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A Conquista do Chef

A Conquista do Chef

Ronald_P

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Capítulo

Milena é uma jornalista tentando vencer os traumas do passado ocasionados pelo seu famoso “dedo podre”. A expectativa é sempre se envolver com cafajestes. Enquanto se diverte em uma amizade colorida com seu melhor amigo (que, obviamente não foge à regra), tenta não surtar — ainda mais — enquanto se desdobra nas colunas que assina. Fred Piazzi é um Chef de cozinha italiano que acaba de herdar os negócios da família e comanda a cozinha de um badalado ristorante está às voltas com uma situação inesperada e nada ideal. E tem a fama de ser um cafajeste. Numa dessas situações inusitadas do destino, eles acabam de se encontrando e uma conexão instantânea surge entre eles. A conquista de uma noite pode se tornar uma paixão avassaladora? Ou seria mais uma escolha ruim do dedo podre de certa jornalista?

Capítulo 1 Capitulo 1

“Festa estranha, com gente esquisita” É, Renato Russo, eu te entendo completamente. Sentada num banco pegajoso de courino barato, avalio minha situação em apenas cinco segundos: a pior ideia da vida. Nunca mais farei isso. Anotem isso aí: Milena Shimitz nunca mais vai aceitar os convites de Jaqueline sem saber previamente do que se trata.

Tenho zero interesse em gastar qualquer sexta à noite num barzinho indie, repleto de gente estranha e com um cara cantando uma versão bastante diferente de uma música do Zeca Baleiro. Se eu ouvi-lo fazer mais uma vez aquela pausa na hora do “triste, tristinho”, juro que tomo o microfone da mão dele. Não é possível que essa música tenha mais que dez minutos.

Fora o nível dos frequentadores do local, em sua maioria universitários, doidos para se dar bem. Eu também quero, confesso, mas não encontrei ninguém atraente e, até o presente momento, sigo procurando. Com o bônus do desprazer de ter que me livrar de dois caras bastante inconvenientes e bêbados. E olha que ainda nem são onze horas da noite. Jackie, pelo contrário, está a ponto de engolir a cabeça do coitado do cara. Pelo menos alguém está curtindo.

Deprimida, decido ir ao banheiro e aliviar algum órgão meu de um sofrimento desnecessário. No caminho, um cara me para e tenta me beijar, mas está tão bêbado que basta um empurrão para quase derrubá-lo. Meio decepcionada por não ter conseguido exibir meus golpes de defesa pessoal, consigo chegar até o corredor escuro que leva aos banheiros.

No fim do beco, um casal se agarra e tenho minhas dúvidas se já não chegaram às vias de fato ali mesmo, mas antes que eu consiga entrar no banheiro identificado com uma foto sensual de Marylin Monroe, alguém me dá um encontrão.

— Puta que pariu — gemo, antes de perceber que não estou estatelada no chão imundo. Por que não caí de cara no xixi alheio? Mãos fortes me seguram e me colocam de pé antes que eu possa falar alguma coisa.

— Me desculpe — diz a voz rouca do meu salvador. — Está tudo bem?

Assinto, porque nesse momento devo ter engolido a minha língua. Onde é que esse cara estava que eu não vi? Camisa branca com mangas dobradas e calça jeans adornam a estátua grega à minha frente. Seus olhos verdes claros e os cabelos quase loiros e cortados curtos só complementam o conjunto harmonicamente. Sua expressão assume um ar indagador e me pego pensando se ele espera algo de mim.

Ah, claro.

— Tudo bem. Graças a você, não estou nadando em seja lá o que for essa água suspeita.

A estátua grega gargalha e meu mundo para por alguns segundos. Só pode ser pegadinha.

Certeza de que o pessoal da redação contratou alguém para me fazer passar essa vergonha.

— Fred — ele se apresenta e me beija no canto dos lábios.

— Mi.. Milena — respondo, forçando meus neurônios a se mobilizarem.

Um grupo passa do outro lado da parede e algumas vozes buscam por Fred, que ergue o olhar, parecendo um pouco hesitante, mas responde com um sinal silencioso de braço e sorri mais uma vez.

Eu poderia morar nesse sorriso.

— Até mais, Mi-Milena — brinca.

Antes que eu possa responder, o cara lindo se afasta com seus amigos e eu entro no banheiro imundo com o coração acelerado. A noite acaba de ficar muito mais interessante — penso, analisando minha figura no espelho.

Claro que, assim que chego à nossa mesa, Jackie e seu acompanhante, que passei a chamar de “Vossa graça” pela semelhança com o ator que fez o Duque de Hastings em Bridgerton, já estavam mais contidos, e então, pude contar à minha amiga sobre meu salvador.

Em menos de uma hora, descobrimos que Vossa graça, surpreendentemente, o conhece, inclusive, sabe que ele é chef em um restaurante italiano fino na mesma rua dessa boate. Segundo nosso duque fajuto, ele também é conhecido por ser um mulherengo, fato que me deixou com ainda mais vontade de fazer um test drive.

