O Legado Do Alfa

O Legado Do Alfa

G.A.Moon

5.0
Comentário(s)
63
Leituras
27
Capítulo

Ele nasceu para liderar. Ela nasceu para desafiar o destino. Mas quando a escuridão desperta, o amor se torna uma maldição. Derik Hale é o alfa mais temido de Nova Orleans. Carrega o Legado, um poder antigo que dá força e destrói tudo o que toca. Allison Morgan, uma legista curiosa e teimosa, só queria entender por que corpos estão aparecendo com marcas que não pertencem a nenhum animal conhecido. O que ela não sabe é que cada corte, cada sangue derramado, chama o nome dela - e o dele. Quando o olhar dos dois se cruza, o Legado reage. O símbolo arde. O vínculo nasce. E nenhuma força, nem humana nem sobrenatural, será capaz de separá-los. Entre caçadores, sombras e um amor proibido, Rick precisa escolher: dominar o monstro dentro de si ou deixar que ele a reclame por completo. Em um mundo onde o instinto vale mais que a razão, amar pode ser a forma mais perigosa de morrer.

Capítulo 1 Derik

Chovia o tipo de chuva que apaga o som da cidade e acende o que vive dentro da gente. Nova Orleans parecia conter a respiração. Eu também.

Cruzei o beco atrás do Dusk, onde a luz de um letreiro azul piscava como um aviso. Liam não atendeu ao primeiro chamado pelo rádio. Nem ao segundo. Quando aconteceu, a voz dele veio rasgada, como se a garganta tivesse ferrugem.

- Alfa... preciso de você.

Corri. O sigilo sob minha pele ardeu, um traço incandescente no esterno que se abriu em veios finos até o pescoço. A Sombra aproveita qualquer brecha: dor, medo, pressa. E eu estava com as três.

Encontrei Liam no chão, de lado, um braço protegendo as costelas. O sangue dele pingava ritmado, misturando metal e chuva no ar. Quatro figuras encapuzadas cercavam meu beta como cães. Mas não eram cães. Os olhos deles tinham aquela névoa branca - o primeiro sinal de que a Sombra pegou o cérebro e mastigou.

- Afasta - eu disse, e a palavra saiu mais grave do que humana.

Eles vieram. O corpo sabe o que fazer antes da mente querer: meu peso para trás, giro, um golpe. O primeiro caiu com a mandíbula torta; o segundo, com as garras entrando no ombro dele como se fosse papel molhado. O terceiro tentou vir por baixo; chutei o joelho, ouvi o estalo e, por um segundo, precisei lembrar que misericórdia também é lei - a minha. O quarto fugiu. Eu permiti.

A chuva lavou os sons. Minha respiração coube dentro de uma só palavra: controle.

Ajoelhei ao lado de Liam. Ele sorriu com os dentes sujos de vermelho, porque é jovem e pensa que tudo é vitória quando ainda se respira.

- Isso foi bonito de ver - disse.

- Foi estúpido de fazer - respondi, pressionando as costelas dele. - Quem te mandou sozinho?

- Ninguém. Eu vi... algo. Achei que dava pra conter.

"Algo." Sempre há um algo antes do desastre. Ajudei-o a sentar. Debaixo da camisa, o sigilo queimou tanto que meus dedos tremeram - o desenho ancestral pedindo mais, sempre mais. A Sombra sussurrou, um roçar de língua no osso:

Dá-me mais um pouco, e eu te darei todos.

- Some daqui - falei, firme, para o vazio. - Eu não sou teu.

Não sei se falei alto ou só por dentro. Sei que Liam me olhava como quem assiste um raio cair perto demais.

- Você... está piorando, não é?

- Vai ficar tudo bem - menti com treino antigo. Empurrei-o de pé. - Selene vai te costurar e te humilhar em igual medida. Anda.

Conduzi-o até a saída lateral, onde o beco encontra a rua. Selene nos esperava sob um guarda-chuva preto, impecável como quem aprendeu a não se molhar por dentro. O olhar dela varreu o sangue de Liam, subiu para mim, estacionou na gola aberta da minha camisa, onde uma veia escura traía o sigilo.

- O Conselho já está fervendo - ela disse. - Querem você lá. Querem respostas.

- O Conselho sempre quer alguma coisa - respondi. - E quase nunca quer a verdade.

- A verdade é que a Trégua Velada foi violada duas vezes esta semana - ela retrucou, sem erguer a voz. - E a cidade está cochichando alto demais. - Os olhos desceram outra vez para minha clavícula. - Você consegue esconder isso de quem, exatamente?

