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Black Rose - Imagines Sáficos

Black Rose - Imagines Sáficos

escritasfantasiosas

5.0
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4
Leituras
2
Capítulo

O amor tem diversas formas Ele pode ser mal Ele pode ser bom Pode ser um penhasco Pode ser uma viagem nas nuvens Mas sempre, Sempre será O maior ponto fraco do ser humano.

Capítulo 1 Bloody Night

A brisa da noite soprava gelada, arrastando folhas secas pela terra e fazendo as árvores se moverem de forma assustadora. O único som ouvido era o assobio feito pelo vento e a respiração nervosa de Gloria, que tentava se acalmar enquanto pensava no que fazer.

A morena se encontrava parada em meio aos arbustos e troncos, espiando de forma cautelosa a cabana isolada no meio da floresta, com luzes acesas na parte de dentro e vultos passando pelas janelas, sinalizando que tinha alguém ali.

Gloria sabia de quem se tratava. Era exatamente por causa daquela pessoa que ela estava ali.

Fechou os olhos mais uma vez e encostou a testa no tronco que a apoiava. Não deveria ser tão difícil fazer isso, pensou. Ela só está a alguns metros de distância, só precisamos dar mais alguns passos para que essa missão esteja encerrada. Não posso falhar novamente.

Mas a agente não reagiu, continuou ali parada enquanto suas mãos apertavam o casco da madeira.

Nunca teve dificuldade para matar alguém, principalmente se tratando de assassinos em série que colocam a sociedade em risco. O único problema era que aquela em especial estava lhe causando muitos problemas, até mesmo mexendo com sua coragem. Por conta disso, Gloria queria matá-la da forma mais violenta já feita, rasgar sua pele e esquartejá-la, mas algo naquela mulher também lhe chamava a atenção, e impedia que o plano fosse efetuado.

Flashback On

- Me chamou, senhor? – A morena entrou cautelosamente na sala.

- Sim, chamei. – O homem deu um giro em sua cadeira para ficar de frente com Gloria. – Nem precisa se sentar, serei breve.

Gloria engoliu em seco, torcendo para não ser alguma bronca ou até mesmo um aviso de demissão. Trabalhava nessa agência desde seus 17 anos e, mesmo não tendo sido seu principal objetivo, era uma conquista que lhe trazia orgulho.

- Como anda o caso Emma Dinazard? – Ele ergueu uma sobrancelha, transmitindo extrema curiosidade.

A mulher piscou algumas vezes, tentando achar uma resposta menos decepcionante. – Bem... Estou tendo algumas dificuldades, senhor. Tenho de admitir que ela é extremamente habilidosa.

- Sim, mas você também é. Ou devo te lembrar que em sua segunda semana conseguiu apagar um de meus melhores homens?

Ela balançou a cabeça, negando.

O homem levantou, suspirando e andando em sua direção com os braços cruzados atrás do corpo. – Sinto que algo está lhe impedindo de matá-la, por acaso é algum sentimento imprudente? Sabe que se sentir medo, pode me falar que irei te ajudá-la.

- Não, não. Não sinto absolutamente nada disso, apenas... Acho que devo me preparar mais. – Gloria o encarou, disfarçando qualquer expressão que emane desconfiança.

Ele lhe encarou por alguns minutos e, logo depois, assentiu, voltando a se sentar na cadeira de couro. – Quero ela morta até semana que vem, não me decepcione.

- Não vou, senhor. – E saiu da sala, sentindo um enorme nó em sua garganta.

Flashback Off

Não vai ser tão difícil dessa vez, a frase ecoou em sua mente.

Sem saber de onde conseguiu coragem, a morena andou lentamente até o outro lado da casa, evitando a todo custo pisar nas diversas folhas e continuar sendo sorrateira.

Parou ao lado da janela que dava visão para o que seria o banheiro da casa, e ao esticar o pescoço e observar a parte interna, seus olhos encontraram uma figura feminina divina, e seu queixo caiu. Puta que pariu.

Uma mulher jovem, com cabelos loiros longos e um robe de seda branco se admirava no espelho.

Sua pele branca tinha a aparência de ser tão macia quanto algodão, e suas curvas eram tão bem desenhadas que um suspiro trêmulo saiu dos lábios de Gloria.

A detetive voltou a encostar suas costas na parede e se sentou no chão de terra, seus olhos encontrando o céu noturno.

