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Dreamworld: Corações em Conflito

Dreamworld: Corações em Conflito

Roseanautora

5.0
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Leituras
68
Capítulo

O Dreamworld não era o que se podia dizer "o melhor lugar do mundo" para morar. Mas ele era o meu lugar favorito no mundo todo. Se eu pudesse escolher qualquer lugar, eu escolheria lá. Tínhamos coisas que dinheiro nenhum poderia comprar: amizade, cumplicidade, empatia. Todos nos conhecíamos muito bem, ou pelo menos achávamos assim, e nos ajudávamos sempre, dentro do possível. Claro, alguns mais solícitos, outros menos. Fui das primeiras moradoras do Dreamworld. E neste lugar eu jamais imaginaria viver os melhores anos da minha vida... E também os piores dias. Lá eu conheci o verdadeiro amor... E tive que renunciar a ele. Quero levar na minha mente as melhores lembranças que puder de lá e tentar esquecer as ruins. O certo é que sempre vou sentir saudade daquele lugar, daquelas pessoas e da vida que eu levava lá. Porque o que aconteceu no Dreamworld, foi o pontapé para o meu futuro e toda a história da minha vida.

Capítulo 1 1

O Dreamworld não era o que se podia dizer "o melhor lugar do mundo" para morar. Mas ele era o meu lugar favorito no mundo todo. Se eu pudesse escolher qualquer lugar, eu escolheria lá. Tínhamos coisas que dinheiro nenhum poderia comprar: amizade, cumplicidade, empatia. Todos nos conhecíamos muito bem, ou pelo menos achávamos assim, e nos ajudávamos sempre, dentro do possível. Claro, alguns mais solícitos, outros menos.

O lugar era composto por 6 apartamentos exatamente nas mesmas proporções de tamanho: 2 quartos não muito grandes, sala, cozinha pequena e um bom banheiro. Embora eu achasse pequeno, atendia bem minhas necessidades. Talvez fosse melhor se eu não tivesse que dividi-lo com duas amigas. Mas eu sequer conseguia imaginar minha vida sem elas por perto todos os dias. O Dreamworld tinha 3 blocos, cada um com 2 apartamentos, um em cima, outro embaixo. No centro havia uma enorme piscina, sempre muito limpa e convidativa. Os muros eram muito altos, sendo o portão de ferro imitando uma grade de castelo antigo a única forma de entrar. Só os moradores tinham acesso e cada um com uma única chave. O pequeno salão de festas era usado regularmente, onde a proprietária fazia belas festas, regadas a muita bebida, música alta, comida boa e diversão. O bom é que no final, tradicionalmente, a pizza significava que estava perto da hora de cada um voltar para sua casa e seguir sua vida, até, claro, a próxima reunião. Tinha também o espaço gourmet, onde era preparada a melhor carne assada do mundo, que geralmente era degustada à beira da piscina. E verde, muito verde por todos os lados, com as mais diversas e belas folhagens, cuidadas por todos nós.

O nome Dreamworld, embora deixasse muita gente confusa e ao mesmo tempo curiosa, foi dado pela proprietária, Gisa, que na adolescência ficou órfã e investiu sua herança na construção do prédio. Dizem por aí que ela ganhou mais muito dinheiro, mas perdeu nas badaladas festas que ela tanto gostava, bebidas caras e coisas deste tipo. Então atualmente o que restava era os aluguéis dos 5 apartamentos, pois em um ela residia. Ela era uma pessoa excelente, com um coração enorme, inclusive a ponto de ter dó de algumas pessoas que às vezes não pagavam o aluguel. Em minha opinião ela era a pessoa mais divertida do mundo. Só não se preocupava muito com o dia depois de amanhã. Mas isso em nada interferia na mulher forte que ela era. Gisa estudava inglês há muitos anos e falava fluentemente o idioma. Seu sonho era conhecer o mundo, mas sua atual situação financeira não deixava. Então lhe restava ficar ali, continuar estudando, no Dreamworld, o Mundo dos Sonho que ela criou. Ela sempre dizia orgulhosa que o condomínio fora desenhado por um arquiteto americano, com base em alguns espaços criados nos Estados Unidos.

Quando se discutia o nome entre os moradores, tínhamos a mesma opinião: Dreamworld tinha tudo a ver conosco. Éramos sonhadores, em busca de nossas vidas perfeitas. Muitas vezes eu achava a realidade tão distante de nós, que embora não mais na idade, agíamos como eternos adolescentes. E eu não sei se isso mudaria algum dia. Crescer não era fácil.

Nossas vidas se cruzavam o tempo todo e eu até cheguei a cogitar que Gisa escolheu um a um cada morador, com suas diferentes personalidades para que vivêssemos como se fosse num filme ou numa novela. Só não sei se seria um romance, um drama ou um filme de terror... Ou talvez tudo junto e misturado.

Mari era a moradora que eu menos interagia. Não que eu não gostasse dela, mas era a mais reservada. Ela morava sozinha. Não era linda, mas era bonita. Tinha um bom emprego e estava sempre bem vestida e perfumada. Era um pouco misteriosa, mas tinha uma coisa que não escondia: seu interesse por Jonathan, ex-namorado de Samantha.

