Ela tinha um rosto lindo. Porém, por um motivo que não conhecia, seu corpo era cheio de cicatrizes. Por isso ela era detestável com a maioria das pessoas e principalmente por isso, tentava afastar qualquer pretendente que resolvesse se aproximar... O único que ela não conseguia repelir, era o Chrystian. Eles eram amigos desde criança. O que ela não sabia era que... bem, tem que ler o livro para descobrir.
Há, hoje o dia está realmente lindo! Vou dar uma cavalgada.
Nete pediu a Márcio, criado da casa, que lhe preparasse o seu cavalo.
Está pronto, senhora. Disse Márcio.
Ela já tinha colocado sua roupa especial de montaria e naquele dia, não sabia muito bem o porquê, Marinete estava de muito bom humor.
A fazenda tinha uma grande porteira, que logo dava numa estrada de chão.
E Nete seguiu o mais rápido que pôde, montada em seu cavalo. Curtiu bastante a paisagem que era linda e bucólica. Ela costumava cavalgar todos os dias. Era algo que tinha aprendido desde pequena e seu amor pelos cavalos, as vezes, parecia maior do que o apego pelas pessoas. Nete não tinha muitos amigos, exceto o Chrystian. Ele era o único que conseguia suportar seu ácido humor e parecia não se encomodar.
A vida na fazenda era agitada e já fazia uma semana que ela não o via. Resolveu dar uma esticada na cavalgada e foi até a casa dele, que ficava a uns três quilômetros da fazenda. Ao contrário de Nete, Chrystian morava numa casa simples. Ele era filho de agricultores bem modestos. Mas apesar disso, tinha estudado e feito faculdade de administração. Seus pais se esforçaram muito para garantir os estudos do filho. E naquela família, o que mais tinha era amor, dedicação e compreensão. Era por isso que Nete adorava passar por lá. A harmonia daquela família a deixava encantada. Ali ela se sentia feliz!
Quando chegou, percebeu algo estranho. Os pais de Chrystian, seu Álvaro e dona Augusta, não estavam no terreiro, na lida, como de costume. A casa estava silenciosa e haviam sussurros vindo do quarto. O médico da região, dr. Paulo, estava lá. O que será que aconteceu? Ambos saíram do quarto e me viram. Eu, meio sem graça, desejei simplesmente um bom dia. Seu Álvaro foi com dr. Paulo até o portão, o agradeceu e retornou para o interior da casa. Eu permaneci sentada na sala, sem saber muito bem o que fazer.
Será que alguém estava doente? Poderia ser o Chrystian? Quando seu Álvaro entrou eu não consegui perguntar nada. Então ele me disse: O Chrystian saiu. Hoje não é um bom dia! Acho melhor você voltar uma outra hora. Então sai, ainda meio sem jeito.
No caminho de volta, percebi uma carroça que seguia rumo a fazenda de meu pai. Não tinha ideia de quem era aquela gente. Cumprimentei e segui a galope. Já estava no meu quarto quando ouvi chamados na fazenda.
O de casa!
Meu pai muito sorridente, chegou para atendê-los e os fez entrar.
Pediu a Marília que passasse um café. As conversas na sala pareciam intermináveis, até que Marília veio me chamar. Seu pai lhe quer na sala! Me compus e fui em seguida. Quando cheguei, vi que era um casal e um jovem muito bonito que estavam la. Venha cá, Nete! Quero lhe apresentar a família Lima. Estes são o Sr. José, a dona Maria e este é o Renato, o filho deles. Eu os cumprimentei. Meu pai pediu que eu sentasse e falou: Estamos aqui para falar sobre o seu futuro. Gostaria que conhecesse o Renato. Quem sabe podem se tornar namorados? Fazemos muito gosto! Disseram os pais dele em forma de coro. Meu rosto ruborizou na hora! Aquela situação era constrangedora.