Agora entendia o porquê de nunca conseguir dar um fim a ela.

A morena se recompôs, levantando-se e voltando a observar pela janela. A luz agora se encontrava desligada, e a mulher havia ido para outro cômodo.

É agora ou nunca, pensou, e aproveitou a pequena brecha aberta para subir a janela e entrar de forma silenciosa. Gloria se agachou e olhou pela porta do banheiro, localizando seu alvo sentada no pequeno sofá da sala.

Retirou de seu cinto uma pequena faca, considerada sua aliada em diversas missões, e caminhou calmamente pela casa, aproximando-se por trás e observando as ações calmas de sua "vítima".

Ao estar a dois passos de distância, um perfume forte e doce invadiu suas narinas, e Gloria teve que cerrar os olhos para se manter firme e consciente.

Abriu os olhos novamente, e levou um susto ao perceber que a figura feminina havia simplesmente sumido.

Puta merda. O coração de Gloria acelerou e suas mãos começaram a suar, a fazendo segurar a lâmina com força para não a deixar cair.

Moveu seus olhos lentamente pelos lados, tentando observar suas costas sem fazer um único movimento, como se estivesse em alguma missão com sensores que poderiam lhe matar se algum fio de cabelo se movesse.

Um vento soprou por suas costas e Gloria, com a faca em mãos, girou o corpo rapidamente, cortando o ar e posicionando-se com as duas pernas firmes no chão. Examinou os arredores e encontrou a mulher sentada na bancada da pia, a encarando.

- O que está fazendo aqui? – A mulher lhe perguntou.

- Sabe muito bem a resposta. – Gloria falou firmemente.

A loira suspirou e cruzou as pernas lentamente, deixando sua pele exposta e atraindo a atenção da morena. – Chega de tentativas falhas Gloria, você não vai conseguir.

Gloria encarou as pernas desnudas e engoliu em seco. Golpe baixo.

Sentiu um sentimento de raiva invadir seu corpo e correu em direção a mulher com a lâmina em mãos, tendo seu golpe interrompido por uma faca de cozinha. Emma girou seu braço e jogou tanto sua arma quanto a da morena no chão, prendeu o corpo de Gloria entre o seu e a bancada e colou seus lábios.

A agente sentiu seu corpo se arrepiar por inteiro, tentando entender o que estava acontecendo.

Ela estava me beijando?

Não conseguia acreditar. O momento era tão mágico que por um minuto, acreditou que estava sonhando. A boca de Emma era suave e se encaixava totalmente com a da morena. O gosto de chá de camomila alcançou seu paladar.

O contato se cessou, a loira se afastando e encarando a face de Gloria com expectativa. A agente permaneceu de olhos fechados por alguns segundos e, quando abriu e encarou as íris azuis, soltou uma risada sem graça. Emma imitou a reação.

- O que foi? Não gostou? – Ela soltou divertida, enquanto acariciava a bochecha de Gloria.

- Não, eu adorei. É só que... Eu realmente não esperava. – Gloria riu mais uma vez.

As duas mulheres se encararam, estudando cada detalhe de suas faces.

- É estranho... – A loira sussurrou.

- O que é estranho?

- Isso que estamos sentindo, é estranho. – Ela se afastou. – Nosso principal objetivo era assassinar uma a outra, sermos criminosas frias e calculistas. Era para continuarmos com um vazio profundo no nosso peito.

Gloria franziu o cenho com o olhar voltado para o chão de madeira, pensando. – Na verdade, não. Não importa o que fazemos, somos seres humanos, precisamos de sentimentos para sobreviver. Por algum motivo alguém enfiou em nossas cabeças que não deveríamos amar ou ter empatia, mas isso não é verdade. Isso não é viver.

Emma olhou para suas mãos, esfregando as palmas de forma nervosa. A morena se aproximou e cessou a ação, segurando e acariciando os dedos finos. – Eu sentia muita saudades de ser assim, parece que eu nasci de novo. E foi você que me fez sentir humana novamente.

A mulher sorriu, sentia o mesmo quanto a Gloria.

Elas sabiam que não podiam estar juntas dessa forma, estavam colocando tudo em risco, mas pouco se importavam. Se sentiam felizes e normais pela primeira vez em anos, e não permitiriam que alguém retirasse isso delas novamente.

