ALFAS PODEROSOS

_ Corre, Rita! Eles estão nos alcançando! Não olhe para trás, só corre!

_ Eu não aguento mais, Karen! Estou sem fôlego. Vamos morrer! Não podemos com eles!

_ Não fale, só corre! Falar vai gastar sua energia!

As garotas já estavam em seus limites. O barulho ensurdecedor das patas atrás delas ficava cada vez mais perto.

_ Rita, uma cachoeira! Vamos pular! É a nossa salvação. Não vão mais sentir nossos cheiros.

_ É muito alta, Karen! Podemos nos despedaçar em alguma pedra.

_ Antes ser despedaçada por uma pedra do que estraçalhada por lobos renegados. Vem Rita!

E Karen pulou, esperando que Rita a acompanhasse. Mas isso não aconteceu! A amiga teve medo. Ao cair na água, pôde ouvir os gritos de agonia da garota sendo morta pelos lobos.

_ Meu Deus! Rita!!!! Amiga! Por que você não veio?

Karen perdeu os sentidos. Só havia escuridão.

Seus gritos encoaram pela casa e acordaram seus pais e seu irmão:

_ Karen, filha! Pesadelo de novo?

Karen estava suando! Seu pijama todo molhado. Chorava compulsivamente. Seus pais tentavam acalmá-la.

_ Calma, meu amor! Foi só um sonho! Acabou! Dizia seu pai.

_ Pai, eu não aguento mais reviver tudo! Por que ela não pulou? Por quê???

Sua mãe alisou seu braço e disse consternada.

_ Filha, isso foi há quatro anos! Vocês tinham apenas treze anos. Não foi culpa sua! Todos sabem disso.

_ O pior, mãe, é que eu nunca soube como fui parar no hospital. Quem me salvou da água?

Seu irmão Pedro, dois anos mais velho, alisou seu pé carinhosamente.

_ Esse é um mistério que jamais será desvendado, Karen. Na época, o Dr Marcos, pai de Wilian, foi quem nos avisou que você foi levada para lá. Não conheciam a pessoa que te deixou no hospital.