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A magnífica terra da luz

A magnífica terra da luz

MariaRocha46

5.0
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1
Leituras
1
Capítulo

Terra de belezas naturais, abençoada por Deus, com a luz do sol que a aquece por aproximadamente mais de duzentos dias por ano. Paixões e traições que destroem amizades; perdoadas, porém jamais recuperadas. Novas descobertas, novos horizontes. O sonho de tornar-se jornalista. Todavia, a vida reserva a Susy muitas surpresas, desilusões e um grande amor, capaz de superar tudo. Uma amizade forte entre duas moças esconde a dúvida respeito à homossexualidade. O irmão que Susy não tinha conhecido aparece de repente e as suas vidas entrelaçam-se. A dor pela descoberta de um filho autista. O amor, sem ele a felicidade não existe.

Capítulo 1 A magnífica terra da luz- capítulo 1

1

O

sol já tinha nascido e iluminava os seus lindos cabelos loiros,

através das telhas do "seu

humilde quarto". Oh!

Queria dizer "da

sua humilde casa".

Porque mesmo se era só um quarto com um banheiro; aquele ambiente

era usado também como cozinha e sala de estar, enquanto seu pai não

terminava de construir a casa de sua família.

Susy

sentia ainda a preguiça matinal e desejava ficar na cama, um pouco

mais. Malgrado a sua sonolência e apesar da sua mente ainda está

absorvida pelas imagens dos tantos fantasmas e fadas que povoaram os

seus pesadelos e os seus sonhos, teve que levantar-se. Em primeiro

lugar, porque já eram seis da manhã e ela tinha que ir à escola; E

também, porque os galos faziam um grande barulho com os seus cantos

e não deixavam ninguém dormir até mais tarde. Eles eram mais

eficientes que o despertador, já que não era possível desligá-los

e voltar a dormir, como frequentemente acontece com os despertadores

e celulares.

Ela

levantou-se, tomou banho e vestiu-se sozinha. Já tinha quatro anos,

sentia-se grande o bastante para vestir-se sozinha e não aceitava a

ajuda da sua mãe, exceto, para abotoar os botões e fechar ou abrir

o zíper das suas roupas.

Sentou-se

para tomar o café da manhã com seu pai Luís e com a sua irmã

Clarisse. Bebeu um pouco de leite e comeu uma tapioca. Quando

terminou, correu para a porta, levando consigo um caderno dentro de

uma sacola de plástico.

Era

o seu primeiro dia no jardim da infância e ela estava bastante

ansiosa. Tinha a intenção de aprender a ler e a escrever. Um dia

tornar-se-ia alguém importante: não sabia ainda qual profissão

escolheria: mas sabia que seria alguém importante!

Chegou

ao maternal às seis e

cinquenta.

Teve

que esperar dez minutos para poder entrar, já que a escolinha

iniciava às

sete da manhã. Escolheu uma cadeira na primeira fila, em frente à

professora.

Sentou-se

com as pernas

cruzadas e ficou

boquiaberta, quando começaram a entrar as outras crianças. Uns eram

vestidos como ela; e levavam consigo um caderno dentro de uma sacola

de plástico, um lápis e uma borracha de cabeça, na ponta do lápis.

Porém, entraram na sala de aula, outras crianças com mochilas

coloridas e lindas: com a imagem do Batman, da Barbie e de outros

personagens dos desenhos animados, que ela assistia na TV. Susy ficou

com muita vergonha da sua sacola de plástico e sentou-se em cima

dela, para que ninguém a visse e zombasse dela. De qualquer forma,

não era assim importante ter a mochila da Barbie ou o caderno da

Cinderela. Aquilo que realmente importava era que ela estava ali,

naquela escola pública. E brincaria e aprenderia como todos os seus

coleguinhas, com ou sem mochila colorida.