Demorei um bocado para descobrir sua localização, mas assim que senti aquela sensação estranha de alguém me encarando, soube que era ele. Fred estava do outro lado com seu grupo de amigos, cercado de mulheres, mas seus olhos fixos em mim. Certeza de que eu tinha tudo para ser a conquista da noite e estava preparada para isso. O calor que senti foi culpa total das doses de tequila que tomamos. Claro que sim, óbvio.

Como alegria de pobre dura pouco, Jackie e seu acompanhante queriam estender sua noite, mas eu ainda tinha o horóscopo de domingo para escrever, e como meu salvador bonitão havia desaparecido do meu campo de visão, decidi ir para casa.

Deitada em minha cama, já de pijama e com os dentes escovados, não pude deixar de pensar naquele cara cheiroso, olhos intensos e um sorriso que derreteria o iceberg que destruiu o Titanic.

Eu realmente poderia morar dentro daquele sorriso.

— Somente ervas frescas — repito mais uma vez. — Por favor, pessoal! Somente frescas!

Esse molho não serve, Marco.

Saio da cozinha e deixo que se reorganizem depois dessa bronca. Ter herdado esse restaurante foi uma responsabilidade enorme. Minha mãe e eu nos revezamos entre a administração e a cozinha e, embora eu seja jovem, tenho uma vida inteira de experiência com um chef italiano dos melhores, meu pai.

— Nervoso? — minha irmã pergunta, assim que me vê cruzar a porta do escritório. — Pobre pessoal da cozinha — provoca. Gabi é arquiteta e só nos dá o prazer de sua companhia hoje porque está esperando mamãe para viajarem. A pobre coitada merece um descanso.

— Um pouco. — Sento-me à mesa e ligo o notebook. Preciso comprar mais algumas mesas e responder a alguns fornecedores. — Que cara é essa?

— Eu é que pergunto — Gabi não deixa passar. — É sábado, oito da manhã. Não esperava te ver aqui até pelo menos às dez. Caiu da cama?

— Eu tinha coisas para resolver. — Afrouxo o dólmã e acesso meu email.

— Foi expulso da cama de alguém tão cedo?

Insuportável, eu sei.

— Não. Não fui para a cama com ninguém ontem, Gabi — respondo, mesmo não precisando fazer isso. O sorriso divertido dela se converte rapidamente em curiosidade. Deveria ter me mantido calado.

— Isso é novo... — diz pensativa, já se sentando à minha frente. — Está interessado em alguém, Fred?

— Talvez — e seus olhos se arregalam —, não consegui pegar o telefone dela ontem.

— Ela te deu o fora? — Bate palmas, animada. — Já gosto dela.

— Ela não me deu fora porra nenhuma! — Relaxo o corpo contra o encosto da cadeira. — Não tive sequer a chance de chegar nela.

— Chocada. — Gargalha, antes de conferir se ninguém está vindo. — Fred, precisamos conversar sobre aquela mulher.

Eu poderia fingir que essa história não existe. Eu gostaria que não existisse. Mas ela existe e não posso fazer nada quanto a isso. Passo as mãos pelo rosto, frustrado. Gabi me avalia com a expressão totalmente semelhante à minha.

— Ela continua procurando pela mamma — emenda, sussurrando. — Hoje, ao sair do

condomínio, ela estava lá na porta.

— Mamma a viu? — Me empertigo na cadeira, atento. Era só o que me faltava.

— Não. — Sinto meu corpo relaxar. — Estava distraída brigando ao telefone com tia Dona. Só Deus sabe o que vou passar nesses trinta dias com essas duas, Fred. Precisamos resolver logo essa situação.

Por situação, minha irmã, dois anos mais velha, se refere à amante recém descoberta do meu pai. Após a morte súbita de papá, descobrimos, abismados, que o safado tinha uma amante que alega ter sido mantida por ele durante os últimos dez anos. Dez fodidos anos em que nosso santo pai traía mamãe debaixo de nossos narizes. A tal amante agora exige sua parte na herança bastante próspera dele e tem ameaçado contar tudo à mamma se não tiver a parte que lhe cabe.

Por isso essa viagem à Itália com Gabi: precisamos resolver tudo sem mamma estar aqui. Ela não suportaria. Como se soubesse que estamos falando a seu respeito, ouvimos sua voz alta enquanto ela segue numa discussão acalorada com tia Donatella pelo telefone.

— Vou resolver isso, Gabi. — garanto à minha irmã. — O detetive já está levantando tudo a respeito da tal mulher e, caso a história seja verdadeira, vou pagar a ela o que é de direito e um bônus para que se mantenha quieta.

— Tomara que sim — e assim que ela diz isso, mamma entra no escritório com seu jeito espalhafatoso, seus olhos recaindo instantaneamente no relógio antigo na parede, próximo à foto de papá.

— Ah, amore... — Coloca a mão no peito dramaticamente. — Esse relógio parou assim que o coração do seu pai parou de bater — choraminga.

Óbvio que não foi, de forma alguma, isso que aconteceu. Esse relógio já estava parado anos antes de eu sequer ter nascido. Provavelmente essa velharia veio da Itália junto com meus pais por engano, e minha mãe, que ama ver sinais em tudo, criou alguma conexão estranha. Mas não serei eu a diminuir o drama dela por isso.

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