Desde o primeiro encontro em uma fábrica abandonada, onde tiveram sua primeira luta desejando a morte, Gloria se viu em uma situação em que nunca se encontrou antes: não conseguia ao menos fazer um pequeno corte na mulher.

Se lembrou de Emma ajoelhada aos seus pés após um golpe forte na panturrilha, lhe encarando com ódio no olhar.

- Acabe logo com isso. – Murmurou para Gloria, mas a mesma não se moveu. Estava perdida naqueles olhos azuis brilhantes e cabelos loiros voando com a brisa que entrava das janelas quebradas. A faca estava em suas mãos, mas não conseguia efetuar um golpe sequer, parecia que seus braços haviam perdido totalmente a força.

A morena deixou as lâminas caírem no chão, fazendo um eco pelo local grande e vazio, e estendeu uma mão para Emma. Foi aí que cometeu seu pior erro.

As mulheres se sentaram no sofá da sala e Gloria, com as memórias em mente, levantou a barra de sua camiseta, dando visão a enorme cicatriz em sua barriga chapada. – Lembra disso?

Emma encarou a marca, soltou um risinho e abaixou o tecido. – Prefiro não comentar.

Gloria riu. – Sabe... Você estava maravilhosa quando estava agachada na minha frente naquele dia.

- Eu literalmente estava implorando para você me matar.

- Mesmo assim. Fiquei com aquela cena por semanas em minha mente. – A morena disse enquanto olhava as chamas da lareira.

- Você não presta. – Emma sorriu e trouxe o rosto de Gloria para perto do seu, lhe dando outro beijo.

Um ruído foi ouvido. Emma logo se deu conta de que era o som que sua janela fazia quando a abria de manhã e, por um instante, percebeu que alguma coisa estava errada.

A loira se afastou de Gloria, que a encarava sem entender. Emma apenas fez um gesto com o dedo sobre os lábios, indicando para que a mulher ficasse em silêncio.

Passos se fizeram presentes, quem quer que fosse não estava querendo deixar rastros, mas cometeu o grande erro de vir com botas grossas e pesadas.

Emma pegou a faca de cozinha que havia deixado no chão e se encostou no batente da porta do banheiro de onde vinha o som, esperando quem quer que fosse aparecer.

Gloria franziu o cenho enquanto escutava, o som que o sapato fazia lhe era familiar. Um som de borracha gasta que parecia vir de uma bota grande. A morena havia trabalhado com muitos homens durante sua vida, e em todos esses anos a coisa que mais reparava era em como cada um deles tinha um passo diferente. Alguns leves, outros bem pesados, de forma que mesmo se quisessem não conseguiriam passar despercebidos de jeito algum.

Mas aquele som lhe remetia a uma pessoa importante que Gloria conhecia bem. Não pode ser ele...

O homem finalmente apareceu, saindo pela porta de forma cautelosa. Emma não esperou e lhe pegou pelo pescoço, aplicando um mata-leão poderoso e pressionando a lâmina contra a garganta dele. O mesmo tomou um susto ao sentir o toque gelado em sua pele, preferindo não fazer nenhum movimento para preservar sua vida.

- Quem é você e o que está fazendo aqui? – Emma rosnou em fúria, sentindo vontade de rasgar o pescoço do indivíduo antes mesmo dele poder se explicar.

- Emma, para! – Gloria se levantou de forma ligeira, e Emma lhe encarou confusa. – Paul?! O que diabos você está fazendo???

- Conhece ele? – A loira falou enquanto olhava em seus olhos.

- Ele... É meu chefe...

Emma arregalou os olhos e, chocada com a revelação, deixou a faca cair e a força em seu braço sumiu, liberando o homem e deixando-o caído no chão enquanto tossia.

- Você trabalha para esse homem?? – A mulher explodiu, sem acreditar. – Sabe as coisas que ele faz, Gloria?

A morena encarava a figura masculina, dividida entre ajudá-lo ou esmurrá-lo. Ela olhou para Emma e viu a raiva estampada em sua face. – Por que está tão irritada? É claro que eu sei o que ele faz, eu faço as mesmas coisas também!

Emma fez cara de nojo. – Não, você não faz. Você nunca matou os pais de uma criança na frente dela, você nunca tocou em uma criança para feri-la. Já ele, sim.

Gloria franziu o cenho. – Do que está falando?

