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Capítulo

Um sonho, que virou pesadelo. Um acerto, que virou um erro. E rivais, que viraram aliados. As duas maiores corporações na rede de hotelaria do pais e os maiores concorrentes da atualidade, nunca esconderam sua rivalidade, o que rende hotéis deslumbrantes, e muitos babados para a imprensa. Michel Benevides e Marcos Vittale nunca permitiram que essa rivalidade atingissem seus filhos. Até o momento em que precisaram deles, para atuarem juntos em uma sociedade obrigatória após serem vítimas de um golpe. Faça check-in nessa divertida história, e vamos subir para o andar mais alto daquela torre, onde a princesa é na verdade um dragão, e o principe às vezes pode parecer um ogro, mas tem bom coração.

Capítulo 1 01- Daphne Blanco

Estacionei meu carro em frente ao maior hotel da nossa franquia até o momento. Peguei minha bolsa e casaco já incomodada com esse tempo maluco daqui. Meia hora atrás estava correndo para o ar-condicionado do meu carro, e em menos de dez minutos o tempo escureceu, com uma leve garoa.

- Daphne, é urgente! Eu preciso que você me ligue assim que ouvir essa mensagem. - dizia uma das vinte mensagens deixadas pela Julia na minha caixa postal. Sua voz antes preocupada, agora continha uma nota subjacente de raiva, provavelmente pelas ligações perdidas.

- Encontra-se desligado ou fora da área de cobertura. - ri quando ela imitou a voz eletronica com impaciencia. - Quando pisar os pés na Flórida, e retirar seu celular do modo avião, me liga. Pelo amor que você tem àquele hotel!

Relaxei, pois nada poderia ser tão urgente relacionado ao meu hotel, que eu não pudesse resolver. Tinha tudo sob controle, até as possíveis urgências que poderiam surgir. Portanto joguei meu celular quase descarregado novamente para dentro da bolsa e desci, entregando a chave para o manobrista.

Me direcionei até a recepção em passos largos e postura ereta, me ensinaram que uma mulher bem sucedida faz mais barulho do que um Louboutin no assoalho.

Assim que uma das recepcionistas me viu, limpou sua garganta e se preparou para falar, evidenciando seu nervosismo por me atender.

- Senhorita Vittale, o Sr. Marcos já aguarda no restaurante. - anunciou a moça, antes mesmo de perguntar.

- Ok - falei apenas, encarando o quadro horroroso na parede atrás dela. - Margot.

- Pois não. - se prontificou.

- Eu vou entrar para conversar com o meu pai, e quando eu voltar, - subi o óculos escuro até o alto da minha cabeça enquanto falava. - não quero ver mais esse projeto de porta do inferno atrás de você!

- Creio em Deus pai dona Daphne. - murmurou, fazendo o sinal da cruz. - Vou pedir para tirar, mas vamos precisar de uns cinco homens.

- Estamos com problemas no quadro de funcionários por acaso?

- Não senhora! - respondeu atônita.

- Então chame quantos forem necessário! - concluí, arqueando uma sobrancelha.

- Sim senhora! - assentiu prontamente. Margot ainda arriscou olhar para o quadro.

Caminhei até o restaurante do hotel, e o vi sentado em sua mesa de sempre, dando um gole em seu expresso, como de costume.

Me aproximei da sua mesa, ciente de que estava chamando atenção. Hospedes e funcionários, estes sempre corrigindo sua postura profissional. - Digamos que minha intolerância é bem conhecida por aqui.

- Daphne! - abriu um sorriso assim que notou minha presença.

- Bom dia pai. - deixei um beijo na sua bochecha e me sentei de frente para ele, pegando um morango do prato de frutas intocado. Pelas migalhas e restos de chocolate no prato vazio, suponho que ele tenha acabado de devorar uma duzia de bombas recheadas, suas preferidas.

