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Então Eu Te Conheci

Então Eu Te Conheci

OLI LAGO

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Capítulo

Ísis Boaventura é uma garota intensa e independente, dona do próprio nariz desde que conseguiu se livrar de um relacionamento abusivo. Agora vivendo seriamente a sua nova ideologia de ser livre e não se prender a ninguém ela divide seu tempo entre escrever livros, cuidar da floricultura que herdou da sua vó e homens. Mas tudo muda quando numa bela manhã é atingida em cheio por Boaz Capellinni, um homem que diferente dos que ela costumava conhecer conseguiu seu interesse. A culpa disso eram olhos muito verdes, tatuagens, um sorriso muito cretino e infelizmente, uma aliança.

Capítulo 1 l - Ísis

Sabe aqueles dias que você sente que não devia ter saído de casa? Aqueles mesmos que mesmo que você seja uma pessoa positiva e cheia de fé. A cada respiração que dê o universo parece avisar: volte para cama, é sério, volte agora.

Eu estava tendo um deles. Veja bem, eu não era muito de reclamar e tentava ver as coisas sempre pelo lado positivo, mas em menos de quarenta minutos acordada eu já tinha discutido com um cara idiota que insistia em agir como se fosse meu namorado pelo telefone, pisado em um cocô que meu cachorro Sidney Magal (não ria, a minha vó quem batizou o animal com o nome do cantor o qual ela dizia sentir um tesão da porra! É sério, palavras dela! E ela morreu há três anos, respeite a falecida, ok?), meu buldogue-inglês tinha deixado como um presente para mim na porta do meu quarto e eu com meus tênis vans novos tinha dado uma bela pisada, também tinha deixado a espuma de pasta de dente cair sobre minha camiseta preta, queimado o dedo indicador na prancha e por último o mais grave de todos, o meu pó de café tinha acabado.

— Bom dia, gostosa. — Uma voz rouca veio em minha orelha no mesmo momento que um beijo pousou em meu ombro. Merda. Eu tinha me esquecido deste.

— Olá... — Me virei forçando um sorriso tentando me lembrar o nome que o moreno tinha me dito se apresentado ontem. —...Mauricio?

— Matheus. Você já esquece meu nome Ísis? — Franziu a testa perdendo a leveza do humor matinal.

— Ah, é que eu estava meio bêbada ontem, eu não lembrava bem, mas está tudo certo, nossa noite foi ótima, né?

— Foi sim. — Sorriu de novo me deixando um beijo no ombro. — Quando a gente vai repetir?

— Quando você quiser.

— Agora? — Se achegou na minha bunda para que eu sentisse seu volume.

— Agora não dá, lindo, eu tenho que sair tenho um compromisso de trabalho então você realmente devia ir. — Dei o sorriso amarelo torcendo para que parecesse chateado, mas tudo que eu queria era aquele cara fora do meu apartamento.

— Hum, então pode me passar seu número?

— Claro que posso. — Aceitei seu celular e anotei o que ele queria.

— Vou te ligar, hein?

— Vou esperar ansiosa. — Menti enquanto via vestir a camiseta sem dúvidas ele era bom, mas eu já tinha ficado com melhores, depois da despedida meio estranha onde evitei beijar sua boca amanhecida o vi ir rumo à porta de saída.

Afim de não me estressar mais do que já estava, agarrei o notebook nas mãos e olhei pela janela para ver se o café da Fran estava cheio, e estava, mas ela sempre me arrumava uma mesinha. Dona Fran era uma senhorinha que eu conhecia desde criança era dona do mais antigo e melhor café daquela região, por minha sorte era situado do outro lado da avenida das Palmeiras, que era onde eu morava, por isso desci as escadas do apartamento e sai para rua com pressa, tinha menos de quinze minutos para encaminhar aquele manuscrito e eu ainda não tinha um epílogo pronto.

Olhei para o lado da via da rua e comecei a atravessar quando do nada o carro que antes não estava ali fez a curva rápido demais, não deu tempo de nenhuma reação, fui atingida em cheio e voei para o chão.

— Puta que pariu! De onde você surgiu, porra? Moça, você pode me ouvir? — Uma voz masculina se misturou ao zumbido do meu ouvido e a luz do sol cegava meus olhos.

— Ô caralho, sabia! — Foi a minha primeira reação.