- ELE MATOU OS MEUS PAIS GLORIA! NA MINHA FRENTE! – A loira explodiu, sua voz reverberando pelas paredes. – Meu pai foi testemunha de um crime, mas como esses insetos são hipócritas demais não foram atrás do verdadeiro assassino, muito menos fizeram uma investigação correta. No fim, queriam matar o meu pai e o fizeram, levando minha mãe junto. Tudo isso na minha frente. Tem ideia do que é isso?

A feição de Gloria mudou, não estava entendendo mais seus sentimentos, apenas sentia uma raiva que crescia a cada palavra que saia da boca de Emma. Aquele homem fez isso? O mesmo homem que a vida inteira eu considerei como um anjo que mudou a minha vida e realizou o meu sonho?

Sem pensar duas vezes, a morena voou em cima do indivíduo, pegando pela gola da camisa e encarando seus olhos. – Você fez isso? – O homem apenas riu. – RESPONDA!

- Fiz sim, e faria de novo se pudesse. – Disse e logo em seguida levou um soco que o fez cair no chão novamente.

- Nosso lema era trazer justiça para os inocentes, e você faz tudo ao contrário? Sabe que existe apenas uma punição para traidores.

O homem riu outra vez. – Você não vai me matar, Gloria. Nenhuma de vocês duas vai. – Se levantou, levando a mão ao bolso da calça e retirando uma peça prateada, que ao identificar, Gloria arregalou os olhos.

Emma tremia de fúria, com lágrimas queimando seus olhos e seus pulsos cerrados com as veias saltadas. Queria vingança, fazer aquele homem sofrer até ver a vida se esvaindo do corpo. Mas, ao mesmo tempo que desejava, não conseguia se mover. Estava parada encarando a cena com Gloria em sua frente, as duas espantadas demais para tomar alguma atitude.

A loira cedeu e foi em direção ao homem, mas foi barrada por Gloria, que a segurou com força para que a mulher não fizesse nenhuma besteira.

Emma estava quebrada, todos esses anos pensando que seu trauma foi curado, mas apenas naquele momento percebeu que havia escondido a dor com mais sangue em suas mãos.

O homem levantou o objeto em direção as duas mulheres, mirando em Emma. A morena olhou de relance e em um impulso, jogou a loira para o lado, a fazendo cair no chão. Com a ação o corpo de Gloria se tornou o alvo e, em poucos segundos, ouviu três sons altos e sentiu algo perfurar seu peito.

- Não! – Emma gritou. Viu o coluna de Gloria ir para trás e seus joelhos colidir com o chão, logo após seu tronco e sua cabeça.

O homem não acreditou no que fez e fugiu pela janela aberta de forma tão covarde quanto entrou.

A loira começou a chorar desesperadamente enquanto chamava por Gloria e deitava o corpo em seu colo. Acariciava o rosto gélido e encarava os olhos já sem vida, desejando que aquilo fosse apenas um pesadelo horrível.

Mas ao observar a poça de sangue que ainda se formava, sua ficha caiu, Gloria havia sido morta para lhe proteger. E Gloria lhe protegeu porque lhe amava.

Emma teve um dejavu. Seu pai e sua mãe caídos sem vida em sua frente, e a loira, com apenas seus 15 anos, encarando a cena e os homens fardados a sua frente. Estava assustada e tremendo, com seu rosto encharcado por lágrimas e soluços presos em sua garganta. Teve o pensamento de correr, e foi o que fez.

A loira soluçava enquanto sua testa encostava na de Gloria, pensando que mais uma vez havia perdido alguém que amava. Sua cabeça rodava, sua visão estava embaçada e seu corpo parecia ter perdido toda a força. Se perguntava mais uma vez: por quê eu? Por quê ela? Por quê eles?

E mais uma vez, não obteve respostas. Levou as mãos até o rosto e enxugou suas lágrimas, levantou com as pernas bambas sem tirar os olhos de sua amada e seus olhos encontraram a faca no chão. Pensou em tirar sua própria vida, seria um caminho menos sofrido, mas se lembrou do motivo de mais uma perda sua, Paul Frank. Não podia ir embora deste mundo e deixar aquele monstro intacto.

A loira andou até o banheiro e encarou o espelho, fazendo uma promessa que seria sua maior dívida.

"Eu irei me vingar de Paul Frank, tirar tudo o que ele ama e fazê-lo sofrer até seus últimos minutos nesse mundo. Ou não me chamo Emma Dinazard.'"

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