia observando seu território.

No centro do grande salão as mesas ficam dispostas em forma circular, ali trabalhavam as secretárias e assistentes da diretoria enquanto ao redor de todo o andar ficam os gabinetes dos diretores. No piso superior, podia ver os escritórios dos executivos, suas paredes também tinham uma boa parcela de transparência, e era principalmente nestas salas que eu costumava manter os olhos...

Laura concluiu o relatório falando sobre o crescimento de 15% em relação ao trimestre anterior. O que recebi com certa frustração já que esperava lucros superiores a 20% para esfregar meu sucesso na cara daqueles imbecis.

Enquanto Laura dizia qualquer coisa, uma garota surgiu pelas portas do elevador e deu alguns passos em direção a repartição.

Os cabelos desciam até a cintura fina, tinha a pele clara e parecia completamente perdida olhando de um lado pro outro lá em baixo. Usava calças jeans, um tipo de jaqueta branca e com certeza não trabalhava no meu setor.

Observei a jovem caminhar até uma das mesas e falar qualquer coisa com uma das secretarias, nesse momento Laura lembrou sobre a reunião que teriamos em alguns minutos com novos investidores.

Vi a funcionária lá em baixo apontar para a sala de um dos diretores de operação, a garota misteriosa pareceu agradecer e caminhou até a porta da diretora de atendimento ao público.

Não era comum que funcionários de outros setores fossem autorizados a circular na cobertura, acontecia algumas vezes, mas nunca tinha visto aquela moça por aqui.

Não demorou e partimos em direção a sala de reuniões no andar inferior.

Enquanto caminhávamos até os investidores, vi a garota atravessando o saguão em direção aos elevadores.

Tinha uma expressão alegre e um leve sorriso nos lábios cor de rosa, seu cabelo era de um castanho muito claro, quase loiro e escorria por suas costas formando espirais nas pontas.

Fiquei atordoado e pedi que Laura desse início a reunião informando que em breve me juntaria a eles.

Mas primeiro, precisava olhar aquela garota mais de perto...

Continuar lendo

Você deve gostar

Capítulo
Ler agora
Baixar livro