Puxei a gola. O toque do tecido no símbolo queimou como sal em ferida. Eu aguentei. A gente aguenta. É o que o cargo pede.

- Da nossa ruína - falei.

Selene inclinou a cabeça, meio sorriso que não era bonito nem cruel, só honesto. Pegou Liam pelo braço com eficiência de general.

- Eu cuido dele. Você cuida da tempestade - disse, e me deixou com a rua, a chuva e o silêncio.

Fiquei. Escutei a cidade, como se as telhas, as árvores, as sarjetas tivessem garganta. É um truque antigo: procurar onde a noite respira mais fundo. Achei. No centro antigo, três quadras dali, alguém chorava sem som. E mais fundo que isso, algo batia na mesma frequência do meu sigilo, como se duas mãos separadas batessem palmas no escuro.

Segui o pulso invisível. A chuva afinou. Passei pela fachada da Clínica Forense, luzes acesas num andar térreo. Uma sombra moveu-se atrás de um vidro fosco. No ar, o cheiro mudou: álcool, látex, café queimado... e um fio de jasmim esmagado - memória de jardim no asfalto.

A Sombra sorriu por dentro de mim. Eu senti. Não era voz; era intenção. Ela. O Legado sabe antes do homem. O homem sempre chega atrasado ao próprio destino.

Parei diante da porta de metal com uma plaquinha: Necrotério. Dei dois passos para trás, não por medo, mas por respeito. Eu lidero uma alcateia, não invado o sono dos mortos. Ainda assim, alguma coisa no esterno puxou, exigente, como se uma corrente me atravessasse e a outra ponta estivesse ali dentro, amarrada a um coração desconhecido.

O telefone vibrou. Selene.

- Eles querem você em quinze minutos - ela disse, sem boa noite. - E trouxe um presente: o detetive Arthur jurando de pé junto que todos os corpos são de "grande canídeo". Se a imprensa morde isso, o Conselho vai te mastigar com garfo e faca.

- Eu chego - disse. - Me dá vinte.

- Quinze - ela cortou, e desligou.

Olhei outra vez para o vidro. Uma mulher de avental e cabelos presos caminhou na direção oposta, perfil rápido, prático, o tipo de quem não perde tempo tentando ser mais leve do que pesa. Quando ela passou sob a luz, vi os olhos: castanhos com um brilho de quem pergunta sem pedir licença. Não sei explicar por que o sigilo ardeu como se tivesse sido tocado. Ela não me viu. Ou viu e fingiu não ver. O mundo dos humanos é pródigo em fingimentos elegantes.

Eu deveria ter ido embora. Conselho, trégua, relatórios, a liturgia do poder. Em vez disso, encostei as costas no muro, fechei os olhos e contei três respirações longas. Quando abri, a noite estava mais nítida. Ou eu, mais bruto.

- Foco - falei para mim. A palavra fez o ar vibrar.

Saí dali pelas ruas menores, onde a história da cidade se empilha em sacadas de ferro e paredes úmidas. Dois andares acima, alguém tocava jazz errado - tão errado que virou certo. O Legado começou como canção, contam os velhos. Música que chamou a lua pela primeira vez. Nunca acreditei em contos para acalmar filhote. Hoje em dia, aceito qualquer coisa que me dê um nome para este fogo.

Passei pela praça, e foi então que senti: não o chamado do símbolo, mas o chamado de outro coração. Um batimento firme, determinado, estranhamente sincronizado ao meu. Por um instante, tudo no corpo obedecia a esse compasso novo - como se minha coluna, meus ombros, minhas mãos lembrassem um passo que eu nunca dancei.

A Sombra, ciosa, roçou o osso: Se é dela, eu quero. Se te completa, me enfraquece.

Sorri de canto, sem humor.

- Então enfraquece - sussurrei, e caminhei na direção do som.

A última esquina antes da Rua Bienville me mostrou o estrago que eu vinha evitando: um corpo coberto por lona plástica ao lado de uma ambulância, luzes virando a chuva em facas de cor. Dois paramédicos discutiam baixo. Um policial usava mais medo que capa. O cheiro de prata fria bateu no meu nariz como insulto. Caçadores. Aqui.

