O marco do fim de uma pandemia terrível que devastou o mundo trouxe a uma menina a experança de "viver" outra vez. Tirando esta fatídica e terrível parte, vivia de forma simples em Las Flores (Uruguai), o que tentou seguir após o acontecimento mais cruel que presenciara em toda sua vida. Emma não imaginava o quão a chegada de um amor mexeria com seus conhecimentos sobre o mundo, sobre o real, sobre o desconhecido, sobre a morte, e o que vem depois desta. Quantos amores uma alma pode viver?! Em quantas vidas esse amor retorna?! O quanto um amor de outra vida influenciaria em sua realidade?!
Ao se olhar no espelho naquela manhã pôde observar os danos causados pela noite mal dormida.
As olheiras estampadas naquele rosto delicado e pálido, denunciavam que não dormira o suficiente.
Morar no coração de Las Flores tinha lá suas regalias, porém, para quem amava a paz e o sossego da noite, principalmente as sextas feiras, se irritava com a agitação de alguns jovens adultos festeiros.
A bola da vez estava com o vizinho de janela, o lindo e descolado "Javier Lopes". Sempre cercado de amigos "beberrões", uma festa para cada sexta, ótimo para quem não fazia nada ao sábado de manhã.
Era péssimo! Emma tinha seus afazeres!
-Hey, amanhã eu trabalho! -Dizia sozinha com as mãos para cima, como quem pedia ajuda ao criador do mundo. - Essa gente podia fazer menos barulho?!
Ela engolia sapos, só por conta de ter um bom convívio com o loiro de olhos cor de mel. Ele carregava sacolas de mercado quando a via subir as escadas sozinha, ele sempre levava um doce, ou um pote com alguma comida "diferenciada" que fazia em família aos Domingos, e tentava estar pronto para ajudá -la com algumas tarefas que não conseguia dar conta sozinha.
Era um bom vizinho! Exceto às sextas!
Passou a mão em seus cabelos enquanto fazia uma careta. Estavam pegajosos, cheios de oleosidade, tudo culpa de sua falta de vontade de lava -los a cada dois dias.
Decidiu que os fios longos, pretos, e oleosos ficariam bem melhor em um rabo de cavalo.
Emma ia contra até as normas da empresa, aonde pediam que os funcionários estivessem bem apresentáveis, com uma aparência boa, e de falsa felicidade pelo menos. A menina raquítica e sem um pingo de viver "cagava na cabeça" de tudo o que ordenavam.
Assim como da vida, ela também estava cansada de seu emprego, se amaldiçoava todos os dias por ser boa no que fazia, o que causava em seus chefes a boa vontade de fazer a Egípcia, e fingir que ela cumpria tudo que estava nas normal.
Emma Duran, era o nome da menina que estava refletida no espelho oval, e a idade da mesma que sorria amarelo para tudo era apenas vinte e dois anos.
Tinha uma vida estranha, era sozinha, não gostava de barulho, ninguém quase a via em lugar algum, o que, levantava lendas sobre a menina do apartamento dezessete.
Seria uma Bruxa? Um Vampiro? Uma doente mental? Ou uma Serial Killer?!
Ela sorrira todas as vezes que escutava aquelas especulações.
A verdade é que pra ela não importava, de verdade, dava de ombros para a situação enquanto vestia seu jeans desbotado, a camisa de gola polo verde da empresa, e seu sapatênis preto. Bem esquisita!
Com mais uma bela olhada em seu reflexo percebeu que estava tudo em ordem.
-Viva a vida do proletariado "fudido"! E ao sistema capitalista que pega mais que vírus! E alegremente, vamos encher o bolso dos ricos!
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-Olá!
Ela arrastou seus olhos, o suficiente para olhar por cima de seus óculos para a fuça da pessoa mais falsa da empresa.
-No que posso ajudar?!
-Sempre tão áspera! -Disse em desdém.
"Áspera? Ela esperava o que? Que eu fosse boqueteira de patrão a fim de subir de cargo? Estou fora!
Além disso, uma baita de uma puxa saco que conta todos os mínimos deslizes de seus colegas de trabalho para a corna da mulher de seu amante!
E tem mais! Não entende nada sobre liderança, não sabe fazer uma planilha, não tem plano algum de ação! Ela nem ao menos sabe a missão, visão e valores da empresa que lidera setor!" PENSOU.
-Áspera, não! Só sem vontade mesmo! -Sorriu.
-Bom, vim te alertar que, desde segunda feira estou à espera de seu gráfico sobre as vendas do trimestre... E nada, ainda!
-Ah, sim! Lembrei! É que na verdade, como o prazo é até segunda feira da próxima semana, eu ainda nem comecei a fazer. -Cruzou os braços por cima da mesa.
-Eu sei que dei esse prazo, mas todos da equipe já entregaram, principalmente a Leonor! Na segunda mesmo recebi o e mail com tudo certo!
-Leonor é mesmo um modelo de funcionária, não é verdade? Se eu fosse você, tomava cuidado, pois ela faria o seu trabalho muito bem, acredito. -Ajeitou os óculos com o dedo indicador.
Ver Nancy "puta da vida" era um de seus passatempos favoritos. Dava até para escrever uma lista:
"10 formas de irritar Nancy, a segunda mulher do chefe"
-Tenha um bom dia, Emma! -Disse entredentes.
