Teffa é uma jovem encantadora e determinada, a qual foi obrigada a enfrentar a vida e seus desafios muito cedo, após descobrir que não se encaixava no que a sociedade considera como "normal". No meio da caminhada, ela se depara com amigos, inimigos e amores inigualáveis, mas difíceis de serem vividos e superados. O mundo se torna pequeno, e a vida, uma incrível jornada.
Theresa Cristine, ou simplesmente Teffa, era assim que deviam chamá-la, uma garota jovem, com 17 anos e lindos olhos dourados, que se tornavam o centro das atenções por onde passasse, porém enigmáticos e pertencentes a uma dona extremamente discreta, que adorava passar despercebida pelos lugares, embora isso fosse quase impossível.
Sua família se encaixava como de classe média, não tinha dinheiro o suficiente para frequentar os melhores lugares e ter tudo do bom e do melhor, mas também nunca permitiram que lhe faltasse nada. E assim ocorreu, quando meses antes havia sido aprovada na escola de belas artes, no Rio de Janeiro, e sua mãe havia a incentivado a ir morar na capital, dizendo que o importante era sua felicidade, pois dariam um jeito de custear tudo.
Teffa queria negar, embora quisesse muito, tinha medo de ficar longe dos seus pais, do seu irmão mais novo Nico, e de toda sua vida e pessoas que já conhecia, pois sabia que teria muita dificuldade em socializar com novas pessoas, mas, lá no fundo, ela queria arriscar, queria ser diferente e descobrir seu propósito.
Sua vontade de fazer a diferença falou mais alto,
seus olhos brilhavam quando ouvia falar em artistas renomados e diversas técnicas de arte, parecia ser a única forma pela qual conseguia se expressar, assim acabou cedendo a ir morar na capital.
Sua mãe alugou um pequeno apartamento próximo a universidade para ela, era modesto, mas o suficiente para uma garota sozinha. Compraram seus materiais, e Teffa estava ansiosa para testar todos eles, principalmente as tintas a óleo de cores vibrantes, ela sentia que precisava pintar algo, mas ainda não sabia o que ou quem.
Seu gato Romeu se mudou junto com ela, ele estava na família há anos e era seu xodó, seu pêlo era branco e espesso, ele podia facilmente ser confundido com um urso de pelúcia.
Assim, sua mãe retornou para o interior do estado, com o coração na mão por deixar a filha tão jovem em uma cidade tão grande, mas confiante e tranquila pois sabia a mulher que havia criado.
No sábado que antecedeu o início das aulas Teffa resolveu pegar o metrô e conhecer um pouco a cidade, suas galerias, exposições e obras de arte, algo nas esculturas a fascinava também e a deixava inquieta com relação a carreira que gostaria de seguir. No caminho, ela avistou uma praça que a transmitia um pouco de paz, com enormes cerejeiras floridas e luminárias antigas, lembrando o século XIX.
Resolveu se sentar e rabiscar algumas coisas em seu caderno de desenho, o dia estava extremamente quente, e a cidade movimentada, mas ela não queria ser incomodada. Quando estava quase terminando seu esboço, percebeu que estava começando a escurecer o dia, e o calor estava se tornando um vento gélido, assim se levantou assustada, e correu rumo à estação de metrô mais próxima.
No entanto, era uma menina de cidade pequena correndo nas ruas do Rio de Janeiro, não estava habituada com o trânsito nem com os perigos daquela cidade, assim quando estava há algumas quadras da estação, atravessou a rua com pressa e foi surpreendida por um carro preto extremamente elegante, com os vidros fumê e pintura brilhante, que parou bruscamente e quase gerou um acidente, fazendo com que todos os ali presente buzinassem incansavelmente. Ela já esperava que o dono do veículo sedan a xingasse e falasse as piores coisas possíveis, mas ele apenas baixou o vidro o suficiente para que seus olhos azuis vibrantes a encarassem, logo, subiu o vidro novamente e acelerou.
Teffa se recompôs e começou a andar novamente, antes de dormir aquela noite, se pegou pensando no quanto aqueles olhos eram misteriosos e terrivelmente lindos, isso a fez querer pintá-los.