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Vinhedos de Lua Cheia

Vinhedos de Lua Cheia

Serena Luz

5.0
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429
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33
Capítulo

“Vinhedos de Lua Cheia” é uma história de amor e descobertas ambientada no coração de Petrolina, onde as águas do Rio São Francisco e os vinhedos locais são mais do que simples cenários: são personagens que moldam a vida de Isabela, uma jovem sommelier. Criada entre as videiras e barris de carvalho, Isabela aprendeu a arte de transformar uvas em poesia líquida e a ver o amor como um vinho raro, para ser descoberto e saboreado. Em uma noite enluarada, enquanto caminha pela orla do rio, Isabela se depara com a vinícola antiga, um lugar de lendas e paixões. É lá que ela encontra Gabriel, um homem cuja presença parece tão antiga quanto a própria vinícola. Juntos, eles exploram os mistérios do amor e do vinho, em uma jornada que promete revelar não apenas o verdadeiro amor, mas também a verdadeira essência de quem Isabela é. “Vinhedos de Lua Cheia” é um convite para se perder nas nuances do amor e da paixão, tão complexas e multifacetadas quanto os melhores vinhos de Petrolina. É uma celebração da vida, do amor e da paixão que, como o vinho sob a lua cheia, tem o poder de transformar.

Capítulo 1 Lua de Vinho

Isabela sempre foi uma alma contemplativa, com um coração que pulsava ao ritmo das ondas do Rio São Francisco. Seu pai, um dedicado pequeno produtor de vinho, cultivava com paixão e esmero, ela cresceu entre as videiras e barris de carvalho, aprendendo a arte de transformar uvas em poesia líquida. Seu mundo era Petrolina, uma cidade onde o sol beijava as águas e as noites eram tecidas com estrelas.

Desde jovem, Isabela via o amor como um vinho raro — algo para ser descoberto, saboreado e respeitado. Ela observava os casais na cidade, suas danças de cortejo e despedidas, e se perguntava se o amor verdadeiro era tão complexo e multifacetado quanto os vinhos que ela adorava.

Ela tinha seus admiradores, é claro, mas nenhum deles parecia entender o desejo de Isabela por uma conexão mais profunda, uma que fosse além das palavras e gestos superficiais. Ela queria um amor que fosse como o rio — constante e sempre em movimento, mas capaz de refletir a verdadeira essência de quem ela era.

Isabela sempre teve um paladar refinado. Desde pequena, quando corria entre as videiras do vinhedo de sua família em Petrolina, ela aprendeu a distinguir os sabores sutis das frutas e o aroma terroso que precedia as chuvas. Desde pequena, ela aprendeu a apreciar a arte da vinicultura, conhecendo cada parreira como se fosse parte de sua família. A vida simples, porém rica em tradições e sabores, moldou Isabela, tornando-a uma jovem enraizada na cultura local e orgulhosa do legado de seu pai. Seu pai dizia que ela tinha o dom para se tornar uma grande sommelier, e ela levou essas palavras a sério.

Agora, adulta, em uma noite enluarada em Petrolina Isabela caminhava pela orla do Rio São Francisco, deixando que a brisa noturna brincasse com seus cabelos. A lua cheia pendia no céu, uma companheira constante que parecia observar cada passo seu, as águas do Rio São Francisco refletiam a luz prateada, criando um cenário perfeito para o inesperado. Isabela, uma jovem sommelier de vinhos locais, caminhava pela orla, perdida em pensamentos sobre os mistérios do amor.

Isabela parou diante da vinícola antiga, cujas paredes de pedra guardavam histórias de gerações de vinhateiros, uma estrutura que parecia tão imutável quanto o próprio rio. A lenda local dizia que o vinho produzido ali, sob a lua cheia, tinha o poder de revelar o verdadeiro amor. Isabela sorriu para si mesma; ela era uma mulher de ciência, não de superstições.

Ela olhou para o céu, onde a lua cheia brilhava como uma promessa silenciosa, e um arrepio de expectativa percorreu sua espinha.

A vinícola era uma construção rústica, com trepadeiras que se entrelaçavam nas colunas de madeira e um aroma adocicado que emanava das barricas de carvalho. Isabela sempre passava por ali durante o dia, mas à noite, o lugar parecia ter uma vida própria, como se os espíritos dos antigos amantes ainda dançassem entre as sombras.

