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O valor da vingança

O valor da vingança

Dionete Castro

5.0
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Leituras
5
Capítulo

Traição tem tempo a raiva congela a alma e o ódio esquenta o sangue. Uma história de amor e ódio

Capítulo 1 O valor da vingança

Título: O Valor da Vingança

Capítulo 1: O Início do Fim

A chuva caía pesada sobre a cidade de São Paulo, criando pequenas correntes de água que serpenteavam pelas ruas sujas. Sofia Andrade apertava o volante do carro, seus dedos pálidos de tanto esforço. Ela não tinha lágrimas nos olhos, não mais. Depois de tanto tempo, a dor havia se transformado em algo mais denso, mais sombrio. Ódio. Puro e ardente.

Três anos haviam se passado desde o dia em que seu mundo desabou. Três anos desde que Henrique, seu marido, desapareceu sem deixar vestígios. No começo, havia esperança - as investigações, os jornalistas, os amigos. Mas conforme os meses passaram, tudo foi silenciando, até restar apenas ela, com a certeza de que aquilo não era um simples desaparecimento. Não para alguém como Henrique.

Henrique Andrade era um dos advogados mais poderosos da cidade. Trabalhando em casos que envolviam dinheiro, poder e corrupção, ele tinha feito inimigos perigosos ao longo dos anos. E foi um desses inimigos que o levou. Sofia tinha certeza disso. Mas ninguém acreditava nela. Nem a polícia, nem os colegas de trabalho dele, nem mesmo os amigos mais próximos. "Provavelmente fugiu", diziam, como se tudo pudesse ser resumido em covardia. Mas Sofia sabia que não. Henrique não era o tipo de homem que fugia.

Agora, ela estava sozinha. Bem, não exatamente. Com o tempo, Sofia passou a confiar em alguém que entendia sua dor, que ofereceu ajuda quando todos a haviam abandonado. Marcos, um detetive particular de métodos duvidosos, mas de resultados concretos. Foi ele quem começou a lhe mostrar as pistas que a polícia havia negligenciado. Pequenos detalhes que apontavam para uma rede de mentiras muito maior do que Sofia poderia imaginar.

E hoje à noite, naquela chuva fria de outubro, ela estava prestes a dar o primeiro passo para conseguir o que mais queria: justiça. Não a justiça dos tribunais ou da lei, mas a sua justiça. A vingança.

Sofia estacionou o carro em frente a um bar decadente no centro da cidade. Ela colocou o capuz de seu casaco, desceu do carro e entrou. O cheiro de cigarro velho e álcool a atingiu assim que cruzou a porta. Lá no fundo, em uma mesa isolada, estava Marcos, esperando por ela. A expressão no rosto dele dizia tudo: ele tinha encontrado algo. Algo grande.

"Então?" ela perguntou, sentando-se à frente dele. Sua voz estava firme, mesmo que por dentro o nervosismo borbulhasse.

Marcos tirou um envelope de papel pardo do bolso do casaco e o colocou sobre a mesa.

"Eu finalmente encontrei quem estava por trás do desaparecimento de Henrique," disse ele, encarando-a diretamente. "Mas você não vai gostar do que vai ouvir."

Sofia respirou fundo, seu coração acelerando. Ela estendeu a mão lentamente e abriu o envelope. Dentro, havia fotos. Fotos de Henrique. Vivo. E não estava sozinho.

Ao lado dele, sorrindo como se o mundo fosse perfeito, estava a última pessoa que Sofia esperaria ver: sua melhor amiga, Paula.

O sangue de Sofia gelou. Ela olhou para Marcos, que balançava a cabeça.

"Eles estavam juntos o tempo todo," disse ele. "Fingiram o desaparecimento para escapar, e agora vivem no Rio de Janeiro."

Sofia fechou os olhos por um momento, deixando a verdade a inundar. Toda aquela dor, todo aquele sofrimento... uma mentira. Traída pelo homem que amava e pela mulher que mais confiava.

Quando abriu os olhos novamente, já sabia o que tinha que fazer.

Era hora de cobrar o preço.

Capítulo 2: O Preço da Verdade

Sofia saiu do bar sentindo o peso das revelações afundando em seu peito. Cada passo era uma mistura de raiva e incredulidade. A traição de Henrique e Paula girava em sua mente, transformando cada memória deles em um veneno amargo. Tudo parecia tão claro agora - os pequenos sinais, as desculpas esfarrapadas, o afastamento. Como ela não tinha percebido antes?