O batimento que me guiava acelerou, respondeu ao meu. Dentro da clínica, a mulher de olhos castanhos se aproximou do vidro, segurou a borda com os dedos e, por um segundo breve, como faísca, olhou direto para mim. Não havia lógica na distância, no ângulo, na sombra entre nós - mas eu soube que ela viu. E soube que eu era o motivo do brilho que ascendeu no olhar dela, aquele instante terrível em que uma vida reconhece outra.

Meu telefone vibrou de novo. Três mensagens. A primeira, Selene: Agora. A segunda, do Conselho: Sessão extraordinária. A terceira, sem identificador - texto curto, seco, como lâmina:

"Se você não a afastar, eu tomo você."

O sigilo no peito brilhou como um carvão acordando. E, como toda resposta que importa, a minha veio sem pensar:

- Tenta.

Continuar lendo

Você deve gostar

Ele não é meu pai!

Ele não é meu pai!

Luarah Smmith
5.0

Lara Sinclair e Marlon Shert se casaram às pressas. Ela é uma jovem que aos 20 anos se vê obrigada a casar com o melhor amigo de seu pai. Ousada, de olhar desafiador, nunca aceitou nada por imposição, até o dia que o seu pai apenas a comunicou que ela se casaria com Marlon. Ele, homem maduro, marcado por cicatrizes que moldaram cada passo de sua vida. Unidos por um casamento imposto pelas circunstâncias, acreditavam que poderiam manter a relação como um acordo silencioso de honra. Mas Lara nunca soube jogar com regras. Cada gesto seu é uma provocação, cada palavra um convite proibido. Marlon, por mais que tente conter o desejo, descobre-se prisioneiro entre a promessa feita ao melhor amigo e a tentação que o consome a cada dia. O que parecia apenas uma aliança estratégica logo se transforma em um campo de batalha entre dever, paixão e segredos que insistem em vir à tona. E enquanto Lara o desafia em todas as direções, o passado de Marlon retorna como sombra, as lembranças de Mary Andersen, a herdeira milionária com quem viveu um romance tórrido e que o marcou com escolhas dolorosas demais para serem esquecidas. Desde então, ele jurara nunca mais confiar cegamente em alguém. Mas o presente também o cobra, Danuza, sua companheira de oito anos, mulher ferida e letal, ainda carrega as marcas do afastamento repentino e silencioso com que ele abandonou sua vida. Entre o peso da lealdade, o fogo do desejo e os fantasmas que nunca se foram, até onde o relacionamento entre Lara e Marlon resistirá?

SEU AMOR, SUA CONDENAÇÃO (Um Romance Erótico com um Bilionário)

SEU AMOR, SUA CONDENAÇÃO (Um Romance Erótico com um Bilionário)

Viviene
5.0

Aviso de conteúdo/sensibilidade: Esta história contém temas maduros e conteúdo explícito destinado a audiências adultas (18+), com elementos como dinâmicas BDSM, conteúdo sexual explícito, relações familiares tóxicas, violência ocasional e linguagem grosseira. Aconselha-se discrição por parte do leitor. Não é um romance leve - é intenso, cru e complicado, explorando o lado mais sombrio do desejo. ***** "Por favor, tire o vestido, Meadow." "Por quê?" "Porque seu ex está olhando", ele disse, recostando-se na cadeira. "E quero que ele perceba o que perdeu." ••••*••••*••••* Meadow Russell deveria se casar com o amor de sua vida em Las Vegas, mas, em vez disso, flagrou sua irmã gêmea com seu noivo. Um drink no bar virou dez, e um erro cometido sob efeito do álcool tornou-se realidade. A oferta de um estranho transformou-se em um contrato que ela assinou com mãos trêmulas e um anel de diamante. Alaric Ashford é o diabo em um terno Tom Ford, símbolo de elegância e poder. Um homem nascido em um império de poder e riqueza, um CEO bilionário, brutal e possessivo. Ele sofria de uma condição neurológica - não conseguia sentir nada, nem objetos, nem dor, nem mesmo o toque humano. Até que Meadow o tocou, e ele sentiu tudo. E agora ele a possuía, no papel e na cama. Ela desejava que ele a arruinasse, tomando o que ninguém mais poderia ter. E ele queria controle, obediência... vingança. Mas o que começou como um acordo lentamente se transformou em algo que Meadow nunca imaginou. Uma obsessão avassaladora, segredos que nunca deveriam vir à tona, uma ferida do passado que ameaçava destruir tudo... Alaric não compartilhava o que era dele. Nem sua empresa. Nem sua esposa. E definitivamente nem sua vingança.

Capítulo
Ler agora
Baixar livro