Sete vidas e todas com você

Leonardo se sente angustiado, sua esposa Emily está grávida e muito triste não pelo bebê, esse bebê que eles ainda não conhecem o sexo, foi muito desejado pelo casal que esperou longos três anos para que Emily conseguisse ser abençoada, aconteceu na hora certa e não quando eles queriam que acontecesse.

Mas agora Emilly se isolou em casa, não sai mais para passear e se acha feia e gorda enquanto Leonardo a acha linda. A seu ver, Emily está com a pele mais bonita, o cabelo, e para ele, sua esposa não engordou tanto assim, mas ela depois que completou cinco meses de gravidez se isolou e vive triste, chorando pelos cantos, ela está com uma visão deturpada de si mesma, e isso preocupa seu marido que teme que se continuar assim sua esposa fique com depressão.

Emily, que comparecia às consultas de pré-natal, animada e sorridente, na última consulta que foram juntos, ela tentou ir de capa e capuz, ele que não deixou dizendo que ela estava linda.

Ela não se escondeu, porém, foi de cara amarrada e não dirigiu a palavra para Leonardo no caminho de ida, muito menos no de volta.

Sem saber o que fazer para agradar sua esposa, Leonardo sai de casa sem direção, ele acabará de chegar em casa do serviço cansado, mas o clima em casa não estava bom, pois viu que sua esposa Emily está com a cara amarrada como se o acusasse de algo errado que ele não fez.

" Deus, se continuar assim eu não vou suportar de me uma direção, senhor, estou vendo que meu casamento está na corda bamba e eu amo a minha esposa, não quero me separar."

Perdido em seus pensamentos, Leonardo anda pela calçada, e não percebe uma caixa de papelão e acaba tropeçando nela, e irritado a chuta para longe.

Continua caminhando pela calçada e quando passa pela caixa que acabará de chutar escuta um sonzinho como se parecesse um gemido fraquinho, ele se aproxima da caixa e olha dentro dela lá um gatinho rajado.

Leonardo se sente mal por chutar para longe a caixa, se preocupa com a esposa triste e acabou descontando sua preocupação em uma caixa na rua a qual há um ser inocente e ele não sabia.

O pobre gatinho tem aproximadamente quarenta e cinco dias.

Leonardo o pega com cuidado e se pega a pensar quem cometeria uma maldade tão grande com ser tão indefeso.

Com cuidado ele apoia o gatinho em seu braço e resolve levá-lo para casa, porém antes passa na clínica de um amigo que é veterinário, para saber como deve orientar a sua esposa a tratar de um ser tão pequenino que precisa de amor, cuidado, e atenção.

— Leonardo, meu amigo, quanto tempo que bons ventos te trazem?

— Ah, Igor, esse gatinho que está apoiado em meu braço é o vento que me direcionou para cá, eu o encontrei na rua, me sinto culpado, pois, devido a problemas pessoais acabei descontando a preocupação na caixa em que ele estava, e a chutei para longe, não sabia que ele estava dentro.

— Não se culpe meu amigo, você reparou seu erro o trazendo aqui, pretende ficar com ele?

— Sim, vou levar para casa quem sabe a presença dele alegre a minha mulher que está triste e se isolou do mundo.

Igor percebe a angústia na face de seu amigo, e como um bom amigo, pergunta se Leonardo quer dividir o que está acontecendo.

Buscando um alívio para o peso que carrega nas costas, ele conta o que vem passando desde que sua esposa engravidou e a barriga começou a aparecer.

— Eu tenho feito de tudo para agradá-la, mas meus esforços, tem sido inúteis Igor.

— Sinto que meu casamento está na corda bamba e eu não quero me separar, apesar de estar enfrentando essa situação complicada eu amo a Emily.

Igor examina o gatinho e atesta que a saúde está perfeita, apesar do "acidente" que sofreu quando Leonardo chutou a caixa que ele estava para longe.

— O gato é minha última esperança, Igor, se não der certo eu vou me separar da Emily.

— Amigo, sua esposa precisa de compreensão, eu acho que o gatinho rajado vai ajudar, sim, talvez por você trabalhar o dia todo ela se sinta sozinha e cabeça vazia é oficina do diabo.

Leonardo ouviu muito esse ditado vindo da boca do seu pai, um soldado do exército aposentado, principalmente quando ele não queria estudar para assistir televisão e seu pai não deixava.

" Vá estudar, Leonardo, cabeça vazia é oficina do diabo" se lembra Leonardo.

Igor aconchega o gatinho em uma caixa pequena de medicamentos e entrega para Leonardo com o cartão de vacinas e uma receita para um leite, próprios para gatos.

— Seja lá quem foi que abandonou esse gatinho, o separou da mãe e o deixou para morrer, normalmente as gatas desmamam seus filhotes depois dos três meses.

— Não me conformo com tanta crueldade, Igor, mas esse gatinho encontrará amor nos cuidados em Emily.

Os amigos se despedem e Leonardo retorna para casa animado, ao entrar chama Emily que sai de seu refúgio com os olhos inchados de tanto chorar.

— Leonardo, achei que tinha me deixado.

— Não seja boba Emily eu amo você.

— Mesmo eu estando gorda e feia?

— Você não está feia, Emily está linda em sua plenitude.

Emily ia contrariar Leonardo quando notou a pequena caixa em suas mãos.

— O que é isso, Leo? O que tem nessa caixa.

— Oh é uma longa história, Emily.

Leonardo conta para sua esposa a história e ela fica brava com ele:

— Como pode Leonardo chutar uma caixa para longe, seu tirano!

— Amor, eu achei que estava vazia, não tenho culpa da crueldade dos outros.

Leonardo entrega a pequena caixa com o gatinho para sua esposa que se encanta ao ver o lindo gatinho rajado.

— Eu o trouxe, pois você está triste, mas tem a mim amor, ele não tem ninguém tadinho, mas se não o quiser eu o levo para a clínica veterinária e o deixo com o Igor.

— Nem pense nisso, Leo, eu vou cuidar dele e lhe dar amor, e esse gatinho será o meu companheiro, quem sabe meu confidente.

Emily tira o gatinho da caixa e o acaricia, sem pensar duas vezes lhe dá o nome de Xano.

Leonardo percebe que sua estratégia de levar um gato para animar a esposa dará certo.

Xano sente mãos amorosas afagar o seu pelo e pensa com sua pequena cabecinha de filhote:

" Essa humana é muito carinhosa, me separaram cedo da minha mãe, mas não estou desamparado, estou no colo quentinho de uma humana amorosa."

— Leonardo, vamos pegue o carro, vamos comprar o leite próprio para o gatinho, logo ele sentirá fome e o leite receitado pelo veterinário deve estar aqui em casa.

Emily coloca o gatinho no sofá e enxuga lágrimas que teimam em descer por seus olhos, mais essas de felicidade.

Ela se aproxima de Leonardo e o beija apaixonada.

— Obrigada Leonardo por me trazer o Xano amor, agora eu não me sentirei sozinha.

Leonardo se lembra das palavras de Igor:

" Cabeça vazia oficina o diabo"

O que sua esposa sentia era solidão e devido a essa solidão adquiriu uma imagem distorcida de, sim, mesma.

Juntos ele saem para comprar tudo o que Xano precisa.