PROIBIDA PARA O MAFIOSO: VOLUME II

PROIBIDA PARA O MAFIOSO: VOLUME II

Pauliny Nunes

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Capítulo

Catarina Piromalli se tornou um nome temido e reverenciado. Primeira mulher a liderar a Camorra, ela governa Gioia Tauro sob o brasão da família Contini - impiedosa, imbatível e grávida de um homem que acredita estar morto. Ela ergueu seu império com sangue e estratégia, jurando vingança contra todos que destruíram seu passado, especialmente os Mancuso. Do outro lado da guerra, Dante Mancuso ressurgiu das sombras como o novo Don de sua família, agora braço direito do implacável Don Miguel, o capo di tutti capi da Ndrangheta. Para ele, Catarina morreu no fogo cruzado da traição. E agora, ela é apenas um obstáculo a ser eliminado: a mulher que governa o território que ele jurou retomar em nome de seu pai assassinado. Em meio ao caos de alianças quebradas, execuções brutais e territórios manchados de sangue, nenhum dos dois imagina que o maior segredo está prestes a explodir: Catarina carrega o filho de Dante, herdeiro das duas máfias mais poderosas da Itália. Quando o destino os coloca frente a frente novamente, será tarde demais para o amor? Ou cedo demais para o perdão?

Capítulo 1 Trinta e quatro semanas

Na televisão, o noticiário falava sobre a guerra mais sangrenta entre a Camorra e a 'Ndrangheta. Apesar da 'Ndrangheta ser vista como a mais poderosa da Itália, conforme a jornalista explicava, a Camorra dominava cada vez mais os territórios da rival. Começaram pelo porto de Gioia Tauro, o principal ponto de entrada de cocaína na Europa, controlado historicamente pelo clã Piromalli. Agora, para surpresa de todos, esse clã fazia parte da Camorra e não mais da 'Ndrangheta. Essa mudança de lado causava alvoroço nas autoridades policiais italianas.

A voz da jornalista preenchia a sala branca como um sussurro vindo do inferno. A guerra mais sangrenta entre a Camorra e a 'Ndrangheta já durava...

- Trinta e quatro semanas - disse a voz feminina.

Mas não era a da jornalista.

Eu virei o rosto devagar, desviando meus olhos da televisão presa à parede do consultório e encarei a mulher, a dona da voz, que segurava o aparelho de ultrassom pressionado contra minha barriga. Seu sorriso era gentil, doce demais para o mundo em que eu existia.

- Finalmente consegui sua atenção - disse ela, com aquele sotaque levemente britânico. - Achei que o noticiário ia roubar seu momento com o bebê.

Forcei um sorriso. Um desses que não chega aos olhos. Fiquei em silêncio por um instante antes de dizer:

- Me desculpe. É que tem tanta coisa acontecendo... - murmurei.

A médica riu com leveza.

- Sim, mas tudo isso é na Itália. Não é algo com o que você precise se preocupar aqui em Nova York.

Dei outro sorriso curto. Um daqueles que servem apenas para encerrar o assunto, e não respondi. Apenas observei a tela do ultrassom onde formas nebulosas ganhavam contorno. Ela não fazia ideia. Ninguém ali fazia. Eu era a preocupação. Eu era a guerra. Queimei pontes. Cidades. Famílias.

O nome dela era Miranda Carter, obstetra recomendada por Kelly, minha amiga e médica pediatra. Kelly confiava nela, e isso era suficiente. Por ora.

Respirei fundo enquanto Miranda terminava o exame. Sua voz rompeu meus pensamentos.

- Enfim, você já chegou a trinta e quatro semanas.Já sabe o sexo do bebê?

Neguei com a cabeça.

- Ainda não... A minha médica não conseguiu...

A verdade é que eu não estou fazendo o pré-natal como deveria. Os compromissos, as viagens, as decisões... tudo parecia mais urgente do que monitorar uma gravidez que me pegou de surpresa. Foi isso que coloquei na minha cabeça. Mas, agora a verdade verdadeira?

Eu não quis saber. Não porque não me importasse, mas porque saber tornava tudo mais real. Um nome. Um rosto. Um futuro. E o meu mundo não era lugar para futuros.

Miranda sorriu gentilmente.

-Bem, dessa vez dá pra ver direitinho. Quer saber?

Pensei por um segundo. Olhei novamente para a televisão, onde imagens do porto de Gioia Tauro eram exibidas. Helicópteros. Caminhões queimados. Homens de preto sendo algemados. E no canto da tela, a manchete: Clã Piromalli muda de lado: agora sob a bandeira da Camorra.

Meu clã.

Assenti.

- Quero.

Miranda sorriu e moveu o aparelho. Por um momento, tudo ficou em silêncio. Então, como um milagre invertido, a imagem surgiu. Pequena, mas perfeita.

- É um menino - disse ela, com aquele brilho no olhar que só médicos obstetras parecem ter. - Um lindo menino.

Minhas mãos involuntariamente apertaram a lateral da maca. Eu nunca pensei que aquele momento me emocionaria tanto, mas ali estava ele, meu filho. Meu filho e de Dante.

- Sim... - murmurei. - Lindo.