Marcos não se parece exatamente com um pai convencional. Ostenta seus cinquenta e três anos com um porte atlético e saudável de alguém adepto a esportes radicais, que dão inveja a muitos novinhos. Pena eu tenho é da minha mãe, que sofre com o assédio feminino, embora ela pague na mesma moeda ao aparecer em qualquer local.

Juntos, eles formam o que eu chamo de casal implacável. É o que acontece quando dois magnatas se casam.

- Como foi de viagem? - perguntou. - Por que não ligou quando chegou?

Completamente coruja e autoritário, ele geralmente se esquece de que também é meu chefe, portanto minha viagem não era um assunto para se abordar em um café da manhã entre pai e filha, já que ela é de cunho profissional.

- Cheguei de madrugada, não queria te acordar. Tinha deixado o carro no estacionamento do aeroporto. Quanto a viagem, o de sempre, cansativo. - respondo sem muita emoção.

- Não me conformo com esse tom entediado na sua voz, estava na esquina da pastelaria ou na Times Square? - perguntou, parando tudo o que estava fazendo.

- Fui à trabalho, não à passeio. Quer me ver voltar feliz de uma viagem? É só me mandar de férias para Santorini.

- E você faz outra coisa a não ser trabalhar? Como pode falar de férias, se desde que voltou de lá nunca mais ao menos folgou? - suspirei entediada.

- Pensei que estivesse satisfeito.

- Não disse que não estava. Pelo contrário, como seu chefe, sou o mais orgulhoso e sortudo por ter uma funcionária como você, mas como pai eu me preocupo. Você é jovem, se eu ainda tivesse sua idade, arrastava sua mãe para alguma boate em Las Vegas.

- Voltaram de lá tem dois meses! - arqueei uma sobrancelha simulada.

- Tudo isso já? Santo Deus. - sorri preguiçosamente, passando meu olhar brevemente pelo restaurante.

- Não se preocupe comigo, gosto de como as coisas estão. - nada era mais importante do que meu sonho se realizando nesse momento.

- Chega de falar nisso. É tão teimosa quanto a mãe! - grunhiu exausto. Ele sabe que essas conversas sobre minha vida pessoal não vão à lugar algum.

- Sabe que isso soa como um elogio. Mas, você disse que queria conversar comigo urgentemente, algum problema enquanto estive fora? - ele deixou a xícara na mesa e respirou fundo.

Problema!

- Não sei como te dizer isso, e nada que eu fale ira amenizar, portanto vou ser bem direto. Perdemos mais um Hotel! - despejou, ativando seu modo magnata.

- O quê?

- Não queria te preocupar logo cedo, mas a verdade seja dita, aqueles sangues sugas mandam bem. - ele odiava admitir isso, mas eu estava preocupada demais tentando lembrar de qual projeto meu pai estava falando.

- Não entendo, pai, você estava interessado em algum empreendimento e não me avisou?

Esboçou estar ainda mais apreensivo.

- Filha, seu hotel, eles compraram o projeto daquele hotel que você estava interessada. - disse de uma vez. Na mesma hora eu me tranquilizei.

É uma longa história.

- Não. - sorri despreocupada. - Pai impossível, aquele hotel ja é nosso.

É claro que eu não poderia explicar a ele ainda. Na verdade, parte da negociação meu pai nunca nem poderá sonhar como aconteceu. Para todos os efeitos, o hotel é meu.

- Eles têm lábia minha filha.

- Uma ova! - zombei. - É o terceiro esse ano e podem haver quatro, cinco, quanto mais quiserem, mas o meu hotel, é impossível. Essa possibilidade nem existe mais. - ele começou a se alterar com minha tranquilidade, como se eu não compreendesse a gravidade da situação. Como meu pai não sabe de nada, considerei que era cabível uma preocupação maior da minha parte, pelo menos para ele não desconfiar. - Acabei de finalizar a compra pai, o projeto é meu! Fora que eu mesma cuidei da finalização, eu não estaria tão confiante se não soubesse que está tudo sob controle.

