📣 ATENÇÃO CONTEM GATILHOS... ESSA OBRA E UMA FICÇÃO E NÃO HÁ NEM UMA LIGAÇÃO COM HISTÓRIAS REAIS. Tess se apaixonou por Cristiano a primeira vista, para ela, ele era o cara mais bonito da escola. Esse amor durou até a fase adulta e eles se casaram, suas vidas eram pacatas e felizes eram pais de David um bebê lindo e perfeito. Até o dia que um trágico acidente leva a vida de David, então toda a tranquilidade daquele casamento se acaba. Cristiano então se fecha em um mar de culpas e desacerto. E ambos acabam aprisionados em um casamento infeliz. Sem chances de felicidades ou redenção.
Chovia copiosamente lá fora, para mim não era apenas uma chuva qualquer, aquelas torrentes violentas e tempestuosas, era como se fossem minhas próprias emoções, eram a exatidão do que eu tinha por dentro.
Um misto de violência, ódio e dor, isso tudo acompanhado de gotas de arrependimento e ressentimentos.
Minhas lágrimas estavam caindo violentamente sem poder ser contidas, por que naquele momento, eu realmente não queria estar vivo, não queria ter que abrir meus olhos todas as manhãs e olhar para os olhos acusadores de minha esposa, isso para mim era uma tortura dolorosa e penosa, mesmo sabendo que não havia nada a ser feito... não por mim, não estava em minhas mãos o poder de escolha.
Mesmo assim ainda me culpo, ainda penso em tudo o que aconteceu naquele fádigo dia, e repasso aquele maldito acidente várias vezes em minha mente.
E em todas as vezes sou eu quem está naquele maldito saco preto, todos os dias eu peço a Deus para mudar aquele dia, sei lá, de alguma maneira ou de uma forma milagrosa eu voltar no tempo.
Sempre gostei de filmes de ficção científica, e de viagens quânticas, eu me pegava pensando em como seria se as teorias de Einstein, sobre os buracos de minhoca fossem reais, e se existia em algum outro ponto do universo, um universo paralelo, onde uma outra versão de mim estava feliz em casa, com sua esposa e filho.
Uma realidade paralela e perfeita, isso seria perfeito, mas também existia aquelas pessoas que diziam ter sido teletransportada para outra realidade enquanto dormiam, o fato era quê, na minha atual situação, qualquer fuga da minha realidade estava valendo.
Mas nada disso acontece, isso aqui e o mundo real, e o único existente, então, ao invés disso aqui estou eu, em busca de um pouco de paz, algo para aliviar minha consciência culpada e um coração dilacerado.
Paz essa que jamais encontrarei dentro da minha casa ou em lugar algum que eu for... Pois o problema está dentro de mim.
Eu fico sempre nos cantos, como se não houvesse mais lugar para mim em minha própria casa, tento não topar com minha mulher, e também evito olhar para as fotos expostas na nossa sala, ali tem fotos que parecem ser de pessoas que eu conheci e que não existem mais, nem mesmo sei se aquelas cenas são mesmo reais, aquele homem que vejo, sempre sorrindo ao lado daquela linda mulher, ele parece estar sempre me provocando ou zombando de mim, não consigo...eu prefiro não olha-los.
Olhar para ele por muito tempo, me faz sonhar com coisas que jamais terei de volta, coisas que não existem mais, ainda tem o quarto perto do meu, eu dei a ele o nome de "o quarto da tortura" quando olho para ele e como se eu estivesse sendo torturado, a dor que sinto e quase física, mas minha mulher não se importa com isso, acho até que ela sente-se melhor com minha dor, e uma forma que ela encontrou de se vingar do ocorrido.
Aquele quarto cheio de mobílias, de aspecto aconchegante e na verdade frio de calor humano assim como toda a casa, tudo me serve de símbolo do meu pecado, minha casa e meu purgatório particular.
E quando passo pela quela porta fechada que sinto todo o meu ser se arrepiar, minha alma grita aflita, em um pedido silencioso por socorro.
Ouço passos leves e receosos, e minha esposa, assim como eu, ela procura sempre se manter distante.
Em outros tempos seríamos um casal normal e apaixonados, ela colocaria suas mãos pequenas e delicadas em volta da minha cintura, apoiaria seu queixo em minhas costas, eu a puxaria, e ficaríamos de frente um para o outro, eu colocaria minha mão em seu queixo, e tomaria seus lábios com os meus, nossos beijos eram arrebatadores, ao fim do nossos beijos ela olharia para mim, sorriria e diria " Eu te amo Chris" então me daria seu sorriso perfeito.
Mas isso foi a muito tempo atrás, em um passado muito, muito distante.
