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Golden Black: Império de Homens

Golden Black: Império de Homens

Sarah Camargo

5.0
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167
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5
Capítulo

DEGUSTAÇÃO! Tomas José Silva nasceu na favela da Babilônia. Vivenciando situações lastimáveis de violência, fome e mortes. Seu desejo como menino era conquistar o mundo, mas de um sonho inocente acaba se tornando um grande pesadelo para todos da comunidade Carioca.

Capítulo 1 Mudanças

"Um império não se faz com homens, e sim com caráter de poucos."

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O sol começou a despontar sobre as colinas, grandes Matas densas se destacavam facilmente por entre as passagens urbanas das cidades cariocas. As pessoas começavam a acordar com aquele tom bronzeado que cobria todo o relevo, aos poucos tomando a escuridão da noite, algumas delas preparavam o café para estarem dispostas a mais um dia castigável de serviço pesado, algumas das crianças se preparavam para estar frequentando escolas enquanto os adultos tomavam rumo aos bondes, metrôs, até mesmo táxi para chegar no destino desejado.

Mas nem todos eles tinham a mesma sorte de terem algum meio de pagar os transportes, então elas iam conforme davam, de bicicleta ou até mesmo a pé.

As vezes chegando atrasados, com uma aparência não muito boa por conta da maratona que acometem em seus caminhos. Uns precisam enfrentar longas caminhadas por entre as estradas de terra, chuvas e até mesmo frios em grande escalas.

São pessoas comuns que constroem a nossa sociedade. Em meio as casas simples, sem reboco ou qualquer tipo de pintura, barracos de madeira e até mesmo feitas de lona, elas sobrevivem nas dificuldades e necessidades, dependentes do governo e os programas Sócio Econômicos.

Mas dentro de uma comunidade, pessoas simples vivem, tem mil e um motivos para poderem dizer que a vida não vai bem, portanto com sorrisos que cativam até a nossa alma, pessoas essas que são simpáticas e receptivas. Mesmo com as dificuldades, com a fome que assolam todos os dias, eles sorriem e sempre buscam o lado bom de cada dia, uma maneira de sempre dizer que não é fácil, mas estão vivendo.

Por entre as ruelas da comunidade, crianças menores de treze anos brincam de pelada enquanto as mães vigiavam pelo lado de fora da casa, sentadas em banquinhos feitos de madeira, conversavam deliberadamente distraídas do cotidiano. Os meninos vestidos de bermudas, pés descalços, corriam atrás de uma bolota feita de pano, não se importavam com o poeirão que causavam a cada encontro corporal, corriam tanto que poderiam torcer as camisas, que logo escorreria a água em pingos de tanto suor.

As mulheres de famílias com mais condições financeiras costumavam se reunir para fazer fofocas enquanto comiam bolos e tomavam café, outras já saiam para fora para limpar a calçada e aproveitar o dia, mas boa parte delas saíam para trabalhar, deixavam os filhos na escola ou na creche e iam ganhar o dinheiro para seu próprio sustento.

Nos finais de semana, os dias ficam mais agitados, é o momento em que os adultos se reúnem para aproveitar um bom samba acompanhado de espetinho de carne e bastante cerveja, mas nesse fim de tarde as coisas pareciam diferentes, uma pequena rural estaciona de frente para a casa abandonada.

Aquela casa ao qual todos os meninos temiam besbilhotar, o ronco do motor chamou a atenção de todos, uma fumaça branca se espalhou pelo ambiente fazendo todos que estavam na roda de amigos pararem suas funções e direcionarem as atenções para o veículo preto.

— Vamos Liz! — Uma mulher vestindo um macaquinho estampado e com óculos de sol sobre os cabelos acima da cabeça saí da caminhonete. — Iremos levar muito tempo para ajeitar esses baguios.

Ela carregava uma grande bolsa sobre os ombros, a moça também desce fazendo com que todos parem de ficar olhando, eles sabiam que seriam os novos vizinhos do bairro.

— Ja estou indo, nossa que mulher bolada. — Liz pegava mais algumas bolsas de dentro da gabine e colocava sobre os ombros.

Na carroceria encontrava alguns móveis de madeira como uma cama de casal, armário da cozinha feito de alumínio antigo da marca Itatiaia, o fogão descascado da Dako, um sofá pequeno com certos pontos desfiados em sua extensão, um guarda-roupa pequeno e mais caixas de coisas não tão importantes assim.

As crianças param de jogar indo besbilhotar os novos moradores, alguns deles começavam a subir pela carroceria para saberem o que havia dentro do caminhão, Liz vendo esse desaforo logo resolveu enxotar os besbilhoteiros.

— Mete o pé seus bandos de Pela saco! — O grito foi autoritário, as crianças com as pupilas dilatadas, correram de volta para o campo, as maiores saíram xingando e uma delas com uma careta suspeita ao qual Liz deu de ombros.

Levou as sacolas para dentro da sua nova nem tão nova assim casa, ela meteu o pé na porta e entrou observando os tijolos sujos e os cantos das paredes cheias de teia de aranha, ouvindo alguns xingamentos de sua mãe, deixou as mochilas em um canto do cômodo pequeno.

— Menina, tu não viu aquela bolsinha minha com os documentos? — Mariana aparece com um semblante preocupado. — Morri de caçar esse baguio de dentro da caçamba do caminhão e nada!

— Nossa! Não vem brotando assim, que susto! — Liz acalmou os batimentos aos poucos ao ritimizar sua respiração.

— Deve de estar por lá, fica Mec aí!

— Você sabe muito bem Liz que não consigo ficar calma nessas horas! O fardado logo aparece aí e precisamos desses baguio nas mãos.

—Vou atrás dele, pode deixar que encontro. — Liz sai pisando forte, a respiração curta e intensa revelava seu estresse.

Do lado de fora o caminhão estava o mesmo, as pessoas que estavam curtindo o final de semana já haviam se recolhido cada uma em sua casa então ela se aproximou do veículo e apoiou o pé direito sobre a roda, colocou as mãos apoiada nas bordas da carroceria de madeira e deu o primeiro impulso, passou a perna esquerda para dentro e se equilibrou para não cair direto de cara no fogão Dako.

— Seria uma porra de tombo Dakota. — Riu com a piada recém feita. — Onde será que essa velha meteu a sacola?

Procurando por entre as coisas nas caixas, ela se deu conta de que em uma delas, havia mesmo a bolsinha da Petti Jolie, sua mãe não estava desesperada sem motivos, ela estava e com muita razão.

— Não. Não. Não, quem foi o merdinha? Porra! — Revirei a bolsinha de cima a baixo, abrindo todos os bolsinhos e chacoalhando o pano para ver se caia algo, praguejou sentindo as pernas moles pela posição em que se encontrava, agachada sobre um monte de sacolas e caixas.

— Moça! — Uma voz fina de um menino vinha da parte de baixo do caminhão. — Ei! Moça!

— O que foi muleque! Não está vendo que estou em uma parada sinistra aqui? — Liz verberou exasperada, cansada de estar ali procurando sem esperança de encontrar.

— O menino lá pegou iessa parada aqui. — Realmente o garotinho que parecia ter seis anos, os cabelinhos lisos e os olhos puxados lhe deixava ainda mais fofo.

— Obrigado! — Liz se apressou em agradecer o menino e sorrir. — Desculpe por ter ficado bolada antes.

Ela pulou da carreta e pegou os documentos das mãos do menino da pele de cor bronzeada pelo sol. Então ofereci um abraço sem se importar de ele estar sujo de terra e com um cheiro estranho.

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