A porta da vinícola rangeu ao abrir, e Isabela entrou.

Dentro da vinícola, o tempo parecia ter parado. O ar estava fresco, um contraste com o calor da noite de Petrolina. O interior era um santuário de sombras e luzes dançantes, onde o tempo parecia fluir mais devagar. Velas iluminavam o espaço, lançando um brilho dourado sobre as fileiras de garrafas e os barris de carvalho. O cheiro do vinho era quase palpável, misturando-se com o aroma de terra molhada que vinha do lado de fora. Isabela inalou profundamente, o cheiro do vinho misturando-se com o da madeira antiga e da cera de abelha das velas.

Foi então que ela o viu — Gabriel, um homem cuja presença parecia tão antiga quanto a própria vinícola. Ele estava de pé, ao lado de um barril, com um sorriso que conhecia segredos que apenas a lua poderia contar. Seus olhos encontraram os dela, e por um momento, Isabela sentiu como se ele pudesse ver diretamente em sua alma.

“Boa noite, Isabela,” disse ele, sua voz tão suave quanto o vinho que ele verteu em duas taças. “Você veio em busca da lenda, não é?”

Isabela assentiu, aceitando a taça que ele lhe ofereceu. O vinho tinha uma cor rubi profunda, e quando ela o provou, era como se estrelas explodissem em seu paladar. “É incrível,” ela murmurou.

Gabriel riu, um som baixo e agradável. “O vinho é como o amor,” ele começou, movendo-se para ficar ao lado dela. “Complexo, cheio de camadas. Você precisa de tempo para realmente apreciá-lo.”

“Como você sabe meu nome?” perguntou Isabela, surpresa.

Gabriel deu de ombros, um gesto leve. “Neste lugar, os nomes são como o vinho; eles têm um sabor que não se esquece.”

Isabela riu, apesar de si mesma. “E qual é o sabor do meu nome?”

“É doce e forte, como o vinho que amadurece nas barricas de carvalho,” respondeu Gabriel, oferecendo-lhe uma taça. “Prove e me diga se concorda.”

Ela aceitou a taça, e ao provar o vinho, sentiu uma explosão de sabores que a transportou para as tardes quentes de sua infância, correndo entre as videiras. “É incrível,” ela murmurou.

Eles caminharam juntos pela vinícola, Gabriel mostrando a Isabela os segredos da fermentação e da maturação, falando sobre o cuidado e a paciência necessários para criar o vinho perfeito. Isabela ouvia, fascinada, enquanto ele descrevia o processo com uma paixão que era quase palpável.

Quando chegaram ao pátio, onde a lua banhava tudo em prata, Gabriel convidou Isabela para dançar. Eles se moveram juntos, lentamente, ao som de uma música que parecia vir da própria terra. Isabela sentiu-se leve, como se estivesse flutuando.

A noite avançou, e eles continuaram a conversar e a dançar, até que as primeiras luzes do amanhecer começaram a aparecer no horizonte. Juntos, eles caminharam pelo corredor de pedra, passando pelas sombras dançantes e os barris que guardavam segredos de safras passadas.

“Obrigado por uma noite inesquecível,” disse Isabela, virando-se para encarar Gabriel uma última vez.

Foi então que Gabriel desapareceu tão silenciosamente quanto havia aparecido, deixando Isabela sozinha no pátio, com uma taça vazia e um coração transbordando de possibilidades.

Ela olhou para a lua, ponderando sobre a noite. Quem era Gabriel? Um sonhador solitário que encontrou refúgio na música e no vinho? Ou talvez algo mais, um guardião de mistérios antigos que escolheu revelar-se a ela? A dúvida permaneceu, um enigma que ela sabia que teria que desvendar.

Isabela deu um último olhar para a vinícola antes de se afastar, a lua iluminando seu caminho de volta para casa. Ela sabia que a manhã traria consigo a rotina do dia a dia, mas algo dentro dela havia mudado. A promessa de um mistério ainda não resolvido a chamava, e ela sentia, em algum lugar profundo, que sua história com Gabriel estava apenas começando.

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