Emma voltou ao que estava fazendo, mesmo que pareça que não, ela era uma funcionária exemplar, e o maior motivo de raiva de todo mundo, pois o simples fato de ser a mediadora de conflitos/ vendedora mais eficiente,e a mais procurada fazia com que a demissão ficasse em quinto plano, se não décimo.
Era muito boa no que fazia, só não crescia de cargo por não se colocar a disposição de "escrava sexual" do dono.
Falando nele, este sim era um homem... Bom, um homem que dava o que falar!
Frederico Torres... Um dos CEO's mais conhecidos e bem sucedidos de toda a América do Sul! Sua fama não parava apenas no Uruguai, ela se estendia em países vizinhos como, Brasil, Argentina, Colômbia, Chile... E até os que não fazem parte daqui, França, Itália, Inglaterra.
O cara esbanjava todo o seu sucesso, e principalmente sua esposa troféu, Esmeralda Torres! Uma mulher que nem falar outro idioma sabia, mas era cobiçada por seus belos pares de seios, e cabelos dourados que batiam no bum bum, quer dizer, "o grande Glorioso" apelido carinhoso que deram para aquela bunda gigante de academia. Seu nome casava com seus olhos verdes, daqueles que se olhamos por muito tempo, causava dor de cabeça. A mulher é linda! Pensa em uma mulher inalcançável? É ela!
Era até estranho o Chefe se envolver com outras mulheres... Ele tinha uma tão... Tão perfeita!
Bom, o ponto era, Emma trabalhava de mais, ganhava um salário péssimo, e a cada mês mais o CEO conquistava coisas, coisas tal que nem em um milhão de anos Emma teria.
O expediente aos sábados era bem menor, então saía do trabalho a tempo de olhar o sol, e recarregar sua vitamina D.
Gostava de ir ao centro da cidade tomar um sorvete quando estava calor, ou um chocolate quente quando estava frio, amava os lugares mais "humildes" pois as flores eram sempre de verdade, então além de aproveitar sabores muito bons, pagava pouco e ainda sentia um aroma perfeito da linda natureza de Deus.
Caminhava sempre a pé até seu apartamento, morava próximo ao centro, e o transporte público não era lá uma grande maravilha, então por fim caminhar era ótimo!
Chegou em casa jogando seus sapatos para o alto, com agressividade arrancando seu sutiã que a incomodava de mais, e por fim repondo a comida e água de frantcheso, seu gato cinza, preguiçoso, gordinho, e exigente.
O afagava no topo da cabeça dizendo um "olá" sorridente, corria para a geladeira para panhar sua garrafinha com água gelada, e se jogava ao sofá para uma soneca que a salvaria de um surto total.
Assim seguiam suas semanas, o que mudara um pouco após o "fim" da pandemia. Poderia ser pior caso morasse no Brasil... Já pensou? Todos os lugares se libertando daquela máscara nojenta que nos fazia sentir o quão ruim era nosso hálito, e "geral" com a primeira dose da vacina em dia, e eu Brasileira correndo o risco ainda de morrer pois o governo não adiantava as vacinas!
Inclusive, obrigada Brasil pelos "memes", me divertiu tanto durante os dias de cativeiro...
Ela estava se habituando a nova realidade, a volta dos abraços seguros, que ela não gostava nenhum pouco! A volta das baladas com os amigos, o qual ela não tinha nem amigos, e nem vontade de ir em baladas. A volta dos encontros românticos com muitos beijos, amassos, e sexo! O qual ela não fazia nem antes da pandemia.
Cruel?
Não! Claro que não!
Para Emma estava tudo bem, gostava de ser assim... Ela, Frantchesco, e a TV velha da sala.
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Três toques delicados em sua porta a fez despertar.
Quem poderia ser?
Não tinha pedido comida... E nem muito menos estava a epera de alguma encomenda. O que denunciava as únicas pessoas que batiam em sua porta.
-Emma! Está aí?!
Aquela voz...
O que Javier queria?!
Andou de forma arrastada e preguiçosa até a porta, a abriu dando um baita susto no menino a sua frente.
-O que deseja?!
-Ah, desculpa! Te acordei?!
-Sim... Mas sem problemas. -Disse enquanto bocejava.
-É que hoje irei receber algumas pessoas aqui em casa, e ficaria feliz caso aparecesse por lá...
Ela estranhou aquele convite.
Faziam exatos três anos que morava ali, e nunca Javier passava do limite da educação...
-Ah, eu não sei se...
-Olha, você é beeem sozinha! E isso causa nos outros vizinhos um certo medo, sabe?! -Disse com calma para não causar estresse. -E eu sei que tudo o que falam é mentira, só que ninguém tem paciência para entender... -Sorriu amarelado. -Seria legal ter você hoje conosco.
-Olha... Eu não sei...
-Você provavelmente não tem nada pra fazer... E acho que não vai te matar socializar um pouco, o pessoal é bem louco mas todos muito legais. Vamos beber, puxar um... sabe? -Abriu um sorriso gigante. -Bom, começaremos as 23:00 horas. Vou ficar feliz caso apareça.
Nossa... Tão tarde assim?! Pensou.
-O que eu preciso levar? -Disse já vencida.
-Bom, todos amam tequila... Cerveja... Um verde sabe?
-Eu levo Cerveja!
-Vou esperar você lá, hein!
Se despediu saltitando.
Emma sem paciência alguma, e já arrependida de ter aceito o convite, murmurou, xingou, deu "soquinhos" no ar, porém, com uma pontinha de animação começou a pensar na roupa que iria usar.
"Já que estou na merda... Irei abraçar o cocô!"
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