Laços de Desejo

Westport

13 de agosto de 1909

Com a chegada do inverno, e a baixa temporada, finalmente Thomas teria seu tão desejado tempo para descansar. O que bem sabia que não seria de total aproveitamento, pois assim que chegou em terra, foi recebido por uma enxurrada de notícias, que golpeou qualquer pensamento seu de tranquilidade.

Após passar quase um ano tratando de negócios na região noroeste do continente, ele não desejava ver outra navegação tão cedo, por um bom longo período. A família Thornfield tinha como o plantio de grãos e até sua exportação para o exterior, como base de sua grande fortuna e de seu renome na pequena cidade de Westport.

Thomas Thornfield, filho mais velho, tomava a frente de seu pai, quando se tratava das exportações, pelas navegações marítimas. Seu pai, Garrett, o preparava para tomar sua posição, quando viesse a falecer. O homem também tinha um irmão mais novo, Sebastian, o jovem passava a maior parte do tempo na fazenda principal do pai, e tentava aprender ao máximo com ele, já que também herdaria boa parte daquilo.

O homem levou seus dedos indicadores, pressionando um pouco suas têmporas, e as massageou, enquanto outro se mantinha firme em sua frente, repassando toda sua lista de afazeres. Mesmo que apenas tenha chegado há um dia e sequer houve tempo para que pudesse descansar.

— Seu pai também pediu para lhe informar — Jerrard fez uma pausa e se inclinou para frente ao ver que Thomas não prestava atenção em suas palavras — Senhor?

Thomas largou as mãos nas laterais de seu corpo, e abriu os olhos, que manteve fechados por poucos segundos, até o quase mensageiro de seu pai lhe chamar a atenção.

— Eu estou ouvindo, pode continuar — Ele deu um suspiro longo e deixou seus cotovelos pousarem sobre a mesa de seu escritório — Por favor, prossiga.

Jerrard limpou a garganta e voltou a olhar o pedaço de papel em sua mão, e retornou a ler.

— Precisa acompanhar seu pai em uma visita à casa dos Winstone — Jerrard fez uma pausa para pensar em como Thomas reagiria à próxima parte do bilhete — Para um chá e também conhecer sua futura esposa.

Por um instante, Thomas teve a sensação de que não o tinha ouvido direito e seu corpo pendia para os lados como fazia quando estava em alto mar, mas também foi atingido por uma náusea, que fez seu corpo escorregar e afundar em sua cadeira. A sensação de instabilidade de seu corpo não lhe preocupou muito, estava acostumado com isso. Mas aquilo realmente o havia pego de surpresa.

Jerrard fez um aceno, indicando que ainda havia mais coisas para serem ditas, e ao menos esperou que Thomas lhe desse ordem para continuar e apenas o fez.

— O senhor, seu pai e o senhor Jeremiah Winstone, vem falando disso a anos — Ele diz e enfia o bilhete em um de seus bolsos sem muita preocupação — E tem certeza que o casamento entre o senhor e a filha mais velha do senhor Winstone, será vantajoso para ambas as famílias.

— Vantajoso? — Thomas indagou se recompondo.

— Os Winstone além de seu grande comércio com joias — Jerrard começou e se aproximou da mesa — Eles se mantém firme com a exploração de minérios a anos, e essa aliança é essencial. Pense no futuro, na união das maiores famílias de Westport.

Thomas nunca parou para pensar sobre casamento, na verdade, não apenas seu pai, como sua mãe já se preocupou com aquilo por ele. Mas ele não tinha noção que já estava sendo empurrado para isso com tanta rapidez. Nem sequer pensou que se casaria por amor, na verdade, sua mente seguia apenas pela linha de seus casos, que foram deixados pelos lugares onde passou e nos negócios que precisavam de sua atenção.

E seu pensamento sobre o amor era um pouco distorcido. Depois da morte de sua mãe, seu pensamento mudou ainda mais, e o novo casamento de seu pai, que foi feito um tanto às pressas, despertou uma certa raiva em Thomas, mas não deixou isso transparecer.

Chegado a hora, precisava encarar essa outra parte de sua vida. Conheceria a jovem e se casaria, poderia assumir o compromisso da união, mas não queria nada além daquilo e também seu trabalho exigia muito de sua presença. No conforto da sentença, não pensou em mais nada, já estava tudo decidido. Ele se casaria e com sorte, suas longas viagens o permitiria ser livre, pelo menos foi assim que pensou.