- Daphne! - me repreendeu, dizendo com o olhar que o pior aconteceu. Só então comecei a realmente me preocupar, pelo simples fato dele estar se referindo aos sangues sugas dos Benevides. - Já disse, eles foram melhores na proposta.

- Que mané proposta pelo amor de Deus!? Simplesmente não existe essa possibilidade! - eu estava ficando realmente nervosa.

- Não só existe, como já aconteceu, a construtora entrou em contato com nosso pessoal há pouco. - agora tudo não passava de confusão na minha cabeça, já que o que ele falava, não fazia sentido algum.

Há sete anos atrás meu pai me ofereceu uma faculdade no exterior, e tomada pela minha paixão, escolhi estudar na Grécia. Me formei em arquitetura, mas no que realmente me descobri, foi óbvio demais até mesmo para a filha do Marcos Vitalle. Administração em Hotelaria, alguns cursos técnicos foram suficientes para minha formação, e eu tive a oportunidade de exercer minhas duas profissões.

Acontece que meu pai não colocou credibilidade nos meus planos, dizia que eu era nova demais para investir tanto em um projeto como aquele. Que era empolgação de recém formada. Exigiu primeiramente uma experiência, desde então trabalhei somente na parte corporativa, sem vinculo direto com seus empreendimentos.

Como ele queria!

Apenas recentemente, aceitou "estudar" meu projeto, mas tem uma coisa que poucos sabem sobre mim: eu não dou ponto sem nó!

Sem meu pai saber, eu abri minha própria construtora em sociedade com um grande amigo meu, Bento, parceiro da Universidade.

Quando encontrei o local perfeito, derrubei tudo o que tinha nele e entrei em parceria com uma corretora renomada em Nova York, e assim fizemos todos os tramites. Como uma das principais arquitetas da corporação, eu atuo nas pesquisas de campo e, hoje, aprovo os projetos para novos investimentos e empreendimentos. Recetemente, meu pai aceitou entregar um de seus hotéis para que eu pudesse administrar, e como eu havia planejado, aprovei a compra do meu próprio hotel.

Eu era a construtora por trás da obra bilionária, e a compradora. A que financiou e a que desembolsou muita, mas muita grana, pois eu precisava de mão de obra, intermediador, e uma corporação de alto padrão para colocar seu nome lá.

Agora me expliquem, como que alguém que não fosse eu ou eu mesma, ligaria para os funcionários do meu pai, que foram designados a mim, desistindo da venda?

Só resta uma opção, a corretora!

- Você não vai fazer nada?

- O que quer que eu faça Daphne? Brigue por um projeto com eles? - desdenhou. - Deixem que façam bom proveito. Econômicamente eu saio ganhando, afinal o mercado nem está propício para novos investimentos. Isso significa uma queda nas ações deles muito em breve, logo, as nossas decolam! - não podia acreditar que ele ainda estava feliz por ter "dado errado". - Preciso ir, vai visitar sua mãe, Eva já estava aflita sem notícias suas. - diz se levantando.

Ele com certeza não tem ideia da importância que isso tem para mim.

Como poderia?

Ele me observou durante alguns segundos, suspirou e beijou o topo da minha cabeça, saindo logo em seguida.

Sai do restaurante ainda atordoada, passando e repassando mentalmente todas as minhas decisões tão precisas e seguras.

Eu não podia ter errado. Me negava acreditar que essa falha era realmente minha. Deve ter alguma explicação.

Ao passar pela recepção, quatro homens ainda olhavam para o quadro gigantesco da parede. Provavelmente buscando uma forma de tirar da maneira mais fácil.

- Será que eu é quem vou ter que tirar essa porcaria daí? - praticamente gritei, fazendo eu mesma meu check in em um dos quartos.

- Desculpe dona Daphne, só estamos discutindo a melhor logística. - respondeu um deles.