Continuo a olhar a chuva que cai, com toda violência e eu a invejo por ser livre, por cair a onde quer, podendo desabar a qualquer hora e em qualquer momento, em qualquer lugar...em um momento ela e cruel e impetuosa em um momento seguinte passava a ser apenas uma leve garôa, uma carícia fria e sedutora, até não ter mais sinal de sua passagem ou existência...e mais uma vez me culpo por ser um imortal idiota, inútil e patético, sinto o cheiro de Tess quando ela passa por mim.
Eu tenho a certeza de que ela nem sequer olhou para minha direção, diante da minha completa nostalgia, eu do vazão a minha dor e choro.
Tudo começou com lágrimas gotejando aleatórias em meu rosto, mas elas começaram a rolar com mais força, mais intensidade, sem tempo para que eu podesse me conter, em poucos segundos eu estava me sacudindo e gritos saia de minha garganta.
Era o ponto onde eu não conseguia me segurar ou talvez eu não quisesse que aquelas lágrimas parassem, afinal, elas estavam ali por um ano, a indiferença dela me doía ainda mais, queria que ela me abraçasse, eu precisava dela naquele momento, mas ela não o fez, sua frieza por minha dor abria uma ferida ainda maior que a primeira.
Então eu saio debaixo daquele temporal, só uma coisa era certa em minha cabeça, eu não podia continuar ali, precisava sair e esfriar minha cabeça.
Peguei minha moto e acelerei, até onde dava para acelerar, mas rápido e mais veloz do que a chuva que caia, era uma chuva fria e torrencial.
Podem me chamar de covarde, e fácil me julgar agora que estou destruído, mas a algum tempo atrás eu estava feliz com minha família, eu carregava meu filho em um de meus braços, enquanto abraçava minha mulher com o outro, meu filho era tão aventureiro, quanto mais alto eu o jogava, mais ele sorria e dava gritinhos felizes para mim, era um garoto incrível e muito inteligente para seus um ano e dez meses, minha esposa sempre foi carinhosa e muito presente desde que nos casamos, minha família a ama quem não a amaria para dizer a verdade?
Ela era incrível e eu era o homem de sorte que havia conquistado seu coração... irônico, agora eu era o maldito que o havia destruído.
Eu perdi tudo, perdi meu filho, minha mulher e agora estava ali, sem saber para onde ir, ou o que fazer do que tinha sobrado da minha vida.
E se você acha que eu sou um covarde, aí vai a verdade...eu matei o meu filho, e Tess me odeia por isso, e eu me odeio muito mais, por que eu o amava, meu dever como pai era o de protegê-lo, e não deu, ele morreu, eu o perdi, assim como perdi a capacidade de lutar para reconquistar minha mulher.
Minha vó sempre dizia para mim e para meu irmão, que "o arrependimento e um sentimento que chega tarde de mais", para mim isso e uma sentenç, eu não estou só arrependido, eu estou destroçado, meu coração se partiu de uma forma irreparável.
Pode até ser tarde para reconstruir ou tentar consertar alguma coisa, mas não é tarde para dar a essa história um ponto final, eu estava acelerando, as lágrimas fazia com que meus olhos ficasse cada mais ardentes, senti quando meu celular começou a vibrar, mas eu o ignorei, não queria falar com ninguém, eu estava como animal lambendo as próprias feridas.
Mas na medida que o rosto de Tess aparecia a minha frente, minha linda e amada tess, como deixá-la se eu ainda a amava tanto? Será que eu acabaria com o resto de forças que ela tinha, será que o meu egoísmo em acabar com todo aquele sofrimento fugindo estava me fazendo ter uma visão distorcida? Minha amada Tess.
Então? Seria mesmo a melhor coisa a se fazer? Pensar em Tess mudou tudo, por que eu a amo tanto, se eu a deixasse seria realmente melhor para ela? e que tipo de amor seria esse, que a destruiria, e bem lá no fundo eu tinha aquela esperança nova,de que ela me perdoasse, de que juntos pudéssemos passar por aquele momento ruim, se e que aquilo era um "momento".
Enquanto pensamentos intrusos cruzavam minha mente de forma aleatórias, a velocidade da moto foi reduzindo, lentamente, até que eu não soubesse mais o que fazer...Tess era o centro dos meus pensamentos...resolvi não fugir e assim virei minha moto e voltei para casa, lá não estava sendo o melhor lugar no mundo, mas era minha casa, o lugar que um dia chamei de lar...o lugar quente e aconchegante que outrora era tão cheio de amor.
Meu coração deu um pulo... Não eu não iria ir assim, além do que, já não tinha como fugir,meu desaparecimento definitivamente não faria Tess se sentir melhor.
A volta para casa fazia meu coração acelerar mais do que o motor da minha moto, eu realmente estava vivendo um dilema, e não queria ter o papel de vitima, eu precisava repensar minhas atitudes, precisava me curar.
E esse era o caminha mais difícil da minha vida, e não dependia dos meus pais, nem do meu irmão ou mesmo de Tess, esse caminho era único e exclusivamente meu.
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