Miranda começou a falar algo sobre como os pais ficam animados com a notícia, a família e registros, mas minha cabeça estava longe demais. Quando voltei, ela disse:

- Já pensaram em nomes, você e seu marido?

Dei um sorriso seco e balancei a cabeça.

- Não sou casada.

Miranda franziu o cenho, desconfortável.

- Oh... sinto muito. Mas sem dúvida o pai vai amar a notícia.

Senti a garganta fechar.

- O pai está morto.

O silêncio caiu como uma pedra entre nós. Miranda pigarreou, visivelmente sem jeito.

- Sinto muito. A Dra. Kelly Preston não me passou essas informações. E como esse foi um encaixe de última hora.

- Sim. Achei o bebê quieto hoje. Resolvi vir, só por precaução. Mas agora que está tudo bem... é melhor eu ir embora.

- Espere - disse ela. - Não quis invadir sua privacidade.

- Eu sei - respondi, já pegando as roupas para ir ao banheiro. - Está tudo certo.

Levantei, peguei minhas roupas e fui até o banheiro da sala. Troquei-me devagar, observando meu reflexo no espelho. Minha barriga estava redonda, proeminente. Trinta e quatro semanas. Um menino. Filho de Dante Mancuso. Herdeiro de duas máfias.

Voltei ao consultório. Miranda digitava algo no computador.

- Vou te passar algumas vitaminas, mas você precisa desacelerar. A Kelly comentou que você trabalha com grandes corporações, vive viajando. Isso precisa parar, Catarina.

Ela disse meu nome com uma naturalidade desconcertante. Tão distante da forma como ele era sussurrado nas ruas de Nápoles, sibilado entre becos e corredores da máfia.

- A partir da semana 36, nada de avião. E mesmo agora, é melhor evitar voos longos.

Assenti, cansada.

- Tudo bem. Ainda tenho duas semanas antes da proibição de voar.

- Mesmo assim, farei um atestado. Você quer autorização para voar, não quer? Mas sem voos longos. Acima de quatro horas, o risco de trombose venosa profunda é alto no terceiro trimestre.

- Eu sei. Mas preciso estar em Roma esta noite.

Miranda arqueou as sobrancelhas e consultou o computador.

- Roma? São mais de oito horas de voo. É o dobro do permitido. Isso é um risco real para trombose venosa profunda.

- Sim, mas vou de jatinho particular.

Ela arqueou uma sobrancelha.

- Isso faz diferença?

Suspirei. Lenta e profundamente.

- Eu entendo os riscos, doutora. Antes disso tudo... eu sou médica também. Neurocirurgiã. Ou fui, sei lá. Enfim, eu assumo os riscos. Não precisa se preocupar.

Miranda me estudou com olhos clínicos, mas não insistiu. Voltou a digitar.

- Tudo bem. Vou preparar um laudo liberando você para viajar, mas por favor, leve a sério. Seu bebê está ótimo. Vamos manter assim.

- Claro.

Terminado o laudo, ela se virou.

- Pode pegar tudo na recepção. E marcar o retorno, se quiser. Vai ser bom acompanharmos de perto agora, está entrando no fim da gestação.

Levantei-me, ajeitando o casaco preto por cima do vestido justo.

- Obrigada por tudo.

- Preciso admitir... estou curiosa. Por que uma neurocirurgiã abriria mão de tudo para trabalhar com grandes corporações?

Eu sorri, mas havia gelo na resposta.

- Infelizmente, você vai continuar cultivando essa curiosidade.

Ela sorriu, desconcertada. Saí da sala.

Na recepção, uma mulher jovem com cabelo castanho preso num coque sorriu ao me ver.

- Olá, mamãe! Deu tudo certo?

- Sim. Preciso do laudo e dos exames. Está no nome de Catarina Piromalli.

A recepcionista digitou rapidamente.

- Tudo certo. Aqui está. Quer agendar a próxima consulta?

Mas eu já tinha me virado e saído.

Do lado de fora, o céu de Nova York estava encoberto. Um cinza pálido que combinava com meu humor. Entrei na SUV blindada estacionada na porta. Lorenzo estava ao volante.

- E então? - perguntou ele.

- Um menino.

Ele olhou pelo espelho retrovisor. Sorriu. Quase.

- Don Antonio vai gostar de saber.

Fechei os olhos por um segundo, imaginando quem mais teria gostado de saber. Peguei os exames do colo e os encarei por um momento. Uma imagem granulada. Mas era tudo. Tudo o que restava de um amor que nasceu entre dois mundos condenados a se destruir. O filho do homem que deveria ser meu inimigo. O herdeiro de duas máfias que jamais aceitariam a união de seus sangues.

A ironia era quase poética.

- Signora? - Falou Lorenzo atraindo minha atenção.

- Leve-me ao aeroporto - disse a Lorenzo. - Vamos para Roma, quero chegar lá esta noite.

Ele assentiu. O carro arrancou. E a cidade começou a ficar para trás.

No rádio, outra notícia sobre a guerra ecoava.

"Fontes afirmam que a Camorra está usando estratégias nunca antes vistas. A liderança feminina de Catarina Piromalli está reorganizando as estruturas do crime em Gioia Tauro."

Sorri, amarga.

Eles não têm ideia do que ainda está por vir.

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