— Sabia de quê? Você tá bem? Não se mexe eu vou chamar a ambulância.

Me sentei no asfalto e analisei o jeans que eu tanto gostava que agora tinha um rasgo no joelho. O café da Fran parecia prestes a sair um bloco de carnaval com a quantidade de gente que estava surgindo dali para assistir minha vergonha em primeira mão.

— Como é que você não me viu, inferno? — Resmungo tentando ficar de pé e mãos grandes demais seguram meus braços.

— Ô garota, não se mexe, fica parada aí.

— Que não se mexe o quê, me solta seu brucutu! — Firmo as vistas para ver o rosto do meu algoz e tenho a leve impressão que aquilo era pior do que eu pensava.

Eu tinha morrido!

Morrido, ido para o céu e o anjo loiro que me recebia ao contrário do que minha vó sempre disse (tatuagem num é de Deus não minha fia) tinha os braços e o pescoço coberto de desenhos, usava uma camiseta branca e tinha os olhos claríssimos como um mar caribenho.

— Ei. — Ele me soltou e ergueu os braços em rendição. — Só estou tentando ajudar. — A voz que antes estava preocupada saiu um pouco carregada de irritação.

— Me ajuda a levantar então. — Falei também irritada, sentindo meu pé esquerdo doendo. Não era porque ele era um deus grego que eu ia esquecer que o cara tinha me atropelado.

Quando suas mãos tocaram as minhas um arrepio transpassou minha coluna, a mão daquele homem era enorme, imagina... (Mantenha o foco Ísis!)

Estava prestes a implorar que aquela boca maravilhosa dele me desse um beijo enquanto meus olhos desciam para seus braços fortes tatuados e para as mãos que... Bew bew bew (a sirene a da minha cabeça soou) o círculo prata rodeando seu dedo foi meu balde de água fria. Era claro que ele não era solteiro, quem deixava um macho desse solteiro?

Depois de me decepcionar com a aliança voltei para o mundo que me pertencia quando arregalei os olhos e soltei: — Meu Deus do céu, meu notebook! — Olhei ao redor tentando achá-lo, mas primeiro movimento que eu tentei dar um grito saiu da minha boca e minha perna falhou.

Ótimo meu tornozelo estava doendo tanto por um motivo, estava fodido.

— Ô maluca, você precisa se acalmar, ok? Vou te levar para o hospital agora!

— Meu notebook! — Voltei a falar desesperada e ele olhou ao redor me soltando e andando até o canteiro.

— É isso? — Levantou a pasta me mostrando e eu concordei estendendo os braços.

Quando agarrei a pasta a abri para analisar a tragédia.

— Desgraça! — Xinguei alto. — Caralho fodeu, mano! É isso, não tem mais jeito não. — Olhei a tela quebrada e senti meus olhos encherem de lágrimas.

— Calma, moça, eu fui o culpado, te dou outro computador, mas antes precisamos te levar no hospital.

— Você não entende? — Levantei os olhos para encarar sua íris verdes. Fala sério, era sacanagem comigo, enquanto meus olhos eram escuros demais os dele eram claros demais, e eu vivia passando sete camadas de rímel para ter cílios grandes enquanto os fios que rodeavam seus olhos eram espessos e longos. Que ranço! Para quê ser bonito desse jeito filhão? Tenha dó! — É o meu trabalho, e agora eu o perdi.

Vi seus ombros largos murcharem um pouco como se ele estivesse constrangido.

— Ô moça, a polícia e a ambulância já estão chegando! — Um homem gritou.

— Eu não quero polícia ou ambulância! Quero o meu arquivo aberto para terminar meu trabalho! — Resmunguei.

— Olha, que tal acalmarmos ok? — Se aproximou. — Vamos ao hospital, eu conheço um médico que vai te examinar, e então depois arrumamos seu computador.

— Mas eu tinha prazo para isso. — Tento dar um passo e sou obrigada a mancar.

— Se você morrer não cumpre prazo nenhum. — Ironizou e eu o olhei com a cara feia.

— Tá bom! — Concordei e me ajudou a mancar até a porta do passageiro do seu carro. Entrei suspirando abraçando a pasta com meu notebook. As pessoas começavam a se dispersar não entendendo direito o que tinha acontecido. Agradeci por minha madrinha ainda não ter chego para abrir a floricultura ou ela estaria gritando na minha cabeça.