O ar de São Paulo estava ainda mais gelado naquela noite, mas Sofia não sentia nada além do calor pulsante de sua raiva. A chuva fina agora era uma cortina de lembranças que ela tentava evitar. Enquanto caminhava para o carro, flashes de conversas com Paula a inundavam: os almoços, os risos, os desabafos sobre a vida, o casamento, o futuro. Tudo falso. Ela apertou as mãos em punhos, sentindo as unhas cravarem em sua palma. Precisava de um plano.

De volta ao carro, ela ficou parada por um momento, o motor desligado, apenas ouvindo o som da chuva batendo no vidro. Na tela de seu celular, o rosto de Paula sorrindo ao lado de Henrique brilhava como uma maldição. Como eles ousavam? O que eles pensaram que ela faria quando descobrisse? Fugiriam para sempre? Viveriam felizes com o dinheiro que Henrique havia conseguido em seus negócios sujos, enquanto ela definhava?

Não. Isso não acabaria assim. Se eles queriam brincar com sua vida, agora seria a vez de Sofia jogar. Ela tinha as fotos. Tinha as informações. E, principalmente, tinha o elemento surpresa. Eles não sabiam que ela os havia encontrado, e isso lhe dava uma vantagem.

Ela pegou o celular e discou o número de Marcos. Ele atendeu no segundo toque, a voz rouca de quem estava no meio de outro cigarro.

- Já decidiu o que vai fazer? - ele perguntou, sem rodeios.

- Preciso saber mais - Sofia respondeu, tentando controlar o tremor em sua voz. - Onde exatamente eles estão? O que têm feito?

- Estão em uma casa de luxo no Rio de Janeiro, bairro nobre. Estão vivendo bem, pra dizer o mínimo. Tenho mais fotos, documentos. Henrique movimentou grandes quantias de dinheiro antes de desaparecer. Ele planejou tudo isso com bastante antecedência.

Sofia fechou os olhos. Cada palavra de Marcos era um novo golpe. A ideia de que Henrique havia premeditado sua saída, provavelmente rindo dela por todo esse tempo, só alimentava o fogo que queimava em seu interior.

- Quero tudo - ela disse com firmeza. - Envie-me os detalhes. Preciso vê-los com meus próprios olhos.

- Tem certeza? Uma vez que começar com isso, não vai ter volta - Marcos a advertiu, mas Sofia já estava decidida.

- Não tenho mais nada a perder - respondeu ela, encerrando a ligação.

Enquanto dirigia de volta para seu apartamento, sua mente trabalhava a todo vapor. Precisava ser cuidadosa, calculista. Vingança não era algo que se fazia por impulso. Henrique havia arquitetado sua traição meticulosamente, e ela faria o mesmo. Mas o que mais a atormentava era o envolvimento de Paula. Sua amiga de tantos anos, cúmplice dessa trama. Como ela poderia viver com isso?

Assim que chegou em casa, Sofia foi até a cozinha, abriu uma garrafa de vinho e se sentou à mesa. O líquido vermelho escuro parecia um reflexo do ódio que sentia. Sua vida perfeita - ou o que pensava ser perfeita - estava destruída. Ela precisaria recomeçar, mas antes de qualquer coisa, faria com que eles pagassem. Os dois.

Nas semanas que se seguiram, Sofia montou seu plano com precisão cirúrgica. Começou observando cada detalhe das vidas que Henrique e Paula haviam construído juntos. Fotos em redes sociais, registros bancários, até mesmo os lugares que frequentavam. Marcos foi essencial para obter as informações mais confidenciais, e a cada novo dado, Sofia sentia a frustração aumentar, mas também a determinação crescer.

Eles estavam felizes. Ridiculamente felizes. Como se nada tivesse acontecido, como se não houvesse consequências para o que haviam feito. Mas Sofia sabia que a felicidade deles tinha um prazo.

Foi em uma dessas noites, olhando as fotos deles em uma festa luxuosa à beira-mar, que uma ideia começou a se formar em sua mente. Não seria suficiente expor Henrique publicamente, arruinar sua reputação e destruir seus negócios. Isso seria muito simples. Muito fácil. Ela queria mais.

Sofia queria que eles sentissem o mesmo tipo de dor. Queria vê-los destroçados, sem ter para onde correr. E para isso, precisaria ser cuidadosa, paciente e implacável.

Ela fechou o laptop e encarou a parede à sua frente, o rosto refletido no espelho do corredor. Ali, olhando para si mesma, soube que não era mais a mesma Sofia de antes. A mulher ingênua e confiante havia morrido no dia em que descobriu a verdade. O que restava agora era alguém movida por vingança.

E no jogo que estava prestes a começar, ela não teria misericórdia.

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