Sua

professora era uma jovem, que ela conhecia. Mas sentiu-se muito feliz

chamando-a de tia. Naquele dia, ela brincou bastante, fez amizade com

outras crianças e tentou consolar um menino que chorava. Às nove, a

sua avó materna levou-lhe a merenda: tapioca com leite. Às onze

horas, sua avó a esperava do lado de fora do portão para levá-la

para casa. Sua mãe não podia ir buscá-la, pois trabalhava em uma

fábrica e naquele horário estava trabalhando.

O

seu primeiro dia de escola foi ótimo. E ela não via a hora de

voltar à escolinha. À tarde, depois do almoço, ela fazia a sesta,

e "ajudava" sua mãe nos trabalhos domésticos, ou seja, tentava

ajudar e depois brincava com sua irmã Clarisse que era um ano mais

nova que ela. Passava uma parte da tarde na casa do seu avô paterno;

pois o mesmo tinha comprado uma televisão em preto e branco e

deixava que ela e Clarisse assistissem aos desenhos animados.

Passou-se

algum tempo e Susy completou seis anos. Uma tarde de sexta-feira, não

teve vontade de ir para a casa do seu avô e ficou em casa, olhando

seu pai que trabalhava construindo a casa da própria família. Luís

trabalhava com um pedreiro seu amigo, o seu Zé: um homem moreno e

dono de lindos olhos verdes; simpático e sempre sorridente. Ouvia as

vozes dos dois homens que cantavam "Asa branca", canção de Luís

Gonzaga, cantor do Nordeste brasileiro (mesma região onde vivia

Susy), falecido em mil novecentos e oitenta e nove: o rei da sanfona.

Sempre que escutava essa canção, ela chorava. Embora a sua terna

idade, possuía uma grande sensibilidade. E o texto da canção (que

lhe foi explicado muito bem pelo seu avô) falava da grande seca do

nordeste, o que tinha obrigado muita gente do sertão a emigrar para

as grandes cidades. A maioria partia para o sudeste: sobretudo para

São Paulo, para procurar trabalho.

No

passado, os nordestinos sofreram muito por causa da seca. Todavia,

isto ocorre ainda hoje. Lembro-me de uma célebre frase de Dom Pedro

II, que no ano de mil oitocentos e setenta e sete, quando o Nordeste,

sobretudo o Ceará, sofreu uma grande seca, pronunciou a célebre

frase: "Venda-se o último brilhante da coroa, contanto que nenhum

nordestino morra de fome!" Os nordestinos mortos por causa da fome

foram muitíssimos! Quem sabe se todas as joias da coroa foram

vendidas!

A

menina via os seus pais trabalharem duro para manter a família e

muitas vezes, sentia de ser um peso sobre os ombros deles. Quando

crescesse queria tornar-se alguém principalmente para ajudá-los.

Ela

foi inscrita no ensino fundamental. Lá, naquela nova escola havia

mais crianças, muito mais do que na escolinha da infância! Mais

professores! Era uma escola muito maior do que o pré-escolar! Era

uma escola estadual!

Naquela

nova escola, às vezes ficava com vergonha dos seus pais, pelo fato

deles serem muito pobres. Principalmente, quando a professora

perguntava qual a profissão dos pais de cada aluno: assunto que se

tornava atual, quando se aproximava o dia primeiro de maio. As outras

crianças não eram ricas, mas ela queria poder responder que seu pai

era médico como o seu tio e a sua mãe era hum ... Jornalista! Isto!

Era o que ela queria ser quando crescesse: Jornalista!

Cada

ano que passava, o seu desejo de ser jornalista crescia, e os seus

pais tentavam dissuadi-la; porque naquela época, era muito difícil

para filho de agricultor, conseguir o diploma de um curso

universitário.

As

coisas melhoraram, quando a garota recebeu uma bolsa de estudos, para

frequentar uma escola particular: um colégio administrado por irmãs

de caridade. Ela era a mais pobre da sua classe, mas apesar de tudo,

era a mais inteligente e dedicada; sempre apelidada de CDF por alguns

dos seus colegas, os quais morriam de inveja, porque a menina recebia

sempre as notas mais altas, mesmo se passava fome. E para justificar

na frente das colegas a sua magreza, dizia que fazia dieta para

manter a linha.

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