Quando senti ele ocupando o lado do motorista levei a mão no meu bolso traseiro para alcançar meu celular. Não foi nenhuma surpresa ao descobrir que a tela também tinha trincado.

— Que bosta! — Sussurrei para mim mesma voltando o aparelho para onde estava e o vi desviar os olhos do trânsito me analisando. — Olha pra frente ou vai acertar mais alguém, gênio! — Briguei e ele voltou o rosto para frente no mesmo segundo.

— Em minha defesa, você apareceu do nada, atravessou correndo igual uma criança, sabia?

— Eu? — Falei em tom indignado. — Meu filho, eu verifiquei e não vinha nenhum carro, você fez a curva da esquina correndo!

— Porque não tinha ninguém.

— Como você saberia se estava fazendo uma curva?

— Escuta aqui, moça...

— Escuta aqui você! Tenho um trabalho para terminar em algumas horas, um notebook estragado e um tornozelo doendo o senhor mauricinho vai pagar tudinho está ouvindo?

— Eu sou mauricinho? — Levou a mão no peito como se tivesse se ofendido.

— Pobre que você não é! Olha só esse carro, e todos esses músculos cobertos por essa roupa cara... — E esse pacote enorme marcando no meio das suas pernas que eu tô vendo daqui. Santa Mãe do céu. Misericórdia! Perdão! Perdão! Perdão!

— Para o seu governo eu estou longe de ser um mauricinho, ok? E você está julgando minha aparência? Duvido que gostaria que eu julgasse a sua, minha cara!

— Julgar o que, meu filho? Que eu sou uma grande gostosa? Porque é isso que eu sou, né? — Falei jogando o cabelo muito segura de mim, pronta para rebater qualquer crítica que ele fizesse sobre meu corpo, mas o homem me olhou de novo e abriu e fechou a boca como se procurasse palavras.

O caminho até o hospital mais perto era rápido e depois da troca de farpas nós o fizemos em silencio.

O gostoso, digo, o moço que USAVA ALIANÇA, me ajudou a descer do seu carro e me deu seu braço de apoio para eu entrar pulando feito um saci pela porta da emergência.

Uma pulseira amarela foi colocada e eu encarei o lugar. Era particular, eu não tinha condições de pagar aquilo, já tinha ficado chocada com toda modernidade quando fomos fazer minha ficha, graças a Deus e minha mania de odiar bolsa eu carregava meu cartão, dinheiro e carteira de motorista dentro da capinha do celular, ou eu teria que dar entrada ali como uma indigente. Olhei para ele sentado ao meu lado digitando algo no celular e disparei:

— Você vai pagar isso aqui, mesmo? Porque eu não tenho nem cheque para dar, hein?

— Vou sim. — Respondeu levantando o pulso e analisando o relógio prateado. Suas sobrancelhas franziram e ele levou o aparelho na orelha iniciando uma ligação.

Falou com um tal de Vargas sobre como ele ia se atrasar e que era para o mesmo fazer a reunião com um tal Daniel e que caso ele encrespasse era para remarcar para daqui duas semanas que Rodolfo resolveria isso. Duas semanas? Ele era tão ocupado assim? Por fim não mencionou que tinha me atropelado e teve audácia de dizer: estou resolvendo um pepino aqui.

Senti raiva e quase contra-ataquei dizendo que eu não era um pepino, se fosse para me chamar de alguma verdura eu preferiria chuchu, mas chuchu era sem graça não? Achava melhor não me chamar por uma verdura! Que ele enfiasse o pepino no rabo então, ou melhor se ele quisesse me mostrar o dele poderia enfiar no meu.

Desculpe meu anjinho da guarda, eu prometo não tentar ser uma vagabunda, eu sei que ele é comprometido, mas olha só esse rostinho?

— E aí, cara, desculpa a demora! — Uma voz apareceu e eu olhei para cima ficando paralisada.

Meu Deus, fala sério. Eu sabia que eu tinha era morrido. Agora sim eu estava com 100% de certeza de estar caída morta na rua, minha alma quem estava passeando no universo paralelo. Só isso para explicar o outro deus grego que tinha parado na minha frente, usando roupas brancas e um jaleco que o identificava como: Gustavo Henrique Couto, médico. Ui! Até subiu um arrepio. Analisei as mãos e bingo! Nenhuma aliança! Ô glória!

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