Dom Sinto que não me encaixo em minha família. Até mesmo minha aparência destoa dos demais. Tenho suspeitas que temo expor... Nunca sonhei em ser um executivo da empresa da família. Sou bom no que faço, mas minha natureza me instiga a fazer algo completamente diferente. Não admito, mas, estive nos negócios, numa tentativa de criar um vínculo com meu pai exigente. O que não adianta muito. Sem contar minha relação de muito ódio com meu irmão. Então, quando sou traído de forma cruel e por quem menos esperava, sei que é o sinal mais que claro para partir. Depois de meses distante, volto para ser padrinho no casamento do amigo... E conheço Tate Sullivan, a loirinha que vai me virar de cabeça para baixo. Tate Terminei meu noivado há pouco. Ainda estou tentando colocar minha cabeça no lugar, quando Dominic Elliott cruza meu caminho. Literalmente. Ele é lindo, sexy, intenso. E um sem vergonha. O homem bagunça minha vida certinha, minha cabeça, minha cama... E eu gosto muito disso! Até que os problemas surgem. Sexø, traições, ameaças, chantagem. Tudo conspira para nos separar. O que nos une, será forte o bastante para superar essas provações?
Acordo, mas sem vontade de me levantar. Espalhada no meio da cama, encaro o teto. Meu dia vai ser infernal! Então começo a espernear e a sacudir os braços, em protesto.
- Você se coloca em cada uma, Tate! - sento-me e sopro os cabelos que cairam em meu rosto. - E se eu ficar doente? - logo cruzo os braços, emburrada. - Não! Não darei esse gosto para aquela magrela!
Voltando a espernear, levanto-me e vou para o banheiro. Durante o banho, esfrego-me com mais vigor que o normal. Talvez seja uma forma de me punir.
Depois, enrolada em uma toalha, fico resmungando enquanto escovo os dentes.
- Todo mundo te avisou! Mas, você - aponta para seu reflexo. - É teimosa demais para ouvir, não é? Agora aguenta!
Enquanto estou me vestindo para correr, ainda estou me martirizando. Após amarrar meus tênis, prendo os cabelos e bufo. Não estou animada para fazer atividades físicas hoje, mas, acho que será necessário, para extravasar o estresse que me domina.
- Melissa, me diga de novo porque eu estou fazendo isso? - miro-me no espelho, desolada, naquela noite.
- Porque você é masoquista! - A outra é direta. - Só por isso.
O vestido, de um azul-pálido, justo até a altura das coxas e depois cheio de babados desnecessários é horrível! A cor não favorece minha pele clara e eu sei que a escolha do vestido em questão foi proposital para me prejudicar.
- Só por isso você aceitou ser madrinha de casamento do seu ex-noivo. Masoquismo puro! - Melissa complementa. - Essa sua, impulsividade ainda te mata, garota!
Minha amiga está muito distante e estamos nos falando por videochamada.
Reviro os olhos, apalpo o amontoado de tecido, aproximando-me mais do espelho para cuidar dos cabelos e maquiagem, já que não posso fazer nada a respeito do restante.
- Eu só quis dar uma de superior e olhe no que eu me meti! - resmungo.
- Ainda há tempo. Invente alguma desculpa. Um acidente, demência ou até mesmo a recuperação da sua sanidade. Qualquer coisa do tipo está valendo.
- Não! - digo com decisão. - Não vou saltar fora agora... embora seja minha vontade.
Concentro-me em retocar o batom. Sempre me disseram que sou muito semelhante à atriz Brigitte Bardot. Dessa forma, aproveito-me disso para usar os penteados e maquiagem da diva do cinema. Olhos bem marcados com lápis e rímel. Na boca, batom rosa, cabelos presos em coques estruturados, com a franja envolvendo-me o rosto.
Comprimo os lábios para melhor distribuir o batom e dou alguns passos atrás para me examinar. Suspiro, tentando subir o peito do vestido que expõe demais meus seios. Eles nem são fartos, mas parecem que vão saltar fora a qualquer momento. Desconfio de que Esther, a noiva, deu um jeito de trocar o vestido por um número menor do que eu uso. Tenho certeza que não foi aquela peça que provei da última vez em que estive no ateliê. Aquela cadela de beira de estrada!
- Como estou? - Volto-me para o computador para que Melissa me analise.
A outra fez menção de falar, se detém, mas enfim se manifesta:
- Cabelo ok! Maquiagem impecável! Mas esse bolinho de casamento que está vestindo... - Meneia a cabeça negativamente.
Bolinho de casamento... Se eu não estivesse tão furiosa, riria do apelido que cai como uma luva para aquela peça horrenda!
- Eu sei! - Calço os sapatos de saltos altíssimos, no mesmo tom do vestido. - Infelizmente, não posso fazer nada a respeito. No entanto, eu posso, acidentalmente, esbarrar na noiva com minha taça de vinho! - Sorrio com perversidade.
- Oh, por favor, faça isso por mim! - Melissa implora. - Tinto, de preferência!
- Juro que vou tentar - grunho entre dentes, perversamente.
- E chute as bolas do Noah no processo.
- Ah, isso eu adoraria fazer! Não sabe o quanto! - Torço os lábios. - Aquele babaca! Agora eu tenho de ir. Te conto tudo amanhã.
- Vou aguardar os detalhes. Ah, e trate de encontrar um garanhão fodedor para se divertir a noite toda. Você merece depois de tudo!
Dou uma gargalhada:
- Como se fosse fácil encontrar com um desses dando sopa por aí!
- Talvez hoje seja o seu dia de sorte. - ela dá de ombro.
- Ok, torça por mim, então. Se bem que homem é a última coisa que eu desejo na vida no momento!
- É só para foder, mulher! - Melissa ralha. - Não precisa se casar com ele! Imagine esse cenário: sexo quente e sujo por algumas horas! - ela gesticula com as mãos no ar, para ilustrar sua fala. - Você sabe que está precisando disso.
Baixo minha cabeça e meus ombros em desânimo:
- É, faz um tempo que minha vagina não é usada. Mais um pouco e volto a ser virgem!
- Eu sei que Noah mandava bem, mas... aliás, não, não sei nada além do que dizia, explicando melhor! Não sou como a vaca-piranha da Esther que fode com os namorados das amigas e ainda faz o favor de engravidar, então... Mas, voltando a Noah. Não é porque ele arrasava na cama que não vai encontrar alguém a altura!
- Infelizmente o bastardo era bom nesse aspecto! - suspiro. - Que raiva de mim por sentir falta disso! - Bato um pé.
- Normal, Tate. Você ia se casar com esse idiota.
- E eu te agradeço por me livrar dessa.
- Fiz o que sei que faria por mim, amiga. Agora, já que está decidida a ir ao evento do ano, vá e arrase! Deixe a magrela da noiva no chinelo!
- Com esse vestido será difícil, mas vou tentar. Só não garanto o garanhão...
Após me despedir de minha amiga, pego um casaco, uma pequena bolsa de mão e saio. Uma olhada no celular e percebo que se não correr, vou chegar atrasada. Pergunto-me novamente onde estava com a cabeça por aceitar aquela situação. Às vezes, ao tentar bancar a desapegada, acaba-se pagando um preço muito alto. Enfrentarei as mesmas pessoas que deveriam presenciar meu casamento, que tinha data original para daqui a dois meses. Entretanto, agora eu ocupo o posto de madrinha daquele que foi meu noivo. É cômico, se não fosse quase trágico.Sem tempo para ficar me martirizando, entro em meu conversível e parto rumo ao imponente salão de festas nos arredores da cidade.