- Melhor logística? - repeti indignada. Meu humor definitivamente não era dos melhores. - Eu vou te dizer qual é a melhor logística! Dois de vocês irem para o almoxarifado agora buscar duas empilhadeiras hidráulicas enquanto os outros dois fazem a proteção do porcelanato. Dane-se o quadro, a moldura e tudo de mais brega que tem nessa parede, usem as garras de pressão e sincronizem uma única puxada, uma vez no chão, dois de vocês seriam suficientes para carregar até o depósito. Está bom pra você ou é necessário mais algumas horas de planejamento?

Despejei cada vez mais impaciente, e sem esperar uma resposta, subi para o quarto. Deixando bem claro para qualquer um que eu não estava no meu melhor dia.

Eu já tinha todo o projeto em mãos, trabalhei durante meses na negociação da área. Ali não era perfeito, não era favorável e estava longe do foco de qualquer investidor, mas eu tive visão, e hoje está exatamente como eu sempre sonhei. Eu acompanhei tudo! Dois anos de estudo e trabalho, visitando a obra todos os dias, eu vi aquilo nascer, cada viga e bloco.

São dois anos da minha vida em total dedicação, personificando a paixão de uma vida inteira.

Está na reta final. Financiei o acabamento por conta da VBlanco, fora a verba que eu já tinha designado a isso, para sair tudo perfeito, adiantei 50% do valor acordado com a corretora, e fui para Nova York finalizar os detalhes pessoalmente, diretamente com o dono, que me garantiu satisfação no desenrolar de toda burocracia.

Quanto aos Benevides, são uma rede de hotelaria e investimentos que não se cansam dessa competição ridícula. Difícil mesmo é admitir que meu pai tem grande culpa nisso, mas eu não!

Por algum motivo, no último semestre eles estão investindo com força total, cobrindo todas as negociações. Eu estava ficando pocessa, pois como arquiteta, eu sou a responsável pelos novos investimentos. Isso estava me esgotando, eram meses de pesquisa de campo jogadas no lixo. Me sentia usada. Eles usavam a porra do meu trabalho e depois simplesmente cobriam a oferta.

Acontece que, em nenhum deles houve uma perca emocional.

Mas o meu hotel não!

O Olimpo já é meu, sendo assim, é impossível negociar outra venda. É claro que meu pai nem sonha que foi dado algum dinheiro na obra, para ele estávamos apenas em fase de negociação, mas em minha defesa, eu tinha tudo sob controle.

Basicamente, eu dividi esse projeto em três pilares. Três pessoas de altíssima confiança que me ajudaram a tirar esse sonho do papel, inclusive com o levantamento e fragmentação de ações, que patrocinaram toda a obra, além de outras fontes pessoais, que eu apliquei sem dó nem piedade.

Foi tudo minuciosamente pensado, sem chance de dar errado.

E como se o Bento houvesse lido meus pensamentos, seu nome apareceu no visor do meu celular que vibrava nas minhas mãos tremulas, enquanto eu andava de um lado para o outro.

- Pronto! - atendi, tentando respirar mais tranquilamente. Essa era a ligação que eu estava aguardando desde que embarquei no avião de volta para casa. Onde ele iria finalmente dizer, que estava tudo certo. Que havia sido tudo exatamente como planejamos. Mas, a sua demora em me responder, foi capaz de inoperar imediatamente meus pulmões, como se eu tivesse simplesmente esquecido como respirar.

- Daphne... alguma coisa deu errado. Você precisa voltar para Nova York agora mesmo.

- Bento... - rosnei de olhos fechados, em busca de controle. - Eu espero muito, muito mesmo, que eu seja a responsável por isso. Porque eu sou capaz de matar, quem quer que esteja tentando passar a perna em mim!

- Não sei dizer ainda o que está acontecendo. A transação foi feita, mas, o contrato foi assinado por um representante da Benevides. Como isso é possível?

- Eu vou pegar o primeiro vôo de volta, me envie tudo o que você tiver, e prepare o terreno, porque quando eu pisar os pés ai... - fechei os punhos, imaginando ter o pescoço de um dos Benevides entre os dedos. - vai dar pra ouvir meus passos até do inferno!

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