Samantha, minha colega de apartamento e amiga, era o oposto de mim e Helena. Não se importava com nada... Só queria viver intensamente cada dia. Morar sozinha aflorou um lado dela que não conhecíamos: o da insegurança e sentimentalismo. Ela ainda era apaixonada por Jonathan. Trabalhava como corretora de imóveis. Samantha era uma das mulheres mais lindas que eu conheci: morena, alta, magra, cabelos longos encaracolados escuros e olhos castanho-esverdeados. Era extremamente cuidadosa com sua aparência e isso lhe rendia elogios por parte dos homens e mulheres. Poderia

ter tudo na vida, se não fosse tão impulsiva e imprevisível. Ah... Não escutava nossos conselhos também, embora pedisse.

Jonathan... O que falar dele? Acho que ele é o tipo de homem que não há como não admirar ou ficar suspirando quando ele passa. Conforme Gisa, ele está perdendo tempo, pois poderia ser um modelo, ator ou algo do tipo. Não sei muito bem o que ele sente por Samantha, mas tenho certeza que ela sofre muito por ele. Não nos falávamos muito, mas ele sempre foi muito gentil comigo. No tempo que namorou com Samantha ele não costumava ir muito ao nosso apartamento, então não tive tanto contato com ele. Helena costumava dizer que ele era muito simpático e carismático, mas não era homem de se envolver sentimentalmente com mulher nenhuma. Eu o culpava pelo sofrimento da minha amiga, mesmo sabendo que no fundo ele não tinha culpa.

Helena... Ah, não havia melhor pessoa no mundo que ela. O ombro amigo de todas as horas, a melhor conselheira e sem dúvida a melhor amiga que alguém poderia ter. Eu nem lembrava há quantos anos a conhecia. Sei que dividíamos o lanche no colegial e brigávamos pelos garotos. E crescemos dizendo que moraríamos juntas quando pudéssemos. E assim fizemos. Inseparáveis: era como nos chamavam. Ela estava noiva de Daniel, companheiro de apartamento de Jonathan. Os dois haviam se conhecido no Dreamworld.

Daniel era um homem enorme, com seus 1,90 m de altura muito bem distribuídos. Era de origem alemã e sua fisionomia não dizia o contrário. Os olhos azuis da cor do céu eram tão bonitos quanto ele e sua gentileza frequente. Um homem responsável, honesto e que só tinha olhos para minha amiga Helena. Eu nunca duvidei que eles haviam sido feitos um para o outro.

Carlos também era um homem incrível. Morava sozinho, estava fazendo residência em Medicina no Hospital da cidade. Era o morador mais recente do Dreamworld, mas parecia que já o conhecíamos há anos. Ele era bem ocupado, sempre trabalhando, mas quando tinha oportunidade se juntava à nós, mesmo que por algumas poucas horas. Não escondia de ninguém sua admiração pela beleza de Samantha. Ela, por sua vez, não tinha olhos para ele, infelizmente, pois era um cara incrível.

Não posso esquecer-me de Fábio, namorado de Gisa. Se eu gostava dele... Não. Tentava disfarçar, mas nem sempre conseguia. Não era implicância, mas algo nele não me agradava. Não me passava sinceridade em momento algum. Dizia ser de família rica, no entanto morava com Gisa sem auxiliar em nada financeiramente. Vez ou outra aparecia com alguns carrões ostentando a fortuna que nem sei se era real. Eu me preocupava com o bem estar de Gisa e não queria que ela sofresse. Fábio era imaturo, aproveitador e eu tenho quase certeza de que mentiroso. Ainda assim, eu não podia intervir sem provas... E acho que nem deveria. Ele era o mais novo em idade entre nós: 20 anos.

E por fim, Therry, meu namorado. Lindo, não posso negar. Dedicava parte do seu tempo a tornear os músculos na academia, como se precisasse mais. Moreno, forte, atlético... Nem sei ao certo como nos envolvemos e chegamos ao passo de oficializar como namoro nosso relacionamento. Eu sabia que as mulheres viviam atrás dele, mas não dava muita importância. Como dar importância para elas se eu não dava importância nem ao que tínhamos um com o outro? Eu achava que ele gostava de mim e pensei que seria legal não estar sozinha, para variar. Tínhamos problemas, como qualquer outro casal, mas não terminávamos nem sei ao certo o motivo. Da minha parte não havia envolvimento emocional, embora eu tentasse muito. Gostava de estar com ele, mas não me via com Therry no futuro.

Bem, eu sou Ariane e tudo que vocês souberam até agora é sob o meu ponto de vista. Sou uma mulher normal. Tenho 22 anos, sou Psicóloga e trabalho numa empresa. Gosto do meu emprego, mas não amo. Gosto do meu namorado, mas não amo. Gosto da minha vida, mas não amo. Fui das primeiras moradoras do Dreamworld. E neste lugar eu jamais imaginaria viver os melhores anos da minha vida... E também os piores dias. Lá eu conheci o verdadeiro amor... E tive que renunciar a ele. Quero levar na minha mente as melhores lembranças que puder de lá e tentar esquecer as ruins. O certo é que sempre vou sentir saudade daquele lugar, daquelas pessoas e da vida que eu levava lá.

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